História Coxinhas canibais - Dia 3, 13:00. - Sem teto.

  - Você está brincando?

  - Não, Aroldo. Sinto muito. Terá que procurar outro lugar para morar.

  - Mas porque!? Eu sempre pago o aluguel, nunca atraso, é sempre no dia certo... Não diga que é as piadinhas que faço dizendo que é homossexual?

  - Não, não é nada disso. Eu não posso explicar, você não entenderia.

  - E você acha que vou morar onde? Vivi aqui por 6 anos! Acha que é fácil achar uma casa!?

  - Em nenhum momento falei que era fácil achar uma casa. Você precisa achar outro lugar para morar, e não vai ser aqui...

  - Ah, meu Deus, não acredito...- Dizia Aroldo repetidamente, enquanto olhava para o chão.

  - Você não tem nenhum familiar que pode te receber?

  - Ho, Ho, Ho. E você acha que é fácil receber alguém em sua casa?

  - Olha, Aroldo, eu não estou mais te entendendo. Pegue suas coisas, antes que anoiteça e complique sua procura por uma casa.

   Aroldo respirou fundo. Aquilo só podia ser um sonho.

  - Me ajuda a arrumar as coisas?

    George assentiu. Ele não queria fazer isso. Não queria mesmo. Mas essa era sua única opção.

~ 16:34 ~

- Geoge, muito obrigado por ter me dado um lugar para morar durante seis anos. Em seis anos, é o tempo de uma sentença de prisão acabar. Em seis anos, um defunto já não é mais carne. Em seis anos...

  - O.k, já entendi. Também te agradeço pela sua companhia.

  - Você está pouco se importando, não é? Eu...Eu nem acredito. Acho que já chegou minha hora de ir, não é mesmo? - Aroldo fechou a cara. - Vamos George, vamos embora desse lugar!

  George continuou no sofá, encarando-o.

  - Vamos George! Venha logo!

  Ele não mexeu um músculo.

  - Tudo bem. Pode ficar ai. Mas eu não vou voltar tão cedo! - Depois, olhou para o George humano - Quando eu achar uma casa, eu venho busca-lo. Consegue dar conta?

   George assentiu, abrindo a porta.

  - Até.

  - ... Até.