História Crawling back to you... - VI

No dia seguinte, perdi o horário para ir trabalhar, a consciência pesava, já que o Sr. Yellow estava numa idade avançada, dependia de mim para realizar as tarefas, ele tinha a loja como a única coisa que havia restado desde que sua esposa tinha falecido, não gostava de comentar, era muito reservado mas num certo dia, próximo ao natal estava inquieto,  então ao perguntar, contou tudo e no final estavam os dois chorando. As vezes refletia sozinha na sua cama, imaginando se um dia teria um amor assim, para a vida toda.
Pegou o celular e ligou para ele, e para sua surpresa dizia que estava com seu sobrinho, que não iria abrir a loja, aliviada, agradeceu e se desculpou. Kim já havia saído e a deixou na casa sozinha, logo surgiu uma ideia mas teria que saber se a amiga concordaria, discou seu número, chamou e após um tempo atendeu:

- Quem é a amiga mais maravilhosa desse mundo? – Disse quase gritando, indo a cozinha procurar alguma coisa para comer
- É claro que sou eu – Disse se gabando, podia imaginar a cara de sua amiga - então continuou – Lá vem história, para falar desse jeito quer alguma coisa, desenrola!
- Você sabe que eu te amo né? – Do outro lado da linha só exclamou um “uhum” então continuei – O que você acha de fazermos uma maratona de filmes e séries aqui? – Disse já comendo uma maçã
- Por mim tudo ótimo, esse suspense só pra isso? – Kim bufou – mas pera aí, era pra você estar no trabalho, te chamei antes de sair de casa, você disse que já ia se arrumar
- Eu nem me lembro disso – ri – então, ele não abriu a loja hoje... depois te explico melhor, passa no mercado que eu vou dar um jeito aqui
- Okay, vou chamar um pessoal, vai ser a noite! Tchau babe, estão me chamando aqui – Se despediu e desligou
Terminei de tomar meu café da “manha” e comecei minha limpeza, liguei o som no máximo que podia, fui até o quarto e notei que de longe era o pior, afastei a cama e encontrei camisinhas, as intactas guardei e quando voltei vi que tinha um pedaço de pizza grudado no carpete em baixo da cama, definitivamente aquela tarde seria longa, tirei o tapete para lavar e comecei a faxina. Após aproximadamente uma hora consegui organizar e limpar o quarto e orgulhosa finalizei com  aromatizantes, a sala e a cozinha incrivelmente não estavam tão sujas, então terminei rápido e aproveitei o resto da tarde ir me arrumando, começando por um banho relaxante até ser interrompida pela campainha que tocava freneticamente, coloquei minha toalha e fui xingando abrir a porta
- O que você está fazendo aqui? – Disse e um arrepio correu pela minha espinha
- Você não estava no trabalho, nem em casa, então só poderia estar aqui, podemos conversar? – Daniel disse já tentando entrar
- Sai daqui, não temos nada para conversar – Disse já alterada
- Annie eu amo você, me perdoa, você ao menos viu minhas mensagens? – Disse socando a porta
- Não tem “eu te amo” ou “desculpas” que faça voltarmos, o que você fez não tem perdão, por favor me deixe em paz – Estava assustada, nunca tinha o visto daquele jeito, foi quando começou a empurrar a porta, contraía para ele não entrar
- Me deixa entrar, ou vai se arrepender, se você não for minha não vai ser de ninguém – Minhas forças pareciam mínimas perto da dele mas ainda sim não podia desistir, logo ele conseguiu abrir e pegou no meu braço com força, ele estava vermelho de raiva, nunca o tinha visto daquele jeito, foi quando Alex chegou com os rapazes com sacolas de mercado sorrindo, sua face mudou quando viu a porta amassada, então largou as compras e foi correndo me procurar.
- Larga a Annie agora, quem é você? – Gritou indo na direção dele, logo os rapazes apareceram depois
- Tá explicado então, esta dando pra qual deles hein sua vagabunda? – Gritou me machucando mais ainda meu braço doía, sentia o cheiro de álcool no seu hálito
- Nenhum deles, e mesmo que tivesse, isso não é mais problema seu, me solta, vá embora – Disse e o encarei, foi quando ele levantou a mão, e na mesma hora Alex o empurrou e eles começaram a brigar na sala, só depois de gritar muito os rapazes separaram os dois, que por sinal ambos estavam sangrando.
- Por respeito a sua família não vou ligar para a polícia, mas apareça novamente que você na mesma hora estará atrás das grades, cai fora – Disse cuspindo as palavras, então ele foi embora e fui ver como Turner estava.
- Vem aqui vou cuidar de você – ao dizer um sorriso malicioso brotou em seus lábios
- Não desse jeito, idiota! sente se aqui  - Disse apontando a cadeira, então ainda dolorido veio devagar e sentou se na minha frente.
Comecei a fazer o curativo enquanto me observava, notei que tinha uma chupada no seu pescoço, meus pensamentos foram longe, imaginando quem as causou, e então percebi que um homem como ele nunca se contenta com uma, e suas investidas era apenas para ser mais uma em sua lista. Afastei meus pensamentos e finalizei seu curativo, quando ele se inclinou para mim e me beijou suavemente, e finalizou  mordendo meus lábios, quando seu telefone começa a tocar, ele encara o celular e deixa tocar.
- Por que não atende? pode ser importante – Disse curiosa
- Não, não é – Respondeu seco, agradeceu e saiu da cadeira
Ele estava agindo estranho mas preferi não me intrometer, então fui terminar de tomar o banho.

(...)
Quando terminei meu banho, coloquei as toalhas e  ouvi gritaria então fui na sala e os rapazes estavam jogando futebol, Luke claramente estava perdendo, seu rosto avermelhado entregava tudo, então ri e fiquei observando por tempo, então senti alguém atrás de mim dizendo:
- Você está tão cheirosa – Sai da frente do Alex que exalava nicotina em seu hálito
- E você tão fedido Alex, não sei como tem mulheres têm coragem de beijar essa boca – Disse saindo de perto e indo me trocar, e antes de fechar a porta vi brotando um sorriso em seus lábios.
- Não se esqueça que você já foi uma dessas mulheres, não se lembra? – me encarava tocando em seus lábios e sorrindo descaradamente, solto um xingamento e fecho a porta de vez.

Filho da puta, como consegue ser tão atraente? – pensei

Coloquei um shorts com meias até as coxas, tênis preto e minha blusa dos The Smith e deixei meus cabelos soltos secando sozinho e ao sair vi Kim chegando em casa com Megan e uma garota loira, os garotos até pausaram o jogo pra cumprimenta-la,  inclusive Alex, logo após eles Kim me apresentou e vi que era muito simpática, se chamava Nora e trabalhava sendo corretora de imóveis, ficamos conversando por um tempo até Kim notar a porta amassada.

- O que vocês aprontaram? – Ninguém disse uma palavra, então a chamei no quarto e contei tudo o que tinha acontecido, ficou chocada queria ir na delegacia o mais rápido possível, mas felizmente a convenci e ela me abraçou dizendo que se Daniel chegasse ao menos perto de mim iria se ver com ela.