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História Coraline - 10


Escrita por: Bella56

Capítulo 11 - 10


Fanfic / Fanfiction Coraline - 10

Assim que cheguei em casa fui recebida por Kate.
- Cora, fiz um bolo de chocolate pra você. - ela diz sorrindo.
- Pode levar lá encima?
- Venha na cozinha comer.
A sigo e antes de me sentar no banco da bancada tiro os sapatos.
- Buu!.. - diz alguém me segurando por trás.
Meu coração acelera, me fazendo quase cair do banquinho da bancada, mas Matt me segura e ri.
- Oi, pensei que tinha voltado para o Brasil. Faz tempo que não te vejo. - ele diz sorrindo.
- Dois dias no máximo. - digo olhando pra ele.
- Muito tempo!
- Como estão as coisas? Onde estava?
- Estão bem, estava com Lucio.
- Fico feliz que esteja saindo mais.
- Ah, foi com o Lucio né, então não fico com muito medo.
- Isso quer dizer que se um dia eu te convidar pra sair você não vai querer ir? - ele finge estar triste me fazendo rir.
- Não sei Matt.
Kate coloca dois pedaços de bolo na bancada, um pra mim é outro pra ele.
- Toma cuidado Matt, se o Doutor Lucio chegar você some. - diz Kate.
- Ele não vira tao cedo. - digo ficando um pouco triste.
- Como foi com o seu tio?
- Foi legal. Ta bom que eu não o vi muito, mas almoçamos juntos.
- Fico feliz que estejam se dando bem. - diz Kate.
- Falou com ele sobre voltar a escola? - pergunta Matt.
- Eu nem pensei nisso. - digo me sentindo cansada.
- Não gostou do bolo Cora? - pergunta Kate.
- É que Lucio me encheu de comida hoje. - digo me sentindo enjoada.
Não quero escutar ninguém. Quero só ficar no meu quarto. E mesmo que Matt esteja lindo como sempre e me encarando com seus olhos verdes, meu corpo precisa deitar.
- Vou dormir.
- Vou te ajudar a se arrumar.
- Não precisa Kate, eu to bem. Fica aí com o Matt.
- Já vai? - diz Matt.
- Eu to cansada, mais tarde a gente se fala, ta?
- Ta bom, se cuida. - ele diz.
Me sinto mau por fazer isso com eles, mas realmente eu preciso ficar sozinha, preciso pensar.
Vejo Amêndoa jogada encima da minha cama. Sinto vontade de deitar com ela, mas antes troco de roupa e coloco uma camiseta grande e fico de calsinha e sem Sutiã.
Me deito na cama e vejo que Amêndoa parece triste, também, eu a deixo sozinha nessa casa enorme o tempo todo. A abraço e levo ela pra baixo da coberta comigo. Ele quer brincar com o meu cabelo, mas meus olhos pesam. Antes que eu durma mesmo ouço batidas na porta.
- Cora, me desculpe interromper, mas está na hora dos remédios. - diz Kate.
Me levanto um pouco e tomo os remédios e o copo de água.
- O que houve lá? Ele te tratou mau, por isso está chateada?
- Não. Ele foi legal comigo.
- Então o que foi?
- Só estou cansada. - digo voltando a deitar.
- Eu vou cuidar de você então.
- Pode ir. - digo baixo.
Volto a deitar e o sono chega de novo.
Acordo enjoada e tonta. Meu quarto está escuro a não ser pela luz do abajur. Já são 19:32 da noite. Me arrasto para fora da cama sentindo meu corpo dolorido. Preciso de um banho.
Lembro da forma como quase expulsei Kate do meu quarto e isso me faz sentir culpada. Amêndoa não quis levantar da cama.
Ver as feridas no meu corpo finalmente cicatrizando me faz sentir melhor. Sinto desejo em comer uma pizza.
Olho para o celular e me pergunto se deveria mesmo fazer o que estou pensando em fazer. Acho que achar o número de uma pizzaria que entrega em casa na internet não deve ser tão difícil em Seattle.
Olho para o chuveiro e sinto medo de passar mal. É como se meu corpo me surpriendesse, como se eu não tivesse escolha.
Penso que a banheira vai demorar demais para encher então com muita coragem ligo o chuveiro. Meu corpo se arrepiou todo com o som, mas tentei pensar em outras coisas como os enfeites do banheiro ou em como vou me redimir com o Matt.
Sinto falta de Max também. Depois do hospital eu não o vi mais e eu sinto falta dele.
Não fico muito tempo no chuveiro, só o suficiente para poder lavar o cabelo e o corpo. Acho patético eu me sentir mal tomando banho no chuveiro, me sinto indefesa.
Olho para o chão branco do banheiro e meu corpo paraliza quando vejo sangue. E não é pouco sangue, é muito sangue. Tenho medo de olhar no meu corpo, para ver de onde vem o sangue e percebo que não sinto dor. Fecho os olhos para tomar coragem para procurar pelo meu corpo todo e com as mãos eu vou procurando no meu corpo. Sem achar nada abro os olhos e olho de novo para o chão, só que o sangue já não estava mais lá. Sinto uma dor forte no peito. O que está havendo comigo?
Saio do banheiro rápido me enrolando no roupão, olhando mais umas duas ou três vezes para o chão, incrédula.
Me sinto atordoada, confusa, eu poderia jurar que tinha visto, e eu senti tontura na mesma hora em que eu vi.
Será que alguma coisa está errada na minha cabeça? Medo de eles não terem visto algum problema no meu cérebro ou algo assim. Ando até o Closet e pego um calcinha box preta, tipo shortinho, e coloco uma calça de pijama de um pano bem fino também preta e uma blusa de alcinha cinza.
Vejo as novas roupas que comprei com a Carolina já no guarda roupa e lembro que talvez Kate ainda esteja lá embaixo. Caminho para fora do quarto de pantufas o que abafa o som dos meus passos. Vou pelo enorme corredor e praticamente sinto o silêncio da casa, e isso me aterroriza. Quero ver quando Lucio viajar e eu ficar sozinha. Desço as escadas e vou até o escritório de Lucio, ele não está aqui. Vejo uma luz acesa e alguns papéis sobre a mesa, mas nada dele. Olho ao redor do escritório e então noto uma foto encima da sua mesa que não estava lá. Dou a volta pela mesa e pego a foto. Na foto está Lucio com uma garota de cabelo castanho, pele clara e olhos castanhos. O sorriso me é familiar, os olhos me são famílias e o cabelo também, mas solto a foto ao ouvir um barulho na cozinha. Olho para o outro lado é vejo uma gaveta meio aberta, como eu sou mais curiosa do que ajuizada abro a gaveta devagar para não fazer barulho. Dentro da gaveta tem uma arma, um revólver prata. Meu coração dispara, nunca vi uma de perto assim, só em filmes. Toco na arma, mas não a pego. Fecho a gaveta devagar e me levanto com cuidado. Ando pelo o escritório e olho mais uma vez para ver se não tirei nada do lugar. Depois da vistoria volto ao lobi e então vou para a cozinha, antes de adentrar vejo algumas luzes acesas e então escuto vozes.
- Já pode ir para casa se quiser. Quando Cora acordar dou algo para ela comer. - diz a voz que reconheço como a de Lucio. Olho por detrás da porta e o vejo sentado na bancada e em sua frente está Kate, com uma roupa diferente do habitual e o cabelo solto com cachos nas pontas.
- Não é incomodo nenhum para mim Dr. Lucio. Cora é quase como uma filha para mim. - ela diz arrumando alguma coisa que não consigo ver. Me abaixo para me esconder mais.
- Tenho certeza que ela é grata por sua dedicação. -diz Lucio com a mesma voz firme que ele usa com todo empregado dele.
- Eu sei. - ela diz e sorri.
- Cora está bem melhor que antes. Seus cuidados a deixaram mais saudável.
- Fico muito grata por isso. Cora sente falta dos país, eu espero poder ajudar com isso.
- E está. - ele diz ainda sentado.
O que ele faz ali? Com ela? Ele não costuma ser tão sociável.
- Não vai ter problemas se voltar tarde Katherine? - diz Lucio.
- Não senhor. Não tenho ninguém me esperando em casa a não ser meu gato.
- Não tem marido nem filhos?
- Não senhor. Ainda não achei o homem certo. - ela diz ainda mexendo em algo.
- Bom, logo achará. A senhorita é uma moça atraente e carinhosa. Pretendentes não devem lhe faltar. - diz Lucio com a mesma voz de sempre só que dessa vez eu me questiono se perdi algo importante porque não entendo o que está havendo.
Fico tonta em pensar que Lucio está flertando com Kate. Meu coração arde e eu não sei explicar o que sinto.
- Espero que sim Dr. Lucio. Gosto de cuidar das pessoas. Cora foi um verdadeiro presente para mim. Quando tiver filhos ficarei feliz em ser carinhosa com ele.
Kate sorri para Lúcio e isso me embrulha o estômago. Me levanto com tudo e entro pisando firme.
- Kate, o que está fazendo aqui? - pergunto um pouco mais grossa do que deveria.
- Eu... - ela trava - eu estava esperando você acordar para jantar.
- Não estou com muita fome. - minto.
- Você precisa comer Coraline. - diz Lucio.
Lúcio me olha impaciência, o que eu fiz de errado agora?
- Que tal pedirmos pizza? - digo parada na frente dos dois.
- Pizza não é nutritivo. - diz Lucio.
- Então vou para meu quarto, boa noite. Talvez eu almoce amanhã. - digo me dirigindo a saída.
- Vou pedir uma pizza de escarola. - diz Lucio pegando o telefone.
- E portuguêsa. - digo voltando e sentando em um banco do seu lado.
Lúcio pede as pizzas e eu já sinto meu estômago roncar. Olho para Kate que está parada olhando para nós. Não que eu não goste da Kate, ela é minha melhor amiga, mas eu sinto algo estranho quando a vejo perto do Lúcio. Lembro que no hospital ele disse que ela ficaria melhor de cabelo castanho e olha agora, ela está de cabelo castanho.
- Vai ficar para jantar Katherine? - diz Lucio. Fico incomodada com isso é confusa também.
- Não quero incomodar. - ela diz.
- Não será incômodo, afinal, você ficará com Cora quando eu estiver fora, não tire os olhos dela.
- Não vou senhor. - ela sorri.
- Vou tomar um banho, com licença senhoritas. - ele diz, se levanta e sai andando, calmo.
Kate parece animada. Ela senta do outro lado da bancada.
- Como se sente Cora?
- Meio mal, mas acho que quando eu comer vai passar.
- São os remédios, por isso tem que comer muito bem.
- Eu sei. Max me disse.
- Você ainda fala com ele?
- Sim, todo dia. Acho que amanhã ele vai vir aqui.
- Saudades dele já. - diz Kate.
Com certeza estou com algum problema porque quando Kate diz isso eu fico irritada também. Respiro fundo tentando me controlar. Kate fala do que podemos fazer quando Lúcio viajar e das roupas que eu comprei com a Carolina, que ela achou lindo, principalmente o vestido azul que comprei para usar na festa. Conto a ela que Carolina quer me levar a esta festa.
- Cora, sei que ela é sua avó, mas você deveria tomar um pouco de cuidado com ela.
- Não entendo porque todo mundo diz isso. Minha avó é uma pessoa que tem um caráter duvidoso, mas que mal ela poderia me causar?
- Ela poderia te transformar em uma versão mirim dela. Aquela mulher é capaz de qualquer coisa, até de matar. - diz Kate desviando o olhar.
- Lúcio também não me quer perto dela.
- Seu tio se importa com você, mas deveria tomar cuidado com ele também. - diz Kate.
- Como assim? Acha que meu tio tentaria algo comigo?
- Claro que não. - Kate ri. - Você é uma criança ainda, seu corpo nem amadureceu, seus seios mal cresceram, só digo porque ele muda muito de humor de uma hora pra outra e talvez ele possa te magoar.
O que ela me fala me fere e me faz murchar. Eu mal tenho corpo mesmo, não sei o que Lúcio iria querer comigo assim.
Lúcio aparece com o cabelo molhado, calça de moletom e uma camiseta. Kate não esconde o ruborizar de seu rosto quando o vê assim.
- Já chegou? - ele pergunta.
- Não. - digo.
Ele vem e senta ao meu lado jogando meu roupão para encima do meu corpo.
- Como estão seus ferimentos? - pergunta Lúcio sério como sempre.
- Estão bem. - digo um pouco sem graça.
- Eu olho todo dia, já estão cicatrizando. Os únicos que ainda estão um pouco abertos são os das costas, mas logo vão sarar também é Cora poderá voltar a escola. - diz Kate sorrindo. Seu rosto é jovem, sua pele parece porcelana, só que bronzeada, seus olhos são bonitos e ela é feminina. Kate é muito bonita.
Lúcio olha pra ela e não diz nada, eu faço o mesmo. A campainha toca, Lúcio da a volta pela bancada e abre uma porta mostrando um televisor pequeno mostrando o entregador de pizza lá fora.
- Eu já volto, permaneçam aqui. - ele diz indo até a porta da frente.
- Já posso sentir o cheiro daqui. - diz Kate pegando três pratos e talheres.
Não me sinto tão animada quanto me sentia quando comia pizza, essa é a primeira vez depois de meses e eu lembro a última vez que comi. Estávamos eu e Cloe com umas amigas. Como sempre Cloe era o sento das atenções com suas aventuras românticas malucas, nós só riamos, principalmente eu que não tinha nada a contar, até agora. Não sei como contar a Cloe o que sinto por Lúcio, talvez eu nem devesse continuar contando sobre ele para ela, nem pra ninguém, não é natural, não é certo o que sinto por ele.
Ele vem com a caixa. Nunca o vi parecer tão normal, ele parece até mais jovem. Ele sempre está tão sério, nunca se parece com uma pessoa normal, mas agora, ele parece, e isso o deixa mais bonito.
Kate sorri quando ele coloca a pizza sobre a bancada. Comemos aqui mesmo. Lúcio até que insistiu para que fôssemos para a mesa, mas eu e Kate protestamos. Olho para Kate que se parece com a minha mãe por causa do cabelo escuro, se parece pouco, mas parece e a vejo interagir com Lúcio que tem algo do meu pai, eu só não sei o que é. Talvez eu esteja louca e esteja procurando em casa casal a figura do meu pai e da minha mãe, mas quando penso em Lúcio assim me parece mais errado do que pensar em beija-lo.
- Eu acho que vou comer na sala. - digo pegando o prato, mais um pedaço e descendo do banco.
- Por que Coraline? O que houve? - diz Lúcio e Kate me olha.
- Eu só quero... - não encontro palavras para justificar, não posso dizer que é porque eu me sinto muito confusa.
Me levanto desistindo da explicação e vou até a sala. Sei que ninguém vai tentar me segurar, Lúcio não é de barracos apesar do que houve na loja, e Kate vai aproveitar para falar comigo uma outra hora, não na frente dele. Deixo o prato encima do sofá e vou a passos rápidos até meu quarto pegar Amêndoa. Leslie sempre me ajudou em momentos difíceis, Amêndoa também vai. Ela está dormindo no meio das cobertas, mas a pego mesmo assim e desço. Volto ao sofá, a sala está fria, ligo algumas luzes localizadas nos cantos deixando a sala com uma iluminação suave. Sento e respiro fundo.
- Eu sou uma idiota Amêndoa. - digo sentindo preguiça de ligar a TV. Na verdade não quero ver TV, só quero ficar sozinha. Penso em querer conversar com a Rachel, mas eu não tenho seu número e seria estranho mandar mensagem agora se eu tivesse. Término de comer minha pizza com a mão mesmo, como fazíamos no Brasil. Sinto uma dor no peito, sinto saudades. Eu nunca vou conseguir fazer ninguém entender o que eu sinto, e isso me faz sentir sozinha. Sinto falta dos meus pais e saber que eles nunca mais estarão comigo é muito triste, eu não consigo me acostumar com a ideia. Término a pizza e coloco o prato e os talheres que não usei encima da mesinha de centro. Amêndoa come algumas partes da pizza o que a deixa feliz me fazendo rir um pouco, mesmo em meio a lágrimas. Essa casa é o sonho de qualquer pessoa, mas me parece tão fria, tão vazia. Está sempre tão frio, eu não quero mais sentir frio, sinto falta do calor.
- Amêndoa. - chamo e a coloco em meu colo para tentar amenizar a dor que eu sinto e que ninguém pode tirar.
Depois de um tempo sozinha na sala, minhas lágrimas secam. O silêncio é melancólico e aconchegante ao mesmo tempo.
Olho para a parede de vidro e me sinto sendo observada. Fecho os olhos e decidi parar de paranóia, eu não quero ser louca. Fecho os olhos e deito a cabeça pra trás, mas o latido de Amêndoa me faz abrir os olhos e ficar em alerta. As luzes da sala se apagam em seguida me fazendo pular do sofá. Olho para todos os lados, posso sentir meu coração bater, Amêndoa está no meu colo e não para de latir. Não me mexo, não sei se consigo ir ate o interruptor da luz. Meus pulmões não querem mais funcionar, respirar fica difícil. Calma, só deve ter sido a força que caiu. Tenho coragem de dar o primeiro passo quando ouço algo na parte de fora, olho no mesmo instante para a parede de vidro e vejo algo. Salto para trás. Minha boca treme, não consigo gritar, olho sem piscar para a parede de vidro, mas não vejo nada. Espero um tempo, não vejo nada. Sinto minha coluna doer e mover os pés fica cada vez mais difícil. Fecho os olhos, tudo que vem na minha cabeça é aquele dia, a minha mãe, eu ouvi seu grito eu acho, abro os olhos e tudo ainda está escuro. Talvez Lúcio ainda esteja na cozinha, eu só preciso chegar até lá. Ouço outro barulho na parte de fora da casa, não penso duas vezes em sair correndo da sala. Tropeço com Amêndoa no colo, mas eu não a deixo cair. Ao sair da sala ouço batidas na porta de vidro. Corro pelo corredor, ele nunca pareceu tão longo. Não tenho certeza se a coisa já não esta aqui dentro, atrás de mim. Ouço barulhos por toda a casa, sei que veio atrás de mim, era só uma questão de tempo. Abro a porta que da acesso a cozinha e não tem ninguém aqui. Essa parte tem luz, uma única luz acesa encima da bancada onde estávamos, os pratos estão sobre a bancada e a porta da cozinha está aberta. Droga! Ele esta aqui dentro. Não tenho nem tempo de chorar, vou a gaveta e pego a maior faça que encontro. Eu nunca vou conseguir me defender, mas preciso tentar. Tenho medo de chegar até a porta, a dúvida quase me mata. Será que fechando a porta eu estarei fechando o assassino comigo? E onde será que está Lúcio e Kate? Choro de medo de algo ter acontecido com eles, eu não posso perder eles, seria pior que morrer. Vou é fecho a porta, trancando-a. Ela range deixando meu coração mais acelerado. Ouço algo cair na sala, um vaso, meu coração dispara. Abaixo atrás da bancada e fico ajoelhada. Nao consigo ouvir mais nada, tampo a boca de Amêndoa rezando para ela ficar em silêncio. Ouço alguns estalos, nada a mais que isso. A dúvida me mata, eu deveria correr pra cima? Deveria ficar? O número da agente Campbel do FBI está la encima no meu celular. Fico um tempo parada com a faca e Amêndoa atrás da bancada, mas nada mais de barulho. Quando estou preparada para me levantar ouço a porra da cozinha ranger como se alguém quisesse entrar. Tem alguém la fora e aqui dentro.
Me levanto e corro para fora da cozinha com o coração na mão. O vento frio vai de encontro a minha pele nua, eu deixei meu roupão na sala. Mal consigo subir as escadas, sinto olhos encima de mim, alguém está mesmo me seguindo, posso até ouvir seus passos. Amêndoa late me assustando ainda mais. Corro pelo corredor, parte do meu corpo quer desistir, mas eu ainda tenho que lutar. Vejo a porta do meu quarto, mas a preocupação com o Lúcio é maior, então corro até seu quarto. Ouço alguém vir atrás de mim, eu sei. Corro até seu quarto e quando o vejo deitado na cama lendo eu quase desmaio. Ele olha pra mim, seu rosto muda de calmo para petrificado.
- Coraline! - ele diz alto dando um salto da cama.
Me jogo em seus braços chorando alto.
- Por favor, fica quieto, tem alguém aqui. - digo baixo soluçando.
Ele me abraça e abraça Amêndoa também.
- Onde? - ele pergunta alarmado.
- Lá embaixo, eu não sei. - Choro.
Lúcio abre a gaveta do lado e tira de lá uma outra arma. Meu corpo congela, não consigo parar de tremer. O corpo dele está suado, não sei se foi de antes ou de agora. Ele me empurra para a cama junto com Amêndoa e tira a faca da minha mão.
- Me deixa ficar com isso. - ele diz ainda com a arma de fogo na outra mão.
- Lu... Lúcio. - Gaguejo com medo.
Ele me olha e me coloca mais para o centro da cama.
- Não sai daqui por nada nesse mundo, entendeu?
- Não vai, por favor.
- Fica aqui Coraline. Me promete.
- Não quero que vá. - choro alto.
- Prometa.
- Eu... eu prometo.
Ele sai do quarto e tranca a porta pelo lado de fora. Tudo fica puro silêncio, abraço meus joelhos e choro muito. Amêndoa está encima da cama. A espera é a pior parte, eu não consigo ouvir nada e isso é o que me deixa mais maluca. Ouço um tiro e meu coração para, eu sinto a dor dele parando. Saio de cima da cama me arrastando para o outro lado.
Isso é um pesadelo!
Abraço meus joelhos de novo e coloco Amêndoa do meu lado. Nao ouço mais nada além do barulho do vento la fora e do meu coração batendo. Será que eu devia ir atrás dele ? Eu não posso perder ele! A dor no peito só aumenta, a ansiedade, a angústia, a dor, eu preciso dele. Depois de uns minutos de pleno silêncio, ouço a porta do quarto ser destrancada. Meu coração salta. Mesmo querendo que fosse o Lúcio, não me arrisco, fico encolhida atrás da cama. Ouço a chave virar no tronco e a porta se abrir de vagar. Meu coração dispara e eu choro descontroladamente, só que em silêncio, colocando a mão na boca.
Ouço alguns passos que me paralizam de medo. Quando fecho os olhos tudo que lembro é da sensação de sentir o carro virando e eu sendo arremessada para fora do carro. Eu sinto com emu corpo todo a violência do impacto, o barulho do carro sendo estilhaçado.
- Coraline! - Lúcio grita me tirando do meu transe.
- Lúcio. - digo baixo sem forças para levantar.
Não demora nenhum segundo e ele ja está do meu lado, mas tem um problema, ele tem sangue nas mãos.
- Lu... Lu... Lúcio. - digo aterrorizada, sinto meu corpo todo mole.
- Calma, calma, esta tudo bem agora. - ele diz limpando as mãos em um pano perto a sua cama.
Ele solta a arma no chão e abraça meu corpo enrijecido, com os braços abraçados aos joelhos. Choro de medo, choro alto sem medo de estar bancando a ridícula. Cada vez que respiro o ar queima em meus pulmões, minha garganta está quase que fechada.
- Coraline, respira comigo. - ele diz ainda me abraçando. Ele respira fundo, mas não consigo acompanhar, me encolhendo mais.
- Coraline, você tem que controlar seu medo. - ele diz autoritário.
Demora muito até que eu consiga chegar a um nível aproximado de normal. Meu corpo enrijeceu por completo, até eu conseguir mover um músculo, demorou um tempo. Lúcio me da um beijo um tanto desesperado na boca, apertando seus labios contra os meus e segurando meu rosto com as mãos. Foi o que me levou a ficar melhor, finalmente consigo soltar meus joelhos e minhas pernas caem esticadas para frente. Me sinto fraca e todos os meus músculos doem, Lúcio me pega e me coloca na cama dele.
- Coraline, você está protegida agora. Por favor, não faz isso comigo. - ele diz parecendo mesmo assustado, mas de maneira forte.
Ele me deita em sua cama e me cobre.



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