No momento que Aroldo virou para trás, o homem barbudo - que ele mesmo pensou que era inofensivo, estava com a jaqueta aberta, e sua cintura toda estava envolvida de bombas. Ele gritava "Habib's" repetidamente, o que deixou o aeroporto inteiro desesperado. Ronaldo berrava mais que todos, gritando "EU AVISEI, EU AVISEI!" Enquanto Aroldo se desesperava mais ainda olhando aquela cena.
- Olha, esquece o pão de queijo, vou... - A atendente ja havia sumido. Só restou correr atrás de seu tio.
- CALMA RONALDO, VAI FICAR TUDO BEM, eu acho...
- EU AVISEI, EU AVISEEEI - Ronaldo começou a puxar seus próprios cabelos, desesperado.
- CADÊ AS MALAS?
- MALAS? VOCÊ ACHA QUE ESTOU PENSANDO EM MALAS? VAMOS CORRER DAQUI! - Ele meteu o pé em direção a porta do aeroporto, deixando Aroldo sozinho.
Aroldo se abaixou e começou a procurar suas malas e a de seu tio. A gritaria e correria o impediu que se concentrasse e seguiu seu tio. Esquece as malas, pensou. No caminho a porta, avistou Flávio, o garoto irritante, e sua mãe, discutindo.
- EU ESTOU MORRENDO DE FOME! - Berrava Flávio.
- FILHO, NÃO SEI SE PERCEBEU, MAS NÓS TODOS ESTAMOS EM RISCO DE VIDA, DEPOIS COMEMOS! - Disse a moça, pegando pelo braço do filho e o levando até a porta.
- NÃO ME IMPORTO, SE FOR PRA MORRER, NÃO QUERO MORRER COM FOME!
- ELE VAI JOGAR A BOMBAAAA - Gritou alguém.
- Eu vou ficar aqui! - Disse o garoto, convencido, de braços cruzados.
A mulher suspirou, com muita raiva.
- Eu vou contar até três. Um...- Flávio não se mexia - Dois...- Aroldo resolveu agir.
- VEM LOGO, MULEQUE! - Aroldo pegou pelo pulso de Flávio com força, o arrastando. A mulher os seguiu, meio assustada.
- HAAAAABIB'S - O homem bomba gritou, pegando uma bomba de sua cintura e decidido em explodi-la. O aeroporto virou de cabeça para baixo. Todos gritavam e corriam desesperadamente. Algumas mães chamavam por seus filhos, aparentemente perdidos.
- Ó, CANIBAL, ME SOLTAAAA - Gritou Flávio. Aroldo se segurou para não jogar o muleque pelo ar. O homem bomba percebeu que a maioria da gritaria vinha do lado onde Aroldo, Flávio e a moça estavam. Aroldo percebeu que estava sendo encarado, então virou para trás, e se deparou com olhos incrivelmente assustadores.
- Corre com a sua família daqui, fera. - Era isso que os olhos do barbudo pareciam dizer a Aroldo.
Os três saíram correndo dali, e finalmente chegaram ao estacionamento do aeroporto. Ronaldo estava sentado no chão, com o rosto enterrado nas mãos. Murmurava algo. Flávio se soltou sozinho da mão de Aroldo, com ódio no olhar.
- Ronaldo? - Sussurou Aroldo. - Está tudo bem?
- Aham. Claro. - Murmurou, sem o olhar - Está tudo bem.
Aroldo não pareceu convencido, mas ignorou, se voltando para a moça e Flávio.
- Então, e agora? - Disse, tímido.
- Não sei. Acho que é melhor chamarmos um táxi e procurarmos um lugar pra ficar. - Disse a moça. - Parece que não temos opção.
Aroldo sorriu, e ela retribui, corando. Flávio fez cara de nojo.
- Você acha que um táxi vai vir aqui, com toda essa confusão?
- Vai sim. Vai vir sim. - Falou Ronaldo, sussurrando, e depois dando uma risada meio psicopata. Todos ficaram em silêncio.
- Estou com fome. - Disse Flávio, quebrando o silêncio.
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