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História Coraline - 11


Escrita por: Bella56

Notas do Autor


Olá pessoas, vim conversar com vocês sobre uma coisa. Eu criei um blog porque eu estava me sentindo sozinha, e gostaria que lessem.
http://coisasqueninguemteconta2016.blogspot.com
Se não quiserem tudo bem, nem eu sei se eu leria kkk

Capítulo 12 - 11


Fanfic / Fanfiction Coraline - 11

Seus olhos azuis estão aterrorizados e eles me olham fixamente. Lúcio me cobre e se deita ao meu lado. Ele é forte, da para ver seu copo bem definido quando ele deita de lado. Não digo nada, só olho pra ele, ele parece assustado. Em um movimento desesperado Lúcio chega perto do meu rosto e me beija, me beija forte, seus labios invadem os meus e sua mão trás meu corpo para mais perto.
Quando ele volta a me olhar, sinto vontade de dizer algo.
- Eu tô bem. - digo e vejo seu corpo relaxar um pouco.
- Foi a crise de pânico mais horrível que já vi. Pensei que ia perder você.
- Eu ouvi um tiro e... eu eu tô com muito medo, eu pensei que tinha te perdido. - digo baixo.
- Tá tudo bem. Era só un animal. - ele diz deitado do meu lado.
- Só um animal? - gaguejo.
- Sim. Não tem mais com o que se preocupar.
- Lúcio, eu não posso perder você. - digo sentindo meu corpo tremer.
- Eu estou aqui Cora.
- Eu sei, eu estou aqui também.
Lúcio está irreconhecível. Ele se coloca embaixo das cobertas junto comigo e respira fundo.
- Está assustado? - pergunto quase sussurrando.
- Eu estava. - ele deita de barriga pra cima não olhando mais pra mim e sim para o teto.
- Eu ainda estou.
- Fico assustado de pensar que talvez seu pai tenha errado em deixar sua guarda comigo. Não seria o primeiro erro dele.
- Por que diz isso? - meu coração dói.
- Porque eu nunca cuidei de ninguém antes e você precisa de cuidados.
- Estou dando muito trabalho? - digo, a dor no meu peito é enorme.
- Não. Eu que sou incapaz. Tenho medo de falhar com o Richard, com você, com a Alícia.
- Você não está falhando.
- Vamos tentar dormir Cora? Precisamos depois de um susto desses.
- Posso dormir aqui?
- Pode. Não quero que saia da minha vista.
Lúcio me cobre e desliga as luzes. Ele faz um leve carinho em meu cabelo fazendo meu coração explodir em meu peito. Sinto vontade de chorar, mas dessa vez não de medo e sim de tristeza. Estou tão cansada de tudo isso, as vezes penso que seria mais fácil de eu morresse. Lúcio continua deitado de barriga pra cima, eu me viro para o outro lado com medo que ele, mesmo no escuro, veja minhas lágrimas fugitivas.
Não consigo decidir se o Lúcio é algo bom ou ruim na minha vida. A coisas que ele faz que me assusta, ele é frio,  calculistas e mente, mas em raras vezes eu vejo o muro se cair e ele se mostra diferente, só que por pouco tempo.
Não sei o que me da mais medo: sonhar que ele está morrendo ou que está me matando.

Noite passada chorei até dormir, quando acordo tem raios de luz invadindo a cortina. Respiro fundo e passo a mão no lugar onde deveria estar o Lúcio e encontro algo em seu lugar, mas não é ele.
- Bom dia Cora. - diz Kate deitada no lugar do Lúcio.
Levo um leve susto, mas logo o sentimento de frustração me invade tomando todo espaço.
- Bom dia Kate. O que faz aqui? - digo esfregando os olhos e virando pra ela.
- Estou esperando que acorde para poder tomar café, darmos uma volta pelo jardim, fazer algo divertido. - ela diz animada. - E a propósito, o que está fazendo aqui?
- Estava dormindo. - digo sentindo minha cabeça pesar.
- Na cama do seu tio?
- Sim. - respiro fundo, meu cérebro parece estar solto.
- O que houve? Não deu tempo de falar com seu tio, quando eu cheguei ele já estava saindo, só me disse pra tomar conta de você e foi.
- Eu passei mal a noite e ele me deixou dormir com ele. Eu estava com medo.
- Entendo, deve ser difícil ficar aqui de noite mesmo. Nem sei como vou fazer pra não sentir tanto medo. - ela sorri. - O que quer fazer hoje?
- Quero comer depois a gente anda por aí.
- Sabe Cora, eu não sei se deveria falar isso pra você, mas acho que já somos amigas e eu tenho que dizer... Toma cuidado com seu tio e a sua avó. Não que eu ache que tenha que se afastar da sua família, não mesmo, mas é que eles costumam passar por cima de pessoas mais sensíveis.
- Como assim?
- Tenho medo de que vire um fantoche na mão deles.
- Não sou nenhum fantosche. - digo descartando o que ela disse.
- Por favor, o seu tio te convence de tudo agora e sua avó quer desfilar com você por aí para te transformar nela.
Respiro fundo quase não ouvindo, a dor de cabeça impede.
- Não sei Kate. - é tudo que digo, uma resposta universal.
- As vezes... as vezes algumas atitudes que toma, parece a sua avó. Ontem mesmo você estava um pouco parecida com ela.
- Sabe, talvez você e o Lúcio devam levar em consideração que como ela é minha avó, em algo eu vou parecer com ela.
- Tudo bem Cora, só estou falando. - ela se levanta.
- Desculpa Kate, mas minha cabeça está explodindo. - digo.
- Vou pegar uma aspirina para você. - ela sorri e vai até o banheiro do Lúcio.
- Sabe, devo admitir que seu tio mudou muito desde que você veio para cá, mas mesmo assim, tome cuidado. - ela diz vindo do banheiro.
- Vou tomar, obrigada. - digo engolindo de uma vez só a aspirina.
- Quer que eu traga seu café aqui?
- Sim e os remédios também, por favor.
- Ah, melhor você não tomar eles agora, pode estragar nosso passeio. Depois você toma.
- Não é você que vive dizendo o quanto eles são importantes?
- Mas você vai tomar, só não agora.
- Tudo bem. - digo forçando um sorriso.
Ela se anima e sai do quarto atrás do meu café. Respiro fundo e tomo coragem pra levantar. Olho em volta, o quarto do Lúcio é ainda maior de dia, eu conheço apartamentos que são do tamanho do quarto dele, e são apartamentos considerados grandes. Olho para o lustre no centro do quarto e para as cortinas que se mexem com o vento. Antes eu gostava de silêncio, mas agora ele está me deixando meio louca. Reúno toda a coragem e rolo para fora da cama e vou direto ao meu quarto. Não tinha percebido antes, mas Amêndoa dormiu na cama com a gente. Mesmo sendo pequena ela me segue pulando e latindo até meu quarto. Hoje está um dia relativamente quente. Para os brasileiros isso é frio, mas pra quem mora aqui, é quente. Tiro o pijama e coloco um short de pano escuro e uma blusa de mangas, cinza.
- Trouxe torradas e ovos mexidos. - diz Kate animada. - Advinha quem vem hoje..
- Rachel?
- Não.
- Maxwell?
- Isso. Ele me disse que viria pela manhã. Seu tio pediu para que ele visse como está sua saúde.
- Lúcio se preocupa demais.
- As vezes eu também acho. Acho que não deveria tomar tantos remédios, mas eles mandam e eu não sou médica, então...
- Eu também acho que não. - digo mordendo uma torrada e tomando chocolate quente.
- Ele pode caminhar conosco lá fora.
- Vou mandar uma mensagem pra ele. - pego Amêndoa e a coloco sobre a cama e depois pego meu celular. Kate trouxe uma tigela de ração com leite para ela, como se fosse os cereais da manhã dela.
Max diz que não vai demorar muito para vir, isso me deixa um pouco animada, sinto falta dele. Converso com Cloe, não conto tudo a ela, não sei nem como reagir, mas digo que estou bem.
- Sua avó comprou roupas presente lindas para você, quer usar alguma?
- Não. Hoje quero ficar confortável.
- Cora, posso te fazer uma pergunta pessoal? - diz Kate.
- Pode. - digo achando meio estranho. Sento no peitoral de uma janela que quase não abro,  em seu peitoral tem um sofá confortável cinza com almofadas rosa.
- Como foi dormir com seu tio? É que nós que trabalhamos aqui sempre temos curiosidade sobre ele. - ela diz se sentando em um banco perto da cama.
- Foi normal. Eu deitei, ele me cobriu e mandou que eu dormisse e eu dormi.
- Não conversaram?
- Não. -minto. - Lúcio não é muito de conversa, diferente da minha avó.
- Sua outra avó era mais normal? - Kate sorri amigavelmente.
- Não conheci a minha outra avó. Acho que meus pais fugiram de suas famílias e foram para o Brasil.
- Então nunca teve uma avó que fizesse biscoitos com gotas de chocolate para você?
- Não. No Brasil, os biscoitos recheados são mais famosos.
- Vou fazer pra você. - ela sorri.
Respiro fundo e tento reunir motivação para fazer algo. É tudo tao maluco, as vezes da vontade de não levantar, mas sei que não posso viver assim. Coloco meu cabelo de um lado do ombro só e o penteio com os dedos.
- Deixa eu escovar seu cabelo? - pergunta Kate.
- Não precisa. - digo olhando para o cabelo e as pontas duplas.
- Eu insisto. - ela diz se levantando e pegando uma escova.
Respiro fundo mais uma vez com preguiça e ela senta do meu lado, eu viro de costas pra ela.
- Você tem o cabelo tão lindo, deveria cuidar melhor dele.
- Tanto faz Kate. - digo brincando com meus dedos que estão mais magros que de costume e com as juntas rosadas de tão gelada que minha mão está.
- Muitas garotas desejam ter cabelos tão lindos quanto os seus.
- Eu não tenho culpa se elas não tem. Não devo cuidar do meu cabelo só porque tem gente que não teve a mesma sorte. - digo revirando os olhos.
- Está falando como a sua avó.
- Sempre que eu for mais realista serei como Carolina?
- Ela não é realista, ela é má e egoísta.
- Não deveria falar assim da minha avó. - digo.
- Desculpe Cora, mas já vi ela fazendo várias maldades com os funcionários de seu tio, e inclusive com seu tio.
- Tanto faz. - digo voltando meus pensamentos para Lúcio. Ele é tão estranho, tão intenso e irritante e ao mesmo tempo protetor e preocupado, e as vezes frio e distante, não consigo chegar a uma conclusão.
Sinto uma leve dor de estômago, gastrite de novo.
- Kate, onde está meus remédios para estômago?
- Junto com os outros.
- Preciso de um. - digo enjoada.
- Vou buscar para você. - diz Kate indo rápido até o banheiro.
Quando ela volta traz com ela um comprimido e o suco de laranja que eu não tomei.
Tomo o comprimido quase sem a ajuda do líquido, não preciso tanto assim.
Sinto falta dos calmantes que meu pai me dava, me deixavam serena, os que me dão agora só me faz dormir e ficar deprimida. 
Como piada do destino ouço uma batida na porta e lá está Rachael. Ela está bonita com um vestido azul justo e com o cabelo ondulado e solto pelos ombros. Sua pele tem algumas manchinhas que só a torna mais atraente, seu cabelo é castanho, mas quando à luz, o seu cabelo se mostra mais avermelhado que castanho como o meu, mas ela ainda é morena pra mim.
- Que bom encontrar vocês aqui, vejo que Cora está se alimentando melhor que antes.
- Sim, eu cuido bem dela. - diz Kate alisando meu cabelo.
- Parabéns Kate. - diz Rachael sem se importar muito para o que Kate disse. - Pode nos dar um momento? - diz Rachel com seu sotaque britânico polido.
- Eu estava... - diz Kate, mas então ela para. Respirando fundo ela se levanta e leva a bandeja com ela, antes ela coloca a Amêndoa sentada junto comigo e leva a sua tigela também. Amêndoa chora um pouco, mas logo se deita.
Rachel vem em minha direção e se senta em minha frente, eu afasto um pouco mais o corpo, me sentando perto da parede.
- Parece bem mais saudável Cora. - diz Rachel.
- Me sinto um pouco melhor. - digo me sentindo menos na defensiva do que antes.
- Desculpe ter sumido, eu estava tendo alguns problemas com sua avó. - ela diz revirando os olhos mais em tom de fofoca do que de consulta psicológica.
- O que houve?
- Ela acha que pode manchar o nome da família a neta ter uma psiquiatra.
- Minha avó é meio exagerada as vezes.
- Você nem sabe o quanto. - ela revira os olhos de novo. - Mas e você, como está?
- Cansada. - digo respirando fundo.
- Como está sua relação com seu tio?
- Melhor, eu acho, conversamos as vezes.
- Tenha paciência com o Lúcio, ele não sabe demonstrar o que sente muito bem.
- Eu notei. - digo e ela sorri.
- Sente falta do Brasil?
- Em cada pedaço do dia em que estou acordada. - meus olhos ardem quando desabafo. Ando emotiva, mas é que é tão cansativo guardar tudo.
- Acho precoce sua vinda aos EUA, acho que nas ferias você deveria ter ficado no Brasil.
- Eu não sei Rachel.
- Me chame de Chael. - ela sorri.
- Acho que prefiro Rachel, Cheal é estranho. - digo e ela sorri e eu também, mas uma lágrima cai dos meus olhos, rápida, atravessa minha bochecha caindo em minhas mãos. Logo limpo o rosto.
- Sei que ainda está dolorida e machucada por causa do acidente, mas talvez seja melhor sair um pouco.
- Eu não posso. Lúcio não acha seguro, tem repórteres por toda a parte e agora tem uma pessoa matando garotas como eu.... e você. - digo baixo.
- Eu sei, sabe, isso me deixou um pouco apavorada. A polícia também falou com você?
- Não, com o meu tio. Falou com você?
- Falou, mas melhor não falarmos nisso.
- Me conta por favor, eu me sinto perdida sem saber nada com a polícia vindo atrás de mim e do meu tio a toda hora.
- Vieram atrás de você?
- Não. Do meu tio, mas assim que a agente do FBI me viu ela me deu o número dela caso acontecesse algo.
- Não falaram muito. Só me fizeram algumas perguntas sobre você, eu e o seu tio, mas Cora, não conte ao seu tio.
- Por que?
- Lúcio é cabeça dura, um cabeça dura com recursos. Ele pode atrapalhar a investigação se quiser, e sua avó, se ela sentir - se ameaçada pode acabar com a investigação.
- Claro que não, tem pessoas morrendo.
- Aqui é os Estados Unidos Cora, um verdadeiro jogo de poder. Manda quem pode.
- Não vou contar. - digo.
- Os remédios... como está indo?
- Queria não ter que tomar tantos. Os anti depressivos só me fazem dormir e o pra dor também, fora os calmantes.
- É que esse vazio que você sente, esse remédio pode ajudar.
- Me fazendo dormir? É muito difícil sonhar e depois acordar sem saber se aconteceu ou não, se ainda esta dormindo.
- Cora eu não posso tirar totalmente, mas posso indicar um mais fraco, é que quem cuida disso é seu tio, eu só dou dicas.
- Acho que ele não pode me medicar, é um conflito de interesses.
- A premissa anterior vale para esse caso também. - ela diz olhando para suas mãos.
- Aí Rachel eu me sinto tão... tão presa, como se eu não tivesse mais liberdade, sufocada.
- Sei que sente, imagino que tinha mais liberdade em seu pais natal, mas olha, seu tio só esta cuidando de você, logo você vai voltar a escola, ter amigos e voltar a viver de uma forma normal.
- Não imagino alguém que vá querer ser meu amigo ou amiga.
- Claro que vai ter. Você é uma garota incrível, só está passando por um momento delicado. Cora você até que esta reagindo bem a tudo que houve, sério, acho que eu na sua idade não seria tão madura.
- Não sou madura. Eu só durmo, como posso fazer algo? - digo percebendo que isso não é um bom argumento contra os anti depressivos.
- Sei que parece tudo horrível agora, mas vai melhorar. Aos poucos você vai sair desse buraco e vai aprender a viver de novo.
- Não consigo imaginar como ser feliz aqui.
- Volte a fazer coisas pequenas que te deixavam feliz. Fazer a unha, ouvir música, desenhar, comer, planejar...
- Como sabe que isso me faz feliz?
- Estou só chutando. - ela ri.
- Leia, ler é uma ótima terapia. Estou orgulhosa de você, está reagindo muito bem a tudo, espero que nós consigamos ajudar você a se recuperar.
- Obrigada. - digo me sentindo um pouco melhor. Sério, me sinto mais leve. Rachel me dá um abraço leve e eu retribui de alguma forma. Ouço batidas na porta e é Kate.
- Só quero avisar que Max chegou Cora. - diz Kate, logo depois ela se retira.
Rachel sorri pra mim, não demora nada e o Max já está na porta do quarto. Ele parece mais bonito e mais alto. Seu sorriso ao me ver me faz corar.
- Coraline, me disseram que estava melhor, mas não achei que era tanto. - ele disse animado vindo até nós. - Olha Doutora Hatway.
- Oi Doutor George.
Eles se cumprimentam.
- Seu tio me pediu para avaliar sua saúde, mas já prevejo uma boa avaliação. - ele sorri com as mãos no bolso o deixando mais bonito.
- Isso quer dizer que vai diminuir os remédios? - pergunto.
- Eu posso até sugerir isso ao Doutor Hastings, mas é ele quem decide. - diz Max.
- Max, Cora queria dar um passei lá fora, vamos? - diz Rachael.
- Claro. - ele volta a ficar animado.
Saímos os três. Max presta mais atenção em mim nas escadas, mas eu seguro no corrimão e corre tudo bem. Kate ouve o barulho dos nossos passos e aparece no holl.
- Vão caminhar? - ela pergunta. Me sinto culpada porque sei que ela queria fazer isso comigo.
- Sim, aproveitar que o dia está um pouco ensolarado. - diz Rachael.
Max sorri para Kate, mas ela ainda permanece seria.
- Tudo bem. - ela diz e então sai do holl. Me sinto meio mal, mas logo sou destraida por Max.
Não saímos pela porta da sala e sim pela porta da cozinha que é o de fica mais perto da parte de trás da mansão.
Assim que saímos sinto algo diferente. É o calor do sol, eu sinto falta dele.
Não tenho palavras para descrever a imensidão da propriedade que cerca a casa, mas posso falar das árvores que parecem estar aqui a muito tempo já que são enormes.
A vários lugares para onde podemos ir, Rachel me informou que existe um lago na propriedade e como eu nunca o vi, vamos para lá.
Cada um fica de um lado, e eu me sinto estranhamente confortável.
- Ficaria surpresa ao saber o que tem aqui. - diz Max.
- Como você sabe?
- Seu tio, já o ouvi comentando.
- Sabia que seu tio tem uma garagem especial para a coleção de carros que ele tem? - diz Rachael.
- Não. - digo surpreendida.
- Tem uma adega também, ela fica na parte de baixo da casa. - diz Rachel e Max sorri.
- No porão? - pergunto tirando o cabelo da frente do rosto que insiste em me incomodar por causa do vento.
- Sim, junto com a sala de jogos e uma academia.
- Agora algumas coisas fazem sentido. - digo pra mim, mas em voz alta.
- Como o que? - diz Max.
- Como a forma física do meu tio. Não conseguia imaginar ele indo a uma academia.
Os meus dois acompanhantes riem juntos.
Não consigo evitar e sorrio também, mas logo o sorriso é surpreendido pela imensidão do lugar. Aqui parece o instituto Charles Xavier do filme X - men. Eu nunca tinha notado por causa do mau tempo, mas os campos são extensos e verdes, a um chafariz na parte lateral da casa com o que parece ser um brasão.
- Olha, esse é o brasão da sua família.- diz Max apontando para uma figura com o que parece ser um leão, uma coroa e um H. Bem a cara da minha avó.
- Eu já vi esse símbolo em algum lugar. - digo.
- Tem pela casa, nunca notou? Fora que em alguns ternos do seu tio tem bordado. - diz Rachel.
- Eu devo ter inconscientemente notado. - digo.
- Ele nunca te falou? - diz Max.
- Não. - digo.
- Nem sua avó?
- Ela deve ter mencionado, mas eu não presto atenção em tudo que ela fala. - digo admirando os tipos de flores diferentes que tem no lugar.
Descemos uma escada esculpida em pedra com flores enfeitando do lado, e no fim, duas estátuas de leões sentados de tamanho real, ou até um pouco maior, como se fossem os guardiões do lugar. Max me oferece o braço para ajudar a descer, eu aceito. Assim que terminamos de descer posso ver entre os jardins e as árvores, o lago brilhando com a luz do sol. 
- Nossa... - é tudo que consigo expressar na frente de tamanha beleza.
- Eu sei. É lindo. - diz Rachael.
- Esse lugar é mais bonito do que costumam dizer no hospital. - diz Max.
Max nos guia para um banco branco que fica na frente do lago, uns 300 m de distância.
Sentamos os três e ficamos um pouco em silencio contemplando a paisagem.
- Até que não é uma prisão tão ruim. - digo baixo.
- Não é uma prisão, você pode sair. - diz Rachel.
- Diz isso porque não sabe o que meu tio fez quando minha avó me tirou daqui sem avisar a ele. - digo meio que achando engraçado de lembrar.
- O que ele fez? - pergunta Max.
- Um showzinho e ainda ficou bravo comigo. - digo revirando os olhos. - Nem a Carolina conseguiu dobrar ele naquele dia.
- Nossa, eu imagino dois leões brigando quando os vejo. - diz Rachel rindo.
- Eu vi a avó da Cora poucas vezes no hospital quando o Doutor Lúcio ainda trabalhava lá.
- Ele era um bom médico? - perguntou Rachel.
- Sim. Só não era muito humano. - diz Max tomando cuidado com as palavras.
- E você Cora, já sabe que carreira seguir?
- Não. Quando eu era mais nova eu pensava em ser veterinária, mas agora não faz sentido ser.
- Por que não?
- Não sei, só não é como antes.
- Ja viu os cavalos daqui? - diz Rachel.
- Aqui tem cavalos? - chego a me virar no banco de tão perplexa.
- Claro que tem. - diz Rachel.
- Lúcio nunca me diria, com certeza. - reviro os olhos outra vez.
- Cora, você tem que entender que o Lúcio é uma espécie de pai de primeira viagem. Ele só esta com medo de que se machuque.
- Eu sei, ele já me disse isso.
- Disse? - diz Max parecendo surpreso.
- Sim. Ele vai ter que viajar e me deixar por uns dias sozinha com a Kate. Ele parece que vai surtsr cada vez que pensa nisso.
- Vai ficar sozinha nesse casarão?  - diz Max.
- Vou. O pior é que Lúcio quer afastar a todos, ate o FBI que quer ajudar.
- FBI? - pergunta Max alarmado.
- Sim, eles estão investigando os assassinatos aqui em Seattle e andaram esbarrando no Lúcio. - diz Rachel.
- Mas no que eles poderiam ajudar? - ele diz um pouco surpreso demais.
- Eu e a Rachel nos encaixamos no perfil das vitimas. - digo de forma tão fria que até eu me surpreendo.
- Vocês o que? Sério? - diz Max.
- É verdade. Ja falaram até comigo.
- A advogada do Lúcio morreu. - digo olhando pra frente tentando domar meu cabelo.
- Como é? - diz Max.
- Verdade. Esqueci o nome dela agora, sei que o sobrenome é Grey. E ela tinha o cabelo castanho e a pele clara.
- Essa é a vitimologia? - Max.
- Entre outras coisas.  - diz Rachel.
- Não me espanta as mulheres próximas ao Dr. Lúcio começarem a morrer. Todo mundo sabe que ele gosta de mulheres de cabelo castanho, pele clara e olhos castanhos. Toda mulher que trabalha diretamente com ele parece seguir esse padrão.
- É mesmo. Sua ex noiva era assim, só que sei cabelo é um castanho bem escuro, seus olhos também.
- O FBI não vai ficar de olho enquanto seu tio estiver viajando? - diz Rachel. - Acho muito errado isso.
- Por que seu tio está com tanto medo do FBI se aproximar? - pergunta Max.
- Não só ele, minha avó também está furiosa com isso. Trás uma má imagem da família.
- Fora que o Lúcio sempre teve uns problemas a mais com controle e confiança. - diz Rachel revirando os olhos.
- Sim. Ele quer fazer tudo e acaba ficando sobrecarregado. - digo desabafando.
- Mas isso está errado. Ele deveria aceitar a ajuda deles para manter sua segurança Cora. - diz Max.
- Ele vai contratar pessoas.
- Por que os americanos não confiam no seu próprio governo ein? - diz Rachel rindo.
- Deve ser porque umas sete garotas já morreram e a pessoa ainda está solta por aí. - diz Max.
- Por que então a Katherine pintou o cabelo dela de castanho? Ela não tem medo? - diz Rachel confusa.
- Ela pintou? Eu nem tinha notado. - diz Max rindo.
- Ela pintou. - digo mais seria. - Ela diz que é para minha proteção.
- Acredita nela? - pergunta Rachel.
- Na verdade eu nem questiono. Eu só achei arriscado demais. - minto. Não quero contar a ela que acho que é porque o meu tio prefere mulheres morenas.
- Vou pintar meu cabelo. - diz Rachel.
- Sério? - questiona Max.
- Claro. Imagina se fosse você? Estou a pouco tempo nos EUA, e mesmo já estando aqui algumas vezes antes, eu não me sinto totalmente segura.
- Que cor? - pergunto.
- Loiro. Sempre quis ser loira. - diz Rachel.
- Eu sempre quis pintar meu cabelo de azul. Minha mãe me disse que quando eu fizesse 16 ela deixaria, mas agora eu acho bem difícil.
- Você mata a sua avó do coração. - diz Rachel rindo.
- Ou ela te mata. - diz Max.
- Não duvido nada. - diz Rachel.
- Ei, parem de falar assim da minha avó.
- É bom que ja saiba com quem está lidando Cora. Ela é sua avó a um mes e meio, não pode esperar já saber tudo sobre ela. - diz Rachel.
- Mas ela não me faria mal, o meu tio nem deixa ela ficar perto de mim por muito tempo.
- Creio que seja respeitando a vontade dos seus pais. - diz Rachel.
Assim que ouço a palavra "pais" meu coração dói. É tudo tão mais dramático agora, nesse cenário. Uma parte de mim ainda não acredita que meus pais.... Não acredita.
Perto da onde estamos sentados tem uma árvore que faz sombra onde estamos. A grama verde está coberta de folhas. Aqui é inverno até o dia 21 de fevereiro, ao contrário do Brasil que é verão.
Mudamos de assunto é Rachel me conta um pouco sobre Liverpool na Inglaterra e Max brinca com a nacionalidade dela. Conto de como era o Brasil em São Paulo, e confesso que muitas vezes me deu vontade de chorar, mas eu me segurei, Max é daqui mesmo então ele falou de Seattle e tudo o que eu poderia fazer aqui e sobre as praias dos Estados Unidos que eu disse não se comparar as do Brasil.
Vamos até o deque onde olho o lago de mais perto, sempre apoiada pelo Max.
Voltamos andando por outro lugar de onde pude ver o labirinto de jardins, mas não entrei nele. Eu fico imaginando que cômodos da casa falta ver ainda. Max brinca dizendo que Lúcio tem um laboratório em casa com mesas e instrumentos cirúrgicos mais bem equipado que as salas de cirurgia do hospital, mas Rachel desmentiu ele antes que eu me apavorasse mesmo. Imagina, meu tio ser igual a Leonardo Da Vinci que abria corpos de gente morta para estudar.



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