História Covarde - Capitulo Único

— Obrigado a todos por terem vindo! Espero que tenham aproveitado ao máximo o show! — O líder disse com um sorriso feliz no rosto, acenando com as mãos erguidas para todos os fãs ali presentes — Por favor continuem apoiando e amando o EXO! Tchau! — E todos os membros saíram do palco acenando e se despedindo após uma reverência conjunta.

As fãs gritavam quase histéricas e faziam um coro com o nome dos membros, aquele clima de felicidade era maravilhoso, finalmente eles haviam conseguido realizar o sonho de todos ali.

Se juntaram a toda equipe que possibilitara a realização do show, agradecendo e parabenizando. Todos os membros do grupo trocaram rapidamente de roupa e foram para casa.

— Esse show foi muito bonito! — Lay disse com um sorriso calmo no rosto, como era do seu feitio.

— Claro que foi, eu estava lá! — Baekhyun respondeu sorrindo convencido, provocando risadas de todos.

— Nós devíamos comemorar. — Chanyeol sugeriu.

— O Hyung tem razão! — Sehun concordou, deixando que o Byun escorasse em si.

— Então vamos? — Suho indagou e viu os membros assentirem sorrindo.

Os membros se agilizaram em convidar os managers para a comemoração, estes que não recusaram, ainda pegando carteiras, chaves das vans, agasalhos e acessórios para que não os reconhecessem.

— Hyung? Você não vem? — JongDae perguntou ao perceber que Minseok não os seguira, apenas se sentara no sofá, observando todos se moverem atrás dos objetos.

— Ah, não vou. — Disse e viu todos se virarem, como se indagassem o porquê da desfeita — Eu estou cansado, vou apenas dormir, não se preocupem. E não bebam, tudo bem? — Se explicou, tranquilizando-os.

— Tudo bem, se cuide e descanse. — Junmyeon disse se dirigindo para a porta — E nós só iremos jantar, não se preocupe Hyung.
Todos saíram do grande dormitório, indo para algum restaurante que Minseok não se importava realmente. Bufou e se levantou, sentindo-se muito cansado, como não se permitia sentir há muito tempo.

Se arrastou para o banheiro, se despindo lentamente enquanto a banheira enchia com água quente, ao terminar se sentou na mesma devagar, soltando um suspiro pesado, sentindo seus músculos se tornarem menos tensos à medida que os minutos passavam.

Quando se sentiu relaxado o suficiente, seguiu para o seu quarto e se vestiu com uma calça moletom preta e uma blusa de manga comprida larga e branca. Foi para a cozinha, comeu um sanduíche e pegou, atrás de uma pilha de vasilhas de porcelana, bem escondida, uma garrafa de uísque. Caro, importado, que ninguém sabia da existência e seu.

Pegou um copo e colocou algumas pedras de gelo antes de encher o copo com o líquido de cor escura, dando goles rápidos até que restasse apenas o gelo.

Sacou rapidamente o celular, abrindo a sua conta privada do twitter e viajando pela timeline, vendo muitas fotos do show e vários comentários engraçados sobre os diversos momentos que protagonizaram. Até que uma notícia, de uma das fanbases, o chamou a atenção.

"Ex membro do Exo, Luhan, chegou hoje em Seul."

Ele não soube reagir, apenas encheu seu copo novamente e solveu tudo em um único gole, vendo seu mundo girar rápido e logo voltar ao lugar. Abriu o seu instagram e rapidamente foi para o Direct, abrindo um chat em particular.

"Soube que está aqui em Seul." — Visualizado.

"Eu sinto sua falta, muita" — Visualizado.

"Você pode vir aqui? Estou sozinho no dormitório. Os meninos saíram para comemorar. O dormitório ainda é no mesmo lugar" — Visualizado.

"Pare de me ignorar, isso dói." — Visualizado.

Os olhos pequenos do Kim se encheram das mais genuínas lágrimas de tristeza ao ser ignorado pelo outro. Será que ele não se importava mais?

Desde a saída do chinês do grupo as coisas se tornaram imensuravelmente mais difíceis para si, mal falava em entrevistas ou nos shows ou programas ou com os outros membros. Ele passara por um momento difícil demais para se explicar, doía demais para querer falar sobre isso. Ainda dói. A única coisa que impediu que ele piorasse foi o contato que Luhan manteve consigo, sendo sua âncora, não deixando que desabasse por completo.

Contudo, alguns meses atrás eles pararam de se falar, não por falta de tempo, mas porque brigaram, como nunca haviam brigado antes, como nunca se imaginaram fazendo. Mas qual fora o motivo? Bom, em uma conversa, Minseok deixara escapar seus sentimentos pelo chinês de feições delicadas, Luhan começara a dizer que "não curtia o mesmo" e isso desencadeara uma briga feia que envolveu até o fato da saída do estrangeiro do grupo. Desde então eles não se falavam mais e isso matava o Kim.

Ele se sentia sozinho, abandonado, triste e ignorado pelo seu primeiro e verdadeiro amor e seu, acima de tudo, melhor amigo e confidente. Ele só queria ser perdoado, queria poder retirar todas as ofensas e palavras proferidas durante a briga, queria que tudo voltasse ao normal. Que voltasse para alguns anos atrás, onde Luhan ainda estava ali, ao alcance dos seus dedos.

A garrafa de uísque já estava  com menos da metade, não ficando esquecida embora Minseok estivesse com a cabeça cheia. Ele estava muito tonto e já se sentia meio "alto".

"Eu lembro de uma vez que me perguntaram se eu tinha medo e eu disse que não, porque você e o Kris sempre estariam atrás de mim, me dando suporte. E você concordou. Se lembra do que disse? Eu lembro. Você disse que se vocês não tivessem lá eu já teria caído... Bom, você estava certo, demorou, eu tentei, mas eu estou caindo." — Visualizado. Àquela altura Minseok já chorava.

"Luhan está digitando" — Naquele momento o coração do Kim começara a bater freneticamente, esperando muito ansioso pela resposta.

"Abra a porta"

Minseok ficara algum tempo ali, encarando o celular, até se levantar e ir até a porta branca. Ao abri-la viu ali o homem, agora moreno, parado, encarando um Kim de olhos muito arregalados.

— Eu vou poder entrar ou? — Deixara a pergunta no ar, sua voz saindo um pouco rouca graças ao tempo que não a usara.
O garoto de cabelos esverdeados andou mecanicamente, dando um pequeno espaço para que o outro passasse, fechando a porta em seguida. Ficou observando a figura mais alta que si olhar em volta, como se estivesse se certificando que nada mudara demais. Ouvira o outro suspirar alto e só depois olhar para o menor.

— Você vai ficar aí? — Ele perguntou e Xiumin negara com a cabeça, seguindo devagar para a cozinha, sentindo Luhan no seu encalço.

Sentaram-se no balcão onde Minseok estava antes, ambos ficaram em silêncio deixando um clima desconfortável pairar sobre o local. Luhan pensava como era antes de sair do grupo, quando dividia com eles aquele dormitório. Xiumin pensava no que Luhan estava pensando.

— Estava bebendo? — O mais alto indagou, olhando a garrafa de uísque e o copo vazio.

— Ér... Sim. Os meninos saíram para comemorar, então resolvi fazer o mesmo. — Murmurou de cabeça baixa. Jamais diria que bebia para afogar as mágoas.

— E por que não foi com eles? Beber sozinho me parece triste. — Disse cortante, pegando o esverdeado de surpresa.

Ele sorriu envergonhado, sabendo que Luhan sabia de sua triste mania de beber quando estava triste, o chinês o conhecia muito bem, mais do que si mesmo.

— Eu estou bem. — Sussurrou, mesmo que quisesse chorar, dizer que estava muito mal, que sentia falta do outro e implorar o perdão do mesmo.

— Não me parece muito bem. — O moreno proferiu calmo, brincado com o copo vazio.

— O que você quer? — Perguntou confuso.

— Eu senti sua falta também.

O coração do Kim deu um solavanco ao ouvir aquelas palavras que saindo dos lábios finos do moreno soavam muito sinceras. Ambos se entreolharam, transmitindo naquele olhar a quantidade de sentimentos que estavam sendo guardados. O principal sendo saudade.

— Me desculpe, Lu-ge, por tudo que eu te disse. — Minseok começou, sem coragem de olhar para o outro, encarando suas mãos unidas sobre o balcão — Eu fui muito insensível, falei coisas sem pensar, movido apenas por raiva. Espero que possa realmente me perdoar.

— Eu também estava errado, Umin-hyung, fiz pouco caso do que estava sentindo. Colocando barreiras entre nós... Eu... Me desculpe... Realmente era apenas eu que deveria estar pedindo desculpas. — Respirou profundamente — Eu que comecei a briga por um motivo nada a ver, transformei uma coisa simples em uma coisa de proporções ridículas. Além de te magoar, muitas vezes. Você apenas revidou, eu realmente sinto muito.

Os dois ficaram em silêncio por alguns minutos até se levantarem e se abraçarem selando o perdão. O coração de Minseok batia frenético em felicidade, estava com o seu Luhan ali.

— Xiumin. — O moreno chamou o mais baixo, sem deixar que ele saísse do seu aperto. — Eu sou um covarde. Me desculpe.

— Do que você está falando, Lu-ge? — Indagou muito confuso.

— Não é nada. — Soltou o outro e sorriu — Vamos fazer algo para comer e terminar com aquele uísque?

— Vamos! — O mais baixo sorriu, sentindo suas bochechas queimarem.

Ambos acabaram pedindo comida chinesa ao se depararem com uma preguiça insustentável de cozinhar, como prometido terminaram juntos de beber o uísque e ficaram conversando coisas do dia a dia, atualizando-se do que o outro vivia.
Acabaram indo para o quarto do coreano e lá pegaram no sono, deitados juntos.

Luhan acordara antes de Minseok e os outros membros ainda não haviam chegado, algo que considerara um golpe de sorte, visto que eram quase 5 da manhã. Se levantou sorrateiramente da cama e seguira para o seu hotel, não antes de deixar um pequeno bilhete para o seu baozi.

(...)
Quando Minseok acordara e não vira Luhan ao seu lado se decepcionara, estaria mentindo se dissesse que não, mas ao ver Chen na cama ao lado da sua se aliviara pelo chinês já ter ido embora.

Se levantou preguiçosamente e olhou as horas, já passavam das 9 da manhã. Esfregou os olhos e viu, na sua cômoda, um pequeno papel amarelo. Lá estava, em uma caligrafia invejável, uma mensagem de Luhan para si.

"Eu tive que ir, antes que os meninos voltassem.
Me desculpe não poder ficar mais.
Me desculpe também por não dizer o que eu sinto de verdade e ter tornado o que poderia ser felicidade em uma briga.
Me desculpe por ser tão covarde também e não conseguir dizer o que eu sinto pessoalmente.
A verdade, baozi, é que eu te amo. Muito.
Talvez da próxima vez que a gente se ver eu possa dizer isso para você e possa te beijar também, como eu sempre quis.
Luhan"

Quando Minseok leu aquilo lágrimas romperam por sua face, de felicidade e de raiva. Felicidade porque, bom, Luhan o amava e raiva porque Luhan era um covarde, mas aquilo não era um problema, ele não se importava de amar um covarde. Ele era corajoso pelos dois. E por isso que ele não se demorou em se vestir e correr para o hotel que Luhan estava, ele cobraria ambas as promessas. O "eu te amo" pessoalmente e o beijo.