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História Cores - Teoria


Escrita por: Yeul

Notas do Autor


Olá para todos, desculpem o meu sumiço ;;
Mas foi por uma boa causa, estava me matando para fazer fic pra HoZiWeek, sim, bem na cara de pal mesmo ;;

O que tenho a dizer? Hm ;;
Me pediram continuação para Soulmates, mas nunca consegui fazer, então, eu resolvi fazer outra Au!Soulmates porque, bem, adoro esse Au! ;;
Tentei deixar ele bem dramático, e acho que atingi minhas expectativas, então, estou feliz pelo que fiz aqui.
Essa é uma das minhas preferidas, das quatro que fiz para essa semana, espero que gostem também.

Só um aviso, as partes em itálico é no passado, sim? Espero que ninguém se confunda, porque escrevo bem aleatório mesmo, e essa me pareceu a única solução ;;

Capítulo 1 - Teoria


Fanfic / Fanfiction Cores - Teoria

 A primeira vez que viu uma cor, foi no dia de seu aniversário de quinze anos.

 No momento em que fechou seus olhos pequenos e soprou a vela com os números referentes a sua nova idade. Os abriu devagar, e sua boca já se curvou em espanto. Sentiu uma mão pousar sobre seu ombro, apertando-o levemente e fazendo-o se virar no mesmo instante, arregalando os olhos ao vê-lo.

 Por que ele tinha de ser seu soulmate?

 

(•••)

 

JiHoon nunca ligou para aquele esquema de sua vida, embora soubesse que em tese uma pessoa não seria plenamente feliz sem o seu soulmate, ele ainda não se importava. Seguia os conselhos de seus pais que diziam: apenas estude e garanta seu futuro, depois pense em seu soulmate.

 Por isso não se importava tanto, pois visava seu sucesso financeiro primeiro.

 Ao contrário de seu melhor amigo, SoonYoung, que era fissurado sobre isso. Não exatamente fissurado, mas ele tinha uma certa ânsia em conhecer o seu soulmate, quase como uma urgência, e sonhava acordado com esse dia.

 No dia de seu próprio aniversário, o Kwon não parava quieto, e só queria saber da hora de seu nascimento, e de quando sopraria as velas de seu bolo para poder ver a cor de seu soulmate.

 JiHoon não era de cozinhar, mas visto que os pais do rapaz haviam viajado e não voltariam a tempo, e não havia quaisquer outros amigos para pedir – devido aos acontecimentos entre SeungCheol e JiSoo – o baixinho se viu obrigado a fazer o bolo, ou o seu amigo choraria horrores o dia todo por não poder comemorar devidamente.

 SoonYoung o acordou às oito da manhã.

 Ou tentou, visto que o mais baixo apenas se revirou na cama, preguiçoso. JiHoon havia passado a noite em sua casa devido ao pedido do mais velho.

 O Lee apenas rolou para o lado, extremamente manhoso, ouvindo a risada gostosa de seu melhor amigo ecoar pelo quarto, e logo o peso das cobertas dobrou sobre seu corpo pequeno.

 

 "Vamos JiHoonie! É o meu aniversário!", pediu o mais velho com um bico, rindo enquanto estava sobre o corpo alheio, em um abraço quentinho.

 

 JiHoon soltou um gemido, e empurrou o corpo maior com os braços, sem sucesso, o que o fez grunhir e revirar os olhos.

 

 "Feliz aniversário! Agora saia daqui!", mandou o menor, inflando suas bochechas e cobrindo os olhos com seu braço devido a claridade.

 "Mas é o meu aniversário", retrucou o maior, fazendo outro bico e se erguendo sobre seus braços para encará-lo melhor. "O mais importante da minha vida", completou em um tom baixo, aproximando seu nariz do pescoço alheio, roçando-o suavemente, causando cócegas e fazendo o mais novo rir, afastando-o com as mãozinhas.

 "Só porque é o seu aniversário", murmurou o baixinho contendo o riso, e o Kwon o abraçou com força, extremamente feliz.

 

 JiHoon riu antes de se desvencilhar dele, e se sentou na cama com cuidado. Levou suas mãos aos olhos, coçando rapidamente ali antes de se levantar definitivamente. SoonYoung o seguiu animado, desejando seu desjejum, e assim que o baixinho começou a fritar ovos, ele quase pulou de alegria na cadeira.

 

 "Sério SoonYoung? São apenas ovos", disse o mais novo, virando os ovos sobre um prato.

 "Mas é comida! E eu amo comida", respondeu rindo, e assim que o prato fora posto sobre a mesa, ele atacou, e o Lee deixou um para si mesmo com um sorriso.

 

 Comeram em silêncio enquanto a televisão da sala mostrava desenhos animados, que o mais velho por vezes assistia, por vezes apenas olhava para sua comida, ou apenas olhava para o mais novo e sorria, recebendo um sorriso também.

 Assim que ambos terminaram de comer, o Kwon começou a pedir para prepararem o bolo, e o Lee apenas revirou os olhos, mas aceitou o pedido.

 

(•••)

 

"Está tudo bem JiHoonie?", perguntou SoonYoung preocupado ao reparar em seu olhar, e o baixinho rapidamente fechou a sua boca, que estava aberta até demais, focando na cor que via em torno do rapaz e em seu cabelo.

 

 Não era para ele ver aquilo.

 Não com ele, não nele.

 Sentiu seus olhos marejarem e o seu coração que estava disparado sem ele perceber se apertou. Desviou o olhar na hora, virando-se para o bolo em uma tentativa falha de se distrair e disfarçar sua surpresa.

 Percebeu que a mesa mantinha o tom cinzento, os pratos tinham alguns tons a mais de cinza, e o bolo mantinha-se branco, mas havia algumas partes do glacê que tinham uma cor diferente. A mesma que rodeava SoonYoung, porém mais intensa.

 

 "E aí? Que cor você está vendo?", perguntou SeungCheol ao perceber o quanto o baixinho encarava o bolo.

 "Qual é o nome dessa cor?", questionou o Lee baixinho, apontando para o glacê.

 "Azul! JiHoonie vê azul!", anunciou o Choi alegre, e seus amigos comemoraram com palmas e assobios.

 

 JiHoon encarou por mais um tempo a cor, decorando seu nome, e ergueu os olhos para perceber que ela aparecia apenas na camisa de WonWoo e nos tênis de HanSol. E claro, em torno do Kwon e seu cabelo.

 SoonYoung começou a cortar o bolo em silêncio, e o aniversariante perguntou-se se havia deixado muito na cara o que estava acontecendo.

 Seu coração voltou a se apertar com o pensamento, e ele foi obrigado a pegar um pedaço e sair da mesa as pressas, permitindo que seus amigos avançassem no doce, enquanto ele iria se esconder em algum canto de sua casa.

 

(•••)

 

O Kwon já estava impaciente, sentado sobre um banco alto, com os braços apoiados na bancada, encarando fixamente o cronômetro como se fosse acelerá-lo com o olhar.

 JiHoon preparava agora a cobertura do bolo, e vez ou outra olhava para o mais velho, tendo certeza de que ele não havia falecido após tanto encarar aquele objeto.

 

 "Se continuar encarando assim, os seus olhos vão saltar pra fora", comentou em uma brincadeira, enquanto brigava com o chocolate derretido dentro da bacia.

 "Impossível, eles são muito pequenos para se quer tentarem fugir", retrucou o mais alto em mesmo tom, endireitando sua coluna em seguida, sentindo-se dolorido por estar há tanto tempo naquela posição. "Tem certeza que não podemos tirar antes? Tipo agora?"

 

 JiHoon lhe encarou arqueando uma sobrancelha, como se perguntasse se ele tinha noção do que estava perguntando, e o mais velho suspirou, já sabendo a resposta, e voltando a encarar o cronômetro.

 

 "A não ser que queira bolo cru", murmurou o Lee ironicamente, deixando a bacia sobre a bancada, e checando quantos minutos faltavam no relógio da cozinha.

 "Eu quero tanto descobrir a minha cor", sussurrou SoonYoung ansioso, debruçando-se ali e apoiando sua cabeça nos braços, formando um bico com a demora.

 

 O Lee sorriu para ele, fitando-o com certa curiosidade, tentando ter empatia, embora no fundo ele soubesse que não precisava de cores em seu mundo.

 

(•••)

 

Fugiu para a sala, onde apenas JunHui estava, sentado em um dos sofás, conversando no seu celular aos sussurros, e assim que viu o baixinho, fez uma breve reverência e se retirou, deixando-o sozinho no cômodo.

 JiHoon teve de morder seu lábio inferior para impedir seu choro, e tentou acalmar seu coração que apenas se apertava cada vez mais, tentando ter pensamentos positivos.

 Não poderia ser tão ruim, certo? Era raro, mas poderia acontecer, não?

 Mas aquilo também acabava com todas as suas chances de uma vida feliz.

 Viu sua visão ficar turva devido a quantidade de líquido que se acumulava ali, e ele se amaldiçoou por ser tão azarado. Talvez fosse culpa sua, afinal, nunca se importou com isso, com o lance de soulmates ou cores e essas coisas.

 O destino estava lhe cobrando por sempre desmerecer as cores, só podia. Estava brincando com ele.

 Ele nunca seria correspondido por seu soulmate.

 

(•••)

 

O bolo ficou pronto a tempo, e o Kwon estava dando pulos na sala, de tamanha felicidade, cheio de sorrisos para o mais novo. JiHoon até conseguiu fazer uma rápida cobertura. Levou o bolo com cuidado até a mesa de centro, depositando ali e vendo o mais velho se jogar ao chão de frente para o bolo, quase como uma criança.

 

 "Rápido JiHoonie! Falta cinco minutos!", disse o mais alto, o apressando, pegando as velas e colocando no bolo com certa pressa.

 

 O Lee revirou os olhos, mas sorriu, puxando o isqueiro do bolso e após duas tentativas, conseguiu acender, e se inclinou sobre mesinha, para acender as velas.

 Ainda faltava um minuto, e o mais velho já mordia o lábio inferior em expectativa. Olhou rapidamente para o baixinho ao seu lado, e sorriu.

 

 "Obrigado JiHoonie", ele falou sincero, chamando a atenção do mais novo. "Por estar comigo agora", continuou, esticando sua mão para tocar na mão alheia, entrelaçando seus dedos.

 

 O mais baixo assentiu, segurando em sua mão e o vendo engolir a seco. Por algum motivo o seu coração também acelerou, esperando por aquele momento. Assim que o relógio da sala marcou a hora exata do nascimento do Kwon, ele fechou os olhos e fez um pedido, antes de assoprar as velas.

Que JiHoon seja meu soulmate, fora o pedido de SoonYoung.

 

(•••)

 

Ouviu os risos na cozinha, e o baixinho quis fugir, mas sabia que se sumisse naquele instante, o procurariam preocupados e seria pior. Forçou-se a engolir o choro e encarou seu bolo que fora feito por MinGyu.

 Fincou o garfo ali, retirando apenas resíduos da massa azulada, e levando aos lábios devagar. Assim que sentiu que o gosto era melhor do que a aparência, começou a comer em mesma velocidade.

 Aos poucos foram notando que o aniversariante não estava presente, e iam para a sala, sentando-se por ali, o rodeando. JeongHan sentou ao seu lado, e passou um braço gentil por seus ombros, apertando gentilmente seu ombro, passando certo conforto para ele.

 

 "Ei, por que fugiu para a sala?", perguntou HanSol rindo enquanto segurava seu pedaço de bolo. SeungKwan que estava ao seu lado lhe deu um tapa no braço, que o fez calar-se no mesmo instante, sem entender.

 

 Nenhum deles sabia o que havia se passado entre ele e SoonYoung, por isso JiHoon estava mais tranquilo, apenas JeongHan sabia, já que era seu confidente.

 O Yoon permaneceu ao seu lado enquanto a conversa se retomava, e aos poucos o Lee relaxava, tentando tirar aqueles pensamentos de sua mente. Percebeu que o Kwon não estava na sala, mas sabia que não poderia ir atrás dele, não naquele momento.

 Naquele momento ele só queria esquecê-lo.

 

(•••)

 

Os olhos de SoonYoung se abriram devagar, e ele mordia seu lábio inferior com força. E encarou o bolo por alguns instantes, depois as velas apagadas, e sorriu ao ver que tinham uma cor doce.

 Virou sua cabeça imediatamente para o lado, e a primeira coisa que viu foi a cor do cabelo de JiHoon, que não era o branco costumeiro, mas a mesma cor bonita das velas, porém seu sorriso murchou ao ver o baixinho.

 Comprimiu os lábios na hora, passando os olhos pelo Lee, e em seguida para suas próprias mãos, perguntando-se o que havia de errado consigo.

 

 "SoonYoung?", chamou o mais novo incerto, vendo-o fechar os olhos e abrir algumas vezes, constando que sua visão não mudava, para o seu desespero.

 

 Ergueu o olhar para o mais baixo, vendo-o de cenho franzido, e seus olhos se encheram de lágrimas.

 

 "SoonYoung", sua fala fora cortada com o abraço que se seguiu, onde o Kwon o agarrou com força e escondeu seu rosto em seu ombro.

 

 JiHoon levou suas mãos para o cabelo alheio, e depois para suas costas, tentando acalmá-lo quando ele sentia suas próprias lágrimas começarem a surgir, já imaginando o que havia acontecido.

 

 "Nã-não é você JiHoonie", sussurrou baixinho o maior, apertando-o com cada vez mais de força, desejando poder retroceder no tempo e nunca ter comemorado seu estúpido aniversário.

 

 O Lee apenas balançou a cabeça, sentindo seu coração apertar com cada vez mais de força, agora com a certeza.

 O mundo é tão injusto, pensou o mais novo enquanto o apertava também, sentindo suas lagrimas começarem a cair também.

 

(•••)

 

Após o aniversário do Kwon, eles resolveram que era melhor permanecerem apenas amigos, e só. Visto que não poderiam ser felizes juntos, e o fato de que provavelmente SoonYoung tinha um soulmate rondando por aí, a sua procura.

 Foi um pouco difícil para eles se acostumaram a aquilo, e mesmo com o coração partido, o Kwon se forcou a fingir que estava tudo bem.

 Seus amigos voltaram a se falar, e tudo pareceu retroceder dois anos, tirando o fato de que SeungCheol e JeongHan estavam namorando firme.

 E SoonYoung os invejou, mesmo depois de tudo porque talvez, nunca fosse ser assim com JiHoon.

 E por que ele pensava em JiHoon em vez de pensar em seu soulmate?

 

(•••)

 

A festa durou mais alguns minutos, até que alguém resolveu que precisava ir embora, e logo vários aderiram à ideia, para o bem de JiHoon. Ele precisava de um tempo para pensar, e mal viu seus amigos indo embora, apenas JeongHan, o único que se despediu apropriadamente e jurou conversar depois.

 Não viu quando o Kwon foi embora, e não pensou muito nisso, precisava organizar seus pensamentos. Recolheu todos os pratos perdidos e os garfos também, levando-os até a pia pra lavar.

 Depositou com cuidado, e arregaçou as mangas, antes de parar com as mãos sobre a torneira, encarando os pratos ali.

 A lembrança do ocorrido lhe veio à mente, e ele comprimiu os lábios com força, sentindo as lágrimas voltarem, com mais força do que antes. Começaram a escorrer sem o seu consentimento, e o baixinho tentou contê-las com as palmas de suas mãos, sem muito sucesso.

 Um soluço baixo começou, e ele se afastou da pia, indo em direção à sala, e depois para as escadarias que lhe levariam para seu quarto.

 Seu coração doía tanto, e por alguns segundos fraquejou, deixando um soluço alto escapar antes de abrir a porta de seu quarto.

 Deu alguns passos antes de perceber que havia um urso de pelúcia ali, que não era dele. Porém tinha uma fita envolvendo seu pescoço, e a cor azul era presente nesta.

 Havia um bilhetinho grudado na fita, e ele com as mãos trêmulas o pegou, puxando com delicadeza e sentindo seu estômago revirar quando o abriu e o leu.

 

Feliz Aniversário JiHoonie! Comprei ele porque tem a mesma cor bonita do seu cabelo.

 

 Abaixou o cartão para encarar a pele cinzenta do urso, e levou a mão livre para o cabelo, que tinha o mesmo tom. Tocou nos fios, afundando seus dedos ali, desejando poder ver aquela cor também, e sentiu as lágrimas se intensificarem.

 Deixou o cartão cair aos seus pés, e abraçou o urso com força, sentindo sua pelugem macia e deixando-se cair sobre o colchão.

 Amaldiçoou todo o universo pela sua vida.

 

(•••)

 

"Eu sei que pode parecer um pouco cedo falarmos sobre isso crianças – e que vocês provavelmente já sabem de muita coisa do que falarei aqui, mas–", dissera seu professor, enquanto andava pela sala com as mãos nas costas, olhando para as carinhas curiosas de seus alunos.

 JiHoon como sempre estava sentado em uma das fileiras da frente, enquanto seu melhor amigo estava bem ao fundo, mas ele sabia sem precisar ver que SoonYoung estava prestando muita atenção, além do necessário, pois aquele assunto era o único com que ele se importava.

 

 "Vamos falar hoje sobre soulmates", começou o docente, limpando a garganta e vendo seus alunos se arrumarem nas carteiras, curiosos em saber mais. "Acho que todos aqui já sabem certo? Todos nós nascemos com uma alma gêmea, ou pelo menos a maioria. Recentemente há ocorrendo casos de pessoas que nunca encontraram, o que está causando controvérsias, mas não vamos falar sobre isso", cortou-se ao perceber que alguns alunos começaram a ficar inquietos e inseguros.

 

 O Lee olhou rapidamente para trás, vendo a careta engraçada que seu amigo fazia. Ele estava com a boca totalmente aberta, e o cenho franzido, encarando o professor quase como se ele fosse um ser divino.

 Teve de conter o riso para não chamar atenção, e voltou a virar-se para frente, girando o lápis entre seus dedos, nem um pouco interessado naquele assunto.

 Já havia se conformado de que primeiro teria sucesso, e depois descobriria seu soulmate, para que tivesse uma vida confortável com ele, assim como seus pais.

 

 "As chances são minúsculas, eu juro", riu seu professor, levando as mãos para a barriga saliente e arrumando sua camisa. "E vocês sabem como reconhecemos, certo? Nascemos por algum motivo sem a capacidade de ver cores, apenas tons de cinza, e isso nos difere de outros animais".

 

 SoonYoung o olhava interessado, embora já soubesse de tudo que ele estava falando, ainda assim ansiava por algo a mais.

 

 "Só podemos começar a enxergar uma cor, a cor de nosso soulmate, quando completamos quinze anos, após o exato horário em que nascemos", continuou o homem, dando a volta na sala para parar em frente à sua mesa. "Não uma cor que ele use, claro, mas sua aura", gesticulou com as mãos, e várias bocas se abriram.

 

 O Kwon assentiu, e logo percebeu que JiHoon virava-se para trás para vê-lo, e sorriu para ele, vendo-o retribuir antes de virar-se para frente novamente.

 

 "Sempre vemos a cor que corresponde ao nosso soulmate, e a cor que ele vê é a mesma, já que tem a mesma alma, certo?", todos assentiram, e ele sorriu, satisfeito com sua sala esperta. "Mas há um truque que falam que podem ser usado para que descubram seu soulmate antes dos quinze", falou mais baixo, vendo os alunos se interessarem mais, curvando-se sobre suas carteiras, aflitos por mais informação.

 

 SoonYoung já estava quase pulando de sua carteira para saber, e naquele momento, até o Lee estava prestando atenção, não poderia negar que estava curioso também.

 

 "Dizem que existem algumas almas que são tão perfeitas umas para as outras que quando se vêm pela primeira vez, há uma conexão", explicou o homem, sentando-se sobre sua mesa, e cruzando as pernas. "Uma espécie de corrente elétrica que passa por seu corpo no momento em que seus olhares se cruzam", ele gesticulou com os dedos, e JiHoon sentiu um arrepio passar por seu corpo.

 

 Seus olhos se arregalaram, e ele fechou os punhos sobre a mesa, lembrando-se que já sentira aquilo.

 E fora há apenas alguns meses.

 Não precisou se virar para saber que os olhos do Kwon estavam sobre si, e ele engoliu a seco, sentindo-se suar frio.

 

 "E, além disso, também acontece na primeira vez que se tocam, falam que é a mesma sensação, a mesma eletricidade", continuou o homem ao ver a cara de interesse dos alunos, e seu sorriso se alargou. "E por final, se ainda restarem dúvidas, dizem que o primeiro beijo também funciona", alguns alunos soltaram algumas reclamações, causando risos pela sala.

 

 Mas JiHoon apenas se sentiu ainda mais nervoso porque, fora daquela forma que conheceu SoonYoung, no final do ano passado.

 Eles se conheceram exatamente por causa dessa eletricidade.

 

(•••)

 

JiHoon estava com seus pais na fila do supermercado, esperando pacientemente pela vez deles onde terminariam de comprar os enfeites desnecessários para o Natal, quando viu o Kwon entrar no supermercado.

 Por algum motivo ele chamou sua atenção, e seus olhos se voltaram para ele automaticamente, quase como uma atração. SoonYoung estava acompanhado dos pais também, e mantinha um sorriso largo nos lábios, com as mãos nos bolsos, e parecendo animado em ir comprar enfeites de Natal.

 O Lee sentiu um arrepio passar por si, antes de seus olhos se encontrarem, e ele sentiu aquela corrente elétrica passar por seu corpo. O Kwon parou onde estava também, encarando-o da mesma forma.

 Eles só pararam de se encarar quando a mãe de SoonYoung perguntou se ele estava bem, e como se quebrados do transe, eles desviaram os olhares envergonhados.

 E JiHoon virou o rosto inúmeras vezes para vê-lo, curioso para saber mais sobre ele, ao mesmo tempo que estava intrigado com aquela conexão instantânea.

 Fora quando o Kwon se aproximou, com um sorriso largo e doce, e se apresentou, estendendo sua mão. No momento que suas mãos se tocaram, ele sentiu outro arrepio e a mesma corrente elétrica passar por seu corpo, e comprimiu seus lábios.

 SoonYoung tinha um sorriso extremamente bonito, e conseguiu conversar com ele de uma forma que ninguém nunca fora capaz, atraindo-o cada vez mais a cada palavra proferida.

 

(•••)

 

 E naquele instante, JiHoon temeu ser o soulmate de SoonYoung.

 Não por não gostar dele, eles eram melhores amigos afinal, mas por medo de não corresponder às suas expectativas e também por causa de seus objetivos de vida, que divergiam dos dele.

 Engoliu a seco quando o sinal do intervalo bateu, e soube na hora que seu amigo iria falar com ele, por isso se levantou no mesmo instante e seguiu para fora da sala.

 Passou pelo corredor como se sua vida dependesse daquilo, e subiu as escadas para o quinto andar, onde era vazio, e ouviu os passos dele, lhe seguindo de perto.

 Encostou-se a parede devagar, tentando recuperar seu fôlego enquanto se preparava mentalmente para o que estava por vir.

 Não demorou mais que um minuto para que SoonYoung aparecesse, porém não tão cansado quanto ele, mas com um sorriso enorme estampando seu rosto, e seus olhos espremidos por suas maçãs.

 

 "Vamos nos beijar JiHoonie", falou ele ao se aproximar, sem vergonha alguma, e com as mãos nos bolsos, porém por dentro ele estava nervoso como o baixinho.

 

 JiHoon riu, já esperando por algo assim, enquanto o via se aproximar cada vez mais, sentindo seu coração disparar, e teve de esticar os braços para impedi-lo de se aproximar ainda mais.

 

 "Não podemos nos beijar SoonYoung", respondeu com a voz baixa, tentando ser o mais delicado possível, não querendo ofendê-lo ou magoá-lo.

 "Por que não?", perguntou manhoso, fazendo um bico e franzindo o cenho.

 "Porque primeiro, não é cem por cento de certeza de que somos soulmates, e o professor falou que nem mesmo isso garante, o que dá certeza mesmo é ver a cor", começou o Lee, engolindo a seco ao ver a proximidade do outro.

 

 SoonYoung pendeu a cabeça para o lado, como se apenas naquele instante ele cogitasse a ideia.

 

"E segundo, o que faremos se não formos?", questionou o mais baixo com o cenho franzido, vendo o outro abrir a boca e fechar várias vezes, antes de comprimir os lábios bufando.

 

 Houve alguns segundos de silêncio, antes do Kwon passar a mão por seu cabelo, visivelmente nervoso, e o encarou com os olhos tristes, partindo o coração do Lee.

 

"SoonYoung, você sabe que não deve ser tão apressado assim", murmurou ele, levando sua mão até a dele, segurando-a delicadamente.

 "Mas parece tão simples Hoonie", sussurrou o Kwon de volta mantendo o bico, e desviou os olhos para o chão. "Você parece tão certo", completou após um tempo, e o baixinho sentiu seu coração disparar novamente.

 

 JiHoon comprimiu os lábios, e encarou o chão também. Ele também tinha aquela sensação de que SoonYoung era certo, de alguma forma. Quando o via, às vezes pensava que não haveria outra pessoa que lhe fizesse tão bem quanto ele.

 Sentiu os lábios do mais alto sobre sua testa, e arregalou os olhos, antes de vê-lo se afastar, subitamente sério.

 

 "Mas podemos tentar, não podemos?", questionou o maior encarando-o intensamente, o que fez o mais novo estremecer, antes de desviar os olhos.

 

 Pensou um pouco, vendo que não tinha nada a perder, e assentiu. No instante que SoonYoung sorriu, o sinal tocou, e o Lee logo deu um jeito de se desvencilhar do mais alto para fugir para sua sala.

 Correu por um tempo antes de reduzir a velocidade no corredor, e sentou-se rapidamente, como quem não quer nada, fingindo-se de santo.

 Fingiu não ver quando o Kwon passou por ele, contendo um riso ao perceber que ele estava irritado com sua atitude, mas não pode conter o seu coração que continuava pulsando rápido, em expectativa.

 Passou as últimas aulas inquieto, a todo instante se remexia, querendo sair logo dali e ao mesmo tempo não querendo, o que o deixava ainda mais nervoso.

 Quando o sinal bateu, não teve muito tempo para pensar, pois mal se levantara e SoonYoung já se postou ao seu lado, encarando-o sério e desafiador.

 Eles se entreolharam nervosos, e o mais alto levou sua mão até a alheia, entrelaçando seus dedos devagar e vendo que não havia resistência por parte do Lee.

 

"Vamos para a biblioteca", sugeriu depois de alguns segundos, vendo JiHoon assentir e comprimir os lábios.

 

 Puxou-o em direção à porta, e em seguida o guiou contra o fluxo dos alunos, sem soltar sua mão por momento algum, pois sentia que se o soltasse naquele instante, o mais novo fugiria.

 Assim que adentraram nas portas altas e escuras da biblioteca, o Kwon já os encaminhou para a sessão de filosofia, onde sabia que era vazio e isolado das demais sessões.

 Parou no final do corredor, onde sabia que não havia visibilidade alguma devido as estantes altas e abarrotadas de livros velhos e gastos. Só então soltou a mão do mais novo, e deixou sua mochila ao chão.

 O Lee não sabia o que fazer, por isso apenas o imitou, antes de prender a respiração ao vê-lo lhe encarando novamente. Seus olhos eram sérios e afiados, analisando-o da cabeça aos pés e talvez até sua alma. Se remexeu nervoso, apertando uma de suas mãos contra seu pulso, tentando se controlar.

 O Kwon se aproximou devagar, e aos poucos o mais novo se encolhia, até sentir o seu hálito bater contra o dele. Prendeu a respiração novamente, e fechou os olhos com força, sentindo seu coração disparar cada vez mais rápido.

 Os lábios do mais alto não tardaram a tocar os seus, e eram tão suaves que o fez estremecer com o toque. Permaneceram com os lábios colados, mas aquela sensação não aconteceu, o que causou um leve pânico entre eles.

 Era quase uma quebra de expectativas.

 Foi então que JiHoon entreabriu seus lábios, e deixou sua própria língua tocar na boca alheia, e assim que o mais velho permitiu a passagem, começaram um beijo tímido.

 E sentiram a eletricidade na hora que suas línguas se tocaram pela primeira vez. Fora mais forte do que as outras vezes, e o Lee quase perdeu o equilíbrio, mas se segurou no outro a tempo, envolvendo seu pescoço com suas mãos, antes de sentir-se envolvido por ele também.

 Separaram-se após o que pareceu a eternidade, e a primeira coisa que SoonYoung fez foi rir, antes de abraçar o corpo menor, sentindo-se extremamente feliz por dentro.

 JiHoon não teve escolha a não ser sorrir também, sentindo os lábios do mais velho sobre seu rosto, traçando vários selares ali antes de chegar a sua boca novamente.

 A eletricidade não aconteceu, mas a euforia deles fez com que a sensação fosse ainda melhor, e o baixinho agarrou com força seu pescoço, forçando cada vez mais sua cabeça contra a própria, não querendo separar-se nem um milímetro se quer. Não sabia como, mas o Kwon era tão bom, que não poderia deixar de beijá-lo.

 Separaram-se ofegantes, e SoonYoung ainda beijou várias vezes seus lábios antes de JiHoon afastá-lo, querendo respirar.

 

 "Então, isso basta?", perguntou o mais alto ofegante, afrouxando o abraço e vendo o mais baixo lhe encarar, antes de desviar os olhos.

 "Não dá pra confirmar SoonYoung", murmurou ele, fazendo um leve bico e sentindo os lábios do mais velho sobre sua bochecha, levemente, em um gesto de carinho.

 

 SoonYoung parecia tão certo, que ele apenas se deixou levar pela alegria que sentia do fundo de seu coração, engolindo todas as palavras que havia proferido antes.

 

 Desejou com todas as suas forças que ele realmente fosse o seu soulmate.

 

(•••)

 

Entraram em um acordo de que seriam namorados, mas sem contar para mais ninguém, e sem demonstrações de afeto em público. O Kwon não se importou muito, desde que tivesse JiHoon perto de si, ele poderia esperar até chegarem na casa de um deles, onde se deitariam no carpete e fariam a lição juntos.

 Nenhum deles pensou mais se era o certo, ou se realmente eram soulmates. Após algumas semanas, mesmo que o assunto viesse a tona em seu grupo de amigos, eles ainda permaneciam alheios.

 Até o aniversário de SeungCheol.

 

 Caiu em um final de semana chuvoso, e JiHoon estava excitado, pois seria o primeiro aniversário de quinze anos que participaria, e mesmo não querendo admitir, estava curioso em relação ao que aconteceria.

 Ele ajudou JiSoo com a preparação do bolo, que era o namorado do Choi na época, junto de JeongHan, que era o melhor amigo deste. Não era muito próximo do Yoon, mas gostava de sua companhia.

 Ninguém sabia que ele namorava SoonYoung, e o mesmo chegou apenas uma hora antes da festa, e se encarregou de tentar aliviar o nervosismo de SeungCheol, fazendo piadas a todo instante.

 Quando finalmente iria dar a hora do nascimento do Choi, todos se reuniram na sala, e SeokMin teve de gritar por silêncio, enquanto o mais velho deles encarava o bolo, aflito.

 JiSoo segurou sua mão, e sorriu para ele, e o mesmo retribuiu. JiHoon sentiu-se prender a respiração, e sentiu uma mão segurar sua camisa, e ele não precisou se virar para saber que era o Kwon, tão nervoso quanto ele para saber.

 SeungCheol fechou os olhos, e assoprou as velas, o que pareceu uma eternidade aos olhos de SoonYoung, mas quando abriu os olhos, ele soltou um palavrão.

 Todos se exaltaram, querendo saber o que ele via, e o Choi encarou suas mãos, antes de se virar para seu namorado, arregalando os olhos.

 

 "O que está vendo hyung?", arriscou MinGyu após alguns segundos de silêncio, e o mais velho abriu os lábios.

 "Vo-você não tem aura nenhuma JiSoonie", murmurou gaguejando, apontando para o corpo do Hong que se retesou, arregalando os olhos. JiHoon sentiu seu coração se apertar com a cena, e sentiu a mão do Kwon apertar com mais força sua camisa, tão abalado quanto.

 O Choi virou-se devagar para seus amigos, esperando algum apoio, quando percebeu que apenas uma das pessoas que havia ali tinha aura. E era JeongHan.

 Abriu os lábios surpreso, e apontou para o Yoon, trêmulo e ao mesmo tempo assustado.

 

 "É você!", sua voz saiu levemente alta, e JeongHan se sobressaltou, dando um passo incerto para trás e parecendo perdido ali. "Você tem a aura com cor JeongHan!", completou o rapaz, e todos os olhos focaram no Yoon, como se desejassem ver o mesmo que SeungCheol.

 

 JiHoon olhou do Yoon para o Hong, e seu coração quase se quebrou ao ver JiSoo começar a chorar. Não demorou muito para o soluço aparecer, e assim que SeungCheol se virou totalmente perdido e de coração pesado, que Joshua se afastou, levando as mãos ao rosto.

 O Hong forçou caminho entre seus amigos, e mesmo com os gritos de JeongHan para que ele o esperasse, ele sumiu, após passar a porta da frente.

 Houve alguns segundos de silêncio, antes que SoonYoung e SeokMin corressem atrás do rapaz, temendo que ele fizesse alguma besteira.

 O Choi sentou-se no chão aflito, e JiHoon se viu na obrigação de tentar consolar, enquanto MinGyu e SeungKwan levavam JeongHan para algum lugar.

 Tocou na cabeça do mais velho, e logo MingHao e Lee Chan se juntaram a ele, aparentemente mais perdidos do que o proprietário da casa.

 JunHui decidiu seguir o Yoon, e HanSol ao se ver sozinho, fez o mesmo.

 A cena de SeungCheol chorando ficou marcada na mente de JiHoon que, acima do que sentia pelo Choi, sentiu medo.

 E se aquilo acontecesse com ele?

 

(•••)

 

Os dias seguintes se passaram lentos, e seus amigos aos poucos foram se separando. Era quase como se cada um escolhesse um lado para proteger, e JiHoon viu-se sozinho ali, apenas com o Kwon, em sua casa.

 Não haviam se falado nada sobre o acontecimento, como uma sombra que os atormentava e impedia que qualquer assunto brotasse dali. O Lee estava com medo, assim como o Kwon, e nenhum deles se sentia bem o suficiente para falarem.

 Mas também não podiam continuar como se estivesse tudo bem.

 SoonYoung estava deitado no sofá, fingindo prestar atenção no filme que passava, porém apenas olhava para JiHoon, que estava sentado ao chão, na frente do sofá, abraçando suas pernas e parecendo pensativo.

 Levantou-se após algum tempo, e se sentou ao seu lado, abraçando seus joelhos e apoiando seu rosto ali.

 

 "Hey", soltou simples o Kwon, tentando parecer o mais casual possível, e viu o Lee apenas se remexer, visivelmente desconfortável.

 "Hey", respondeu ele, mordendo o lábio inferior em seguida, e focando seus olhos neste.

 "Ainda está pensando em SeungCheol hyung?", questionou cauteloso, vendo-o balançar a cabeça positivamente.

 "E em nós também", sussurrou o baixinho após um tempo, sentindo seu coração apertar, um leve formigamento em seus pés surgiu, e ele se remexeu novamente.

 

 SoonYoung assentiu, sentindo-se estremecer e seu coração disparou, com medo do que ele iria falar. Quis fugir, mas não seria sensato, ou ao menos era uma escolha.

 

 "SoonYoung, você realmente acha que podemos ser soulmates?", questionou JiHoon, sem encará-lo ainda, e cada palavra soou com uma alfinetada no coração do mais velho.

 

 Balançou a cabeça, mas não como uma afirmação, mas por entender o que ele estava sentindo. O Kwon se perguntou inúmeras vezes, sem chegar a uma conclusão que não fosse esperar pelo seu aniversário.

 

 "Acho que… Não temos como saber, até o meu aniversário", sussurrou SoonYoung, se encolhendo onde estava.

 

 Ficaram em silêncio, perdidos em seus próprios pensamentos, quando o Kwon suspirou alto, apoiando suas costas no sofá, e fechando os olhos. Por que tudo tinha de ser tão complicado?

 

 "Acho que, é melhor pararmos com esse negócio de namorados", murmurou o mais novo dali, apertando suas mãos na pele exposta de suas pernas, fincando suas unhas curtas ali.

 

 Aquilo doeu no Kwon, e ele abriu os olhos, sentindo seu coração se apertar, e ele se aproximou do Lee, tocando em seu braço. Queria protestar e dizer que não, mas seus olhos se encontraram, e ele sabia que o mais novo tinha certa razão.

 Mordeu o lábio inferior, abraçando-o com certa necessidade, afundando seu rosto no seu pescoço, sentindo sua pele quente contra a sua.

 JiHoon não o correspondeu de início, mas após algum tempo, tocou em seus braços, e retribuiu o abraço desajeitado, logo sentindo as lágrimas de SoonYoung em seu pescoço.

 Apertou-o com mais força, levando suas mãos para o seu cabelo, querendo acalmá-lo, e sussurrando para ele várias vezes que tudo terminariam bem.

 Sentiu vontade de chorar também, mas resolveu guardar para si.

 

(•••)

 

Um mês após o incidente, o Lee já não falava mais com SeungCheol, e nem com JiSoo, e por algum motivo começou a falar com JeongHan, por ser o único 'neutro' naquela situação. Estava evitando SoonYoung também, naquele dilema após o seu término com este.

 Por mais que quisesse continuar namorando-o, sabia que seria pior depois. Muito pior se em nove meses, descobrissem não serem soulmates, e seria pior se estivessem namorando e descobrissem estar enganados.

 Mesmo que o Kwon ainda lhe parecesse certo.

 Eles se viam todos os dias, e no máximo o mais velho sorria para ele, encorajando-o a continuar adiante, mesmo que não se falassem mais.

 Voltaram a se falar apenas na época de provas, quando SoonYoung precisou de ajuda, e eles voltaram a frequentar a casa um do outro novamente.

 JiHoon o ajudava, e tentava ser o mais neutro possível, sem demonstrar que estava arrependido, ou que ainda estava receoso, e aos pouquinhos, eles voltaram a se falar como antes.

 Era estranho, porém eles se acostumaram com suas novas posições.

 

(•••)

 

No dia do aniversário de JeongHan, ninguém de fato apareceu, além de JiHoon e SoonYoung, claro. O Lee convenceu o outro a ir, visto que deveria ser triste passar uma data importante daquela forma, sozinho.

 Ao menos tudo ocorreu bem, desde os dois fazendo o bolo quanto o Kwon animando o aniversariante, e até no momento em que ele soprou as velas, estava tudo bem.

 JeongHan abriu os olhos devagar, e piscou algumas vezes. Olhou suas mãos, e depois reparou na cor de seu cabelo. Mordeu o lábio inferior antes de olhar para os dois garotos a sua frente, e suspirou aliviado ao perceber que nenhum deles era o seu soulmate.

 

 "Está tudo bem Han hyung?", perguntou JiHoon temeroso, passando a palma de suas mãos suadas na camisa, tentando se acalmar.

 "Tudo certo com vocês", respondeu ele, abrindo um sorriso, e voltando sua atenção para a cor do seu cabelo, passando sua mão por este.

 "Que cor está vendo?", perguntou SoonYoung curioso, abrindo um sorriso de alívio.

 "A do meu cabelo, e bem, a cor do casaco do JiHoon", respondeu JeongHan, apontando para o mais baixo que olhou para o próprio casaco cinzento, e depois encarou o Yoon.

 

 Engoliu a seco, pois ele se lembrou que SeungCheol havia dito algo sobre a cor do cabelo do Yoon. Levantou-se de sua cadeira, e rapidamente puxou seu celular do bolso, abrindo uma página aleatória de cores na internet.

 Assim que a página carregou, ele entregou seu aparelho para o Yoon, que encarou a tabela de cores, antes de ajustar na única que conseguia ver.

 Seus lábios tremeram no ato, e só com aquilo o Lee soube a cor que ele estava vendo.

 

"É vermelho", murmurou JeongHan desconcertado, devolvendo o aparelho para JiHoon. "Eu também vejo vermelho", sussurrou, encarando seu bolo com certo pesar.

 

 Era para ser uma comemoração, pois haviam descoberto que SeungCheol era soulmate de JeongHan e vice versa, mas, naquele instante, só havia tristeza.

 Os dois deixaram a casa de JeongHan apenas no final da tarde, e o mesmo não melhorou muito desde então. Mas fingiu estar tudo bem para que os dois saíssem cedo de sua casa, ou seria capaz deles dormirem lá apenas para confortá-lo.

 

 "JiHoonie", murmurou SoonYoung enquanto caminhavam pela calçada.

 

 JiHoon o encarou por algum tempo, antes de baixar o olhar para a mão alheia, sentindo vontade de segurá-la para se sentir melhor.

 

 "Você acha que tudo vai voltar ao normal algum dia?", perguntou o mais velho temeroso, mordendo o lábio inferior. "Não quero me formar com todos assim, distantes de mim", murmurou após alguns segundos, encolhendo os ombros.

 

 O Lee segurou sua mão, cedendo a sua vontade, e viu o mais alto lhe encarar, surpreso com seu ato. Apenas deslizou seu polegar sobre a mão alheia, confortando-o e ao mesmo tempo sentindo seu coração se aquecer.

 SoonYoung sorriu para ele, e apertou um pouco mais sua mão, com medo de soltar e aquele sentimento bom sumir.

 

 "Não importa o que aconteça, daqui a oito meses, apenas fique comigo", pediu o maior, encarando o chão com medo da resposta.

 

 JiHoon apenas apertou mais sua mão em torno da alheia, e continuou acompanhando-o até sua casa.

 

(•••)

 

Os meses foram passando e, mesmo com SeungCheol se entendendo com JiSoo em janeiro, ainda havia um clima tenso entre seus amigos e eles. Pois o caso deles não era único, não era especial, poderia acontecer com qualquer um deles, e aquilo era o que mais assombrava o Lee.

 Pensava no dia do aniversário de SoonYoung, e se arrependia por ainda fazer aquele tipo de coisa com ele. Acabaram cedendo com o tempo, e ainda dormiam juntos de vez em quando, ainda andavam de mãos dadas sem perceber, e vez ou outra trocavam carícias e, não estavam namorando, mas era quase isso.

 Sabia que devia parar enquanto desse tempo, sabendo que iriam se machucar depois, porém, sempre que o via sorrir, se esquecia completamente do que tinha de falar, e apenas aceitava, deixando para depois.

 Foi quando finalmente faltou um mês para o aniversário do Kwon que o mesmo finalmente resolveu falar sobre o assunto.

 Estavam ambos na cama de SoonYoung, após uma noite ali, e JiHoon lia um livro com a barriga para baixo, enquanto o outro estava ao seu lado, encarando o teto.

 

 "JiHoon", chamou o mais alto após algum tempo, ainda encarando a tinta do teto, com as mãos cruzadas sobre o abdômen.

 "Hm", soltou o mais novo sem muito interesse, virando a página do livro enquanto balançava suas pernas no ar.

 "Daqui a um mês é o meu aniversário", continuou ele, virando seu rosto para vê-lo.

 

 O mais novo parou o que estava fazendo na hora, não esperando aquela conversa tão cedo, e suas pernas tombaram sobre o colchão. Comprimiu os lábios antes de fechar o livro, e se apoiou em um braço para encarar o Kwon.

 

 "O que vamos fazer?", perguntou SoonYoung inseguro, esticando o braço para tocar na franja alheia, arrumando alguns fios ali.

 "Apenas agir como sempre, eu acho", respondeu incerto, mordendo o lábio inferior.

 

 SoonYoung começou a brincar com seu cabelo, antes de levar sua mão ao seu rosto, fazendo uma breve carícia ali.

 

 "Eu realmente quero que você seja o meu soulmate", confessou ele, descendo sua mão até sua nuca, massageando o local.

 

 JiHoon o encarou, sentindo o mesmo, mas nada podiam fazer contra seu destino. Apenas se deixou levar pelo toque suave de SoonYoung, e deixou-se aproximar dele, até que seus lábios se encostassem.

 Deram um selar demorado e casto, antes do Lee se afastar, sentindo aquela culpa no coração.

 

 "Acho que não deveríamos fazer isso", sussurrou ainda de olhos fechados, sentindo a cama se remexer enquanto o Kwon se acomodava melhor.

 

 Abriu os olhos devagar, encarando aquelas orbes escuras que o fitavam intensamente. Seu coração ainda acelerava com aquele olhar, e ele realmente perguntou-se se aquilo era amor ou não.

 Mas apenas soulmates podem se amar, então, até o seu aniversário, não saberia.

 

 "Mas eu amo você", sussurrou o mais velho, deslizando sua mão para seu rosto, novamente acariciando ali.

 "Não temos certeza de nada SoonYoung", retrucou o mais baixo, beijando a palma da mão antes de se afastar. "Até o seu aniversário não podemos concluir nada", completou, deitando-se completamente na cama.

 

 O Lee ficou encarando sua mão, e desejou profundamente que aquele dia nunca chegasse.

 

(•••)

 

JiHoon ainda estava pensativo, imaginando o quão errado era sua vida. Havia namorado seu soulmate que estranhamente não o tinha como soulmate, e pensou que nunca viu um caso assim.

 Bem, já ouviu boatos de pessoas com dois soulmates, e outros que não haviam nenhum, mas nunca de uma pessoa ter um soulmate, mas aquele não o ter como soulmate.

 Deveria ser uma exceção, e uma extremamente azarada.

 Significava que nunca seria plenamente feliz, pois não poderia ter SoonYoung, ele nunca seria realmente feliz ao seu lado. E provavelmente nunca veria todas as cores, teria de lidar com aquilo também.

 Não estava apto a lidar com aquilo, e resolveu que seria melhor para si se fosse dormir e tentar esquecer um pouco a peça que o destino lhe pregava.

 

(•••)

 

Demorou três dias para que estivesse completamente disposto a falar com alguém, que nesse caso fora JeongHan. Encontraram-se após o colégio de JiHoon, e caminharam lado a lado em silêncio, até adentrarem no parque.

 Enquanto pisavam na grama fofa, o Lee tentava formular o que tinha pra falar.

 

 "Você não é o soulmate de SoonYoung?", perguntou o mais alto primeiro, com as mãos nos bolsos, encarando o mais novo com curiosidade.

 

 JiHoon balançou a cabeça em negação, e suspirou alto, antes de começar.

 

 "O problema é que ele é o meu soulmate", respondeu, sentindo seu coração já apertar com a afirmação. "Mas eu não sou o dele", murmurou com um bico, encolhendo os ombros, sentindo-se murchar por dentro.

 

 O Yoon assentiu, antes de desviar o olhar para o grande lago ao lado deles, e parou de andar para admirá-lo.

 

 "Nunca vi um caso assim", comentou o mais velho, antes de virar-se para ver o baixinho à bons passos de distância. "Vocês são peculiares", completou abrindo um sorriso tranquilizador, e o mais novo apenas assentiu. "Mas, o que pretende fazer?"

 "Morrer sozinho", respondeu levemente grosseiro, chutando uma pedrinha para longe, vendo-a bater no chão algumas vezes antes de cair no lago.

 "Não diga isso JiHoonie", falou o Yoon, franzindo o cenho. "Você ainda pode falar com o Soon, vocês podem se entender", sugeriu, vendo o outro chutar apenas outra pedra, não parecendo lhe ouvir.

 "Eu não acho certo isso", murmurou, encarando o chão. "Se eu falar pra ele, ele não vai ir atrás do soulmate dele", fez bico, abrindo e fechando os punhos algumas vezes, antes de erguer o olhar para o mais velho.

 "Entendo", disse o mais velho, voltando a encarar o lago. "Essa vida é complicada".

 

 A frase ficara vagando pelo ar, enquanto o baixinho encarava o lago também, imaginando o quão fácil deveria ser a vida de um peixe ali. Eles ao menos não precisavam se preocupar em achar seus soulmates.

 

 "O que você faria hyung?", perguntou JiHoon, levando suas mãos ao bolso.

 "Eu certamente iria me jogar no Soon e mandar se foder o soulmate dele", riu o mais velho ao ver a expressão de espanto que o mais baixo fazia. "O que? Eu não iria perder a chance de ser feliz", riu ainda mais ao ver a careta alheia, e JiHoon sorriu com ele ao final.

 "E por que não fez isso com o Cheol hyung, hein?", questionou, arqueando uma sobrancelha e o vendo rir ainda mais.

 "Situações diferentes Hoonie", explicou, dando de ombros e voltando a focar no horizonte. "Mas Hoonie, eu realmente acho que ao menos devia contar isso a ele", continuou cauteloso, vendo o mais novo se encolher, pensativo.

 

 "Ele melhor do que ninguém tem o direito de saber", falou o Yoon em um tom baixo, depois de um tempo e o mais baixo apenas balançou a cabeça.

 

(•••)

 

Passou-se mais alguns dias, e JiHoon ainda não havia tomado coragem alguma para contar, embora soubesse que era necessário. Tinha medo do que SoonYoung escolheria, e no fundo, sabia que iria chorar caso ele escolhesse ir atrás de seu soulmate.

 Seus olhos já estavam cansados das noites mal dormidas, apenas pensando naquilo.

 Fora um dia enquanto estava voltando para casa com SeungCheol, que seu celular vibrou, e sem pensar muito, atendeu.

 

 "Alô?", falou contra o aparelho, enquanto arrumava a mochila as suas costas.

 "JiHoon-ah?", perguntou a voz familiar do outro lado, e ao forçar um pouco sua mente, o rapaz percebeu que era JunHui.

 "Sim Jun hyung?"

 "Por algum acaso o SoonYoung hyung está com você?", perguntou temeroso, com sua voz causando ruídos na linha.

 "Não? Por que?", ele parou de andar no ato, e o Choi percebeu, virando-se para encará-lo sem entender.

 "Bem, ele ia vir em casa para fazer trabalho, mas, ele não apareceu até agora", sua voz ia abaixando de tom a cada palavra dita, e o Lee sentiu seu coração falhar uma batida.

 "Ele pode estar só atrasado? Você ligou para ele?", questionou o mais novo, querendo pensar positivo enquanto o Choi lhe encarava curioso.

 "Você tem razão, e eu já liguei, mas vou tentar de novo, me desculpe", falou o chinês levemente apressado, e mal deu tempo de reação para o Lee, apenas desligou a ligação.

 

 JiHoon olhou para a tela de seu aparelho, constando a hora e a duração da chamada, antes de guardar no bolso novamente.

 

 "Aconteceu alguma coisa?", perguntou SeungCheol curioso, e JiHoon apenas balançou a cabeça em negação.

 

 Deram mais alguns passos, antes do mais velho querer puxar assunto.

 

 "Sabe JiHoon, faz um tempo que percebi que você está estranho", comentou o mais velho, lançando um breve olhar para ele, e o viu ignorá-lo, o que o fez sorrir. "Você anda afastado de todos, principalmente do SoonYoung, que você nem desgrudava antes", continuou ao perceber que ele não o responderia, e o viu apenas suspirar. "Eu não perguntei antes, mas, como foi o aniversário dele?  Vocês não são soulmates, né?"

 

 JiHoon apenas balançou a cabeça em negação, refletindo se deveria ou não contar para ele o que aconteceu.

 

 "Eu não sou o dele, mas ele é o meu", murmurou apenas alguns minutos depois, que fez o mais velho se exaltar, virando-se para encará-lo.

 "Sério? Nossa, não, quero dizer, que péssimo", falou o mais velho rapidamente, e assim que viu a cara de tristeza de seu amigo, se corrigiu, e passou a mão pela nuca, nervoso. "Mas o SoonYoung sabe disso?"

 

 Balançou a cabeça em negação novamente, e o Choi assentiu, comprimindo os lábios para pensar. Eles estavam chegando a casa de JiHoon, e SeungCheol sentiu que deveria dizer algo.

 

 "Se eu fosse você, eu falaria para ele", disse o mais velho assim que pararam em frente à casa do baixinho. "Eu sei que você não é o dele, mas, acho que ele ficaria feliz em saber sobre isso, sabe?"

 

 JiHoon o olhou por alguns segundos, analisando-o antes de assentir e se despedir com um leve aceno, antes de se dirigir para sua casa pensativo.

 

(•••)

 

Passava-se das onze horas quando seu celular tocou. JiHoon já estava dormindo aquela hora e, se a pessoa não fosse tão insistente, não o teria atendido, mas ele não aguentava mais aquele toque.

 

 "Fala", disse grosso enquanto voltava a se deitar, levando uma mão aos olhos para coçar ali.

 "Ainda bem que atendeu JiHoon, estava ficando preocupado", era a voz de SeungCheol, e ele parecia nervoso.

 "O que que você quer?", questionou sem educação nenhuma, xingando o mais velho mentalmente.

 "Jun ligou pra mim, e falou que SoonYoung não apareceu, e eu liguei pra ele e ele não me atendeu", respondeu rapidamente o Choi, quase se embolando em suas palavras.

 "Mas isso foi de tarde SeungCheol", murmurou irritadiço, virando-se para o lado e almejando dormir.

 "Mas eu liguei na casa dele e ninguém atendeu, nem mesmo agora", continuou o mais velho, parecendo realmente preocupado.

 "Talvez eles estejam dormindo?", retrucou o baixinho, fechando os olhos e sentindo-se sonolento.

 "JiHoon, ele não responde ninguém o dia todo, e está desaparecido, não consigo ligar na casa dele, você realmente acha que ele está apenas dormindo?", questionou o Choi levemente irritado, o que fez o baixinho abrir os olhos raivoso.

 "Ok, ok, estou indo procura ele", respondeu nervoso, se levantando e jogando a coberta para o lado.

 "Eu não falei pra você ir atrás dele", debochou o mais velho rindo, e o Lee revirou os olhos. "Mas o encontre, vou continuar ligando pra ele", e encerrou a ligação.

 

 JiHoon só teve tempo de trocar sua calça e calçar seus tênis, antes de sair correndo para a casa do Kwon.

 

(•••)

 

A casa de SoonYoung estava vazia, e nem seus pais se encontravam, o que era estranho. Franziu o cenho ao ver que havia apenas um bilhete na geladeira, e saiu apressado, querendo saber onde diabos ele estava.

 Percorreu algumas quadras, antes de se dirigir para o mercado, esperando que ele estivesse ali, pois não estava a fim de tentar o parque naquela hora da noite.

 Havia apenas alguns carros estacionados ali, e a porta do mercado estava parcialmente abaixado, apenas com alguns clientes ali, fazendo as últimas compras do dia.

 E SoonYoung realmente estava ali, sentado sobre uma tartaruga, encarando o chão abaixo de si. JiHoon suspirou alto, e se aproximou levemente irritado, mas ao ver a expressão do mais velho ele se conteve, retesando seus ombros.

 

 "Você veio", incrivelmente foi o maior que começou a falar, e o Lee parou há alguns passos de distância, receoso se deveria se aproximar ou não, afinal, era a primeira vez que se falavam desde o seu aniversário.

 

 O mais novo não disse nada, apenas levou suas mãos às costas, pensando no que deveria dizer naquele instante. As palavras de JeongHan e SeungCheol ecoaram em sua mente, mas ele não se sentia pronto para dizer.

 Não queria criar falsas esperanças para si.

 

 "Engraçado como tudo começou aqui, e termina aqui", continuou o Kwon, quebrando o silêncio deles. 

 "Como você soube que eu ia vir?", questionou o baixinho, analisando o rapaz a sua frente.

 "SeungCheol hyung disse", respondeu ele, erguendo o rosto. "Ele disse que você queria falar comigo", completou, vendo a expressão do Lee se alterar.

 

 JiHoon xingou o Choi mentalmente, que havia armado para ele, e mordeu o lábio inferior, antes de se agachar a frente do mais velho, soltando outro suspiro alto.

 Por onde começar?

 

 "Eu não sou seu soulmate, né?", perguntou o mais alto com a voz baixa, sabendo que, se ele não começasse, JiHoon nada diria.

 

 O Lee o encarou, e vendo-o sustentar o olhar o fez querer chorar, porque realmente não sabia o que dizer.

 

 "Na verdade, você é", murmurou ele, levando as mãos ao rosto, tentando impedir suas lágrimas.

 "JiHoon?", chamou o mais velho, se ajoelhando a sua frente e puxando suas mãos, mostrando suas lágrimas quentes que escorriam sem parar. "Por que está chorando? Isso é ótimo!"

 

 SoonYoung sorriu, e passou as suas mangas pelas bochechas alheias, secando suas lágrimas.

 

 "Mas eu não sou o seu soulmate, seu idiota", sussurrou JiHoon, fungando, antes de segurar as mãos dele.

 "E qual o problema?", questionou ele, franzindo o cenho.

 "Como assim qual o problema SoonYoung? Eu não sou seu soulmate, o seu soulmate deve estar vagando por aí, procurando por você!", disse levemente exaltado, com sua voz mudando de tom a todo instante.

 "Mas eu estou bem aqui, e não quero ele", respondeu SoonYoung, desvencilhando-se das mãos alheias para segurá-las. "Eu quero você", completou se aproximando mais dele e pressionando seus lábios contra os alheios, demorando um tempo ali, antes de se afastar.

 "Mas isso é tão errado", sussurrou o baixinho, sentindo seu coração acelerar. "Logo você que falava de encontrar seu soulmate todos os dias, está desistindo dele por alguém que nunca irá ser sua alma gêmea?", perguntou, vendo-o abrir um sorriso gentil. "Logo eu que nunca liguei pra isso e disse pra você que era besteira…"

 

 SoonYoung riu, passando a mão por suas bochechas, antes de depositar um beijo suave em seus lábios.

 

 "Eu não me importo, acho que esse negócio de soulmates é furado, porque eu amo você", sorriu ao terminar de falar, e segurou novamente em suas mãos, vendo-o balançar a cabeça em negação.

 "Você está mentindo", murmurou o Lee manhoso, porém apertou suas mãos, sentindo seu coração se confortar com aquele ato. Sentiu tanta falta de segurar aquelas mãos. "E você sabe que não pode amar outra pessoa que não seja seu soulmate".

 

 O Kwon fez bico, e lhe deu um leve empurrão em seu ombro.

 

 "Por que você dúvida do que eu falo? Aigoo", reclamou, batendo nas próprias pernas em indignação.

 "Porque são fatos SoonYoung, você não pode mudá-los", respondeu ele, desviando o olhar.

 "Mas eu amo você", ele ficou subitamente sério, encarando o mais novo com convicção, e JiHoon suspirou, vendo que não havia como ganhar naquela discussão, embora estivesse feliz em ouvir aquelas palavras.

 

 SoonYoung o puxou, e o abraçou com certa força, logo tendo seu abraço retribuído, embora ainda fosse receoso.

 

 "SoonYoung…", sussurrou JiHoon, enquanto envolvia-o mais em seu abraço. "Pelo menos prometa para mim que, se um dia achar o seu soulmate, que você vai atrás dele sem pensar em mim", pediu, embora sentisse seu coração se apertar com as palavras.

 

 Daquela vez o Kwon não respondeu.

 

(•••)

 

Os dias se passaram, e tudo pareceu voltar ao normal, como deveria ser. Eles voltaram a se encontrar todos os dias, a passar todo o tempo que tinham disponível juntos, e mesmo que ainda houvesse uma pontinha de insegurança no Lee, ele se esquecia completamente em poucos segundos.

 De fato, um dia SoonYoung encontrou seu soulmate, foi em uma cafeteira, enquanto iria se encontrar com JiHoon para estudarem para as provas finais.

 Era o último ano do colégio, e o Kwon estava quase se acostumando com sua vida sem cores algumas.

 Ele encarou a pessoa, e ela lhe encarou por breves segundos, mas fora embora assim que seu pedido chegou.

 SoonYoung sentiu suas mãos formigarem, e quis ir atrás, a conhecer, entretanto, ele tinha JiHoon.

 Viu a pessoa sumir pela vitrine da loja, e pensou que, provavelmente nunca mais a veria, e perderia a chance de conhecer seu real soulmate.

 Mas isso não importava, ele tinha o seu fake-soulmate.

 Sorriu com o pensamento bobo, enquanto pegava o seu pedido no balcão, e com cuidado administrou seus braços para levá-los até a mesa, se sentando ao lado de seu namorado, e lhe entregando sua caneca de café puro.

 Beijou sua bochecha carinhosamente, reparando que a cor de sua caneca era a mesma da cor do cabelo de JiHoon, e sorriu.

 Talvez o mundo desse sinais de que ele era certo para si, apenas JiHoon não entendia aquilo.

 

(•••)

 

Mais alguns meses se passaram, e de alguma forma eles estavam ali, naquela cama, se encarando intensamente. Era o último teste.

 Não que aos quinze anos não se descobrisse seu soulmate, mas apenas na primeira vez em que dormissem juntos eles poderiam ver as cores.

 Todas.

 E claro, era a última tentativa, pois se nem daquela forma SoonYoung visse as cores, não haveria jeito. Embora o Kwon não demonstrasse vontade alguma de deixar o Lee.

 JiHoon era contrário a ideia, e tinha medo do que aconteceria no dia seguinte, quando acordassem e ele provavelmente fosse enxergar tudo como deve ser, e o mais velho iria permanecer no cinza.

 Por isso demorou um pouco para corresponder aos beijos do Kwon, e após muita insistência e muitas cócegas nas laterais de seu corpo, ele se permitiu aproveitar, por mais que no final fosse doloroso.

 Eles se beijaram com paixão, deixando suas mãos conduzirem os vários ritmos dos dois, e no final adormeceram extremamente exaustos.

 

(•••)

 

SoonYoung se remexeu aos pouquinhos, e assim que sentiu aquele corpo quentinho ao seu lado, o abraçou, abrindo seus olhos minimamente, vendo aquele tom róseo tão adorável.

 Sua mente demorou para processar e juntar as informações da noite anterior, e apenas quando passou os olhos pelo quarto, fora inundado de cores nunca antes vistas que o fizeram prender a respiração.

 Eram tantos tons, tanta vida, que ele se emocionou por dentro, e começou a balançar o corpo frágil do menor, querendo compartilhar aquela experiência.

 JiHoon resmungou um pouco, sentindo-se levemente dolorido, e rolou para o lado oposto, fazendo o mais velho rir.

 O Kwon se apoiou em um braço, antes de se aproximar beijado o ombro desnudo do rapaz, e começando uma trilha suave até seu pescoço, onde deixou beijos mais calorosos, até subir ao pé de sua orelha.

 

 "Acorde JiHoonie", sussurrou manhoso, usando a mão livre para tocar na cintura alheia, fazendo um leve carinho ali e aspirado seu cheiro. "Vamos Hoonie, você tem que ver", pediu, voltando a beijar seu pescoço.

 "Não", manhou o mais novo, encolhendo-se e apertando o lençol abaixo de si. Ainda não estava raciocinando direito, mas quando as lembranças do dia anterior vieram a tona, ele abriu os olhos e se virou em direção ao seu namorado, totalmente assustado. "SoonYoung! Você-", suas palavras morreram assim que viu o sorriso brilhante do outro.

 

 Só então ele percebeu que estava vendo as cores, e ele deixou uma exclamação escapar de seus lábios, rodando os olhos pelo quarto para ver aqueles tons nunca antes vistos.

 

 "Nossa", deixou escapar, antes de sentir os braços do mais velho lhe envolverem em um abraço quente.

 

 JiHoon subitamente se lembrou da condição do Kwon, e o encarou, perguntando-se o que ele está vendo.

 

 "Eu estou vendo também JiHoonie", respondeu ele, como se lesse os seus pensamentos.

 

 O mais novo abriu os lábios sem entender, antes de sentir seu coração se encher de alegria, e lágrimas brotaram de seus olhos, caindo tão rápido e imperceptíveis que o menor não se deu ao trabalho de secar.

 

 "Mas como?", questionou ele incrédulo, sentindo um alívio domar seu coração, e o abraçando de volta com força.

 "Eu não estava brincando quando disse que te amo", retrucou SoonYoung, abrindo um sorriso e vendo-o se afastar para se encararem. "Só você que não acreditou em mim", murmurou com um bico, e JiHoon não resistiu a ele.

 

 Segurou seu rosto de bochechas fartas e o beijou com carinho, amor, tudo em uma mistura só, e foi correspondido da mesma forma.

 Eles riram durante o beijo, e se separaram após longos e demorados outros, ficando apenas deitados, aproveitando a companhia um do outro.

 

 "Mas, isso ainda é estranho SoonYoung", murmurou JiHoon após um tempo, enquanto seu rosto estava contra o peito do mais velho.

 "O que?", não que precisasse perguntar, mas o Kwon não gostava de ficar sem responder.

 "Você se apaixonar e ver as cores e tudo mais", respondeu o Lee, fazendo um bico fofo e franzindo o cenho. "Isso deveria ser impossível".

 "Eu acho que mudei meu destino", retrucou brincalhão, abrindo um sorriso, e beijando sua cabeça. "Isso já não basta?"

 "Mas e o seu soulmate? Ele vai ficar sozinho?", questionou o baixinho, ainda pensativo.

 "Talvez ela apenas tenha se apaixonado por outra pessoa", respondeu dando de ombros e se lembrando da vez em que a vira.

 "Ela?", perguntou curioso, apoiando-se em seus braços para encará-lo. SoonYoung engoliu a seco, e apenas sorriu, disfarçando seu nervosismo daquela forma. "Você encontrou seu soulmate?"

 

 O Kwon desviou o olhar, mordendo o lábio inferior, sabendo que não poderia mentir para seu namorado.

 

 "Há alguns meses eu encontrei", murmurou fazendo bico e com a voz fraca, esperando não receber um soco ou algo do tipo.

 "Quando? Onde? Você falou com ela?", perguntou curioso, sentindo seu coração se apertar.

 "Naquele dia que fomos estudar para as provas finais na cafeteria, na hora que fui pegar os cafés", respondeu, e o Lee forçou sua memória, até lembre-se do dia, mas não viu nada de diferente ali.

 "Mas… vocês se falaram?", perguntou cauteloso o mais novo, vendo o outro sorrir.

 "Na verdade, não", respondeu, levando uma mão até o rosto alheio, tocando em sua bochecha com carinho. "Nós nos olhamos, mas ela parece não ter visto nada em mim, e saiu da loja", disse simples, dando de ombros.

 "O que? Como assim? Isso não parece certo!", protestou JiHoon, enquanto o mais velho brincava com o seu cabelo. "E você não foi atrás? Você prometeu!"

 "Bem, eu pensei em ir, mas aí me lembrei de você e eu pensei que não precisava dela pra ser feliz", retrucou, vendo o mais novo arregalar os olhos e corar levemente. "E eu não prometi, você tirou suas próprias conclusões do meu silêncio", falou abrindo um sorriso travesso, e recebeu um tapa no peito.

 "Você é um idiota", murmurou tímido o mais novo, se aproximando dele e fazendo um bico fofo. "E eu amo você", sussurrou envergonhado, e os olhos do mais velho se arregalaram de uma forma nunca vista.

 Fora a primeira vez que ele dissera ao outro como se sentia, e SoonYoung se sentiu explodir de felicidade por dentro.

 Abraçou-o com força, beijando seus lábios doces e tentando transmitir todos os seus sentimentos por meio deste.

 Querendo compartilhar todas as cores com o outro.

 

(•••)


Notas Finais


Como eu amo esse otp, gente ;;
Espero que tenham gostado, e que não tenha ficado algum erro ;; Me deu preguiça de ficar relendo, então, me desculpem ;;
Espero que não tenha decepcionado ninguém ;;

E sim, foi inspirada em uma gringa, e sim, está bem parecida porque era o mesmo shipp, e com esse tema é difícil variar um pouco, mas deixo claro que é a minha versão desse Au!, por isso, me desculpem se incomodar alguém, não foi minha intenção e a original é linda, leiam se puderem em inglês ~

Obrigada a todos que leram~


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