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História Cosmopolitan - Don't breathe so close, please.


Escrita por: naotomaisaqui

Notas do Autor


➵ Vamos falar da Camila nesta fanfic: ela sempre foi solo e conheceu o Justin sendo solo.
➵ Um capítulo não, amores. Uma bíblia.
➵ Boa leitura e até a próxima.

Capítulo 3 - Don't breathe so close, please.


Justin Bieber — Los Angeles, CA — June 22, 2016. — 08h25 AM — Third Week.

Justin: Ei, você está acordada?

Bluebaby: Agora estou.

Justin: Desculpe-me... (risos)

Justin: Vou hoje a um show, você quer ir?

Bluebaby: Tudo bem.

Bluebaby: Não sei se seria boa ideia.

Justin: Por quê? Vamos, vai ser legal.

Justin: Natalie?

Justin: Ok. Te pego às oito.

Bluebaby: (risos) Mas eu não disse nada. Estou tomando café.

Justin: Preciso resolver umas coisas. Às oito, hein?

Justin: Se cuide.

Jagger babava silenciosamente em minha camiseta após a tentativa, com êxito é claro, de fazê-lo adormecer cantando uma canção de ninar aleatória. Sentia-me um completo idiota por crianças, porque realmente amava tê-las por perto. Yael agradecia, dizendo-nos que há dias não conseguia dormir. O garotinho estava doente e tudo piorava quando a noite chegava.

— Ele faz uns barulhos engraçadinhos com a boca... — disse sorrindo para o menino, que parecia querer morder meu dedo mesmo sem ter todos os seus dentinhos.

— Parece que vocês têm uma nova babá — Brandon comentou caçoando-me.

— Justin sempre levou muito jeito com crianças, lembra quando ele fez Anne dormir, Scooter? — ele assentiu — Meu irmão não dormia há dias, e depois ela nunca mais teve insônia.

— Gosto de crianças. — disse — Elas são tão lindas e preciosas.

— Você é um fofo! — Yael apertou minhas bochechas e Scooter pegara Jagger.

— Vou levá-lo para o berço — comentou enquanto caminhava — Se ele chorar pela madrugada, já sabe para quem irei ligar Yael. — Brandon parou ao meu lado.

— Ele é muito fofinho. — disse baixo — Você viu os cabelinhos dele? — no fim das contas, todos nós tínhamos certo apego por crianças.

— Sim, ele é lindo. Como Yael, claro. — ríamos alto, quando Scooter voltara.

— Posso saber qual a piada?

— Bieber disse que por sorte Jagger é a cara de sua mulher. — concordei com a cabeça.

— Vou ter que reafirmar — ele riu — E então rapazes, vamos? — perguntou-nos.

Seguimos até a porta, onde esperamos por Scooter, que se despedia da esposa. Por descuido, deixei que o convite feito a Natalie fosse descoberto por Brandon, que não perdia a chance em me caçoar. E foi assim durante todo o trajeto. Vi-me por um triz de enlouquecer antes mesmo de chegar ao estúdio, onde Camila nos aguardava.

Paparazzis nos seguiram como de costume, e eu tentei desviar de todos eles ao entrar no prédio. No elevador, pensei nas mil e uma possibilidades de um imprevisto ocorrer e ficarmos presos. Sei que pensamentos negativos atraem consequências negativas, mas é praticamente impossível pensar algo positivo quando se é claustrofóbico.

— Natalie, você vem, não vem? — Camila dizia olhando em direção ao telefone móvel — Tudo bem... Olha quem chegou! — direcionou o olhar até mim — Venha cá! Adivinha com quem estou falando? — quando elas se tornaram tão amigas? Quer dizer, quando tiveram tempo pra isso?

— Oi, Natalie! — acenei envergonhado.

— Oi, Justin! — ela disse com um lindo sorrisinho no rosto. O cabelo estava preso num coque alto e como sempre, usava moletom. Dessa vez eram azuis.

— Quando vocês ficaram tão amigas assim? — perguntei-lhes, ainda olhando para a tela.

— Justin, já tem uma semana. — eu não via Natalie com frequência pelos muitos compromissos, mas nós conversamos por mensagens sempre que podíamos, e ver que ela já engatava uma amizade com Camila me deixava um tanto enciumado. — Quando a segui no twitter, nós começamos a conversar e desde então não paramos mais.

— Isso é verdade — disse do outro lado — Ela até veio aqui e nós assistimos Netflix.

— Tudo isso em uma semana? — perguntei chocado — Uma única semana? — dei ênfase.

— Qual o problema Justin? — Camila perguntou — Nós gostamos uma da outra, nos damos muito bem... — bacana.

— Ela me ajudou muito Justin, eu não vejo problemas nisso. Sei que vocês são amigos há muito mais tempo, não quero atrapalhar nada... — dizia impaciente.

— Você não está atrapalhando nada, Natalie! — Camila disse em tom ríspido — Justin deixa de ser infantil.

— Eu sou infantil? — perguntei-lhe incrédulo — Tudo bem, então.

— Sim, você é Justin. — revirei os olhos — Natalie, você ainda está aí? — a tela havia escurecido.

Ouvimos o som do trinco da porta. Camila esperou com muita paciência até que Natalie voltasse. Levaram alguns minutos e todos já haviam se estabilizado dentro do estúdio. A partir deste momento, ela usou seus fones de ouvido para que os testes com os microfones não as atrapalhassem.

— Está tudo bem? — do outro lado, a observava. — De novo? — não acreditava que a droga da intoxicação ainda não havia melhorado. — Você está sozinha? — pareceu reafirmar algo que já havia sido dito — Você vai ficar bem? — perguntou — Mesmo? — Camila era realmente uma das pessoas mais bondosas que poderia ter conhecido.

Sabia que havia sido extremamente infantil e desnecessário, mas eram os meus planos ajudar Natalie, afinal tudo acontecia por um descuido único e exclusivamente meu. Sentia-me inútil por não conseguir cumprir com o que havia prometido. No fim das contas, eu tinha de agradecer a ela por estar cuidando da garota de uma forma qual eu não conseguia.

— Pergunte a ela se ainda quer ir comigo ao seu show — Camila sorriu-me.

— Natalie? — chamou-a — Você ainda vai ao meu show com o Justin, não é? — pela carinha de felicidade, a resposta havia sido “sim” — Ela disse que vai Justin. — respondeu — Vocês são tão fofos! — sussurrou para mim.

— Mila... — repreendi-a.

— Calado! — disse — Vem, senta aqui. — e como pediu, o fiz.

— Oi?

— Eu preciso ir até lá — apontou para a área de som, onde estavam Scooter, Brandon e Mac. — Você pode, por favor, ficar de olho nela? — aquela não era a primeira vez que me pediam isso, mas parecia estar longe de ser a última — Ela não está muito bem e não tem ninguém na casa dela, seja bonzinho e não a faça desligar. — ditou as regras antes de dar-me seu celular em minhas mãos.

Coloquei seus fones de ouvido e ouvi alguns ruídos enquanto a observava sem dizer uma palavra sequer. Seu rosto estava avermelhado, ela tinha algumas olheiras, mas continuava extremamente bonita.

— Então... — quebrei o silêncio — Nós viemos brincar um pouco.

— Brincar? — disse curiosa.

— Sim — sorri — Vamos gravar uma música, mas ela não vai ser lançada.

— E por quê?

— Também não sei. Mas ela me convenceu gravar, então estamos aqui. — Natalie sorriu — Com certeza não vai ser algo que vá entrar em um álbum meu, muito menos dela.

— Então vocês vão gravar algo, postar na internet, fazer as pessoas ficarem curiosas e nunca lançar? — assenti — Isso é péssimo! — revirou os olhos — Sabe por quantas músicas suas eu esperei em 2014 sem saber que você nunca iria lançar?

— Você esperou, é? — ela assentiu — Então você gosta das minhas músicas? — concordou com a cabeça. — Se você me disser quais foram as músicas, talvez eu até possa liberá-las nas suas mensagens por engano.

Ela riu negando com a cabeça.

— Eu não sei se lembro dos nomes, ou se elas tiveram algum nome.

— Justin... — Scooter me chamava.

— Eu preciso desligar. Tem alguém aí? — negou.

Sentia-me dividido. Culparia-me por toda uma eternidade caso a deixasse sozinha e algo acontecesse, mas também não poderia deixá-los só.

— Eu te ligo depois, tudo bem? — sabia que iria acabar me arrependendo — Tchau!

Ela acenou, e então eu desliguei.

Natalie Hill — 03h35 PM

O enjoo parecia piorar a cada dia que passava, eu ainda tinha muita ânsia e o inchaço me tomara há algum tempinho. Minha irmã até tentou, mas não deixei que parasse a própria vida por minha causa, então continuava trabalhando normalmente das sete da manhã às sete da noite. Vez ou outra havia reunião em sua empresa e ela voltava horas depois do expediente findar.

Em minha primeira e última conversa com Justin, conheci Camila e nós engatamos uma amizade. Ela me seguiu em uma rede social e eu consequentemente fiz o mesmo. Nós nos aproximamos quase que instantaneamente e ela foi doce e gentil. Não precisei de muito tempo para me apegar a ela e seu jeitinho incrível de tentar ajudar as pessoas.

Ela me ligou todos os dias desde que me conheceu e até apareceu aqui para assistirmos um filme, trouxe pipoca e chocolate para derretermos. Contou-me que estava indecisa entre dois amores e que aquilo a deixava completamente triste, tinha medo de fazer a escolha errada e arrepender-se. E não importava o que fosse escolher, ela iria acabar ficando sem uma das duas pessoas. Por esse motivo, vivia negando o sentimento qual nutria por ambos.

Nós até conversamos sobre a noite em que fiquei com Justin na festa da revista em que minha irmã trabalhava. Disse que era extremamente difícil lidar com os comentários negativos e todas as ofensas, e ela tentou me ajudar. Segundo ela, “ficar longe das redes sociais por algum tempo pode ajudar”. Depois de terminarmos nosso filme, ela me perguntou se eu já havia assistido determinada série, e quando neguei, a mesma entrou em choque.

— Você nunca assistiu American Horror Story? — negava pela milésima vez — Meu Deus, Natalie. Isso não é normal, não mesmo! — seu vício por séries era engraçado, e a forma como falava, mais ainda.

— Eu não assisto muito a séries, perdão. — disse — Prefiro documentários investigativos.

— Documentários ainda existem? — concordei aos risos — Você precisa assistir a essa série.

Depois que terminamos a primeira temporada, eu estava simplesmente traumatizada. O casal qual havia amado desde o primeiro momento não iria ficar junto e o cara era mais idiota do que aparentava ser. Foi um final triste. Naquele momento, tive certeza de que não iria querer ver nenhuma outra temporada. Nenhuma outra série. Melhor, nada que estivesse na Netflix.

Quando senti a ânsia me subir à garganta, fechei os olhos e respirei fundo. Mas infelizmente, tive de correr ao banheiro. E lá estávamos nós; eu, o “bebê” e o vaso. No fim das contas, éramos sempre nós três. Joguei para fora tudo o que havia dentro de mim – se é que havia algo – e como “ele” rejeitava toda a comida, essa opção seria a última da lista. Comer estava fora de cogitação.

Fechei a tampa e dei a descarga. Engatinhei até o Box e encostei-me ao mesmo. Levantei meu moletom azul olhando para a “barriguinha” que logo se formaria ali. Havia algo dentro de mim, disso eu sabia. Ele provavelmente não iria me ouvir, mas mesmo assim eu insistia conversar. Agora tinha uma desculpa para falar sozinha.

— Você é muito mau, sabia? — tinha minhas mãos apoiadas sobre a área inchada — Eu não aguento mais esses enjoos constantes, a ânsia de vomito, a cobrança da sua tia para eu contar pro seu pai, e muito menos ter de imaginar o inferno que vai ser quando sua avó descobrir. — confesso ter entrado em estado de choque ao descobrir a existência daquela criança, mas eu tinha de me acostumar. Era parte de mim. — Tia Grace pediu para eu continuar com a faculdade, e eu não vou parar até você dar as caras por aqui, tá bom? — ri comigo mesma — Eu ainda não sei se gosto de você... — e não sabia mesmo — Quer dizer, eu posso gostar... Não sei, é muito novo pra mim. — pausei por alguns segundos — A dona Christine vai nos matar. Sabe o que é matar, bebê? Então, matar! — suspirei.

— Natalie? — era a voz de minha irmã — Você está aí?

— Sim! — gritei — Pode entrar, a porta está aberta.

Ela a abriu com um sorriso no rosto e algumas sacolas nas mãos, estas quais deixara na porta antes de entrar. Caminhou até mim e sentou-se ao meu lado, beijando onde o moletom não cobria.

— Você já gosta dele. — ela disse.

— Nós passamos os dias inteiros juntos, se eu não gostar dele, quem vai gostar? — sorri espontaneamente.

— Quando vai contar ao Justin? — perguntou — E a mamãe?

— Não me faça perguntas quais não se podem responder. — disse.

— Já têm três semanas, Natalie. — concordei entediada — Você vai esperar o quê, os meses passarem? — revirei os olhos — Para de agir igual criança, estou falando sério. Agora é um etzinho, mas logo vai ser um bebê grandão. — arqueei as sobrancelhas.

— Não fala assim dele, ele não é um etzinho. — retruquei.

— Mas é o que parece, um etzinho. — disse rindo — Eu estava conversando com a estagiária do trabalho e ela também está grávida. Ela me contou que não foi fácil aceitar, que quis abortar porque não tinha como sustentar. Natalie, você sabe que nós temos, não sabe? — concordei — Passou pela minha cabeça que você pudesse querer fazer isso e fiquei preocupada. — infelizmente – ou não – nunca pensei nessa hipótese, e também não teria coragem.

 — Eu não tenho uma visão negativa sobre aborto, só não teria coragem — disse e ela me olhou incrédula — Assim como o pai tem “direito” de abandonar, ela tem o de escolher se quer ter ou não. Quem somos nós para condenar alguém? — perguntei de maneira retórica — Eu sei que consigo sozinha, mas se estivesse na situação dela e quisesse abortar, eu iria abortar.

— Natalie, isso é tão errado... — dizia — É um bebê.

— Não, Grace. É um feto. Um “etzinho” que uma hora vai ser um “bebê grandão”, como você mesma disse. — sorriu fraco.

— Você sempre me tira as palavras — dei de ombros — Eu ainda não concordo com isso, mas respeito o que você pensa sobre. Me promete que não vai fazer isso com nosso etzinho.

— Tenho de prometer? — ela assentiu. — Sua tia não confia em mim, você está vendo? — conversava com minha barriga e ela ria da cena toda encantada — Eu não teria coragem de fazer isso com você.

— Eu amo vocês! — beijou minha testa — E a propósito, quando começam todas essas coisas de pré-natal, ultrassom? — ela estava mais ansiosa que eu.

— Acho que quando der pra ver o bebê — sorri — Quer dizer, o etzinho. — retribuiu o riso — Temos mais de um mês para pensar nisso. — concordou com a cabeça.

— Ótimo! Quero estar em todos. — eu me sentia muito melhor ouvindo aquilo — Por favor, me informe de tudo.

— Grace... — chamei-a.

— Oi? — disse, me olhando outra vez.

— Eu preciso mesmo contar ao Justin? — ela parecia pensativa — Quer dizer, eu posso dizer que o filho não é dele ou coisa do tipo.

— Natalie, ele não é burro. — disse — Mas caso ele seja, você não vai sentir culpa em mentir? Ele tem o direito de fazer parte disso com você.

— Grace, nós só ficamos uma vez — dei ênfase — Uma única vez. E nos vimos semanas depois.

— E essa “única vez” teve uma consequência. — disse — E envolve vocês dois.

— Eu sei, eu sei... — concordei — Mas não é o momento.

— E quando vai ser?

— Ai, não me coloca sobre pressão! — gritei histérica.

Levantei-me do chão e caminhei até o quarto, desviando das sacolas que Grace deixara na porta. Deitei sobre a cama e fitei o teto sem ter nada em mente. Senti algo vibrar no bolso da calça moletom e levei uma de minhas mãos até lá para pegar.

Bieber on Facetime.

— Olá! — senti a sensação de alívio ao notar que não era ele, mas sim Camila. — O que houve Mila?

— Queremos saber se você está bem. — rostos tentavam se encaixar na câmera para aparecer na chamada junto dela. — Calma Brandon, tá me apertando! — reclamou — Ryan, pelo amor de Deus! — reclamara outra vez — Gente, vai se foder, calma aí! — gritou.

— Me dá esse celular — era a voz de Justin — Oi azuladinha. — eles não pareciam estar mais no estúdio, na verdade estavam em algum tipo de clube de lazer.

— Oi Justin... — disse fraquejando.

— Está tudo bem? — assenti — Mesmo?

— Azuladinha então, Bieber? — o rapaz negro com Black Power que estava ao lado de Camila anteriormente, aparecera no vídeo. — Oi, eu sou Brandon. — acenou receptivamente simpático — Nossa ela é realmente linda, cara! — então ele havia dito isso?

— Eu disse que era! — riu — Quer um pouco disso? — mostrou-me a piscina com algumas mulheres – muito bonitas por sinal – dentro, alguns caras com bebidas na mão, muita bagunça e som alto. Na verdade, eu não sabia como ele conseguia me ouvir.

— Até gostaria, mas não posso... — ri fraco — Você não tem um show para me levar, Bieber? — disse retórica — Porque são quase sete horas, você vai se atrasar. Não gosto de atrasos.

— Eu não demoro no banho, querida. — riu malicioso — E prometo não me atrasar.

— É mentira, ele demora sim! E você vai morrer esperando. — um loiro disse ao aparecer na chamada.

— Nossa que gato! — pensei alto demais. Droga.

— Oi? — Justin havia entendido, só queria que eu afirmasse o que havia dito.

— Pensei alto demais.

— Ih Bieber, perdeu! — Brandon – como se apresentara – disse.

— Mas eu não tenho o que perder — riu fraco.

— Natalie! — era a voz de Camila. — Natalie eles não me deixam falar com você, mas eu estou preocupada!

— Você não disse que ela está sendo medicada, Mila? — Justin perguntou. Ela provavelmente assentiu. — Então, vai tudo ficar bem. Até a noite, gatinha!

Off.

— Era Justin? — assenti. — Vocês vão sair?

— Sim, ele me chamou para ir assistir o show da Mila.

— Vocês estão ficando muito próximos, isso é ótimo! — concordei com a cabeça.

— Não sei o que vestir... — coloquei as mãos na cintura em posição pensativa.

— Ajuda é bem-vinda?

— Sempre. — disse — Grace! — gritei-lhe assim que se virou para caminhar até o closet.

— O que foi?

— Qual foi sua desculpa? Sabe, para a mamãe...

— Ah, isso... Bom, foi simples! — riu — Disse a ela que você queria ficar mais tempo e até mesmo morar comigo.

— E ela aceitou numa boa?

— Por incrível que pareça, sim. — ri fraco.

— Estou sem coragem pra voltar lá.

— Você vai ficar comigo até segundo plano. Buscamos suas coisas amanhã, se você quiser.

— Não vou te deixar perder um dia de trabalho, podemos ir ao fim de semana. Ainda é quarta-feira.

Ela procurava por algo no guarda-roupa enquanto eu falava de braços cruzados. Ainda muito pensativa, observava minha irmã selecionar peças e jogá-las. Parte delas nós havíamos comprado, outra ela mesma quem escolheu e me deu quando foi a Paris, e o resto eu trouxe da casa de minha mãe.

— Agora é com você. — com as mãos na cintura, tinha o olhar fixo à cama.

— Gosto muito desse! — me referia a uma blusa azul; era longa e deixava minhas coxas a mostra, quase como um vestido.

— Legal, é lindo! — comentou — Você pode usar esse por baixo! — apontou para os shorts jeans.

— Ficaria bom com aquelas botas que você me deu de presente no começo do ano?

— As pretas ou as beges? — por que diabos eu iria usar uma bota bege com esse tipo de roupa?

— Pretas, é claro. — ri alto — As beges seriam tipo...

— Ew! — dissemos em uníssono.

[...]

Olhava-me no espelho da suíte pela milésima vez, analisando-me por completo. Os shorts eram curtos e colados ao corpo, a blusa azul escura o cobria por completo, de forma que nem se podia notar. A mesma também era “folgada”, o que não me fazia sentir desconfortável. As botas tinham cano longo e saltos altos. Nada de muita maquiagem, mas muito rímel acompanhado de um batom matte em tom vinho escuro.

— Você está espetacular! — Grace disse ao entrar na suíte — Assim você vai matar todos os garotinhos!

— E as garotinhas! — disse aos risos.

— Você não presta!

— Nunca disse que prestava! — dei-lhe um beijo no rosto e ela riu.

— Ele está lá embaixo. — olhei-a imediatamente.

— E está muito bonito?

— Ele não faz o meu tipo, mas hoje está tão... Não sei explicar. Realmente muito bonito!

— Ai sério? Eu não estou muito simples, não?

— Você é irmã da editora-chefe da Cosmopolitan, até estando simples não está simples. — retrucou.

— Mas não está muito casual? — perguntei e ela cruzou os braços.

— Esse não era o objetivo? É um show, não o Grammy. — sorri tentando tranquilizar-me ao notar minha própria preocupação.

— Tudo bem então, me deseje boa sorte! — disse enquanto saía do quarto.

— Da última vez eu desejei e você apareceu grávida! — aquilo me fez dar umas boas gargalhadas.

Desci as escadas com muita calma, pois mesmo acostumada, qualquer tombo faria um estrago. E além do mais, eu já não caminhava mais sozinha. Justin parou o que fazia – no celular – assim que os meus passos puderam ser ouvidos pelo chão da casa. Estava boquiaberto e mordeu os lábios involuntariamente enquanto caminhava até mim.

Fiquei feliz por ele estar tão casual quanto eu, usando calças jeans claras rasgadas, uma touca num tom cinza escuro e casaco moletom no mesmo tom. Por algum motivo muito engraçado, ele usava também a touca do moletom. Seria cafona em qualquer outra pessoa, mas ele ficava lindo.

— Você está linda! — disse, dando espaço para que eu entrelaçasse meu braço ao seu.

Aquele era nosso “primeiro encontro” – nem sabia se poderia chamar assim – e eu não fazia ideia do que esperar. Em menos de um mês, nós tivemos um pequeno caso de uma noite só e tantas coisas aconteceram. Chega a ser loucura pensar em como foi tudo tão rápido.

A tal culpa que Grace tanto falara chegou assim que entrei em uma rede social quando fazíamos o percurso até o estádio onde o show ocorreria.

Era uma foto com uma criança; mais especificamente, um bebê de mais ou menos um ano. Ele me disse que era o filho de Scooter, seu empresário, e uma amiga. Também comentou gostar muito de crianças e ser quase como uma babá para os filhos de seus amigos. Justin nem precisaria se esforçar para mostrar o quão bem se dava com os pequeninos, a foto falava por si só.

— E você tem vontade de ter filhos? — perguntei ainda olhando para a foto, completamente encantada.

— Sim. Não agora, acho que sou jovem demais pra isso — riu — Mas será ótimo ser pai qualquer hora. — era tudo o que eu precisava – e não precisava – ouvir. Agora tinha mais dúvidas rodeando minha mente. — E você, tem planos de ser mãe? — eu ri, mas foi de nervoso.

— Não, nenhum plano... — e eu não tinha, mas iria acontecer — Não sou como você. Nada de desejo materno, anseio por filhos... — ele riu — E se acontecer, eu vou ser com certeza a pessoa mais desesperada do mundo.

— Eu não diria “desesperado”, mas com certeza não iria saber o que fazer. — riu consigo — Eu tenho a ideia de querer ser o pai que nunca tive, então com certeza não iria ter problemas. Nunca tive um filho, é estranho falar disso — pausou — Mas é o que eu penso.

Dei graças aos Céus quando naquele momento, notei que havíamos chegado ao local do show. Ele se dirigiu ao outro lado do carro para me abrir a porta, o que era muito gentil. Homens vestindo uniformes pretos aproximaram-se de nós no mesmo instante, seguido da chuva de flashes. Ele me pegou pelo braço para auxiliar no caminho até a entrada. Era realmente muito difícil enxergar qualquer coisa com todas aquelas pessoas despejando luz em meu rosto. Eles também gritavam e eu estava a um passo de atacar alguém.

Os seguranças caminharam conosco até a área VIP, onde o que nos separava do público eram grades e mais homens fardados. Havia também vigilância policial e seguranças que deveriam fazer a escolta de Justin até o carro – ou qualquer outro lugar – para que nunca estivesse só.

O show começara assim que chegamos ao local. Um belo clipe apareceu em todos os telões, nele Camila estava dentro de uma banheira fazendo muitos movimentos sensuais. Justin estava focado neles, assim como o resto do público. Ela era incrivelmente bonita.

A primeira música de seu setlist era “Hey Ma”, uma parceria ainda não lançada em versão de estúdio, mas que todos adoravam ouvir de qualquer maneira. Era envolvente, trazia alegria. Seu toque latino não deixava com que uma pessoa sequer ficasse parada. Isso incluía também a Justin, que não sabia cantar nada além do que as poucas palavras em inglês, mas dançava muito bem.

Sem que eu pudesse pensar duas vezes, Justin me puxou para aquela dança. Esta que exigia muito da cintura, gingado e “corpo colado”. O que nós aparentemente tínhamos naquele momento. Quando percebi que as câmeras nos mostravam no telão, não pude esconder tamanha vergonha e de maneira involuntária, “afundei” minha cabeça no ombro de Justin, quase fungando em seu pescoço.

— Não respire tão perto... — sussurrou de olhos fechados — Por favor...



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