História Coxinhas canibais - Dia 2, 15:26 - Dúvidas.

  - Fim.

  - Raul, eu tenho uma pergunta.

  - Então fale.

   - Quem fez esse café? Tá horrível, com um gosto amargo, já coloquei uns cinco sachês de açúcar, e continua a mesma coisa!

    Raul ficou encarando Aroldo, com raiva no olhar.

  - Calma, estava brincando. Na verdade, esse café tá bem ruim mesmo, foi você que fez esse lixo? Porque...

  - CARAMBA, AROLDO! VOCÊ NÃO ENTENDEU NADA MESMO NÉ?! MEU DEUS, EU ESTOU QUASE MEIA HORA CONTANDO ESSE LIXO DE HISTÓRIA E VOCÊ...

  - Raul, está muito estressado. Deve ser essas carnes... - Interrompeu Aroldo, ignorando o sermão. - Então, o que essa história tem haver com "Carne de castor"?

    Raul respirou fundo, guardando toda a raiva.

  - Irei deixar para que descubra sozinho.

  - Ah, Raul! Pelo amor, né? Eu não vou descobrir sozinho essa história!

  - Então sai daqui, vai, vaza - Falou Raul, empurrando Aroldo para fora da sala, em direção a saída do açougue.

  - Ei! Eu tenho uma dúvida! O que aconteceu com Gilson!?

   Raul soltou Aroldo na porta do Açougue, e o encarou.

  - Ele...

   - Ele morreu!?

   - Não! Ele está trabalhando de caixa no boteco da frente. Oi tio! - Raul acenou, e um senhor com um sorriso no rosto retribuiu.

   - Ele é seu tio!?

    - É. Você não prestou mesmo atenção, né? Meu Deus, o que ficou fazendo esse tempo todo!?

   - Tomando aquele café HORROROSO que você fez. Sinceramente, se não sabe fazer nem um cafezinho, como quer administrar esse açougue?

  - Eu vou fechar esse açougue. - Falou sério.

  - Calma, eu só estava brincando...

  - Não, é sério. Agora que proibiram a venda de carnes, eu não tenho opção a fechar o açougue.

  - QUE? E AONDE IREI COMPRAR AS MINHAS CARNES? MEU DEUS, EU...

- Aroldo, entenda que não poderá comprar mais nenhuma carne, nem aqui e nem eu outro lugar.

- Mas...

- Sem mas. Sei o que estou fazendo. Agora saia daqui.

    Raul estava falando a verdade. Não tinha saída. Já tinha feito a sua parte, salvado Aroldo de uma possível vida infeliz, como a do seu tio, Gilson. Tentaria manter o açougue aberto até um último segundo, e agora tudo dependia apenas de Aroldo.