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História Coraline - 26 - Cloe


Escrita por: Bella56

Capítulo 27 - 26 - Cloe


Fanfic / Fanfiction Coraline - 26 - Cloe

As coisas demoram para se assimilar em minha cabeça.

Primeiro o incidente na sala que me deixou completamente apavorada, depois o jeito estranho com que o tio da Cora mandou nós entrarmos em uma passagem secreta que mais parece uma catacumba.

Sem saber lidar com a existência de passagens secretas fora dos filmes eu ainda tenho que lidar com o FBI, o FBI de verdade!

Cora respira de forma pesada. Quando acho que ela ja ouviu demais eu a afasto da porta e abraço seus ombros.

- Vamos amiga. Não tem mais nada pra ouvir. - digo.

Um clima de luto se instaura tendo como cenário paredes feitas de pedra cobertas de umidade. Nenhum som é mais ouvido a não ser o de nossos passos.

- Para que direção ele falou mesmo? - digo afastado todos os meus pensamentos para ajudar a Cora.

- Acho que foi pra direita. - ela diz abalada.

Sinto medo porque sei que estamos perdidas, mas não demonstro a ela.

Viramos para a direita e vários corredores aparecem e nos corredores a portas.

- Abra qualquer uma. - diz Cora.

Vejo uma cujo o molho de chaves está pendurado ao lado da porta. De mãos dadas seguimos até a porta e eu a destranco.

Quando abrimos a porta um cheiro de limpeza e formol e um vento gelado nos atinge.

Tateio procurando a luz, quando acho o interruptor luzes brancas e antigas se ascendem fazendo um barulho de zumbido.

Dou um passo pra trás de imediato.

- O que é isso? - pergunto.

Olho para Cora, ela está branca demais e gelada.

- Eu... Eu... - ela me olha assustada. - Eu não sei.

Olho em volta sem coragem de entrar no que parece um quarto de cirurgia improvisado.

Cora entra e começa a olhar as coisas com a mão na boca e então eu entro.

- Parece que não é usada a anos. - digo vendo a poeira.

Cora olha para dentro da pia e grita.

O grito faz meu coração doer. Olho pra ela aterrorizada.

- O que foi?

- Tem alguma coisa aqui! - ela diz apontando e indo para longe.

Passado o primeiro susto, mas não o medo.

Me aproximo da pia com um bisturi na mão e então vejo algo marrom. Não parece vivo então chego mais perto.

As luzes piscam me fazendo paralisar.

- Cloe, vamos embora. - diz Cora já no limite.

Olho dentro da pia de novo, mas ouço a porta se abrir.

Quando vejo Cora está parada na porta me esperando.

Desisto de olhar o que parece ser só um tufo ds cabelo molhado.

Credo, que nojo.

Saímos do quarto e fechamos a porta deixando a chave no lugar. Cora treme de medo.

Continuamos seguindo até achar uma porta aberta. Depois de uns minutos ja me sentindo desesperada e claustrofóbica uma porta se abre e da para um quarto vazio e empoeirado.

- As empregadas não dão conta da casa toda. - digo, mas Cora não ri.

Fechamos a porta e saímos em uma ala distante da do quarto que Cora dorme. Tivemos que andar bastante, mas antes, Cora entrou em uma sala diferente.

Nela tem uma janela enorme de vidro que vai até o chão, mas na sua frente tem grossas cortinas vermelho escuro, no chão, um tapete lindo e felpudo dourado claro e um piano de calda escuro.

Então vejo Cora respirar fundo. Parece que ela está se recuperando de tudo, o estranho que é em um quarto quase todo escuro e abandonado.

- Um quarto só para o piano, que coisa mais de rico. - digo.

Na verdade não é um quarto, é uma sala enorme com alguns sofás, estantes com livros e uma lareira.

Olho para um quadro na parede e vejo um homem e uma mulher parecendo ser de vários anos atrás, vários anos mesmo.

- São os mesmos olhos... - sussurro para mim mesma. - Que macabro.

Olho para Cora de novo que está sentada perto da janela em uma poltrona. Quando a luz ilumina só parte de seu rosto percebo que não acho mais que Cora é parecida com sua mãe, vejo muito dessa família nela e isso me assusta.

Será que eu nunca percebi ou será que eles a mudaram?

- Ela morreu. - ela diz baixo. Sinto a dor em suas palavras. Não queria ve-la passando por isso nunca mais, mas agradeço por pelo menos estar aqui.

- Eu ouvi. - digo me aproximando.

- Não passamos muito tempo juntas, mas ela era legal. - ela diz. - E eu fazia uma pequena ideia de que ela gostava dele. - ela diz.

Ela não chora, mas sua voz está triste.

- Não sinta pena dela, ela não iria querer.

- Não sinto. Eu só acho que é tão injusto. Ela poderia ter filhos, um marido, ter sido feliz. - ela diz.

Sinto que algo mais a incomoda, mas ela não vai me falar agora, eu sei, acho que ela ainda está pensando sobre o que pensar.

Seguro em sua mão gelada que parece mais frágil do que o normal, mas ela nem se mexe, continua olhando para fora da janela.

- Já parou pra pensar que podemos morrer hoje, ou amanhã. - Ela diz.

- As pessoas tentam não pensar nisso.

- Será que ela sentiu wue ia morrer? - ela pergunta.

- Acho que só no fim. - digo.

- Será que ela ficou assustada? - sua voz quase não sai.

- Cora, para de pensar nisso. Seu tio deve estar te procurando. - digo.

- Não me importo, não quero ve-lo agora, por isso estou aqui.

- Ele vai mandar te procurar pela propriedade toda. - digo me lembrando se como o jeito do tio dela me deixa nervosa e inquieta.

Antes achei que era porque ele é muito bonito, mas não é. É seu jeito de olhar, eu mal respiro.

Como se ele fosse perigoso ou estivesse tramando algo e ao mesmo tempo te faz se sentir uma idiota por estar achando que está dentro de um filme de suspense.

- Como eu posso ainda sentir ciúmes do sentimento dela por ele? - ela diz. Em sua voz ouço uma ponta de raiva, só não sei se é dela ou de sua ex psiquiatra.

- Amiga, não se pode explicar os sentimentos, nós só... Sentimos. - digo tentando ajudar.

- Durante semanas as mulheres estão morrendo por aí e ninguém faz nada. - ela diz. - Várias mulheres mortas e todas com cabelos castanhos e pele clara. - ela diz.

- Seu tio nunca deixaria que algo acontecesse com você, eu tenho certeza. - digo com convicção.

- Eu sei. A certeza dele me assusta um pouco. - ela diz.

- Tudo nele me assusta um pouco. - digo.

- Você se acostuma. - ela diz. - Sinto falta dele. - ela diz.

- Vá ve-lo então.

- Não. Não posso agora, preciso ficar sozinha. - ela diz.

Me levanto entendendo o recado e faço carinho mais uma vez na sua mão.

Vou para o outro lado da sala enorme e me deito no enorme sofá pensando em tudo que aconteceu.

Olho para o quadro e o olhar do homem me lembra a avó de Cora, o pai dela, o tio dela e ela. Como pode? Isso não pode ser normal. Que tipo de herança genética passa tão nitidamente de geração a geração?

Os olhos azuis frios e visitantes são os mesmos. Cora não olhava assim, mas agora, as vezes ela olha e um arrepio passa por mim.

Ela se parece cada vez menos com a garota que eu conhecia.

E pensar que ela não é mais virgem e que perdeu com seu tio.

Olho para o resto da sala procurando por mais fotos, a luz das janelas cobertas quase por inteiro ilumina só um pouco do quarto, o deixando um pouco macabro.

Olho para Cora de longe, ela ainda está na mesma posição.

Kate vem a minha memória.

Foi um choque pra mim ve-la com o cabelo castanho mesmo não conhecendo ela loira. É que algo nela lembra a mae da Cora e imagino como isso deve doer.

Esta claro que eu não gosto dela, mas eu acho que é ciúme. Ela cuida de Cora, faz tudo pra ela, e as vezes parece que ela a quer manipular. Não sei, talvez seja ciúme de amiga apenas.

Mas eu já notei como ela fica perto do Lúcio e isso é um pouco estranho.

Ela gosta dele, mas é um tipo de amor reprimido.

O clima de melancólica se instaura no quarto então me levanto e coloco em pratica os anos que fui obrigada a fazer piano.

Começo a tocar uma melodia calma espelhando o clima cinza lá fora e o clima ds luto aqui dentro. O quarto está quente mesmo sem a lareira ligada.

O cheio de sala fechada está ficando cada vez mais fraco.

Toco para tentar acalmar a Cora e a mim mesma que sinto o clima tenso como se pudesse pega-lo.

Não sinto vontade de voltar e deixar Cora assim no meio de tantos problemas da vida adulta, a vida que deveríamos conhecer só daqui uns anos.

Passo um tempo tocando, Cora se acomoda na poltrona e se encolhe.

Então ouvimos batidas fortes na porta trancada por dentro.

Meu coração gela, Cora se levanta abruptamente e eu paro de tocar.



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