1. Spirit Fanfics >
  2. Crawling Into the Unknown >
  3. Regresso

História Crawling Into the Unknown - Regresso


Escrita por: lanastoltz e elevar

Notas do Autor


Olá, crianças! Tudo bem, tudo bom? 😊 Essa é uma repostagem da minha primeira fanfic postada nesse site há um tempinho e parei de postá-la por falta de criatividade. Durante os últimos meses, essa história começou a rondar minha cabeça e uma vontade louca de reescrevê-la tomou posse do meu ser. Então reescrevi e mudei um pouco o enredo (quem já leu a versão original, vai perceber a mudança). Bem, meus pequenos, a leitura é por sua conta.
Boa leitura, meus pequenos.

Capítulo 1 - Regresso


EMILY'S POV

 



Infelizmente, sou Emily Shinoda, isso mesmo, SHINODA, isso porque sou sobrinha de Mike Shinoda, o rapper da banda Linkin Park. Tudo começou quando escutei, sem querer, uma conversa que meu pai estava tendo por telefone, eu estava andando com meu skate pelo corredor e passei em frente ao escritório do meu pai e ouvi vozes vindo de dentro dele: 
- Não sei, acho que... Eu tenho que perguntar à... Sim, ela é meio rebelde...- Rebelde. A palavra rebelde me despertou. Essa palavra foi tudo o que precisou pra aumentar toda a minha curiosidade. 
- Ela é difícil de lidar... Tem 17... Eu sei... Será que você dá conta dela, Mike? Fico meio receoso em mandar minha filha para o outro lado do país... Eu sei que não preciso me preocupar mas... Tá certo, se você diz. Okay, então. Amanhã. Muito obrigado! Eu te devo essa, cara. Tchau. - Okay. Será que ouvi direito? Quem o idiota do meu pai pensa que é pra fazer uma coisa dessas sem me perguntar antes? Não aguentei e adentrei seu escritório sem nem me preocupar com seu olhar de reprovação sobre mim. 
- Me explica isso que acabei de ouvir, mas explica com clareza porque não quero passar a noite tentando assimilar o que sair dessa sua boca cheia de dentes! - Berrei assim que entrei.
- Primeiro: Onde está a porra da educação que te dei? - Jason Shinoda, meu querido papai, falou como se tivesse algum moral sobre mim.
- Acho que nem aqui e nem no Japão eu tenho essa "educação" aí. - Falei rindo com certa ironia.
- Olha essa boca, peste. Ah, o que fiz pra merecer tanta arrogância? - Jason falou, já sem paciência e olhando pra cima. Rolei os olhos sem paciência também e respirei fundo. 
- Me explica. - Falei mais calma. Jason suspirou antes de começar a falar.
- Tenho que fazer uma viagem de negócios para o exterior e essa viagem não é de uma semana e sim de um ano. 
 - Se você acha que eu me importo com suas viagens desnecessárias, está muito enganado. - Falei.
-Continuando, como você não pode ficar sozinha em casa por causa da sua degeneração mental, vou mandá-la pra Los Angeles na próxima Sexta. - Não acredito nisso! Serei "mandada" pra outra cidade como se eu fosse algo que pudesse ser mandado pelo correio. Só de pensar com quem irei ficar... 
- No way! Eu não quero ir. 
- Quem disse que você precisa querer? Vamos, vai arrumar suas coisas, partiremos ao aeroporto às 08:00. 
 - Ah não acredito! - Bufei saindo do escritório e subindo as escadas correndo. Cheguei em meu quarto e me joguei na cama e comecei a chorar, eu não poderia sair de Miami e deixar toda a minha vida pra trás, eu cresci aqui e não será agora que deixarei tudo pra trás durante um ano. Ou não. Limpei as lágrimas e levantei e fui até o banheiro e observei meu reflexo todo borrado pela sombra forte por causa das lágrimas, lavei meu rosto e fui tomar banho pra tentar me acalmar, saí do banho e vesti uma roupa bem frouxa pra poder ficar confortável. Olhei pra todas as roupas no guarda roupas e bufei, peguei uma mala grande que havia em cima deste e comecei a jogar todas as roupas de qualquer jeito dentro da mala.
 - Assim não vai terminar nunca. - Jason apareceu na porta do quarto.
 - Me deixa! - Falei tentando disfarçar a voz embargada. Jason suspirou e quando ia responder algo, seu celular tocou. 
 - Oi, Mike! Sim, estou com ela... É, ela está arrumando as coisas. .. Ahn? Não sei se ela... Tá, tá, vou tentar. Seu tio quer falar com você. - Jason disse colocando o celular na minha direção. Ele poderia ter tapado o microfone do celular, não poderia? Fez de propósito, só pode. 
 - Eu te odeio. - Sussurrei pegando o celular de suas mãos.
 - Oi tio lindo do meu coração! - Falei com a maior falsidade do mundo.
 - Não seja falsa, Emily, sei muito bem que você não é assim. -Falando isso Mike começou a gargalhar, quase me deixando surda. Suspirei e falei: 
 - Ha-ha-ha! Eu tenho mais o que fazer do que ficar ouvindo suas palhaçadas, palhaço. - Falei rindo ironicamente e joguei o celular pro meu pai, que estava ao meu lado. 
 - Se você não é educada comigo, pelo menos seja com seu tio. 
 - Isso seria falsidade, papai. - Falei o óbvio. Jason bufou e voltou ao celular.
 - Desculpa, cara... Tá... Eu tenho que ir, amanhã será um longo dia. Tchau. - Falou e desligou.
 - Por favor, termina essa mala logo e vai dormir pois teremos que levantar cedo, ok? - Jason falou e se retirou do quarto. Bufei e retirei todas as roupas da mala e refiz a mala com mais "delicadeza". Terminei de arrumar a mala e me joguei na cama com o típico pensamento de "como meu pai pôde fazer isso comigo?". Por que ele não me manda pra um convento ao invés de me mandar ao outro lado do país? Pensei nisso até pegar no sono.


[...]


MALDITO DESPERTADOR! Triste daquele que inventou esse objeto maligno, que coisa irritante! Olhei o mesmo e marcava 06:45, eu estava perdida. Levantei e fui ao banheiro e fiz minha higiene, tomei um banho daqueles bem rápido e vesti uma calça jeans rasgada, uma camisa com um ombro caído do Iron Maiden, um All Star surrado, passei uma sombra preta e batom bem vermelho. Estava pronta. Desci com a mala gigante e fui até a cozinha e vi Jason tomando seu café tranquilamente. 
- Achei que você tinha morrido. 
 - Poupe-me de suas ironias. - Passei reto e fui em direção da geladeira e peguei um pedaço de bolo que havia ali.
 - Não posso nem brincar com você um pouco? Tá ruim pro meu lado.- Jason falou rindo da própria ironia.
 - Okay, vamos? Quanto mais antes, melhor. - Falei impaciente.
 - Certo, só preciso pegar meu casaco. - Jason falou e levantou, subindo em direção ao seu quarto. Suspirei e segui até a sala e sentei no sofá. Fiquei observando o local e falei: 
 - Nem saí ainda e já estou sentindo falta daqui. - Falei sentindo meus olhos marejarem mas o clima foi cortado, graças à Jason.
 - Vamos, filha? 
 - Whatever. - Falei e saí em direção ao seu carro enquanto Jason vinha atrás de mim com minha mala. Entrei no carro e fiquei observando Jason colocar minha mala no porta malas e em seguida entrando no carro e dando partida no mesmo. Chegamos no aeroporto e me deu um aperto no peito, não acreditava que iria deixar meu lugar pra morar em Los Angeles. 
 - Você está bem? - Jason me despertou de meus pensamentos.
 - Tô ótima! Vamos logo com isso. - Falei saindo do carro e pegando minha mala.
 - Deixa que eu levo isso. - Jason falou pegando a mala da minha mão. Caminhamos em silêncio até a área de check in e com tudo pronto, ouvimos a última chamada para o meu vôo.
 - Última chamada para o vôo 140 com destino à Los Angeles. Última chamada para o vôo 140 com destino à Los Angeles. 
 - Bem, acho que esse é meu vôo. Contra minha própria vontade, vou nessa. - Falei e quando me virei em direção à porta de embarque, senti Jason me puxar pra um abraço de urso.
 - Se você acha que isso não está sendo difícil pra mim, você está muito enganada. - Falou ainda me abraçando. Não consegui me conter e retribui o abraço. 
 - Eu tenho que ir. - Falei e me distanciei de meu pai. Entrei no avião e coloquei minha mala no devido lugar e sentei na minha poltrona. Fiquei encarando a janela ao meu lado e pude sentir o nó na garganta se formar, típica vontade de chorar. 
 - Senhores passageiros, apertem seus cintos e permaneçam sentados com suas poltronas eretas. Obrigado. - A voz de uma comissária soou em todo o avião, me acordando e fazendo com que eu limpasse minhas lágrimas rapidamente. O avião já havia decolado e todos já saiam de seus lugares, menos eu. 
 - Com licença? - Chamei uma comissária que passava por perto.
 - Posso ajudar em algo? - Perguntou a moça com seu típico ar educado.
 - Eu já posso usar meu celular? - Perguntei impaciente.
 - Contanto que esteja em modo de vôo, pode sim. 
 - Muito obrigado. - Falei e peguei meu celular e dei play na minha playlist favorita no último volume. 
- Moça? - Alguém me chamava.
- Moça? Já chegamos. - A comissária me chamou e pude ver que dormi o vôo inteiro.
 - Faz tempo que chegamos? - Perguntei preocupada.
 - Há uns 5min. - Falando isso, a comissária se retirou. Levantei e peguei minha mala e me retirei do avião. Cheguei ao portão de desembarque e procurei por alguém, claro que não poderiam me deixar plantada em pleno aeroporto lotado de gente. Continuei procurando e nada. Que droga! Sentei em um dos bancos da praça de alimentação e peguei meu celular, desativando o modo de vôo em seguida. Coloquei meus fones de ouvido e senti meu celular vibrar. Era uma mensagem recebida. 


"Emily, houve um imprevisto e me atrasei. Mas não se preocupe, tem alguém indo te buscar. Nos vemos em casa.


Tio Mike"



- Que ótimo. - Falei pra mim mesma e levantando e indo até uma lanchonete que havia ali. Sentei numa mesa e apoiei minha cabeça em uma das mãos. Meu celular tremeu novamente. Mais uma mensagem. 
 


"Menina de preto, oxigenada que tá com a cabeça apoiada na mão. Huehue"



Olhei para todos os lados e não vi ninguém. Quando virei pra minha posição anterior, vi um ser parado à minha frente. Aquele sorriso reto é inconfundível.
- Oxigenada?! Sério mesmo?! - Falei sarcástica e ele revirou os olhos.
- Me dá essa mala e vamos logo que tenho mais o que fazer. - Chester falou, deixando seu lindo sorriso desaparecer de seu rosto e pegou a mala maior. Levantei após um suspiro e peguei a outra mala. Seguimos até a saída do aeroporto e adentramos seu carro e dando partida em seguida. 
 - Você não fala muito, né? Não foi isso que Mike me disse. -Chester falou com um sorriso sacana no canto da boca. 
 - E que você é bem encrenqueira também. - Falou e começou a rir. Claro que meu tio lindo do meu coração contaria aquilo àquele maluco, são melhores amigos desde que aquele bocó entrou pra banda do meu tio. 
 - O que você quer dizer com isso? - Perguntei arqueando uma sobrancelha.
 - Nada não, só estou tentando puxar assunto. - Falou olhando pra frente. Suspirei e me estiquei ao painel do carro, onde estavam alguns CDs e os peguei. 
 - Linkin Park. - Li o que havia escrito na capa em voz alta e pude ver de canto de olho Chester sorrir. Até que ele tinha um sorriso lindo. Tirei o disco da capa e pus pra tocar. Começou com uma música instrumental calma e depois começou outra bem mais agitada, a conhecida Given Up. 
 - Ah, adoro essa música. - Falou sorrindo.
- Pois eu odeio. - Falei e troquei de faixa, começando a mais bonita dos singles, Leave Out All the Rest. 
 - Já disseram que você é muito chata? - Perguntou e eu sorri, encostando minha cabeça no banco.
 - Já perdi foi a conta. - Falei e fechei meus olhos, sentindo a letra da música me atingir em cheio. Ficamos em silêncio até chegarmos à casa do meu tio, que estava bem mais bonita que da última vez que vim aqui, há 3 anos. Saímos do carro e fiquei olhando aquela casa à minha frente. Respirei fundo e peguei minha mala e me pus à frente do carro. 
 - Vamos entrando porque tenho que desfazer essa mala enorme e quanto mais cedo, melhor. - Falei arrastando mala acima, isso é, subindo a pequena escada que dava à varanda da casa. 
 - Vai ficar aí parado e não vai fazer nada? Abre a porta pra mim. - Falei levantando as sobrancelhas.
 - Você é muito mandona pro meu gosto. Eu, hein. - Chester falou com ar de desaprovação.
 - Essa é uma das minhas melhores qualidades. - Falei sorrindo de lado.
 - Tá anotado. Pronto. Está em casa, agora. O resto é com você. -Tá anotado. - Repeti o que ele disse e ele balançou a cabeça negativamente. Entrei na casa e vi que não mudou nada por dentro, só haviam mais quadros de arte do Mike, uma TV enorme, igual a do meu pai, e um aparelho Home Theater com Blu-Ray. Estava distraída observando aquela sala de estar e nem percebi que alguém me chamava.
 - Emily! Sentimos sua falta. - Anna, a esposa do Mike, falou me abraçando.
- Eu também, tia Anna. - Falei retribuindo o abraço. O que havia dito não era falsidade, Anna era a única que eu gostava naquela família, não que eu não gostasse da vovó Donna, muito pelo contrário, eu amo demais meus avós, os únicos que não gostava eram aqueles dois: Papai e Mike. 
 - Nossa! Como você cresceu! Está muito mais bonita que da última vez que você veio aqui com seu pai, isso foi o que, há um ano? - Perguntou Anna, me olhando de baixo pra cima.
 - Há 3 anos, tia Anna. - Falei e soltei um risinho nervoso. É incrível como fico tímida na frente de Anna. 
 - Ora, são 3 anos mas lembro como se fosse ontem, só que mais bonita, nem parece mais aquela menina indefesa. - Anna falou.
 - Há muito tempo não sou mais indefesa, tia Anna. - Falei e sorri de lado.
 - Bem, acho que sobrei aqui. - Chester falou e riu.
 - Chaz, nem percebi que você estava aí. - Dizendo isso, Anna foi em direção à Chester para cumprimentá-lo com um abraço.
 - Bom, já conheço bem a casa e vou subindo pro meu quarto. - Falei e quando peguei minha mala, Chester a pegou de minha mão.
 - Deixa que eu levo isso, está muito pesado. - Falou andando na minha frente. Não falei nada e sorri pra Anna que me olhava sorrindo também. Me virei e segui Chester escada acima. 
 - Só porque sou mulher, você acha que eu não seja forte o suficiente pra arrastar uma mala cheia de roupas escada acima? - Falei, ainda andando detrás dele.
 - Isso nunca passou pela minha cabeça. -Sorriu- Só não gosto de ver meninas mimadas rolando escada abaixo. 
 - Eu não sou e nunca serei mimada. - Falei tentando ser um pouco menos rude.
 - Ahan, sei. Já está entregue ao seu trono, majestade. - Fez gesto de quem recebe a realeza e prendi um riso. Esse cara é bobo.
 - Whatever. - Falei entrando no quarto. Olhei para o ser que ainda estava parado na porta do quarto em um pedido mudo para que o mesmo saísse e me deixasse sozinha. 
 - Bem, acho que já vou indo. Tenha um bom - olhou para o relógio em seu pulso - uma boa tarde. Tenha uma boa tarde. - Deu um último sorriso e antes que eu pudesse responder, ele já havia descido as escadarias. Fui até a porta e a fechei. Abri a mala e a desfiz. Olhei o grande guarda roupa e fiquei encarando.
 - 1 ano é muito mas vai passar rapidinho. - Falei pra mim mesma e sorri com meu pensamento. Arrumei minhas coisas e resolvi tomar um banho bem demorado pra tirar o peso grande que foi aquele dia. Saí do banho e vesti uma camisa do Nirvana, um shorts estilo desfiado, meu companheiro desde sempre All Star e passei sombra preta, nada extravagante, somente o básico, e, por fim, meu querido batom vermelho. Pronto. Estava linda, vamos assim dizer. Desci lentamente as escadas e fui até a cozinha, em direção à geladeira, cá entre nós, não comi nada desde que cheguei aqui. Assim que pus a mão pra abrir a porta da mesma, não pude deixar de notar um bilhete. Peguei o mesmo e comecei a ler o que estava escrito:


"Emily, querida, fui visitar uma amiga e não sei que horas chegarei. Então, peça o que quiser pro jantar. Tem dinheiro dentro da galinha de porcelana que tá em cima da geladeira.


Xoxo! Tia Anna"


- Ah, tá bom. - Falei e ri do que se passou na minha cabeça com o "peça o que quiser". Eu estava com uma louca vontade de comer Sushi, não sei porque mas eu amo peixe, tanto assado quanto cru, sendo peixe, tá ótimo pra mim. Peguei o telefone e disquei o número de uma tele entrega qualquer que havia ali e esperei alguns segundos que, pra mim, pareciam longos minutos. Finalmente atenderam e fiz meu pedido. Fui pra sala e liguei a TV, sentando no sofá em seguida. Fiquei trocando de canal até parar na Nick. Estava passando Bob Esponja, posso ser muito rude mas aquele carinha amarelo é muito hilário a ponto de me fazer rir à vontade com suas palhaçadas. Eu já estava gargalhando alto quando a campainha é tocada, me chamando a atenção. Levantei em um pulo e fui correndo até a porta e a abrindo em seguida, me deparando com um cara alto, de olhos azuis, que aparentava ter uns 20 anos. Bonito até, mas nem se compara ao meu tio.
- São $20,50. - Falou sorrindo e me olhando de baixo pra cima.
 - Ah, claro. Aqui está. Obrigado. - Falei pegando o pacote de suas mãos e fechando a porta em seguida. Ele era um gato mas não sou tão fácil a ponto de me jogar aos braços de um qualquer. Tô enganando à quem? Primeiro: Tem que ser bonito; Segundo: Tem que gostar do mesmo que eu, e terceiro: Não ser grudento. Odeio homens grudentos. Simplesmente corri até a cozinha e tirando rapidamente as delícias de dentro do pacote e comecei a comer como um gordo. E daí? Eu estava sozinha mesmo. 
 - Nossa! Essa puxou ao tio. - Ou eu não estava realmente sozinha. Meu coração foi até a faringe e voltou quando escutei aquela voz tão familiar. 
 - Tio Mike! - Falei e levantei, indo abraçá-lo.
 - Opa, quem é você e o que fez com a verdadeira Emily Shinoda? - Falou com aquele sorriso lindo e aquela maneira de brincalhão que só ele tem. Rolei os olhos e voltei ao meu comportamento normal. Eu disse "normal"? Reformulando: comportamento anormal.
 - Idiota. - Foi tudo o que disse e voltei ao meu lugar. 
 - Ah, está aí. Achei que tinha sido abduzida por E.Ts. - Falou e começou a rir. Vai entender essa família de malucos. 
 - Você não mudou nada. - Falei assim que ele voltou ao normal.
 - E tem algo que possa mudar em mim? - Perguntou pegando um Sushi e jogando na boca. Credo! Claro que não, você está uma delícia como está agora. Se melhorar, estraga. Não respondi e voltei a comer. 
 - Foi o que pensei. - Falou por fim e saindo da cozinha, deixando aquele perfume que sempre me atormentou. Incrível como ele ainda usava o mesmo perfume desde a última vez que estive aqui. Me livrei de meus pensamentos e me levantei, pegando o resto da comida que havia sobrado e pondo na geladeira, isso mesmo, eu planejava comer aquilo depois. Lavei a louça que havia sujado e fui pra sala assistir TV. Sentei no sofá e vasculhei os canais atrás de algo que preste.
 - Tô odiando TV ultimamente. Não passa nada que presta, meu Deus! - Falei jogando o controle da TV ao meu lado. Bufei e resolvi assistir à um filme qualquer que estava passando, Wrong Turn. Ô filme sem história, cara! Mas o protagonista era um gato, não posso negar. Ele é do seriado Dexter. Eu estava hipnotizada com aqueles olhos azuis de Chris (nome do personagem do gato) que nem percebi que alguém se aproximou.
 - Ah, já vi esse filme.- Falou e pegou o controle, mudando de canal. Cara de pau! Muda na minha cara. 
 - Hey, eu estava vendo. - Falei olhando incrédula pra ele.
 - E daí? - Falou sem me olhar, o que me deixou mais irritada. A vontade que eu tinha era de voar em seu pescoço e arrancar suas cordas vocais com minhas unhas para não ter que ouvir mais aquela voz linda e me martirizar por nunca na vida ser tocada por esse ser que me atormenta desde o começo da minha adolescência. Mas o quê eu estou dizendo? Eu o odeio!
 - E daí que eu estava vendo e... Ah, esquece. - Falei e saí. Subi as escadas correndo e bati a porta ao entrar em meu quarto. Me joguei na cama e suspirei. 
 - É apenas um ano. - Falei e pus meus fones de ouvido e dei play na primeira música que achei, Seventh Son of a Seventh Son do Iron Maiden. Olhei em volta e avistei um aparelho de som em cima de uma estante de frente com a cama. Sorri e fui até à tal estante e vasculhei os vários CDs que estavam ali. 
 - Não. Acredito. - Disse pausadamente após avistar um álbum da minha banda favorita no meio de tantos discos. Não pensei duas vezes antes de quase arrancar o disco do encarte e correr até o aparelho de som e colocar o CD pra tocar. Subi em cima da cama e comecei a cantar - lê-se berrar - junto ao cantor:



The streets crawl with a deadly omen 
Outside I see a world that's broken 
I can't breathe, my heart is choking
I need a cure for this life I've chosen

 


Eu mais gritava do que cantava de tão desafinada que estava, mas não estava bem aí. 


My pain is a blessing in disguise
I feel it cutting and it's cutting like a knife
My pain, my pain is a blessing in disguise 
I feel it cutting and it's cutting like a knife 
 I will face everything and rise
Never gonna quit until I die
Angels keep falling from the sky
I take the broken wings and learn to fly
I will face everything and rise


Eu simplesmente pulei da cama quando chegou o refrão. Eu não consigo me controlar quando estou ouvindo e, principalmente, cantando uma música das minhas bandas favoritas. Especialmente essa que eu estou ouvindo.
Cantei o resto da música e, infelizmente, ela acabou e começou Skeletons. A voz desse menino é linda demais, meu Senhor! Tá pra nascer alguém que tenha a voz mais linda do que a dele. Ok, esse alguém já é nascido e está nesse exato momento no andar de baixo, fazendo só-Deus-sabe-o-quê. Voltei ao meu quarto após fazer uma pequena viagem mental ao andar de baixo quando minha faixa favorita do disco já tocava. Letra significativa. Eu poderia falar aquilo pra alguém se fosse preciso. Todo o CD tinha acabado e decidi tomar um banho, pois eu havia repetido o disco 3 vezes consecutivas e estava toda molhada de suor de tanto pular e dançar em cima da cama. Não sei como a mesma não quebrou. Saí do banho e vesti uma camisa do 30 Seconds to Mars, uma saia xadrez vermelha com preto, meu amigo e fiel All Star e fiz o de sempre, sombra preta e batom vermelho. Desci e não vi ninguém. Melhor pra mim. Fui até a cozinha e peguei meu delicioso Sushi na geladeira. Pus no microondas e esperei. Alguns minutos depois eu o tirei de dentro do aparelho, sentei no balcão (típico de cozinha americana) e comecei a comer. 
 - Meu Deus, você tem um buraco negro no lugar do estômago? - Mike falou enquanto andava até a geladeira e pegando uma garrafa de cerveja. Meu pai do céu! Ele estava apenas de calça jeans. Caralho, velho!
- E isso é da sua conta? - Falei arqueando uma sobrancelha.
 - Não.- Falou sorrindo e pondo a garrafa na boca novamente.  E o desgraçado ainda me olhava enquanto o fazia. Velho, se tu quer me matar, por quê não arranca minha calcinha e me deplora aqui mesmo nessa cozinha? Aí tu vai ter uma bela de uma lembrança pra fugir do tédio que deve ser a voz da tua mulher falando merda na hora do jantar.
- Só faça o favor de sair daí de cima. Tem cadeiras aqui. - Falou apontando para as cadeiras e saindo da cozinha. Foi impressão minha ou ele lançou um olhar rápido pra minhas pernas?


Notas Finais


Música 1: Iron Maiden - Seventh Son of a Seventh Son https://m.letras.mus.br/iron-maiden/19320/traducao.html

Música 2: Papa Roach - Face Everything And Rise https://m.letras.mus.br/papa-roach/face-everything-and-rise/traducao.html

Música 3: Papa Roach - Skeletons https://m.letras.mus.br/papa-roach/skeletons/traducao.html

Música 4: Papa Roach - Broken As Me https://m.letras.mus.br/papa-roach/broken-as-me/traducao.html

Até o próximo chap.

Dêem uma olhadinha na playlist oficial da história no 8Tracks: https://8tracks.com/roacher/crawling-into-the-unknown


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...