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História Corredores do medo - Capítulo Único


Escrita por: Duck6661

Notas do Autor


Heeeeeey~!

Meu primeiro concurso e eu estou realmente muito ansiosa UAAUHAUAH C:

Não tenho muito o que dizer aqui... Só agradecer a @Kaizinho por ter feito essa capa maravilinda <3 Obrigadão! UHAUAHAU <333

Acho que era só isso, então...

Tenham uma boa leitura! C:

Capítulo 1 - Capítulo Único


 

 

—Você não me parece animado. –minha atenção foi chamada e assim desviei meu olhar da janela, me ajeitando melhor naquele banco e fitei Jongin ao meu lado, completamente concentrado na estrada. –Quer voltar para casa? –abaixei minha cabeça e fitei minhas mãos, me sentindo incomodado em ver aqueles machucados que sempre apareciam, mesmo sem eu ter feito nada.

—Não... Eu estou bem. –respondi, o olhando de soslaio. –Jongin... Falta muito? –perguntei e ele me olhou brevemente, sorrindo.

—Não, meu amor. Estamos quase lá. –respondeu e eu lhe sorri, me sentindo um pouco melhor.

Mas mesmo assim tudo parecia estranho. Digo... Eu adorava viajar, era algo que eu sempre fazia com meus pais nos fins de semana quando íamos visitar o vovô em seu sitio. Só que...

Aquela noite não estava me agradando. Não tanto. Não como nas outras viagens que meu namorado e eu fazíamos.

 

Eu só queria entender isso.

 

—Se quiser dormir... –novamente minha atenção foi chamada e eu lhe fitei, negando com a cabeça e ele assentiu. –Está com medo da rua escura? –riu baixo e eu sorri fraco, negando com a cabeça.

—Eu gosto do escuro, me sinto protegido quando tudo está apagado. –respondi e ele olhou-me por ainda alguns segundos, logo voltando a se concentrar na estrada.

Mordi o lábio e olhei para frente, me assustando quando ouvi um barulho alto vindo do motor.

 Jongin foi parando o carro aos poucos no acostamento e isso realmente me deixou assustado, afinal estávamos no meio da estrada e já era de noite.

Mais precisamente onze horas da noite.

—J-Jongin... –chamei-o e ele tinha uma expressão preocupada, fitando o capô. –O que foi isso?

—Acho que o nosso motor fundiu. –respondeu e isso me fez engolir a seco. –Eu vou ver se posso resolver. –falou, mas antes que saísse eu o impedi, segurando seu braço.

—Não... Pode ser perigoso. –sussurrei e ele franziu o cenho. –Aish... Eu vou com você!

—Não é necessário, Soo. –me contrariou e eu o fitei de forma séria, coisa que o fez suspirar. –Tudo bem, vamos. –assenti e rapidamente destranquei a porta, descendo do carro.

Caminhei até a frente do mesmo e minhas vistas doeram por causa do farol ligado, tentei não olhar muito para eles e observei Jongin se aproximar, parando ao meu lado.

Ele abriu o capô e havia fumaça ali, o que nos mostrava que era algo bem sério o que havia acontecido e isso me deixou ainda mais amedrontado.

 

Não poderíamos ficar no meio da estrada, seria muito perigoso.

 

—O-O que vamos fazer? –perguntei, segurando seu braço e sua expressão não muito agradável piorou tudo. –Nini...

—Vamos procurar algum lugar para ficarmos, ok? –me cortou e eu assenti, abaixando a cabeça. –Deve ter algum motel de beira de estrada por perto. –é, deveria ter sim. –Pegue o necessário no carro, ok?

—Ok. –respondi, mesmo que aquilo não me soasse uma idéia boa.

Afastei-me dele e fui até a lateral do carro, abrindo a porta do banco de trás e assim peguei minha mochila e em seguida a dele, escutando um som abafado quando as tirei dali. Franzi o cenho e as deixei no chão, logo buscando meu celular no bolso de minha jeans e liguei a tela, direcionando para o interior do veículo e meus olhos se arregalaram ao ver uma faca de pequeno porte no chão estofado do automóvel.

Engoli a seco e olhei de relance para frente e Jongin parecia estar ainda em função do motor, completamente distraído. Peguei aquele utensílio e o coloquei dentro de minha mochila, logo a colocando em meus ombros e notei que os machucados em minhas mãos não estavam mais ali, como se tivessem se curado de repente.

Balancei a cabeça e fechei aquela porta pegando a mochila de Jongin, logo me aproximando dele que ainda olhava o motor, mas rapidamente me fitou, sorrindo fraco.

—Vou trancá-lo. –assenti e ele se direcionou para o lado do motorista e eu olhei em volta, tentando encontrar qualquer luz que fosse, mas nem carro estava passando.

 

Aquilo me pareceu ser uma estrada deserta.

 

As luzes do farol se desligaram e a escuridão tomou conta de todo o lugar já que não tinha tantos postes assim e a vegetação era um tanto fechada. Novamente liguei a tela de meu celular e me assustei ao ver Jongin parado a minha frente, olhando em meu rosto.

—Que susto! –falei e ele riu baixo, pegando sua bolsa e a colocou sobre um dos ombros e em seguida segurou minha mão, entrelaçando nossos dedos.

—Você tem bastante bateria, não é? –perguntou e eu verifiquei a tela, vendo que tinha 53%. –Hm... Acho que dará para usá-lo como lanterna. Venha. –me puxou e assim começamos a caminhar, mesmo que não tivéssemos uma direção certa para encontrar algum lugar em que pudéssemos passar a noite.

Eu apenas esperava que aquilo não acabasse de uma forma ruim.

 

•••

 

Já havíamos caminhado por cerca de meia hora e parecia que nem sequer tínhamos saído do lugar já que a escuridão nos perseguia. Segurava firmemente a mão de meu namorado e isso me fazia sentir-me protegido, mesmo que o medo de que algo pudesse acontecer me perseguisse.

 

“Calma, Kyungsoo. Logo irá amanhecer e vocês estarão em segurança.” –era o que eu me obrigava a pensar, só que, a cada passo que dávamos, um sentimento de angústia me tomava de forma descomunal. Era algo forte que se eu não controlasse, poderia me fazer chorar.

 

Mas eu não queria chorar.

Eu odiava chorar.

E também não queria preocupar Jongin.

 

—Kyungsoo... –ele falou baixo e assim o olhei, direcionando um pouco a luz de meu celular para nós e ele tinha uma expressão um tanto nervosa. –Acho melhor voltarmos para o carro. –ele sussurrou e eu franzi o cenho.

—Por quê? –perguntei e ele olhou-me. –Não está se sentindo bem?

—Estou bem... Só que essa escuridão... Está começando a me assustar. –desviou o olhar e eu fiz um bico.

—Já te disse um monte de vezes que não é preciso ter medo do escuro. –falei e ele me fitou dessa vez de uma forma completamente diferente.

 

Como se estivesse com muito medo.

Muito medo mesmo.

 

—Não tenho medo do escuro, tenho medo do que se esconde nele. –foi minha vez de desviar o olhar.

—Não me assuste... –pedi baixinho e de repente Jongin parou de caminhar, o que me fez ficar ainda mais assustado. –Por favor, não me assuste. –lhe olhei, sentindo meus olhos marejarem.

—Tem uma luz lá. –ele murmurou, apontando para o meio do campo que cercava a estrada e assim segui com o olhar aquela mesma direção, arregalando os olhos ao ver mesmo uma luz. –Deve ser um hotel!

—Sim! Vamos logo! –segurei sua mão com força e o puxei, logo entrando naquilo que parecia ser um bosque.

Fomos o mais rápido que conseguimos, mas mesmo assim parece que todo o nosso trajeto levou uma eternidade. Como se cada passo que déssemos em direção aquela luz, mais ela se afastasse.

Mas no final, conseguimos chegar. Mas não era um hotel como pensávamos, mas sim um hospital já que a placa enorme em frente à fachada não estaria mentindo e isso me fez ficar me perguntando: porque diabos existe um hospital no meio do nada?!

 

Não havia motivo!

 

—N-Não estou gostando disso, Jongin... –disse quando estávamos parados em frente à entrada, que tinha uma grande porta de madeira. –V-Vamos voltar para a estrada. –o empurrei para que nos afastássemos dali, só que fui segurado por ele, me deixando parado no mesmo lugar. –Jongin!

—Vamos ver se alguém pode nos ajudar! –falou, subindo os três degraus que nos distanciavam da varanda que deveria cobrir toda a volta do prédio. –Podemos telefonar para o guincho. –me olhou por cima do ombro e eu neguei, abaixando a cabeça. –Soo! Vamos entrar!

—Não acho que seja adequado. Isso parece estar abandonado. –resmunguei, olhando o gramado um tanto seco.

—Eu vou entrar, se quiser pode ficar aí. –ele disse e com isso ouvi um som alto quando a porta foi aberta e o ranger foi ensurdecedor.

Ergui meu olhar e vi Jongin entrando no prédio e em seguida fitei a única luz acesa, que ficava em um suporte bem em frente à porta. Fiquei encarando aquela luz forte até sentir meus olhos doerem e assim os fechei, esfregando-os. Quando voltei a abri-los, a luz havia se apagado e tudo estava um breu, o que me deixou completamente assustado e rapidamente liguei a luz de meu celular, me sentindo aliviado ao me ver sozinho ali.

 

Até claro, ouvir um ruído vindo de trás de mim.

 

Com muito custo, olhei por cima de meu ombro e direcionei a luz, não encontrando nada e assim suspirei aliviado. Me voltei para a porta e senti que meu coração pararia de bater apenas pelo susto ao ver Jongin parado a poucos centímetros de mim, me olhando fixamente.

—Aigoo! –acertei seu ombro e respirei fundo, sentindo até mesmo minhas pernas estarem bambas. –Não me assuste mais, por favor! –pedi e o abracei, escondendo meu rosto contra seu pescoço.

—Você está se assustando muito, Kyungsoo. –meu namorado disse, segurando de forma delicada minha cintura. –Vamos entrar, meu pequeno, lá está mais quente. –beijou minha testa e segurou meu pulso, me puxando para segui-lo.

E assim eu fui.

Porque eu não tinha muitas escolhas...

E quando entrei naquele lugar, um arrepio passou por todo o meu corpo, coisa que me fez segurar firmemente o braço de Jongin que apenas me sorriu e envolveu meus ombros, me protegendo do que quer que fosse acontecer.

Seguimos caminhando pelo corredor de início daquele hospital e aquilo só podia ser abandonado já que estava tudo empoeirado e com as paredes descascando. Sem falar das teias de aranha...

Não haveria como nos comunicarmos com algum guincho! Ali nem sequer deveria ter um telefone!

—Vamos embora, Jongin. –pedi, parando de acompanhá-lo e ele suspirou, parecendo cansado. –Não é certo estarmos aqui e não vamos conseguir ajuda! Esse lugar está abandonado! Você não vê?! –já estava começando a ficar nervoso com aquilo tudo.

Ele parecia estar querendo me arrastar para dentro daquele lugar, ele parecia querer fazer algo contra mim.

E isso tudo me fez lembrar-me da faca que caiu de sua mochila.

Aquilo... Aquilo era uma emboscada?! Ele queria me machucar?!

—J-Jongin... –falei trêmulo, o fitando de um jeito assustado. –V-Vamos embora, por favor. –pedi e ele negou com a cabeça, segurando meu pulso com força. –Jongin!

—Me obedeça, Kyungsoo. –sua voz soou de um jeito frio e aquilo foi a resposta para tudo.

 

Ele queria me machucar. Jongin queria me machucar ali dentro!

 

—Não! –puxei meu braço e me afastei de si, correndo de volta para a entrada daquele hospital abandonado e liguei a luz de meu celular para que pudesse enxergar, já que ali dentro era tão escuro quanto a rua.

Segui para onde deveria estar a porta, mas tudo que vi era uma parede. Mas eu tinha certeza que era ali que a porta ficava! Olhei para trás para me certificar de que estava no lugar certo e vi Jongin vindo em minha direção, me olhando como se sentisse raiva de mim.

—Me deixa em paz! –gritei completamente apavorado, olhando para os lados, tentando encontrar uma forma de escapar e foi assim que encontrei uma escada.

Voltei a olhar para o homem que eu julgava ser meu namorado e ele estava próximo, parecendo carregar alguma coisa em uma das mãos. Se eu não fosse rápido, ele me machucaria.

 

E eu não queria ser machucado.

Não mais!

 

Corri, com toda a minha força, em direção a escada e a subi, tropeçando em alguns degraus, mas nunca parando.

 

Porque se parasse eu poderia perder a minha vida!

 

Cheguei ao segundo andar daquele hospital e olhei para os dois lados que haviam e em seguida para a escada, sentindo meu coração acelerar quando vi Jongin começar a subi-la.

Eu não podia perder tempo!

Corri para a esquerda, sem olhar para trás e eu não sabia se era bom aquele corredor ser longo ou se achava ruim. O que me importava era me afastar o máximo do homem que eu julguei me amar da mesma forma como eu o amava.

Quando o corredor terminou, ele tinha também dois caminhos, um para cada lado e quando estava prestes a optar por um deles, o visor de meu celular se apagou. Com o susto, quase o deixei cair e rapidamente liguei a tela, fitando-a e senti meu medo aumentar.

 

Eu tinha 25% de bateria.

 

Fui desperto com um som vindo de trás e não me importei em olhar, apenas segui para qualquer lado e tentei ser rápido, para que Jongin não pudesse enxergar a luz.

 

Para que ele não pudesse me encontrar.

 

E a cada passo que eu dava por aquele lugar, era como se eu já tivesse passado antes, porque tudo era igual. Todas as portas, todas as janelas e os lustres. Todos eram iguais!

Mas então, quando dobrei em mais um corredor, meu coração falhou uma batida.

A escada estava ali, significando que...

 

Eu estava andando em círculos.

 

—Mas que droga! –grunhi, sentindo meus olhos voltarem a marejar.

 

Eu não tinha saída.

Eu estava preso.

 

—Não acho que conseguirá fugir por muito tempo. –ouvi uma voz próxima de mim e olhei ao meu redor, gritando completamente apavorado quando notei Jongin parado a alguns metros de onde eu estava. –Soo, não dificulte as coisas. Seja bonzinho. –começou a se aproximar e eu fixei a luz de meu celular nele, tremulando ao ver o que parecia uma seringa em sua mão. –Venha, Soo... –sorriu.

 

Sorriu do mesmo jeito que ele me sorria.

 

Mas... Aquele sorriso se tornou tão frio de repente, como se não mostrasse os sentimentos que ele antes dizia ter por mim.

 

—Isso, fique calmo. –sua voz estava mais próxima e então eu despertei.

 

Eu tinha que fugir!

 

Corri novamente, por aquele corredor, ignorando a escada e indo pelo caminho que eu não havia tomado. Talvez lá eu tivesse como fugir.

 

Talvez...

 

Fui o mais rápido que pude, não me importando quando o ar foi se tornando rarefeito em meus pulmões e nem quando minhas pernas começaram a cansar.

 

Eu tinha que continuar caso eu quisesse viver.

 

Eu tinha!

 

Eu preciso correr!

 

Mas quando o caminhou se findou, foi como se tudo que eu tivesse feito tivesse ido em vão. Porque naquele lado, não havia nada além de mais portas e nenhuma saída.

E se... A minha saída fosse me esconder em alguma daquelas salas?! E se eu tivesse que apenas ficar quieto, no escuro, esperando que amanhecesse e que o sol iluminasse o caminho para o qual eu pudesse ir?

 

Porque no escuro eu me sinto protegido...

 

—Acho que acabou, meu pequeno. –ouvi a voz ecoando por toda aquela extensão do hospital e assim desliguei o visor de meu celular, rapidamente seguindo para qualquer uma daquelas portas. –Não dificulte mais as coisas, será muito mais difícil no final.

Não lhe dei ouvidos e me sobressaltei quando consegui encontrar a maçaneta de uma das portas, a forçando para abri-la e consegui.

Entrei naquele quarto, rapidamente fechando a porta e cuidadosamente caminhei para longe dela, indo em direção a uma das janelas protegidas por grades. Espiei a rua e tudo continuava escuro, a lua não conseguia fazer seu trabalho de iluminar, nem que fosse precariamente a rua.

 

Mas eu não podia me importar.

Afinal...

No escuro eu me sinto protegido...

 

—Onde será que o meu pequeno se escondeu, huh? –ouvi a voz em tom zombeteiro de Jongin e assim me agachei próximo àquela janela, apertando meus olhos. –Quer brincar de esconde-esconde? –a voz pareceu mais próxima e assim me encolhi ainda mais. –Esqueceu que eu posso te encontrar fácil, fácil?

 

Ele não pode me encontrar, ele não pode me encontrar, ele não pode me encontrar...”

Pensei seguidas vezes, tentando me manter calmo para que eu não fizesse barulho algum.

 

E então aquele silêncio assustador continuou, o que me deixava ainda mais nervoso e me perguntando se ele estava ou não ainda lá fora, me esperando.

 

Porque eu não podia ficar ali para sempre. Eu tinha que encontrar uma saída.

 

E foi aí que lembrei que ainda estava com minha mochila em minhas costas e que nela estava a faca que eu havia encontrado em sua bolsa quando deixamos seu carro na estrada.

 

Era aquilo que me salvaria!

 

Delicadamente e de forma silenciosa, retirei a mochila de meus ombros e a coloquei a minha frente. Apalpei-a em busca do zíper e não demorei a encontrá-lo. Só que... Se eu abrisse o som chamaria a atenção de Jongin e assim ele me encontraria.

 

Ele não podia ouvir!

 

Então de forma lenta, fui abrindo aos poucos, o mínimo que fosse para que minha mão entrasse e quando isso aconteceu, logo busquei aquele objeto, não demorando a raspar meus dedos nele e senti minha pele arder.

 

Mas eu não podia reclamar ou chorar, mesmo que aquela ardência fosse insuportável!

 

Puxei a faca aos poucos, mordendo o lábio na tentativa de controlar o choro e segurei-a pelo cabo, rapidamente me levantando do chão.

Com passos trêmulos, me dirigi até onde achava estar a porta e quando cheguei a parede, a espalmei, procurando a saída que não demorei em encontrar.

Abri a porta de forma silenciosa e saí, sentindo meu coração bater com força e então levei a mão que tinha meu celular até próximo de meu rosto e em seguida apertei a faca em minha outra mão.

Me preparei e liguei o display, virando-me para todos os lados na procura daquele que me caçava, mas ninguém estava ali.

 

Só estava eu naquele corredor.

Solucei e permiti que as lágrimas que insistiam em querer sair fossem liberadas.

O medo, a dor e a insegurança me tomavam de uma forma descomunal.

 

Olhei para minha mão machucada e dois de meus dedos estavam cortados, não tão profundamente, mas mesmo assim de um jeito que doía.

Mas eu não podia me focar naquilo quando se tinha um louco atrás de mim, querendo me matar!

Não me importei em pegar minha mochila e assim segui por aquele corredor, mesmo que a cada passo que eu desse o medo de vê-lo a poucos metros de mim me assombrasse. Eu tinha que ser forte! Tinha que me manter focado para que chegasse até ao primeiro andar e encontrasse a saída daquele lugar assustador!

Após alguns minutos de caminhada, encontrei a escada e antes que eu a descesse, olhei bem ao meu redor e ao redor do primeiro andar, me sentindo um tanto aliviado por estar tudo limpo.

Desci degrau por degrau, apertando com força a faca em minha mão, não importando se meus cortes doessem. Cheguei ao térreo e respirei fundo, olhando tanto para os lados quanto para cima, só seguindo quando me senti seguro.

Fui para o lado onde eu julgava estar à saída e, como da ultima vez, só existia uma parede. Mas... Eu tinha certeza que era ali a saída! Só podia ser! O centro de tudo era ali!

 

Kyungsoo... –ouvi meu nome ser chamado de forma cantarolada.

 

Vinha de algum canto do andar de cima e então eu rapidamente corri pelo térreo, olhando para os lados na busca de uma porta diferente das demais para que fosse a saída, mas todas pelas quais eu passava eram iguais.

 

Todas!

 

Aquilo não fazia sentido algum! Deveria de existir alguma saída!

 

Estava tão distraído que nem olhava por onde eu andava e com isso eu tropecei, mas não cheguei a cair. Virei-me rapidamente para trás e foi inevitável não gritar.

 

Porque eu havia tropeçado em um corpo.

 

Um corpo de um homem, completamente ensanguentado e com vários furos nas roupas, por onde o sangue saía. Se existia um corpo ali significava que Jongin havia...

 

Kyungsoo... Acho que já sei onde você está meu pequeno... –novamente aquela voz, mas agora vindo de um outro lugar, me fez entrar em pânico.

 

Eu não poderia ficar parado, porque senão eu ficaria igual aquele homem!

 

Me virei e paralisei ao ver mais um corpo caído, há alguns metros dali e aos poucos, a minha esperança de fugir e sair vivo dali ia se esvaindo.

 

Eu não queria morrer.

Eu não queria ser assassinado.

Não pelo homem que eu amo.

Não por Jongin.

 

Soo... Estou ficando quente, não é? –engoli a seco, porque aquela voz estava ainda mais próxima de mim.

 

Tratei de ignorar aqueles corpos sem vida e corri, mais uma vez, em busca de uma forma de escapar daquele maluco, mas não havia saída.

 

Havia apenas mais uma parede.

Sem nenhum outro caminho.

Um verdadeiro beco fechado.

 

—Agora você não me escapa! –ouvi a voz de Jongin mais próxima e tratei de entrar em qualquer uma daquelas salas, desligando a luz do visor de meu celular e me escondi entre algumas prateleiras que havia ali.

O silêncio mais uma vez tomou conta de todo aquele hospital e eu podia ouvir meus batimentos cardíacos descompassados pelo terror de tudo que já havia acontecido.

 

E de repente senti minhas mãos mais pegajosas, como se houvesse mais sangue saindo de meus cortes.

Mas eles não doíam mais, o que era estranho.

 

Ouvi um pequeno bip vindo de dentro daquela sala e isso me fez franzir o cenho.

Eu queria saber que som havia sido aquele, mas eu tinha medo de ligar o visor de meu celular e ser Jongin, pronto para acabar com a minha vida.

 

Mas... Eu sempre fui curioso.

Sempre...

 

Liguei o visor e olhei em volta, achando estranho aquela sala estar toda mobilhada e bem mais cuidada que o resto do hospital, como se... Como se aquele cômodo tivesse sobrevivido a todos os anos de abandono.

Observei detalhadamente as estantes e a mesa completamente arrumada e então notei que próximo a porta existia um interruptor. Olhei para o teto e ali tinha um lustre, bem cuidado e bastante delicado.

 

Que estranho...

 

Mesmo que aquilo fosse provavelmente chamar a atenção de Jongin, fui até aquele interruptor e o liguei, rapidamente fechando meus olhos pelo brilho forte, completamente diferente da luz de meu celular.

Encarei todo aquele lugar, que parecia ser o consultório de algum medico e franzi o cenho, me sentindo completamente perdido ali.

 

Aquilo não deveria existir.

Não devia!

 

—Que estranho... –murmurei a mim mesmo, fazendo a volta naquela mesa e me sentei na cadeira estofada, encarando tudo que estava ali em cima. –Aish... O que será que está acontecendo? –larguei meu celular sobre a mesa e a faca no chão, rapidamente pegando as folhas e pastas que estavam em cima do tampo amadeirado, mas minha atenção foi tomada para minhas juntas.

Elas estavam machucadas, novamente.

Como se eu tivesse socado algo muito duro e tivesse me machucado.

 

Mas... Eu não soquei nada...

 

—Eu não estou conseguindo entender... –murmurei e balancei minha cabeça, tentando focar-me naquelas pastas e abri a que estava em cima de todas, sentindo como se alguém tivesse socado meu estomago.

 

Por que... Aquilo era um prontuário.

Um prontuário que tinha o meu nome e a minha foto.

Mas porque aquilo estava ali?! Por quê?!

Isso não faz sentido!

 

Já o encontraram? –ouvi uma voz vinda do corredor, mas não era a voz de Jongin, era de uma mulher.

Ainda não, mas ele certamente ainda está nas dependências do prédio. Chame reforços! –também era outra voz, mas de um homem que parecia já ser de idade.

 

Tinha mais pessoas ali?! Mas... Como?! Esse lugar estava abandonado!

Aquilo tudo era tão confuso que senti uma pontada em minha cabeça, não tão forte, mas ainda assim incomodativa.

Eu precisava de respostas!

 

Balancei minha cabeça mais uma vez e foquei meus olhos no prontuário ainda em minhas mãos, logo tratando de começar a lê-lo.

 

Paciente: Do Kyungsoo            Idade: 22                Distúrbio a ser tratado: esquizofrenia

Filiação: falecidos                               Data de internação: 20/11/2010

 

Descrição do paciente: Do Kyungsoo foi encontrado no dia 15 de novembro de 2010 nas imediações do sitio de seu pai, localizada na área rural de Seul. A princípio, o adolescente estava desorientado e dizendo estar sendo perseguido por alguém que havia assassinado seus pais e que estaria agora querendo se livrar de si por ser a única testemunha viva do ocorrido.

Os exames feitos nos corpos já em decomposição de seus pais mostravam as digitais de Kyungsoo, assim como na arma usada para efetuar os crimes, uma enxada. O paciente foi recolhido para prestar depoimento no dia 18 de novembro de 2010 na delegacia regional de Seul e mostrou um comportamento estranho e violento, o que mais tarde veio a ser diagnosticado como esquizofrenia.

O paciente apresenta quadros de extrema lucidez, que de uma hora para outra, é violentamente mudado para quadros de extrema agressividade, sendo somente parado com o uso de calmantes em dosagem altas.

 

Não existe previsão de alta para Do Kyungsoo.

 

Medico responsável: Kim Jongin

 

 

—O-O que? –pisquei meus olhos seguidas vezes, negando com a cabeça. –I-Isso é mentira! –larguei aquela folha e me sobressaltei quando a porta daquela sala foi aberta.

Ergui meu olhar e era Jongin, que estava usando um jaleco branco como se fosse um...

 

Médico?!

Não podia ser!

 

—Kyungsoo, se acalme. –ele falou e eu me levantei, dando passos para trás quando o vi se aproximar. –Seja bonzinho. Sou o eu, o Nini, lembra? –me sorriu e eu levei minhas mãos até o rosto, ou quase as levei.

 

Porque paralisei quando as vi completamente ensaguentadas.

 

—O que ta acontecendo?! –perguntei e ele parou, olhando-me de forma carinhosa. –O que é que ta acontecendo aqui?! –gritei e apertei minhas mãos, sentindo minhas juntas doerem. –Exijo uma explicação!

—E eu vou te explicar, pequeno. –ele falou, forçando um tom calmo para me enganar.

 

Porque eu sabia que ele queria me enganar!

Sabia!

 

Você quer me matar! –gritei, abaixando a cabeça e meus olhos se arregalaram. –Porque eu estou usando essa roupa branca? E porque ela tem sangue?! Me explica, Jongin! Por favor! –pedi e deixei que minhas lágrimas de medo deslizassem por minhas bochechas.

 

Eu me sentia tão confuso...

 

Tão assustado...

 

Tão perdido...

 

—Eu vou te explicar sim, mas preciso que fique calmo, ok? –Jongin perguntou de forma calma e eu assenti, o assistindo se aproximar. –Eu não vou te machucar, então...

—Você me ama, não é? –perguntei, indo até ele com passos trêmulos. –V-Você não me machucaria, não é? –lhe sorri e ele assentiu, me estendendo seus braços.

—Claro que não vou te machucar, pequeno. –me sorriu e eu me senti mais calmo com aquilo, mais tranquilo e...

 

Seguro.

 

—Viu?! –ele falou baixinho, envolvendo meus ombros e eu lhe envolvi a cintura, o apertando em meus braços. –Você está seguro agora. –beijou minha testa, coisa que me fez sentir minhas bochechas esquentar.

—Você me ama, Nini? –perguntei baixinho, roçando meu rosto em seu ombro, sentindo-o tremular. –Nini?

—Sim, Soo... Eu amo você... –sorri mais ainda e me afastei, o olhando nos olhos.

—Mas... Porque estava me perseguindo? Você queria me machucar? –ele negou com a cabeça e segurou meu rosto, acariciando minhas bochechas. –Mas...

—Calma, Soo. Era um sonho ruim. –me virou e abraçou-me por trás, beijando minha nuca. –Agora eu estou aqui, para te proteger.

Sorri, sentindo meu corpo se arrepiar por inteiro com a respiração ofegante dele contra meu pescoço, fazendo-me cócegas vez ou outra. Acomodei-me melhor contra si e gemi baixo quando seus braços me apertaram com força, me deixando preso em seu abraço.

 

Ele fazia isso quando...

Queria me tocar...

 

—Nini... M-Me faça seu... –pedi baixinho, grunhindo quando seu abraço começou a me machucar. –J-Jongin...

—Shhh, fique em silêncio. –pediu num sussurro próximo ao meu ouvido e me sobressaltei com um barulho na porta. Virei meu rosto para olhar, só que Jongin me girou, me apertando mais. –Calma, não se mexa.

—M-Me solta, Jongin! –me remexi, tentando fugir de si. –M-Me solta! –gritei, me apavorando quando um senhor apareceu ao seu lado carregando uma seringa. –Não!

—É para o seu bem, pequeno. Seu bem. –Jongin falou e eu não demorei a sentir a ardência em meu braço.

 

Aos poucos, as coisas foram ficando embaçadas e não senti mais o abraço de Jongin.

 

Porque tudo se apagou, de repente.

 

•••

 

—Deveremos redobrar a segurança desse andar, já é a terceira vez que ele consegue fugir. –ouvi uma voz próxima de mim, mas não a reconhecia. –Já se foram cinco seguranças em menos de seis meses... Esse garoto é um caso extremo de esquizofrenia.

—Talvez devêssemos aumentar as dosagens de calmantes e... Mudar o médico que o acompanha. Ele novamente se afeiçoou ao seu responsável. –fui aos poucos abrindo meus olhos e observei onde estava, não estranhando as paredes brancas que me cercavam e a camisa de força me prendendo em cima de minha cama. –É melhor que façamos isso rápido para que... Para que não aconteça o mesmo que aconteceu com o Dr. Chanyeol. –fitei os dois parados próximos da porta, completamente distraídos e então sorri.

 

Ah Chanyeol...

Havia sido divertido vê-lo gritar toda vez que eu o acertava com a minha faca. Ela podia ser pequena, mas...

Ela fez um grande estrago em seu rosto...

 

Talvez seja melhor entrarmos em contato com a direção para que possam transferir um novo responsável a esse garoto...

 

Um novo responsável?

Seria bem interessante um novo responsável...

 

Soube que o Dr. Oh Sehun ficou disponível já que o seu ultimo paciente se suicidou. -um daqueles desconhecidos disse e eu sorri mais uma vez. –É melhor irmos, ele já está acordado. –um dos enfermeiros disse, era pequeno e bochechudo.

Ele era bonito.

 

Mas não se assemelhava ao meu Jongin...

 

—Hm... O diretor terá que entrar em contato com esse doutor... Ele saberá como lidar com esse caso. –os observei saírem do meu quarto, logo fechando a porta e ouvi quando a tranca foi acionada.

 

E novamente eu sorri.

Na verdade, eu ri.

Ninguém saberia lidar comigo.

Ninguém nunca saberá.

Mas eu sei como me livrar de todos.

Eu sempre saberia.

 

 

 

E sempre me livraria de todos eles...

 

 


Notas Finais


Depois disso só saio correndo~~~
AUAHUAHUAHU

Espero que esteja boa g.g
Era isso então, obrigada por lerem essa loucura toda! C:

Até a próxima fase! Beijooos (*3*)


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