Lembranças Dolorosas
Acabei dormindo enquanto pensava no que fazer para me vingar de Coringa, e, com isso, acabei trazendo uma lembrança a tona terrível:
'Eu estava em casa, encolhida num canto, pedindo para meu tio deixar minha mãe me paz. Eu tinha 15 anos e não sabia como ajudá-la. Lá estava ele, lhe dando um soco que a derrubou no chão e depois mijando em cima dela, dizendo que era para isso que ela servia. Continuei chorando e então o empurrei:
-Pare! Deixe-a em paz!
Então ele me encarou e me deu um soco na barriga e outro do rosto:
-Sua vagabunda, quem você pensa que é?!
Me levantei e quando ia gritar com ele, outro soco atingiu meu rosto. Chutes e mais chutes vieram em minha direção:
-Piranha, vadia... Serve tanto quanto sua mãe!
Então, senti duas mãos em meus ombros, eu já estava chorando e implorando:
-Pare! Por favor! Pare! Está doendo... Pare!
Abri os olhos e vi Coringa:
-Harley!
Ele me olhava, um pouco assustado. Depois, ele me sentou e me analisou, pude ouvir alguns de seus sussurros malucos:
-Não posso ter quebrado meu brinquedo... Não agora...
Afastei suas mãos e disse, irritada:
-Eu estou bem... Só tive um sonho ruim.
Olhei ao redor e enquanto ele me encarava, levemente irritado:
-Onde estamos?
Eu nunca havia visto um lugar como aquele. O chão era de um tipo de mármore meio dourado e as paredes eram brancas; belas luminárias de cristal pendiam do teto e um pequeno bar estava encostado na parede da esquerda, com duas belas geladeiras; enquanto o resto do lugar era cheio de corredores para várias salas. Andei até o pequeno bar e abri a geladeira, sem permissão nenhuma. Encontrei algumas comidas estranhas, mas encontrei pudim e logo o peguei e coloquei no balcão, depois procurei alguma bebida, mas só havia cerveja, vinhos, vodka e smirnoff's. Depois de muito pensar, decidi pegar uma smirnoff e me virei para o balcão. Coringa me encarava, sua expressão era indecifrável. Peguei uma colher e comecei a comer o pudim, que estava uma delicia e bebi três goles da Sminorff, que queimou minha garganta, mas de um jeito bom.
Enquanto eu comia, Coringa se afastou e foi falar com um de seus capangas. Terminei de comer e olhei ao redor, já pensando num jeito de sair dali. Larguei minha Sminorff no balcão e andei o mais silenciosamente até o carro, ele havia ficado com as chaves. Merda. Então, comecei a ouvir um PSIU. Olhei ao redor e vi a jovem, eu precisava urgentemente dar um nome para ela. Esta me apontava uma sala e mexia a boca dizendo:
-Entre aqui.
Olhei para trás e Coringa ainda estava distraído. Respirei fundo e andei até a sala que minha nova amiguinha maluca me apontava:
-Que lugar é esse?
Sussurrei, assim que cheguei perto dela:
-É um banheiro. Agora arrume-se, está horrível!
A encarei, incrédula:
-Você está brincando comigo? Devem existir tantas saídas daqui e você me aponta um banheiro porque estou feia? Qual seu problema?
Ela revirou os olhos e disse:
-Meu objetivo aqui não é fazer você fugir, é te mostrar que o Puddin é bom... Só tem alguns momentos ruins. Viu como ele te tratou com carinho agora a pouco?
-Não. Ele não fez nada. Só se preocupou que o "brinquedinho" dele não estivesse quebrado tão cedo.
-Por isso, ele se preocupa com você...
-Não! Ele quer me usar e eu NUNCA irei ser usada!
Me virei para sair dali e dei de cara com ele. Mas que droga:
-Com quem estava falando, docinho?
Ele me encarava com olhos brincalhões, como se já soubesse a resposta e gostasse muito de ouvir. Ele levantou a cabeça, aguardando minha resposta. Revirei os olhos e disse:
-Ninguém.
Quando estava prestes a andar mais um pouco, ele segurou meu braço e me puxou para perto, sussurrando com uma voz assustadora, mas, ao mesmo tempo, que me dava arrepios de um jeito... bom:
-Está muito livre para meu gosto. Quem disse que eu tinha acabado de conversar com você?
Suas pupilas se dilataram e seu sorriso ficou ainda mais maléfico. Ele me empurrou para dentro do banheiro e trancou a porta, consigo dentro. O encarei, assustada, meus batimentos estavam acelerados e minhas pernas tremiam. Ele tocou minha bochecha e sorriu:
-Vá tomar um banho, trarei roupas decentes para você.
Concordei e ficamos nos encarando. Então, de repente, ele bateu as mãos a pouco centímetros do meu rosto e disse:
-Vamos!
-Com você aqui?
Ele sorriu e arregalou os olhos:
-O que você acha?
Engoli em seco e comecei a odiá-lo cada vez mais. Me virei para o box e vi que era de um vidro preto fosco. Agradeci um pouco por isso, não era tão transparente. Entrei e vi que havia uma banheira, então decidi que iria demorar mais um pouco. Olhei para ver o que havia lá e encontrei shampoo, condicionador, sabonetes, pétalas de rosas e espuma para a banheira. Sorri e perguntei:
-Quanto tempo posso demorar?
Mas não houve resposta, me virei e não o vi. Dei de ombros, enchi a banheira e joguei espuma e pétalas de rosa. Comecei a me despir e, quando a banheira já estava quase cheia, desliguei a água e entrei. A água quente relaxou meus músculos e me afundei ainda mais. A luz apagou e fiquei um pouco assustada, mas continuei na banheira, estava muito cansada e decidi fechar os olhos. Precisava me acalmar. Então, senti um toque macio em minha maçã do rosto e uma respiração perto do meu ouvido:
-Pode demorar quanto quiser...
Suspirei e me inclinei para a direção da voz, que era levemente rouca e eu sabia muito bem de quem era:
-Joker...
Sussurrei, antes de abrir os olhos. A luz estava ligada e não havia mais ninguém na sala. Por um momento, cheguei a pensar que foi uma alucinação, mas quando olhei para a banheira, entre as pétalas vermelhas estava uma roxa. A segurei delicadamente e a analisei, tentando pensar o por que desse gesto:
-Não tem por que. Só aceite que ele quis te fazer uma surpresa!
Eu nem precisava olhar para trás para saber quem era:
-Como posso chamá-la?
-Ainda bem que você perguntou! Você sempre pensa em mim como uma jovem adolescente, mal sabe que tenho a mesma idade que você.
Fiquei surpresa, mas sorri enquanto tocava a pétala e disse:
-Ainda não respondeu minha pergunta.
Me virei levemente e ela estava sorrindo:
-Arlequina. Pode me chamar de Arlequina.
Sorri e perguntei:
-Vai ser minha amiga, Arlerquina?
Nos encaramos e um silêncio subiu entre nós. Ela se sentou ao meu lado e sorriu:
-Sempre. Só peço que, tente. Tente entender e amar o Puddin.
-E se tudo der errado... Vai me ajudar a catar os caquinhos?
Ela segurou minha mão e prometeu:
-Cada um deles.
E pude ver que era sincero. Naquele momento, me senti mais segura para poder enfrentar o homem que mexia comigo de tantas maneiras. Meu Puddin.
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