História Corrupted Soul - Five

Capítulo 5 – Five

Papeis definitivamente são chatos. A pequena Haruno concluiu isso vendo sua madrinha ler e assinar pilhas e pilhas de papeis.

– Pra que isso? – Perguntou pegando um dos muitos papeis que haviam sobre a mesa. Franziu o cenho ao ver que realmente não entendia bulhufas. – Qual é a necessidade disso? Só vejo palavras, palavras e mais palavras. – Devolveu para a mulher que tinha um leve sorriso nos lábios. – É tudo muito chato.

– Querida, eu sei que é chato, mas você deve ter conhecimento de que preciso entregar isso a sua mãe, não é? – Fez um leve carinho em sua cabeça.

– Uh, tá, eu sei sim. – Respondeu de má vontade. – Eu sei o quanto cada documento nessa mesa é importante, mas o que não entendo é: qual a necessidade de fazer isso isolado do mundo, trancado em um escritório? Fala sério! Isso não poderia ser feito em algum outro lugar não?

– Isso depende da pessoa. Cada ser vivo age à sua maneira, um belo exemplo disso é a pessoa da sala ao lado, estou errada? Tenho certeza que não. Você sabe perfeitamente como ele faz as coisas, ele faz do jeito dele, da madeira dele e todos nós sabemos o que acontece caso o ciclo que ele mesmo criara seja interrompido.

– Deve ser por isso que mamãe deu uma sala só para ele com isolamento de som. – Fez bico. Andou em direção a porta dizendo palavras inaudíveis.

– Já está saindo? – Perguntou enquanto arrumava um pouco aquelas várias pilhas de documento na mesa.

A garota parou de andar e falar, seja lá o que estivesse falando, e se virou para a mulher de cabelos castanhos escuros prendendo seu olhar nas coisas que ela fazia. Krul sorriu quando sua madrinha olhou para ela.

– Vou procurar algo que me divirta.

– Oh, tudo bem. Faça bom proveito então, e não destrua nada do patrimônio de seu tio, mas faça o que quiser com o resto.

– Obrigada.

E saiu.

oOo

Se a luz das almas conectadas aponta em direção ao seu coração.

Você consegue escutar uma ressonância mais forte do que as palavras agora?

Trocamos olhares apenas brevemente, mas nossos destinos estão interligados.

O lugar para onde devemos ir é exatamente o mesmo, então corra ao meu lado em direção a noite insuportável.

Saco.

O seu dia hoje já não começara bem.

Não tinha conseguido dormir durante a noite por causa dos incontáveis pesadelos que tivera. Eles começavam de maneiras diferente que levavam ao mesmo final: sangue ao redor de seu corpo, sua carne sendo arrancada do corpo lentamente, seus gritos pedindo, não, implorando por misericórdia. Mas que nada adiantavam pois quem rasgara sua pele naquele maldito pesadelo era aquele secretário que vive enfurnado naquela sala.

Qual era o seu nome mesmo? Não lembrava.

Bem, não é como se ele fosse importante, não é mesmo?

Durante o caminho, o estresse do engarrafamento acabou com a sua paciência.

E para piorar, assim que chegou na empresa deu de cara com aquele capetinha em miniatura. Se bem que ela nem conhecia garota direito, mas se ela é filha de Sakura, para Ino, é o capeta mesmo.

Encarou o nada por algum tempo voltando as lembranças do aconteceu com sua vida depois que descobriram tudo. Seus pais passaram a fingir que nem existira, seu irmão tentava agir normalmente na sua frente, mas sabia que não dava certo pois hora ou outra soltava certos comentários e fazia caretas.

As pessoas começaram a se afastar e chama-la de vários nomes. Os amigos com que saia todas as sextas para o mesmo bar simplesmente mudaram o lugar de encontro sem que ela fosse avisada e mudaram os números dos celulares. Os garotos que se jogavam aos seus pés, como se fosse mágica, da noite para o dia sumiram.

Todas as pessoas que diziam que estariam consigo viraram as costas e sumiram.

Bando de ratos sujos! Eles não tinham o direito de fazerem isso!

Respirou fundo voltando a realidade, ela tinha que se manter calma ou iria começar a ficar velha logo cedo.

– Ô velha?! Você está surta? Deve ser a idade mesmo.

Virou o pescoço pronta para matar quem tivesse lhe chamado assim e tudo o que viu foram olhos verdes brilhando em pura desconfiança. Mas se a dona desses olhos fosse maior e mais velha, na melhor das hipóteses, se jogaria do edifício.

Mesmo se a luz que perseguimos ao longe

Continuar e adentrar em pesadelos

– O que você quer aqui garota? Não deveria estar na escola? – Começou a tentar arrumar o cabelo - sim, tentar, porque ele já estava arrumado e melhor que aquilo só jogando gel. – E eu não sou velha. Só tenho vinte e pouco anos.

– Vinte e todos só se for. Porque a quantidade de maquiagem que você coloca na cara é a mesma que as velhas que moram na Inglaterra. – Deu os ombros. – De qualquer jeito, não me importo mesmo. E, para te manter atualizada velha, tio Hotaru foi resolver as coisas necessárias para que eu vá para a escola logo.

– Eu já disse que não foi velha sua... – Parou vendo aqueles olhos deixarem o brilho de desconfiança de lado e brilharem em desafio. Se falasse algo que não deveria para aquela garota, as coisas iriam esquentar para o lado dela. – Não me atrapalhe garota. Vá procurar o que fazer, vai!

Se a luz das almas conectadas aponta em direção ao seu coração

Você consegue escutar uma ressonância mais forte do que as palavras agora?

Não me importo com a razão de termos nos encontrado

Mas eu tenho certeza que a sua presença e o seu toque deixaram ferimentos em mim

– Você é definitivamente uma mulher muito chata e rabugenta. – A loira abriu a boca para rebater mais foi interrompida pelo som da porta se abrindo.

Era a secretária de Sakura.

– Izumi!

– Aí está você. – Andou até ficar de frente para a garota. – Estava procurando por você. A senhorita sabe muito bem que não deveria estar aqui, não é mesmo? Aliás, Kiko está procurando por você, mas estava ocupado demais que não podia sair de sua sala.

– Mad-Izumi, nós sabemos muito bem que se o chamamos por Kiko, ele fica com raiva. Principalmente a senhora sabe disso.

– Espera! Quem diabos é “Kiko”? De quem é esse nome infantil? O que tanto vocês escondem, hein? – Interrompeu fazendo elas a observarem por um tempo, caladas, e, por fim, a mulher sorriu causando um calafrio na loira.

– Tem certas coisas no mundo que ninguém pode saber, e você é uma delas. – Virou as costas puxando a garota. – Não tente meter o nariz onde não deve, ou as consequências poderão ser piores do que se imagina.

Quando elas saíram o silêncio se fez presente, levantou da cadeira e foi em direção a porta trancando-a, respirou fundo e encarou as coisas sobre a mesa, e percebeu uma coisa que a muito tempo não sentia.

Medo.

Sentia medo de encarar o que aconteceria no futuro.

Sentia medo por não saber como deveria agir.

Medo de perder tudo novamente.

Medo de cair e não poder se levantar mais.

E principalmente, medo da morte.

Algo dentro de si dizia que não deveria se meter com eles, sair de perto e ir para bem longe, mas era praticamente impossível realizar esse desejo pelo fato de seu orgulho falar mais alto. O orgulho a impedia de se afastar, o orgulho de sempre sair por cima era muito maior que seu medo. Encarou o próprio reflexo no pequeno espelho que ficava na mesa e suspirou.

Ela tinha que se decidir e logo.

Chute para longe o mundo o mundo distorcido onde mentiras e disfarces existem

Quero ver o fim das várias fascinações que parecem ser frágeis

Ou acabaria caindo em um buraco sem volta.

***

Observavam a lua refletindo no lago, cada um nos próprios pensamentos, cada um preso em sua própria escuridão.

– A vida é um mistério...

– Sakura, você poderia fazer o favor de parar de repetir isso o tempo todo? Isso acaba com a paciência de qualquer um! – Disse de puro mau humor.

– Mas pense tio, cada ser vivo tem uma função, cada coisa no mundo tem uma função, por que os humanos foram criados? Por que ainda existem? Por que ainda não foram destruídos? Por que o mundo foi criado? Por que existe oxigênio na terra se no universo não tem? Por que a fúria da natureza não destrói tudo de uma única vez? Até onde irá a ganancia humana? Quem nasce nessa era, não saberá do passado muito menos do futuro. – Sorriu para o homem a seu lado. – Agora me diga, a vida não é um mistério?

O silêncio foi a resposta que teve. Satisfeita se virou para a filha que brincava entre os corpos mortos e cheios sangue de criaturas que o coração é podre de tanta escuridão.

– Krul, querida não se chegue muito perto para não se sujar, certo?

– Ceeeeerto! – Quando se virou para o corpo a sua frente franziu o cenho enquanto pegava aqui. – Mamãe o tio Kirio acabou de chegar. – Mostrou a pena escura para a mais velha.

Sakura e Hotaru olharam para cima e viram um homem de asas negras sobrevoando os corpos contando cada um.

– Oh, parece que vai começar. – Resmungou o loiro.

– Até que enfim! Vamos enfim ouvir a canção.

***

O braço que me agarra e diz: “Não irei deixar você sozinho”

É muito mais que uma simples gentileza

– Simplesmente lindo! Melhor impossível. – Sorriu diante de sua obra. – Mas ainda está faltando alguma coisa, hm, o que será? – Antes que fizesse algo a porta foi aberta.

– Cara, você deveria sair desse quarto e viver.

– Hotaru, eu estou vivendo, da minha maneira, mas estou vivendo. – Olhou novamente para a tela. – Do melhor jeito possível, mas como vão as coisas? – Perguntou sem tirar os olhos da pintura.

– Estão indo. – Observou o que ele fazia por um tempo. – Na verdade estão indo melhor do que esperávamos.

– Isso é maravilho, quero muito que meu desejo seja realizado e nada nem ninguém irá me impedir de conseguir. Afinal, queremos quase a mesma coisa, não é?

Pois não há nenhum amanhã que possa prometer tudo

Você não irá tentar acreditar em uma conexão levemente melhor do que a de ontem?

Se a luz das almas conectadas aponta em direção ao seu coração

Você consegue escutar uma ressonância mais forte do que as palavras agora?

Não me importo com a razão para termos nos encontrado

Mas eu tenho certeza que a sua presença e seu toque deixaram ferimentos em mim