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História Coraline - O Pesadelo voltou - Lena comete arrombamento com seu vestido


Escrita por: gwendoline

Notas do Autor


olá. quem quiser ouvir a musica que vai aparecer num certo momento, se chama "Stand by me - Be E. King". EU AMO ESSA MÚSICA E VOU DEIXAR UM AVISO PRA QUANDO PRECISAR LIGAR ELA.
boa leitura!!

Capítulo 19 - Lena comete arrombamento com seu vestido


O portal havia se fechado.

Era noite quando Coraline, Jonathan e Wybie estavam de volta. O chão da varanda rangia conforme eles andavam. Jonathan olhava em volta, procurando algo que não existia mais. Algum portal, onde Thomas se perdera. Assim como Jimmy.

- Não pode ser - ele disse, segurando as lágrimas.

- Jonathan... - Wybie o chamou.

Ele virou, notando o olhar que Wybie tinha. Era um misto de tristeza e pena. Ele olhava para Jonathan daquele jeito, enquanto abraça Coraline, que apertava os olhos, com os ombros balançando.

- O que vamos fazer? - Jonathan perguntou, sem entonação, de um jeito que não parecia nem ter feito uma pergunta.

Coraline levantou a cabeça, tomando coragem para ver o estado em que ele se encontrava. Jonathan nunca pareceu tão cansado. Aqueles dias na outra dimensão o afetaram, mas ele nunca demonstrou. Ele parecia uma bagunça com o cabelo despenteado, ombros caídos e olhos tristes e cansados. Toda a energia que parecia rodear o garoto se fora, restando cansaço, e tristeza.

- Ele não vai voltar. Meu Deus... - Jonathan cobriu as mãos com o rosto - Ele não vai voltar. O que vamos fazer agora? - Jonathan caiu, se apoiando nas mãos e nos joelhos. As lágrimas banhavam seu rosto - C-como vou falar com a mãe dele? Ele está morto. O Jimmy... - ele se encolheu.

De um minuto ao outro, o nome pareceu doer ao ser dito, o que, de fato, era verdade. Aquele nome eram tapas de mãos de ferro no seu rosto.

Jonathan sentiu alguém tocar seu ombro.

- Ei. - Wybie disse baixinho, ajoelhando-se ao lado dele.

Jonathan não se atreveu a olhar para cima, apenas continuou encarando o chão de madeira a seus pés.

- O que vamos fazer?

Silêncio.

- O que vamos fazer? - repetiu.

Wybie levantou e estendeu a mão, em frente ao rosto de Jonathan.

- Vamos.

Jonathan hesitou por um momento, mas pegou a mão de Wybie. Ele tentou se por de pé, mas caiu no chão novamente. Sentia-se fraco. Fraco, triste, impaciente.

- Droga.

- Não tem problema, Jonathan - Wybie media as palavras.

- Quero ficar sozinho.

Wybie olhou dele para Coraline, que o olhou de volta. Ela lhe deu um olhar que não era comum no seu rosto. Era algo vazio. Ela não sabia o que fazer. Ninguém sabia.

...


Thomas nunca fez algo tão rápido como no momento em que viu Jimmy se mexendo. Ele não hesitou em se jogar ao seu lado e abaixar-se ao lado do garoto.

- Jimmy? - ele chamou nervoso e olhou para Lena - Você viu isso, não é?

Lena assentiu, ainda assustada.

Thomas respirava fundo, esforçando-se para parar de tremer. Ele pegou o pulso de Jimmy, sentindo a pulsação, fraca, mas ainda assim, existente. Seus olhos já estavam inundados novamente.

- Jimmy. - ele abaixou perto do rosto do garoto e tirou o cabelo de seus olhos, esperando que eles abrissem logo. Diferente disso, Jimmy abriu a boca, tentando dizer alguma coisa provavelmente. Thomas pôs o ouvido perto para tentar ouvir.

A voz de Jimmy murmurava baixa e rouca:

- Eu... morri.

Thomas segurou seu rosto.

- Você está vivo. - disse baixinho - Eu juro.

Lena foi quem se mexeu primeiro. Ela levantou e pôs uma mão na cintura, enquanto a outra estava sobre a boca.

- Preciso fazer alguma coisa - disse abafada.

- Você quer dizer nós -Thomas franziu o cenho.

Ela balançou a mão para ele e fez um nah.

- Não foi o que quis dizer, Thomas - ela parou e pensou por um momento e olhou para os garotos no chão. Thomas a encarava, enquanto segurava a mão de Jimmy e tinha a outra mão na cabeça dele. Lena tinha de fazer algo, será que ela estava certa sobre seu próximo passo? Não queria ficar muito tempo ali para descobrir.

- O.k. - ela ajoelhou-se e pôs a mão no ombro de Jimmy - Aguente firme, Jimmy. Você. - ela olhou para Thomas - Pegue-o.

- No colo?

Lena ficou de pé novamente e cruzou os braços.

- É óbvio.

Thomas não hesitou. Ele pôs um antebraço por trás dos joelhos de Jimmy e outro nas costas, levantando-o com delicadeza. O garoto gemeu de dor.

- Desculpe - Thomas disse à ele - Parece que vamos ficar assim de novo - ele olhou para Lena, que tinha o cenho franzido enquanto olhava em volta.

- Você está bem?

- Eu acho que o lugar mudou - ela foi direto ao ponto - Olhe. - ela apontou para o oeste - Tem fumaça saindo de algum lugar. Eu acho que estão fazendo uma fogueira.

Thomas estava confuso.

- Aqui?

Lena começou a andar, com Thomas a seguindo.

- Hoje é sexta - ela virou para Thomas, que parou bruscamente, fazendo Jimmy soltar outro gemido de dor.

- Desculpe, camarada. E como você sabe que é sexta? Quer dizer, não é como se fosse importante.

- É importante, sim. - ela olhou para a fumaça - Aquilo vem de perto da pousada do Ben. É uma festa de fim do verão, sabe?

- É... Não. E eu não estou entendo nada. Quem é Ben?

- É só o dono da pousada. Ele era amigo do meu avô.

Thomas começou a pensar. Uma pousada bem ali, debaixo do nariz deles? E uma festa com fogueira? Quantas horas haviam se passado? Ele olhou para o céu, que tinha um tom rosado, com uma formação de nuvens familiar, como as que se formam no pôr-do-sol.

- Não é possível. Nós ficamos dias na floresta, como que...

- Era um feitiço - Lena o cortou, andando até um local e pegou algo do chão. A adaga de Coraline - Por isso ninguém podia ver a floresta, lembra? A extensão era um feitiço, assim como o tempo. Não estamos em dezembro, não está nevando ainda.

Thomas deu um passo para trás. Lena raciocinava rápido demais.

- Nós nunca a contamos sobre a floresta. Você nunca veio conosco.

Lena suspirou.

- Eu sei que não, mas alguém já me disse. Estávamos presos num feitiço quando vocês chegaram. Ninguém sabia de nada.

- Só você.

- Não, há mais uma pessoa.

- Quem?

Ela cruzou os braços.

- Minha avó. - disse áspera, de um jeito que fez Thomas pensar se era algo bom ou ruim a avó dela ter aquele tipo de conhecimento - Agora, precisamos sair daqui. Não podemos simplesmente sair na rua com você o carregando desse jeito - ela apontou com a cabeça para Jimmy, inconsciente.

- E o que faremos?

Lena virou, começando a andar em direção a fumaça.

- Vamos roubar um celular.

...


Já haviam passado alguns minutos desde que Coraline, Jonathan e Wybie estiveram no chão da varanda, sem fazer nada. Os três não tinham noção do que fazer, qual historia inventar, qual seria o primeiro movimento.

Uma figura surgiu na varanda, esfregando a cabeça no braço de Wybie.

- Oi, gatinho. - o garoto fez um carinho no gato, que virou para Coraline. Ela sabia que ele a encarava.

- Precisamos de ajuda. - ela disse a ele, que miou e abaixou a cabeça - Nada? Nenhum conselho?

Jonathan bufou.

- Ele não vai ajudar em nada. Nós vamos ter de nos virar para inventar alguma coisa.

Foi quando eles ouviram. Um carro em alta velocidade se aproximando.

Todos os três deram um pulo, observando faróis e luzes vermelhas e azuis se aproximando do palácio co de rosa.

- Corram - Coraline mandou. Os adolescentes começaram a correr até o jardim, a seguindo.

Coraline abriu o portão bruscamente, enquanto todos, inclusive o gato, corriam para dentro. Eles foram até a parte mais alta, onde haviam grandes arbustos. Eles se jogaram atrás de um deles. O carro parou em frente a casa de Coraline. Não era um carro comum, era uma viatura.

- O quê está acontecendo? - Wybie perguntou, não consigo enxergar.

- A polícia está aqui - Coraline disse baixinho.

- A polícia? - ele perguntou incrédulo.

- Shh! Fale baixo.

Dois sujeitos desceram da viatura, e se aproximaram da varanda. Um deles pegou a lanterna e começou a olhar em volta, parado na escada, e o outro bateu na porta. Após alguns segundos, duas pessoas abriram a porta. A iluminação que vinha da cozinha era o bastante par mostrar a silhueta dos pais de Coraline. Nada mais que isso.

- O que eles querem com meus pais?

- Eu acho - Jonathan disse - que são seus pais que querem alguma coisa.

- Será que estão falando de você? - Coraline virou para Wybie. Ele a olhou e depois para os policiais.

- Talvez? Não consigo ouvir.

- Fiquem aqui - Jonathan sussurrou.

Ele levantou devagar e foi, cauteloso, até perto do portão, quase sendo pego pela luz da lanterna do policial na varanda.

- ... Nas redondezas? - ouviu o policial, que de costas lembrava o ator daquele filme do diário e da moça sem memória, ele não sabia o nome de ambos, que falava com os pais de Coraline dizer.

- Não - Sra. Jones respondeu - Nós procuramos todos os dias, todas as noites. Eu... - sua voz foi sumindo. Ela parecia triste.

Jonathan começou a cogitar uma ideia. Ela estava triste de mais para o desaparecimento de Wybie, e se...

- Me desculpe, mas não encontramos nenhum indício do desaparecimento de Coraline.

- Ai caramba! - ele colocou a mão na boca para abafar o grito, e abaixou-se antes que a lanterna do policial o pegasse no flagra. Seu coração batia mais rápido. Ele sabia que algo estava errado. Então eles procuravam por Coraline? Se ela ter entrado naquele portal a tornou desaparecida, consequente... - Eu estou tão ferrado.

...


O sol estava se pondo, deixando o céu parecido com uma paleta de tinta com cores levemente misturadas. Thomas começara a sentir o peso de Jimmy nos braços, mesmo que o garoto fosse magro, afinal, ele também não era fortão. Mas, embora o assustasse ver Jimmy desmaiado em seus braços, parecendo morto de novo, o que o fazia perguntar a cada dois minutos Jimmy?, ele continuou carregando-o.

Naquele momento, Lena o guiava para trás de um jipe azul, com pressa.

- O.k. - ela olhou em volta antes de puxar Thomas para baixo e fazendo com que Jimmy batesse a cabeça. A garota pôs as mãos na boca e Thomas arregalou os olhos, soltando as pernas do garoto para checar sua cabeça.

- Me desculpe!

- Está tudo bem. Jimmy? - Thomas chamou.

O garoto soltou um grunhido.

- É, ele está bem.

- Continuando o plano - Lena olhou em volta mais uma vez - Eu vou abrir o carro e pegar o celular.

- Como você sabe se tem mesmo um celular ali?

- Esse carro é do Lino White. Ele tem tipo - ela revirou os olhos - dois celulares, dois carros...

- Dois carros? - Thomas ergueu as sobrancelhas. Ele não conhecia muita gente rica, tendo em conta que passou a vida num orfanato com crianças sem condição nenhuma, sendo uma delas.

- É. Ele é bem rico, sabe?

- Não me diga.

- Continuando, eu vou arrombar a porta e pegar o celular.

- Como você vai fazer isso? Ele não vai começar a apitar e essas coisas?

- Não.

- Não?

- Não.

Thomas deu a ela um olhar tem certeza? e a garota suspirou.

- Apenas confie em mim, Thomas.

- Estou confiando em você. Mas sei que precisamos ter cuidado.

Lena ajoelhou-se, como se fosse fazer uma oração, e pôs a adaga apontada para a barriga.

- Ei, ei! - Thomas esticou a mão, tentando para-la - O que você está fazendo?

- Eu só vou fazer um corte.

- No seu intestino? - ele quase gritou, preocupado.

- No vestido, Thomas! Está vendo isso? - Lena passou a ponta da adaga em volta de sua cintura, onde havia um pedaço de tecido com mais volume - É um elástico. Se eu pegar ele, vou conseguir arrombar a porta.

- Com um elástico? Um mísero elástico?

Lena suspirou.

- Sim. Na verdade, eu não sei se funciona bem com um elástico, mas não custa tentar.

Lena fez um corte na área que havia apontado, e começou a retirar um elástico comprido de dentro do vestido, parecido com um cadarço sem ponteira.

- O.k. - ela levantou - Vem comigo. Preciso de sua ajuda.

- Como? Jimmy está desmaiado.

- Coloque-o debaixo do carro.

Thomas arregalou os olhos.

- Você pirou? Deixar ele ali no...

- Coloque ele ali - Lena rosnou.

Thomas hesitou, mas sabia que não podia deixar Jimmy ali, para alguém ver. Com a cara amarrada, ele deitou o garoto embaixo do Jipe.

- Isso é tão errado.

- Ele está desmaiado, Thomas - Lena disse, fazendo um nó no elástico - Não irá lembrar que esteve debaixo de um Jipe.

- Eu irei.

- Me dê pé - ela pôs uma mão no carro e levantou uma perna.

- Pé? Eu estou carregando Jimmy há minutos, e você quer que eu lhe dê pé?

- Tem mais alguém aqui para me dar pé? Devo pedir ao Jimmy? Vamos, temos de ser rápidos. Fora que não alcanço a parte de cima do carro.

Thomas bufou, mas ajudou a garota, segurando-a enquanto cometia um crime. Felizmente, para os braços dele, ela não era pesada, mesmo que fosse mais que Jimmy.

Lena esticou os braços, segurando cada ponta do elástico, o passando pela pressa da porta, para dentro do carro. Por alguns segundos, tudo que se ouvia era a música e as vozes e risadas dos adolescentes, não tão longe dali, o que deixava Thomas mais nervoso.

- Vamos, Lena - ele sussurrou para ela.

- Não é tão fácil, Thomas. Eu não consigo enxergar bem no escuro.

Thomas não conseguia ficar sem olhar para os lados. Estava com medo de se meter numa encrenca das grandes. Arrombar um carro para roubar um celular não era um de seus hobbies.

Pode se ouvir o barulho da trava do carro.

- Consegui! - Lena deu um salto para o chão, sorrindo de satisfação.

- Como você...

A garota não ficou para responder e abriu a porta, se atirando para dentro do Jipe e saindo de lá após alguns segundos, com um celular nas mãos.

- Eu fiz um nó corrediço no cadarço.

- Um nó corrediço?

- É. Serve pra encaixar em qualquer coisa etc. Coloquei ele no pino e puxei.

Thomas ergueu as sobrancelhas.

- Inteligente. Você arromba muitos carros por aí?

A garota sorriu.

- Eu vi isso em um filme. Não sabia que ia funcionar.

- Então você, tipo, nunca fez?

Ela balançou a cabeça, enquanto mexia no celular.

- Uau. Estou impressionado.

- Sarcasmo? Estranho para você, Thomas.

- Não, de verdade. Eu...

- Que cena peculiar - uma voz disse, o que fez Thomas virar depressa.

Fomos pegos. Ah não, estamos encrencados.

Lena deu um passo a frente, encarando a mulher que se aproximava. Ela era alta, magra, como se algum dia já tivesse sido uma modelo de sucesso. Vestia uma calça jeans mommy - Lena não tinha certeza se chamava assim - de cintura alta e uma blusa preta de gola que a faziam parecer ainda mais alta.

- Vó?

Thomas arregalou os olhos, surpreso. Aquela senhora que nem tinha sido tão afetada pela meia idade era a avó de Lena? Ele a estudou. É, vendo sua aparência, ele notou. As duas não se pareciam nem um pouco. Enquanto Lena tinha lábios maiores e olhos redondos, assim como seu nariz, a avó tinha tudo fino. Nariz comprido, lábios mais murchos (talvez pela idade), e olhos estreitos. Nem o cabelo parecia o mesmo, sendo que o da avó de Lena estava preso num coque e não parecia ser cacheado, pelo o que ele via em algumas mechas caíam no rosto dela. Lena tinha a pele de uma trufa de chocolate nova, que fica bem na frente da vitrine dos cafés, e sua avó tinha a pele um pouco menos escura, como se fosse leite com achocolatado. Mas isso não tinha importância, era somente um acréscimo a lista de diferenças.

- Você arrombou um carro, Elena? - ela começou a andar, cruzando os braços.

Thomas quase ficou de queixo caído. Nada de abraços? Ou um oi querida netinha? Lena foi sequestrada e não recebeu nem um oi.

- Tínhamos tudo sobre controle - Lena respondeu, também cruzando os braços e ficando cara a cara com a avó. Ambas soavam firmes e sérias.

- Não. E se eu não estivesse aqui e alguém chegasse? Você não tem nada sobre controle.

- Nós.

Thomas estava sentindo a tensão entre avó e neta. Elas tinham o mesmo olhar, como se uma tentasse adivinhar o próximo movimento da outra.

- Você está uma bagunça, querida - a avó a analisou.

- Você não se importa com isso.

- Eu não me importo? - a avó ergueu as sobrancelhas - Por que acha que estou aqui, Elena?

Lena abriu a boca, mas a fechou sem responder nada.

- Venha - ela pegou a mão de Thomas, o puxando para trás do Jipe, com o olhar da avó os seguindo.

Eles retiraram Jimmy de baixo do carro e Thomas o pegou no colo novamente.

- Ela é sempre assim? - Thomas sussurrou antes de irem.

Lena hesitou por um momento.

- É.

Thomas não estava aliviado com aquilo.

Eles devolveram o celular ao Jipe e o fecharam, depois entraram no carro preto e grande da avó de Lena sem fazer perguntas. Só se ouviu um minha nossa quando a senhora viu Jimmy.

Lena sentou no banco do carona, deixando Thomas com Jimmy deitado no banco de trás, mas não parecia tão confortável. Sentia-se sujo demais para estar num carro limpinho como um...carro limpinho. A avó parecia pensante, esperando um momento para que fosse falar.

Não demorou muito.

- O menino está bem? - ela deu uma olhada para Thomas no retrovisor.

Lena a olhou de rabo de olho, mas suspirou e virou para a janela, observando as árvores passando em alta velocidade pela estrada.

Thomas finalmente lembrou que deveria falar algo.

- Ele está bem, sim - disse calmo e olhou para baixo, para a cabeça de Jimmy deitada na sua perna. Tão calmo e...

- E você, como se chama, querido? - a avó perguntou. Ela havia chamado Thomas de querido, mas ainda assim não soava doce ou gentil.

- Thomas.

- Thomas. Me lembro de você, Thomas.

Ele franziu o cenho.

- Não lembro de ter te conhecido antes.

- Ela não te conheceu antes - Lena cortou a avó antes que começasse - Ela só viu você.

- Tipo, em visões?

- Isso - a avó respondeu - Como você deve saber, Elena tem visões, isso é uma coisa herdada da família. Eu tenho, minha filha não teve, mas reacendeu em Elena. Um dom.

- Não é um dom - Lena olhou para a avó, que não desviou o olhar da estrada.

Silêncio.

- Você disse que me viu? - Thomas tentou quebrar a tensão - O que você viu?

- Você, e ele. Jimmy.

Lena olhou para Thomas, que virou para a janela. Parecia desconfortável naquela posição, com alguém o usando de travesseiro.

- É? - ele disse nervoso.

- Sim. E eu pude sentir o que se passava ali.

Thomas não respondeu.

- Era forte.

Thomas apertou os punhos.

- Parecia que vocês se odiavam.

Thomas franziu o cenho.

- O quê? Não.

- Sim. Discussão e mais discussão. As visões não são claras, mas os flashes que se passavam me mostravam falta de confiança. E raiva.

- Bem, talvez nós...

- Mas isso não pareceu verdade quando os vi hoje - ela olhou para Thomas pelo retrovisor - Algo mudou?

- Nós estamos indo para o outro lado? - Thomas desviou o assunto - A cidade ficava no sentido oposto.

- Não, apenas estamos num local mais afastado. Não moro no centro.

O resto so trajeto foi silencioso.

Ao chegarem no destino, Thomas observou a casa da senhora. Ele achou um tanto que impressionante para uma senhora de... quantos anos? Era uma casa grande para uma pessoa, e parecia quase nova. Thomas não sabia dizer que tipo era, só que era branca e que ele não sabia onde estava o telhado, pois não conseguia vê-lo.

Eles entraram sem nenhuma dificuldade, até mesmo Thomas, pois a porta era grande o bastante para três dele carregando três Jimmys passarem.

- Venham - a senhora chamou, começando a subir as escadas.

- Thomas está cansado. - Lena parou na subida, e sua avó virou para ela - Ele carregou Jimmy por um tempo e me segurou também, vamos deitar Jimmy na sala de estar e...

- Vocês estão sujos e peguentos, Elena. Precisam tomar um banho. Além do mais, Thomas não se importará de carregar seu amigo Jimmy que está gravemente ferido e desmaiado mais um pouco. Seria um insulto se não pudesse fazer isso por ele - ela virou para Thomas, que não respondeu e apenas olhou para os degraus.

Lena bufou e começou a seguir a avó, com Thomas logo atrás.

- O quarto de hóspedes para vocês - a senhora olhou Thomas de cima a baixo enquanto ele entrava com Jimmy e o colocava na cama - Apenas tente não bagunçar.

Thomas forçou um sorriso. Por quais motivos eu iria bagunçar.

- Sem problemas.

A senhora pôs a mão no ombro de Lena, a guiando para outro cômodo.

- Não trate ele assim - ela pediu a avó, quando ficaram a sós.

- Assim?

- Você sabe. Está estudando ele, vi o que você fez no carro. Ele se sentiu desconfortável.

- Estou aceitando um estranho na minha casa, Elena. Você tem que entender que eu lhe tratarei como bem entendo.

- Eles são boas pessoas.

- Você não os conhece direito. Estou fazendo isso por nós duas.

- Conheço o bastante. Jimmy se sacrificou por todos nós, e Thomas não vai hesitar um momento para mante-lo vivo novamente. Ele é uma pessoa gentil.

- Mante-lo vivo? - a avó deu um passo a frente, se paroximando da neta - Você sabe de algo, Elena.

- Não sei do que está falando.

- Elena...

Lena tentou não se ficar petrificada diante do olhar da avó. Era algo estratégico, como se ela conseguisse ver o que você sentia. Mas Lena fugia disso desde que entendia por gente.

- Vou ajudar Thomas - ela saiu com pressa do quarto.

Não demorou muito para que Lena voltasse, ela apenas foi ver o que Thomas ia fazer, mostrar o banheiro, e voltar para seu quarto, onde sua avó não estava mais. Ainda bem.

Thomas estava de banho tomado, usando, pelo o que Lena disse, pijamas para hóspedes. Isso mesmo. Pijamas. Para. Hóspedes. Ele se jogou na poltrona que havia ao lado da cama, observando Jimmy. Já era noite, e ele estava cansado, mas iria esperar para quando o garoto acordasse. Não queria que a reação fosse ruim. Jimmy havia morrido, não podia deixá-lo acordar sozinho num lugar desconhecido.

Thomas decidiu ver o que havia nos móveis do quarto, ou seja, o que tinha nas gavetas do criado mudo e da pequena cabeceira. Não o julgue por bisbilhotar, ele não tinha nada para fazer. Thomas não sabia quem tinha sido o antigo hóspede daquele quarto, mas a pessoa havia deixado um aparelhinho na gaveta do criado mudo. Ele o pegou, pequeno e branco, com um fone de ouvido enrolado em volta. Um mp3 player.

LIGUEM A MÚSICA

Thomas pôs os fones e ligou o mp3, esperando algo como um clássico de 2006. Uma melodia calma, e muito boa, começou a tocar, mas não parecia nada atual. Uma voz masculina cantava:

When the night has come

And the land is dark

And the moon

Is the only light we'll see

Ele tirou os olhos do mp3, encarando o carpete a sua frente. Uma palpitação estranha tomou conta dele, o fazendo se sentir nervoso e se arrepiar por completo. Era uma boa letra...

No, I won't be afraid

Oh, I won't be afraid

Just as long as you stand

Stand by me

E uma sensação diferente tomou conta, quando algo segurou seu pulso, o fazendo pular num susto. Na cama, Jimmy parecia estar despertando devagar, ainda o segurando. Thomas estava arrepiado novamente, começando a suar na nuca.

So, darling, darling, stand by me

Oh, stand by me

Oh, stand, stand by me

Stand by me


Notas Finais


........então?


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