1. Spirit Fanfics >
  2. Coraline - O Pesadelo voltou >
  3. Sra. Lovat vaza areia

História Coraline - O Pesadelo voltou - Sra. Lovat vaza areia


Escrita por: gwendoline

Notas do Autor


Espero que goste. Tenha uma boa leitura :)

Capítulo 4 - Sra. Lovat vaza areia


Estávamos na varanda da casa e a noite estava fria.

- O que vamos fazer agora? - perguntei.

- Acho que poderíamos procurar em volta. - sugeriu Thomas - Que tal fazer assim, eu olho a casa do Bobinsky. Coraline das senhoras Spink e Forcible e vocês dois nas redondezas? - ele parecia meio nervoso enquanto falava, mas também tinha certeza no tom de voz.

Embora eu me sentisse meio incomodada em entrar na casa das senhoras olhei em volta e todos haviam concordado.

- Vamos então. - falei e comecei a andar, antes que começasse a me assustar demais.

Peguei a lanterna no bolso interno da minha jaqueta e comecei a descer a escada que levava a casa das senhoras. Abri a porta devagar e comecei a andar em passos lentos. Se houvesse mais alguém lá dentro, não queria ser a última a descobrir.

Quando entrei, não havia um grande teatro com poltronas vermelhas como da última vez. Na verdade, a casa estava como a vira na minha dimensão. O mesmo sofá felpudo, a mesa de centro e iluminação ruim.

Com a lanterna ligada, andei por todo o cômodo da entrada, depois os quartos, cozinha, tudo. Embora eu estivesse feliz de não ter encontrado nenhuma daquelas cópias malvadas das minhas vizinhas, fiquei triste por não ter encontrado nenhum rastro de Wybie.

Sentei no sofá e respirei fundo. Olhei em volta o apartamento vazio. Nada.

Levantei e saí daquele lugar. Enquanto subia as escadas, senti uma leve tontura e de repente uma voz começou a ecoar na minha cabeça.

Eu não consigo. Ah...Não. Não posso. Não posso.

- Wybie? Por favor... É você?

Coraline? Co...

E então, parou.

Corri escada acima e tentei encontrar meus amigos. Fui em volta da casa e quando estava atrás dela, acabei esbarrando - literalmente - com Jimmy. Ele estava arfando quando caiu de bunda no chão como eu, como se tivesse corrido até lá também.

Levantamos e ele segurou meus ombros.

- Eu ouvi... - comecei.

- Eu também.

Olhei atentamente para ele. Eu não entendia porquê, mas de alguma forma eu sabia que Jimmy e seu primo eram bem próximos. Assim como eu e Wybie talvez. Porque nós dois tínhamos um contato com aquela dimensão. É claro que eu não sabia se estava certo esse palpite aleatório, mas era possível.

- Jimmy... Como que você...

- Corram! - Ouvi alguém gritar.

Jimmy me soltou e olhamos em volta. De repente, vi um garoto baixo e magrelo correndo de dentro da floresta em nossa direção.

- Rápido! Monstro! - ouvi Jonathan gritar quando estava mais próximo.

Olhei para longe. Monstro? Do que ele estava falando afinal? Então vi, atrás de Jonathan, coisas grandes saindo da dentro da floresta para sua direção. E por mais estranho que isso soe, eram uma espécie de exército de velinhas. Agora, eu não sei o quê você pensa quando eu falo exército de velhinhas, mas aquilo era, de certa forma, assustador.

Quando chegaram mais perto, notei que não tinham olhos suas bocas eram escancaradas, como se não tivessem controle das suas mandíbulas.

Jonathan mexia as mãos freneticamente, nos mandando sair do caminho. Jimmy me puxou pelo braço e começamos a correr feito loucos para o palácio cor-de-rosa. Topamos com Thomas no caminho, Jimmy o puxou também, e juntos fomos até a casa das minhas vizinhas Spink e Forcible e entramos, seguidos por Jonathan e quase tropeçando nas escadas.

- O.k. O que está acontecendo aqui? - Thomas perguntou desesperado.

- Velhinhas! Um monte delas. - Jonathan respondeu arfando.

Ele desabou no sofá e sentei no chão, com Jimmy deitado no meu ombro.

- Isso é muito bizarro. - falei.

Jonathan, de olhos fechados respondeu:

- É porquê você não estava lá. De perto é mais assustador do que bizarro.

Grrrr, ouvi lá em cima. Jimmy saltou ao meu lado e olhou para nós.

- Estamos encrencados, certo?

- Acho que aqui em baixo nada vai acontecer. - respondeu Thomas.

Pensei que talvez tivéssemos seguros. Acendi a lanterna e a coloquei na mesa de centro, virada para cima. Continuava com uma iluminação ruim, mas ali era sempre noite mesmo.

Segurando a adaga, ainda pendurada no meu cinto, fui até a porta checar se não havia nenhuma daquelas velhinhas na escada.

E me arrependi disso.

Quando olhei pelo vidro da porta, uma delas me viu e grunhiu de um jeito que me fizeram ficar arrepiada.
Oh não, pensei.

Ela atacou a porta, com uma força que nunca pensei que uma idosa poderia ter. Dei um pulo para trás e notei que em pouco tempo aquela porta ia ser derrubada.

- Ei! - gritei para os garotos na sala - Temos problemas.

Os três apareceram na entrada.
Jimmy sacou a espada novamente. Notei que ele estava suando de nervoso. Jonathan, já com o facão na mão, deu de ombros.

- É só uma.

Olhei atentamente para a senhora batendo na porta. Mesmo sem olhos e uma boca negra e escancarada, percebi que eu a conhecia. Aquela era a Sra. Lovat.

- Sra. Lovat?

Dei um passo para a porta. Antes de ela ser derrubada bem em cima de mim.

Coloquei os braços em volta da cabeça e ouvi o vidro se quebrando em cima de mim. Quanta força, Sra. Lovat zumbi.

Me levantei e a velinha estava atacando Jimmy, que a afastava com golpes malucos de espada.

- Ela tem reflexos impressionantes para alguém de... Quntos anos?

Jonathan pegou seu facão e acertou suas costas, provocando um corte fundo.

Pensei que ela iria começar a sangrar ali mesmo, mas areia começou a cair de suas costas. Como se uma daquelas bonecas que se coloca para segurar a porta acabasse de ser perfurada.

Jimmy nos olhou sem entender nada. A velinha ainda continuava a "vazar" e ia desmanchando, como uma meia cheia de areia, agora sendo esvaziada.

Virei para o buraco na parede, onde antes tinha uma porta, e começamos a andar para fora. Em menos de alguns segundos, comecei a ouvir o grunhido da Sra. Lovat zumbi atrás de nós novamente.

Peguei a adaga e, junto dos três garotos, comecei a subir as escadas.

- Devíamos fechar a porta. - disse Jonathan.

- Que porta? - disse Jimmy, se atirando na frente de todos.

Jonathan fez um ah... e continuou a correr.

Quando chegamos ao topo, no quintal, por todos os lados estavam espalhadas Sras. Lovat e também Sras. Spink e Forcibles.

As velinhas-zumbi-arenosas viraram sua atenção para nós e começaram a grunhir e caminhar em nossa direção.

O estranho é que, mesmo com toda aquela aparência horrenda delas, não eram lentas como imaginava os zumbis, mas sim rápidas e ágeis.

- Precisamos correr. - falei.

Thomas balançou a cabeça negativamente.

- Não. Estamos cercados.

Olhei em volta. Elas se estendiam pelo quintal e até na varanda da casa.

- É agora eu acho - disse Jimmy. Ele segurou firmemente a espada e assentiu - Agora!

Sabe quando você vê aquela pessoa habilidosa nas batalhas de filmes? Esse era Jimmy. Com a espada na mão, ele golpeava sem parar as velinhas-zumbi-arenosas sem parar. Arrancava cabeças e cortava a barriga ou as costas, e aquilo me deixava abismada.

Quando notei que tinha que me mover, corri até uma delas e a esfaqueei na cabeça. Thomas acertava em cheio as flechas e Jonathan as cortava sem parar.

Nos espalhamos pelo quintal. Embora fosse fácil acabar com elas, estávamos em menor número.

- Abaixe! - ouvi Jonathan gritar enquanto corria em minja direção.

Pus as mãos na cabeça e senti areia caindo nas costas de minhas mãos. Quando levantei, vi atrás de mim uma Spink caída sem uma cabeça. Ela não estava se movendo ou voltando a ser uma zumbi de areia. Das escadas de onde saímos, a primeira Sra. Lovat estava voltando. Olhei para o exército delas. Eu sabia que elas se regenerariam, mas quando você cortava um braço ou uma perna, aquilo não voltava ao lugar.

Jimmy caiu no chão, com uma Spink em cima dele. Sua espada estava longe e ele segurava seu rosto tentando joga-la longe. Thomas pegou a espada dele e cortou o pescoço da velha, depois a chutou para longe e ofereceu a mão para Jimmy levantar, mas ele a recusou e levantou sozinho, o que fez Thomas revirar os olhos e resmungar alguma coisa como orgulhoso.

Jimmy pegou a espada da mão de Thomas e começamos a correr para longe, já que não havia mais o quê fazer.

- Vamos para a casa de Wybie. - sugeri.

Tomei frente e fomos até a casa de meu amigo desaparecido.

Quando abri a porta, a casa estava intacta, mas não me impressionei. Assim como a outra, estava limpa e "atualizada". Tudo como nos dias de hoje. Porém alguma coisa estava errada. Não com a situação atual da casa, mas sim o fato de ela existir naquela dimensão.


- Essa casa não devia estar aqui.


- Porquê? - perguntou Jonathan.


- Eu não sei.


Foi quando pensei. Aquela casa estava ali porque outra pessoa estava sendo vítima da dimensão. Wybie realmente estava lá em algum lugar.


Contei a eles o que eu achava que fazia sentido e todos concordaram.


- Ainda não entendi aquela das velinhas. - disse Jimmy - Como elas existem? Quer dizer, isso não se encaixa aqui não é? Elas podem simplesmente nascer aqui? Como um fungo?


- Talvez. - começou Thomas - Ou talvez elas tenham sido criadas por alguém.


Ele me olhou.


- Não, não. Eu a matei. Eu sei que fiz isso.


Eu e Jonathan estávamos sentados no sofá. Jimmy estava encolhido numa poltrona no canto da sala e dando batidas na mão direita com a manga esquerda do seu casaco.


- Estou com fome. - disse Thomas - Alguém vem comigo preparar alguma coisa?


Jonathan pulou do sofá e largou o facão no tapete.


- Cara, eu adoro cozinhar - ele falou enquanto Thomas se levantava.


Apontei a cozinha para eles e juntos foram fazer não-sei-o-quê-lá para comermos.


Olhei para Jimmy, que me espiou de canto.


- Você machucou a mão. - falei e me estiquei no braço do sofá para ver o machucado.


- Foi só um corte. Nada demais.


Ele virou a mão para que eu não visse e continuou com a cara emburrada, então decidi deixá-lo sozinho, mas antes que eu sequer me levanta-se comecei a ouvir um barulho.


Jimmy mexeu em seu bolso e retirou de lá seu celular.


- Isso funciona aqui? - perguntou.

Dei de ombros. Nunca pensei sobre isso. Na primeira vez que estive naquela dimensão, eu não tinha um celular.

Jimmy atendeu e vi seu machucado na mão. Realmente não era grave, mas não tinha porquê não me deixar olhar.

- Alô?

Jimmy revirou os olhos e suspirou.

- Oi Cassandra... Não, e na verdade você sabe que horas são? Tchau.

Ele desligou e colocou o celular no bolso. Depois começou a dar batidinhas na mão com a manga do casaco novamente.

- Ela é insuportável - comentou.

Assenti e suspirei.

- O quê ela queria?

- Saber se eu queria da uma volta com ela e um amigo dela. Sinceramente, ela é maluca. Quem liga para alguém quatro horas da manhã para perguntar isso?

- O mais estranho é ela querer que você fique aguentando ela e seu amigo.

Jimmy riu baixinho. Não entendi.

Nesse instante, Jonathan e Thomas apareceram. Cada um segurava uma bandeja. Jonathan trazia uma com canecas e Thomas uma com sanduíches e um pote com biscoitos.

Jonathan pôs sorridente a bandeja na mesa de centro, assim como Thomas.

- A dispensa deles está cheia - comentou Jonathan.

Peguei uma caneca, que depois vi que tinha chocolate quente, e um sanduíche, assim como Jimmy. E deveria admitir, estava delicioso. Thomas e Jonathan haviam feito um bom trabalho. Eu nem estava com fome, mas era tudo tão bom que quis comer mais um pouco.

Após o lanche, comecei a pensar sobre o que havia mudado no lugar. Wybie estava aqui, e sei que estava vivo. Mas ele não era o único problema. Alguma coisa havia mudado. Quase uma hora atrás, eu lutei com velhinhas feitas de areia, na verdade, um grande exército delas. Isso não era muito a cara desse lugar. Não era assim que eu me lembrava dele.

- Será que podemos tirar um cochilo? - perguntou Jonathan.

Balancei a cabeça para ele.

- Não. Precisamos continuar.

Ele deitou desajeitado no braço do sofá.

- Esse lugar não é mais o mesmo - comecei - mas eu não sei o quê mudou. Acho que devemos tentar descobrir. Antes, não havia nem como chegar até essa casa. Os limites se expandiam até metade da floresta. E também não haviam coisas como um exército de velhinhas-zumbi-arenosas.

Jimmy levantou da poltrona e andou até a metade da sala, antes de provavelmente lembrar que não sabia como era a casa, e virou para mim.

- Você sabe onde tem um band-aid?

Thomas levantou a mão.

- Eu sei. Quando estava procurando biscoitos achei. Tem num armário com... - ele olhou para a mão de Jimmy e a pegou, analisando-a - Acho que um band-aid não vai ajudar muito.

Jimmy puxou o braço de volta. Thomas olhou para ele e suspirou.

- Está na cozinha. Num armário em cima do fogão.

Jimmy segurou sua própria mão, como se a estivesse guardando, ou protegendo, e foi andando em direção à cozinha.

- Ele é estranho. - Thomas disse.

Jonathan deu de ombros.

- Não. Só que ele é meio...

- Grosseiro? Antipático? Frio?

- Eu ia dizer tímido.

Depois de Jimmy voltar com a mão enfaixada e Jonathan cochilar no sofá, pensei em dar uma volta na casa.

Quando saí da sala, Thomas estava brincando com suas novas flechas e Jimmy ouvindo música, encolhido na poltrona.

Fui até o quarto de Wybie, na esperança de achar alguma coisa, mas assim como na casa das minhas vizinhas, nada estava diferente.

O quarto de Wybie nunca mudara desde a primeira vez que eu havia ido ali. A cama de solteiro continuava no canto da parede. A escrivaninha bagunçada no outro lado do quarto e a estante com livros e jibis ao lado dela também estava igual. O único canto do quarto que eu raramente via arrumado era a escrivaninha, que quase sempre tinha papéis e cadernos espalhados por cima dela.

Sentei na cama e olhei em volta novamente. Tudo igual como sempre.

Depois de um tempo, Thomas apareceu e encostou na porta.

- Então é aqui o quarto dele. Legal.

Ele andou até a escrivaninha e pegou um dos papéis jogados.

- A . Ele se esforça, huh?

Assenti.

- Você está na escola? - perguntei.

- Sim. Atrasei um ano, mas estou. Não na mesma que você, presumo.

- Nunca te vi por lá. Está no último ano?

Thomas murmurou um uhum e sentou na cadeira de rodinhas em frente à escrivaninha.

- É estranho sabe - ele começou - Eu não me sinto diferente em relação à escola ou o orfanato. Parece tudo igual.

- Você mora num orfanato? Tipo, desde sempre?

Ele assentiu.

Por um momento, pensei como era triste. Ele nunca teve pais? Eu fiquei sem meus pais por perto uma vez e me senti completamente perdida. Ele nunca teve pais e parecia mais confiante e determinado do que três de mim.

- Sabe, não é tão ruim como você deve pensar. Eu tenho alguns amigos lá fora. E ano que vem terei dezoito anos. Talvez as coisas possam mudar.

Ele deu um sorriso fraco, e notei que não estava tão bem como pensei.

- Oh... Eu entendi. Você...han...

- Perdi todo mundo? É. Veja.

Ele tirou uma coisa do bolso, um papel, e começou a desdobrar. Notei que era uma foto, muito velha, como uma das fotos que Wybie me mostrou de sua avó com a irmã dela uma vez. Nela estavam dois garotos e uma garota. Os três estavam sentados em frente na sacada de uma varanda. O garoto do meio tinha cabelos claros e um grande sorriso. Presumi que era Thomas. Ao seu lado, um outro garoto de cabelos pretos e cacheados ria enquanto brincava com as trancinhas da única menina na foto. Os três pareciam ter uns onze anos na foto e também muito felizes.

- Eram meus melhores amigos. Nem conto como foi difícil conseguir essa foto. - Thomas riu, mas parecia triste também - Esse ao meu lado - ele apontou para o garoto moreno -era Damian. E essa com as trancinhas era Lílian. Ela era... - Thomas suspirou.

- Você era afim dela?

- O quê? Não! - ele deu uma risada - Ela era a melhor irmã postiça. E na verdade, seria mais possível eu ter uma queda por Damian. Se é que me entende.

Por um momento, minha cabeça ficou um grande ponto de interrogação. Mas depois raciocinei.

- Ah, você é...

- Gay - Thomas começou a dobrar a foto - Uhum.

Ele a guardou e levantou da cama. Parecia querer deixar o assunto da sua vida de lado.

- Vamos, Coraline Jones?

Levantei da cama e descemos as escadas.

Quando chegamos lá em baixo, Jimmy estava espalhado na poltrona. As pernas penduradas em um braço dela e a cabeça no outro.

- Ele não parece tão frio desse jeito, não é? - falei para Thomas.

Ele serrou os olhos.

- Com certeza ele está sonhando com xingamentos e formas novas de me tratar mal para usar amanhã.

Ele pegou uma almofada e deitou no tapete. Eu sentei no sofá e, antes de notar, estava dormindo.


Notas Finais


Gostou?? Fale nos comentários! Até a próxima <3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...