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História Corrente Fatal - Las Vegas


Escrita por: SraHarmonizer

Notas do Autor


Olá pessoas, três avisos importantes:

1*O capítulo não está muito grande.

2°Agora que estou de férias postarei com mais frequência (talvez uma vez por semana) então aguardem!

3°Neste capítulo teremos um novo ponto de vista além do Rick.


Boa leitura!

Capítulo 13 - Las Vegas


 Abril (sábado) 11:47 A.M 

"Seu pai tinha muito de orgulho de você, Rick. E onde ele estiver esse orgulho permanece. Não o decepcione", foram as últimas palavras do Sr. Louisting para mim e, desde o momento em que a ficha finalmente caiu, elas ecoavam repetidamente em minha cabeça, juntando-se à perguntas que jamais seriam respondidas: Como? Por quê? Quem? 

LIGAÇÃO ON: 

 — Como estão as coisas? — perguntei com um suspiro triste, assim que Malena atendeu

 Ela e mamãe viajaram para Las Vegas no dia anterior, para prestar nossos sentimentos e solidariedade a família durante o velório e depois do sepultamento. Olhando no relógio vi que faltava apenas treze minutos para começar 

 — Péssimas, como você deve imaginar. A família está inconsolável. — ela respondeu, com uma cautela e uma entonação atípica 

 — E não têm notícias sobre um suposto assassino? 

 — Nenhuma! As câmeras de segurança não registraram ninguém saindo ou entrando do quarto além dele. — fez uma pausa — A autópsia comprovou que foi por asfixia, mas não encontraram nada no local que possa ter causado. Também não havia marcas de digitais em nada. 

 Tudo era muito estranho para ser verdade. O que o Sr. Louisting estaria fazendo em um quarto de hotel para começo de conversa? 

 — Entendo...Sinto que deveria ter ido com vocês. 

 — Olha Rick, eu acho que foi melhor você ter ficado. — disse sinceramente — O enterro do nosso pai foi muito traumático e mesmo tendo se passado dois anos, não acho que você esteja preparado psicologicamente para uma nova experiência. 

 — Certo. 

— Preciso ir, não é educado e muito menos apropriado ficar batendo papo no telefone durante um enterro. 

 — Tem razão. Manda beijos para a mamãe e dê um abraço em Vanessa e em Paul por mim. 

— Pode deixar. 

 LIGAÇÃO OFF 

— Está tudo bem? — ouvi enquanto ainda encarava a tela do celular, Esther estava encostada no batente da porta, me olhando com os olhos preocupados 

— Ah, sim. — fiz uma pausa, sentindo um gosto amargo ao formar as palavras que vieram em seguida — O sepultamento está prestes a acontecer

Com um olhar solidário, ela se aproximou: 

— Sinto muito, sei que você tinha uma consideração enorme por ele. 

— Sim. 

 Pôs as mãos em meus ombros e me analisou com delicadeza: 

— Você não deveria ter ficado por minha causa, já estou bem. — como planejado, o médico lhe deu alta no dia anterior, só que com muitas recomendações, claro 

 — Não se preocupe, não sei se conseguiria ir, de qualquer forma. — dei de ombros 

 Se sentou ao meu lado e um pouco hesitante segurou minha mão, forçando-me a encarar seus olhos. Não conversamos sobre o que houve, nem da discussão e nem da minha bebedeira impulsiva. Neste instante esperei sua bronca: 

— Desculpe. — ela disse por fim, me pegando de surpresa — Você estava certo. Eu não devia te encher tanto como faço. — entrelaçou nossos dedos 

— Desculpe por ter sido tão babaca. — suspirei envergonhado — E você não estava errada, preciso mesmo me desligar dos meus devaneios e prestar atenção no que realmente importa. — dei um meio sorriso e acariciei sua barriga 

Esther também sorriu: 

— Às vezes eu queria saber o que se passa aqui. — cutucou minha cabeça levemente com o dedo indicador 

 Trouxe sua mão até meus lábios e a beijei. Esther não era o amor da minha vida e talvez essas coisas nem existissem de verdade, mas não era má pessoa e contanto que pudesse me conceder um pouco de sua companhia e compreensão, estava bom. Seu excesso de ideias e caprichos eram apenas um detalhe.

 Iniciamos um beijo calmo, sem muitas pretensões além do habitual. Segurei sua nuca enquanto deslizou as mãos por minhas costas, correspondendo. 

 — Eca! — ouvimos e instintivamente nos desvenvilhamos 

Rute estava na porta, com as mãos gordinhas cobrindo os olhos. 

— Rute! — Esther se levantou rapidamente, ajeitando o cabelo — Está tudo bem, meu anjo? 

 — Eu vim chamar vocês para passear. — abriu os olhos lentamente — Estou entediada. — fez biquinho e caminhou em minha direção 

 — Rute, hoje não é dia de passear. Um amigo do Rick faleceu e ele está triste, não o chateie mais. 

Contrariada, minha pequena cunhada se sentou ao meu lado, fazendo biquinho e baixando a cabeça: 

— Desculpe. — murmurou 

 — Vamos deixar para outro dia, está bem? Olha, o que acha de um chocolate quente? — Esther sugeriu carinhosamente, passando o braço em torno da irmã 

— Sabe, Esther, acho que a Rute está certa. — declarei e minha cunhada logo se levantou, dando pulinhos de animação 

— Eba! Eba! 

Esther me olhou, confusa: 

— Ficar aqui me remoendo não vai resolver nada — dei de ombros — Ando muito estressado e contanto que você não pegue friagem e nem tome nada gelado, será bom para nós. Está um dia bonito.

À essa altura Rute já estava saltitando pelo quarto: 

— Obrigada, Rick! — me abraçou — Onde vamos?

 Olhei para Esther: 

— Onde vocês quiserem. — sorri

 — Já sei! Já sei! — ela disse voltando ao chão, dando mais pulinhos — Vamos ao World of Coca-Cola ver o Urso Polar e tomar vários refrigerantes! 

Las Vegas

12:10 P.M 

 P.O.V's Malena

Depois do funeral do meu pai, confesso que o do Sr. Louisting fora o mais triste. Não só pelo fato de ele morrer muito jovem e sem uma explicação aparente, mas porque, no meu ponto de vista ninguém tinha mais valor do que ninguém, já que o mesmo sentimento de dor que ficara para minha família ao perder meu pai, ficava para os Louisting.

 O tempo estava nublado e o cemitério não estava muito cheio, provavelmente muitos dos amigos executivos não tiveram a mesma sorte de decolar no primeiro avião, dada à morte assustadoramente repentina. O Sr. Louisting era divorciado, vinha de um casamento de mais de vinte anos e tinha dois filhos; Vanessa e Paul, que neste momento se mantinham abraçados, visivelmente abalados. Minha mãe conversava baixinho e consolava Rachel, ex-Sra.Louisting. 

Me encolhi no casaco quando uma lufada de vento acertou meu rosto, igorando meu estômago que gritava incessante. Estava ali há horas sem comer nada. Confesso que me sentiria melhor se Rick estivesse comigo, pois mesmo agindo como um imbecil diversas vezes, meu irmão — fora mamãe — era a pessoa mais importante para mim no mundo inteiro. 

Os coveiros se aproximaram com o caixão apoiado nos ombros, e por cima do ombro de um homem esguio de nariz usignuolo, avistei uma mulher em meio ao grupo limitado de pessoas do lado oposto ao que eu estava. Estreitei os olhos, indignada por não tê-la notado ali em um canto tão visível. Talvez tivesse simplesmente acabado de chegar. 

Ela usava um sobretudo preto e botas de cano bem longo, igualmente pretas. Sua cabeça estava coberta pelo capuz que impossibilitava a visão de seus cabelos e os olhos também estavam cobertos por um par de óculos escuros. Alguém precisava lhe dizer que aquilo era um funeral e não um desfile de moda. Mesmo com os óculos escuros, ela parecia varrer o lugar, como se procurasse algo, ou melhor, alguém. Seria alguma namorada ou até mesmo alguma amante do Sr. Louisting? 

Parecendo sentir meu olhar sobre ela, a mulher virou o rosto em minha direção, agora sem nenhum coveiro para encobrir a visão.

Uau, quês lábios!, comentei mentalmente, me repreendendo logo em seguida por pensar tamanha futilidade em um funeral.

 Mamãe de aproximou, me tirando do transe: 

— Acho melhor você sair para comer alguma coisa. — ela cochichou discretamente em meu ouvido

 Neste momento o caixão começara a ser posto da cova, ouvi os soluços alterados de Vanessa, o rosto enterrado no peitoral do irmão. 

 — Mas a senhora.... — comecei 

 — Madalena, esse não é um momento fácil para ninguém e não precisa ficar aqui por minha causa. Vá a um pub e coma alguma coisa, estamos aqui há um tempão. 

— A senhora também deve estar faminta. 

 — Para de teimar, por favor. Aproveita e fale com Rick, veja se está tudo bem e avise que devemos voltar na segunda-feira.

 A contragosto, concordei. 

Graças aos céus, havia não exatamente um pub, mas uma lanchonete em frente ao cemitério. Nem tinha notado. Atravessei a rua com cautela, olhando para os lados e me sentei em uma banqueta em frente ao balcão quando entrei. 

O estabelecimento era sofisticado, contendo até algumas máquinas de caça níquel para distrair os clientes. Pedi um café expresso acompanhado de um croissant. Olhando ali, nem parecia Las Vegas, claro que as avenidas, hotéis e pontos turísticos ficavam mais afastados. 

Retirei o celular do bolso e digitei uma mensagem para Rick:

 Eu: Devemos voltar apenas na segunda-feira. 

A garçonete me serviu com o café e avisou que o croissant demoraria mais alguns minutos. Dei um gole no café e meu celular vibrou em minha mão: 

Rick: Ok...

 Eu: Mesmo não sendo o momento, acho que vou aproveitar amanhã para conhecer a cidade do pecado.

 Rick: Haha, aproveita mas não surta, okay?  

 Eu: Pode deixar que não sou de sumir e deixar as pessoas preocupadas... Ao contrário de algumas pessoas. 

Rick:...Ele já foi enterrado? 

 Eu: Está sendo...Quer dizer, mamãe mandou eu me retirar. 

 Rick: Ciclo infinito; você me protege e ela te protege. 

 Eu: LOL! E preciso admitir, você nos protege <3 

Rick: <3 

Eu: Por falar em proteger, como está  a Esther?? 

Rick: Ótima! Estamos na Coca-Cola, viemos trazer a Rute.

 Sorri e me distraí tirando os olhos do celular. A mulher de capuz preto — suposta amante do Sr. Louisting em minha mente insan —  se sentou ao meu lado. 

 — Um cappuccino. — pediu 

 Voltei ao celular e quando comecei a digitar uma resposta, ela se voltou para mim: 

— Está um dia frio, não acha? — comentou 

 — Sim, muito. — por reflexo, subi todo o zíper da blusa — Espero não pegar uma gripe com a mudança do clima de lá de casa e daqui. 

— Boa sorte para você, então. É difícil se habituar ao clima de Vegas. — a garçonete serviu-lhe o cappuccino — Obrigada. — deu um gole e estendeu a xícara em minha direção

 — Não, obrigada. — neguei voltando-me ao meu café — Você mora aqui? 

 — Posso dizer que sim, quer dizer, estou há tanto tempo que já considero o Bellagio minha casa. — sorriu 

 — Bellagio? Meu irmão ficou hospedado lá no período que esteve aqui, só elogios. — eu tinha uma facilidade admirável de comentar minha vida e estender uma conversa com estranhos, o que poderia se esperar de uma futura publicitária? 

— É ótimo, realmente.

 Fizemos um breve silêncio quando a garçonete me serviu o croissant. Apesar de detestar o ato de dividir comida (uma gulosa nata) a ofereci, seguindo a mesma educação que ela ao me oferecer seu cappuccino. 

 — Não, obrigada. — negou me causando um alívio, estava faminta — Você era muito próxima àquele homem? Ao Louisting? — perguntou hesitante 

Mastiguei antes de responder: 

— Não muito, quer dizer, ele era muito amigo dos meus pais e prestou muito apoiu quando meu pai faleceu. Era um bom homem. Meu irmão também gostava muito dele. — ela ficou estranhamente pensativa e aproveitei para perguntar — E você? 

 — Eu... — sua expressão vacilou — Eu o conhecia de vista. Um amigo meu também nutria uma grande, Er... admiração por ele. — deu de ombros — Esperava encontrá-lo aqui para desejar meus pêsames. 

 — Muitos amigos dele não puderam vir por conta da rapidez em tudo aconteceu. Deve ser o caso do seu amigo. — expliquei — Eu e mamãe tivemos muita sorte de encontrar um vôo de prontidão. Morar em Atlanta tem lá suas vantagens. — dei outra mordida no croissant, estava começando a pensar em pedir outro 

 — Ah, você é de Atlanta? — ela perguntou, parecendo surpresa 

 Fiz que sim. 

 — Você pode ligar ou mandar uma mensagem para o seu amigo. — sugeri 

— Eu não tenho o telefone dele e nenhuma informação relevante. — ela disse, parecendo distraída com seus próprios pensamentos 

Franzi o cenho, que tipo de amizade é essa? Ia indagar quando meu celular vibrou, havia me esquecido completamente do Rick. 

Abri a mensagem e era uma imagem, na verdade uma selfie, nela estava ele, Esther e Rute com o urso da Coca-Cola. 

 — Own! — exclamei com um sorriso e a mulher, que eu ainda nem sabia o nome, olhou para mim 

Virei o celular em sua direção e lhe mostrei a foto. Tirando comida, não me importava de compartilhar outras coisas. 

 — Esses são: meu irmão Rickelme, sua futura esposa Esther e Rute. 

 Ela analisou a foto em silêncio, sem expressar nenhuma reação. Após uns segundos, sorriu forçadamente. Ainda assim, um sorriso atraente que destacava seus lábios carnudos.

 — Linda família. — comentou

 Sorri em resposta e digitei: 

Eu: Quero um presente da Coca-Cola!!! 

— Parece que o tempo está abrindo. — ela comentou, chamando novamente a minha atenção

 Olhei para o lado de fora e realmente, uma rajada de sol — mesmo que fraca — já iluminava a fachada do cemitério e a calçada. 

Observei enquanto a moça ao meu lado, rápida e habilidosamente retirou os óculos escuros exibindo os olhos cor de chocolate. Suas feições eram delicadas e ao mesmo tempo cheias de uma personalidade oculta. Suas bochechas levemente rosadas tinham uma pitada de pó, destacando suas maçãs.

 Notando que eu avaliava seu rosto, sorriu para mim. Em seguida, puxou o capuz do sobretudo para trás. 

Tentei não babar quando uma cortina de cachos avermelhados lhe caiu sobre os ombros.



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