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História Coraline - O Pesadelo voltou - Ovos, bacon e morte


Escrita por: gwendoline

Notas do Autor


OOI eu disse que ia postar no final de semana num comentário, mas fui viajar e essa semana to meio agitadinha então vim atualizar hoje mesmo.

Boa leitura.

Capítulo 13 - Ovos, bacon e morte


O chão estava frio, então Lena voltou para a cama. Ela e Wybie estavam dividindo-a desde que Belda a sequestrou e decidiu colocar uma cama de casal para os dois adolescentes não ficarem desconfortáveis. Sério? Ela os sequestrou e até bateu na cara de Lena e na de Wybie, mas claro que não era desconfortável, pois havia uma cama. Uma cama para ela e um desconhecido.

Wybie estava dormindo quando ela acordou. Ela se sentia muito insegura pelos dois desde entrou naquele lugar. Lembrava perfeitamente como havia acontecido.

Lena estava tendo um daqueles sonhos novamente. Um sonho onde ela via Coraline e seus amigos. Eles estavam indo em direção ao perigo e não faziam a menor ideia. Caminhando pela neve até uma pequena vila. Lena tinha que avisa-los. Precisava. Mas isso não aconteceu.

Quando ela pegou seu celular na cabeceira ao lado da cama, uma mão puxou seus cabelos, e ela soltou um grito. Seus pais tentaram abrir a porta, mas ela estava trancada. Belda havia trancado. Ela sabia sobre Lena, sobre seu dom, e isso a assustou no momento em que aquela mulher a jogou pela janela de seu quarto.

Lena não caiu na neve do jardim de casa, ela caiu num sofá, em um lugar completamente diferente da sua casa de verdade. Aquele lugar era como num sonho que ela já teve: estranhamente lindo.

Era uma casa, para começar. Uma casa com uma grande sala de estar, e um sofá vermelho e grande no centro, onde ela estava deitada. Era moderna e refrescante. Não estava frio lá, parecia uma noite de verão. Ela pode ver os móveis pretos e brancos como nos seus sonhos, o chão polido, e claro, Belda.

Belda estava do outro lado da sala. Ela era muito alta e magra, mas também era bonita. Lena já havia sonhado com ela antes, mas sua aparência não era a mesma. Belda parecia mais forte agora, de alguma forma, e isso fez seu coração disparar em desespero.

Lena tentou correr, mas no momento exato que virou, Belda apareceu na sua frente, bloqueando a passagem.

- O quê você quer? - a mulher perguntou. Sua voz era calma e lhe lembrava muito alguém.

- M-mãe? - Lena deu um passo para trás.

O rosto de Belda começou a mudar. Seus traços finos e seu rosto pálido começavam tomar um tom escuro, e suas feições tornaram-se iguais as da mãe de Lena. A mulher agora era negra, baixa e não vestia um vestido vermelho longo como o de Belda, e sim as roupas casuais da mãe de Lena.

- Helena, minha querida - disse a mulher.

Lena sentiu algo tocar seu coração. Sua mente estava confusa. Onde ela estava? Sua mãe a trouxera ali? Por quê? Ela não sabia, só lembrava do medo. Então correu para o abraço de sua mãe.

- Eu estou assustada - sussurrou.

- Nao há porquê, meu doce - disse sua mãe - Agora - a voz estava mudando, e Lena abriu os olhos, que estavam cheios de lágrimas - Vamos conhecer seu mais novo companheiro.

O abraço quente e acolhedor de sua mãe se desfez, e ela começou a lembrar que algo estava errado.

Mãos agarraram seus pulsos e ela olhou para o rosto de sua mãe. Não, aquela não era sua mãe, e sim Belda.

- Você não vai ganhar essa - ela arrastou Lena pela sala enquanto a garota se debatia.

As toalhas da cozinha voaram e amarraram suas mãos, enquanto outras fizeram uma mordaça em sua boca.

- Agora ande - Belda mandou.

Lena não tinha para onde correr, então começou a subir as escadas.

Belda a jogou em um quarto, onde ela viu nada mais que mármore preto e uma pequena janela.

- Menina difícil. Seus pais não te deram educação?

Belda retirou a mordaça de Lena com seus dedos longos e frios.

- Ah, sim - Lena respondeu, ajoelhada em frente à mulher - Mas eu aprendi sozinha com quem devo usar, e você não merece!

A mão de Belda acertou em cheio a bochecha de Lena, e foi então que ela notou algo. As duas não estavam sozinhas.

- Ei! - uma voz gritou - Não faça isso com ela.

Ela ouviu passos indo em sua direção, e uma mão tocou seu ombro.

Lena virou o rosto e viu um garoto de cabelos bagunçados, provavelmente como os dela naquele momento, e uma expressão triste. Ele olhava para Belda e não para ela.

- Você criou algum tipo de coragem, menino? - Belda deu um passo a frente, o encarando com seus olhos olhos de botão - Nunca me encarou assim.

Ela sorriu de forma maléfica.

Wybie franziu o cenho.

- Você disse que seria só eu. Eu estou aqui, porquê sacrificar mais alguém?

Belda soltou uma risada alta e aguda.

- Sacrificar mais alguém - sua risada sessou e ela o encarou novamente - Você não sabe de nada. Agora, vão dormir.

Aquilo havia encerrado a primeira noite. Depois, Lena e Wybie foram dormir, constrangidos.

No outro dia, de manhã, eles acordaram cedo, ou talvez só tivessem tido tanta dificuldade para dormir, que decidiram esperar nascer o sol para levantar e fazer alguma coisa.

Eles conversaram sobre Coraline e o que sabiam sobre a situação em que se encontravam. Lena contou a ele sobre os sonhos, e sobre ter conhecido Coraline e seus amigos.

- Ela está bem? - Wybie perguntou.

- Está, por enquanto. Eu não sei onde eles estão agora, mas sinto que estão em perigo.

Wybie colocou as mãos no rosto.

- Eu não acredito que ela veio para cá de novo por minha causa.

- Ela se importa muito com você.

Wybie levantou o rosto para olhar Lena.

- E-eu sei. É que... de novo. Ela veio para cá de novo. Somos somente iscas. Ela a quer. Eu não quero ver Coraline passando por isso mais uma vez.

- Ela quase perdeu os pais. Não arriscaria te perder.

- Exatamente - Wybie colocou as mãos no rosto novamente - Isso me deixa muito preocupado. Não tem como escapar daqui, e ela está vindo direto para a armadilha. Não temos como evitar.

Lena o observou. Ela não conhecia Wybie, somente havia sonhado com ele. Ela viu Wybie e Coraline, felizes. Olhando agora, ele parecia se importar mesmo com a garota. Do mesmo jeito que ela se importava com ele.

- Olha - disse - Ela é forte. E não está sozinha. Imagine só, se sozinha ela foi capaz de derrotar aquela coisa, imagine com aqueles garotos ao lado dela.

- Ah, eu sei - Wybie a olhou - Mas eu estou aqui há mais tempo, e parece que, cada vez que Belda abre aquela porta, ela está mais forte. Eu tenho medo que isso tenha a ver com Coraline. Se cada vez que eles se aproximam mais de nós Belda fica mais forte, eu não quero ver o que vai acontecer quando chegarem aqui. Queria evitar que ela chegasse. Eu... eu não sei.

Ele podia estar certo? É, podia. Mas Lena queria acreditar que eles poderiam passar por isso. Ela iria tentar fazer contato com eles de novo. Iria tentar mostrar a casa. Não sabia como, mas iria. E quando aquela turma chegasse lá, iam acabar com a raça daquela bruxa. Mas, por equanto, preferiu guardar isso para si mesma.

Ao acordar, Wybie viu Lena sentada na ponta da grande cama. Ela estava de costas para ele, mexendo na barra da sua blusa. Quando notou que estava acordando, a garota virou para ele.

Ela o olhou com seus grandes olhos castanhos. Wybie notou que ela parecia tão triste quanto nos outros dias.

- Você está bem?

Lena hesitou por um instante, mas se esticou para ficar mais próxima dele. Wybie ficou meio inseguro.

- Eu - ela começou - Preciso falar com você.

Wybie assentiu, e ela soltou um suspiro.

- Eu contatei Jimmy.

Wybie franziu o cenho, confuso.

- Você o quê?

- Eu já te falei sobre isso. Eu posso controlar os meus sonhos, e tentei controlar um deles ontem. Por acaso, Jimmy foi o que tinha uma conexão mais forte. Provavelmente porque estava dormindo. Enfim, eu nos mostrei para ele, para saber que estávamos bem e...

- Você não fez isso - Wybie continuou confuso.

No dia anterior, ambos estavam planejando uma fuga. Se fosse possível, ele e Lena conseguiriam escapar com tempo. Se conseguissem enganar Belda. Se conseguissem convencer aquele estranho homem,  que os visitou algumas vezes nos seus pensamentos e dizia ser o próprio tempo, a contar como salvar todos eles. Tarjei era seu nome , pelo o que Wybie lembrava.

- Me desculpe - Lena abaixou a cabeça - Você ouviu Tarjei. Eles precisam nos encontrar. É o único jeito.

Wybie sentiu um aperto no peito. Ele sentia tanta saudade de Coraline, e sim, ele queria vê-la novamente. Queria muito, mas ouviu as palavras de Tarjei em seus pensamentos, lembrando da noite em que ele os visitou em seus sonhos.

Um de vocês terá de ficar. Se um se sacrificar, os outros estarão livres.

- O quê? - Wybie estava se sentindo mais triste do que nunca - Não. Ninguém vai ficar. Ninguém pode ficar com ela. Você sabe que...

Meu jovem... Isso não é uma condição. É destino. Me desculpe.

- Por favor - Wybie olhou em volta, mas só viu Lena sentada na ponta da cama - Tem que haver outro jeito. Tem que haver.

Não há. Como eu já disse... sou o próprio tempo. E eu vejo o futuro claro de um de vocês. Assim como a alma daquele que ficar, vocês estaram livres.

- Quem? - Lena perguntou - Você pode nos dizer

Eu diria, mas há um inconveniente. Eu não tenho ideia de quem é.

- Se você viu o futuro de alguém, então você sabe que vamos embora. Podemos mudar as coisas. - Wybie abaixou a cabeça, triste.

Lamento... é preciso um sacrifício. Não é minha escolha.

- Wybie? Você esta bem?

Agora, a mão de Lena repousava sobre o ombro do rapaz, que tinha o rosto molhado por lágrimas.

- Me desculpe - ele virou para o outro lado e limpou o rosto com a manga de sua camisa esfarrapada.

- Você estava pensando no que ele disse, não é? Tarjei.

Wybie segurou o choro.

- Eu sei que sou um fracote, chorando assim. Mas não quero que um de nós morra. Você pode imaginar como é isso? E como sabemos como vai ser? Alguém vai morrer e assim voltaremos? Isso não faz sentido.

- A única que vai morrer é ela - Lena cochichou para ele, com medo de Belda ouvir em algum lugar - Vamos ficar bem, e eles também.

Wybie suspirou. Ele estava trêmulo. Não queria se sentir assim de forma alguma, mas era inevitável. Não conseguia pensar em alguém morrendo para que os outros fossem embora. Mas o quê isso queria dizer afinal? Ele não sabia. O que o deixava ainda mais inquieto.

Os jovens ouviram o barulho da maçaneta no lado de fora do quarto. Já sabiam quem era.

A porta se abriu, revelando uma mulher com olhos de botão, vestindo um belo macacão azul turquesa e sandálias. Ela olhou os jovens e deu um sorriso maldoso, como de costume.

- Hora do café.

Na cozinha, Wybie, Lena e Belda estavam à mesa, comendo ovos e bancon. Na verdade, somente Lena e Belda comiam. Wybie estava colocando tudo goela à baixo, sem fome e com desgosto.

Eles tinham manhãs assim. Lena e Wybie não conseguiam escapar, pois estavam presos a mesa de alguma forma. Até que Belda os mandasse sair, eles sentiam um peso inexplicável nas pernas, e não conseguiam se mover.

- Wybie - a mulher chamou, áspera.

Ele olhou para ela.

- S-sim?

- Coma - ela disse - E mastigue.

Wybie assentiu e começou a comer.

Lena tentava se manter civilizada e não mostrar medo. Ela queria dizer para Wybie que ele devia arrumar a postura e tentar não parecer tão afetado na frente de Belda, mas não podia, então continuou tomando café da manhã.

Belda era uma coisa estranha. Ela não os deixava sem comer, sem tomar banho, trocar de roupa ou dormir no chão, mas continuava sendo perversa.

Ela os prendia ali de alguma forma, e parecia cada vez mais determinada a deixar alguns deles insano com isso. Wybie tentara escapar de todas as formas possíveis, mas sempre voltava. Como quando ele tentou pular a janela do banheiro, mas enquanto caía, ia em direção ao box novamente. Ao contrário de Lena, ele estivera lá por... cinco dias? Seis? Ele não ligava. Era tempo o suficiente para sentir um peso muito grande nos ombros. Wybie estava muito preocupado com as outras pessoas. Como estava sua avó? Sua tia? E quanto a Coraline, Jimmy, Jonathan e o tal de Thomas, que entraram por aquela portinha sem pensar duas vezes para ir atrás dele? Ele sentia pena até do próprio Tarjei, que dizia estar morrendo aos poucos. Além disso, ele tinha um medo inexplicável de Belda. Ela havia capturado a irmã de sua avó uma vez e também Coraline. Agora ele. Fora as coisas que ela costumava dizer. Não se preocupe, querido. Coraline vai chegar, todos vão, e juntos vão morrer.

Wybie chorou na sua primeira noite naquela casa. Ver a mão de Belda atacar Coraline já foi horripilante, mas agora ela estava ali, na casa dela, vendo seu rosto branco como papel e sua expressão maléfica todos os dias, e tinha medo do que ela poderia fazer, afinal, o que queria era vingança, não? Acabar com Coraline de uma vez por todas. Ele não podia deixar isso acontecer.

Agora, ali na mesa, no seu quinto, sexto ou até sétimo dia, o que fosse, ele estava aterrorizado. Aterrorizado com a ideia de que alguém iria morrer, ou talvez todos eles. Wybie queria que todos ficassem bem novamente. Queria que seus amigos voltassem para casa, ao invés de morrer naquele lugar. Então, ele teve a pior ideia de todas, uma que o fez sentir um gosto estranho na boca e entalar o choro na garganta, mas que queria deixar acontecer. Alguém iria morrer naquele lugar. Tarjei confirmou isso, mas não Coraline, não Jonathan, não Jimmy, nem Lena ou o tal Thomas. Se alguém iria morrer para deixar que todos fossem embora, esse alguém seria ele.

Wybie respirou fundo e comeu um pedaço de bacon, pensando naqueles que queria salvar.


Notas Finais


EITA CAROÇO e agora? ferrou? ta todo mundo ferrado? oq será que vai rolar?


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