1. Spirit Fanfics >
  2. Crazy Litlle Thing Called L.O.V.E. >
  3. As Merdas de M.C.

História Crazy Litlle Thing Called L.O.V.E. - As Merdas de M.C.


Escrita por: Point-less

Notas do Autor


Desculpem os palavrões. Gosto de interações realistas, e palavrões são parte do cotidiano, então suponho que não tenha nada de errado colocar uns aqui e ali. Mas, por favor, me digam se acharem exagerado.
Estou suuuuuuuuuuper feliz que tenha conseguido fazer um capítulo 'maiorzinho', apesar de ter demorado pra caramba tentando transferir e adaptar as 12 fucking páginas que eu tinha feito para o computador. Tive que retirar muita coisa que tinha escrito por conta do meu probleminha que vocês bem conhecem: excesso de drama. Porém, acho que gosto do que escrevi. A demora foi por conta disso, e eu não faço ideia de quando poderei postar de novo, ou quando vou terminar o próximo capítulo e etc, então já aviso que vou acabar demorando novamente.
Não revisei, me desculpem por isso também. Mesmo assim, espero que gostem do capítulo ^.^

Capítulo 2 - As Merdas de M.C.


Fanfic / Fanfiction Crazy Litlle Thing Called L.O.V.E. - As Merdas de M.C.

Um fato claro é que banheiros são assustadores. Primeiro porque existe a chance de assaltarem sua casa justo quando você está tomando banho ou dando uma cagada. É aí, meu bem, fodeu. Quem é que quer morrer com merda na bunda? Eu que não! Por isso, esse é um medo constante.

Também existem os filmes de terror, onde você está de boas lavando a cara às três da manhã – porque o que poderia ser melhor que jogar água gelada no rosto quando se quer dormir? – e se abaixa para molhar o rosto e, quando levanta, bum! Atrás de você tá exu falando coisas de rituais satânicos para levar sua alma para o inferno. Tá que vou para o inferno mesmo, mas ainda não estou pronto, tá?! Para esses aí que gostam de filme de terror, deve ser um paraíso enfartar a cada cinco segundos, né non? E ainda tem doido falando que quer jogar ouija. Vá. Se. Foder.

A lista de motivos para odiar banheiros é longa. E a maioria são medrozices minhas que não possuem a menor lógica, admito. Mas também tem momentos, como este que me ocorre agora, que tem tanta lógica que, se você estivesse em meu lugar e soubesse do que eu sei, estaria assustado suficiente para sair correndo pelos corredores gritando. Mas como sou um moço muito corajoso, (é isso o que faço mesmo), não o faço.

Porque, se você soubesse do relato de pelo menos uma das vítimas do bullying de Kellin (e prova suficiente da veracidade dos fatos narrados é o estado das faces dos próprios narradores) (aposto que você também achou muito rebuscado da minha parte usar palavras como veracidade em um texto informal assim) (nem sei o que que é rebuscado, sei que a minha tia rica fala, então deve ser coisa de velho chique, não é?) e ele estivesse parado ao seu lado, em um banheiro mais silencioso que seu quarto as quatro da manhã, enquanto vocês mijam, você estaria apavorado.

Jack Fowler sai de umas cabines, fazendo barulho e me assustando. Porta ridícula que range. Por um momento, desejei ainda ser amigo dele como costumava no quinto ano – droga de revistas em quadrinhos que me fizeram discutir e afastar dele. Por que ele não podia apenas gostar do Batman como eu, ao invés de afirmar que o Super Homem é melhor?

Jack manejou a cabeça dizendo “e aí?” e respondo, acreditando que era para mim, já que Kellin nem mesmo olhava para ele. Nunca desejei tanto, em toda minha viadagem, que outro garoto permanecesse no banheiro comigo. Pena que toda a energia positiva que tentei mandar pra ele se dissipou no caminho e eu perdi para o tempo que fiquei sem conversar com ele, e o Fowler vazou tão rapidamente que nem notei por ter piscado os olhos.

E então eu estava mijando num banheiro junto a apenas Kellin Quinn. E você não faz ideia do quanto esse medo me fez querer mijar ainda mais, o que parece estranho considerando que a maioria das pessoas não consegue mijar com medo, mas eu sempre tenho que dar uma de diferentão não é mesmo meninas?

Acabei pouco após, mas percebi que ele enrolou para que fôssemos lavar as mãos juntos, senti-o me encarar enquanto jogava água nas mãos e as secava – coisa que faço com papel e ele, aparentemente, nas próprias calças. Essa queimação em minha pele, que não consigo me acostumar por mais rotineiro que ficassem suas fitadas, me fez ter um pensamento que me deixou extremamente assustado.

Cara, e se ele olhou meu pau?

Seria muita falta de educação olhar para meu pau quando fiz tanto esforço para sequer ter o impulso de, sem querer, rapidamente olhar o dele.

E, mesmo que essa possibilidade seja praticamente impossível, talvez até deva ser considerada irracional, nunca se sabe. Vai que caras héteros olham para o pau de outros caras héteros para, sei lá, ficar com aquela disputinha babaca de “hm, acho que o meu é maior que isso”, mesmo que não vão a admitir que seus próprios pênis sejam menores e só fiquem nervosinhos quando sabem que seu material não tem tanto porte quanto o do colega. De qualquer jeito, o que importa um pau grande se você não sabe foder? Realmente não importa nada.

Enfim, voltando ao assunto, essa possibilidade me assustou e eu nem mesmo sabia o motivo para minhas bochechas terem ficado tão quentes. Como alguns de meus medos, não havia lógica alguma. Bom que a tonalidade da minha pele não permitia perceber muito dessas vergonhas vergonhosas.

“Você é o Victor, não é?” perguntou o Quinn me observando pelo reflexo do espelho. Sua voz inundou o lugar com tanta força que cheguei a tremer. Mas acho que nem deu pra notar, já que foram tremeliques fraquinhos e que eu tentei disfarçar. Ter ele se dirigindo a mim por vontade própria pela primeira vez me fez parar no meio do caminho para a saída do banheiro com o coração batendo tão forte que seria pouco para ele resolver sair pela minha boca pulando e cair em minhas mãos. Prendi a respiração até me dar conta que o medo que tenho dele é tão irracional que chega ao doentio. “Irmão do Fuentes?”.

Fiz que sim com a cabeça e soltei o ar o mais baixo que pude ao perceber que os assuntos que ele queria tratar não eram comigo e sim com meu irmão. Era um alívio que ele, o tão conhecido babaca da escola, não quisesse nada com a minha pessoa. Esperei que ele falasse mais alguma coisa, porém ele apenas assentiu e saiu do banheiro. O que caralhos foi isso?

Esperei um pouco mais, para conseguir me acalmar, e saí também.

O sanitário masculino nunca foi tão denso como dessa vez. E normalmente, sempre é um alívio ao sair dele e encontrar o ar do exterior, já que o pessoal que entra nos banheiros masculinos não tem vergonha alguma de fazer suas necessidades ali, não importa o quanto sejam fedidas. Ressalto isso apenas pra provar o quão tenso estava.

A real era: eu nunca havia falado com Kellin Quinn e nem ele comigo. ‘Tá, ‘tá, tem aquela vez que ele pediu pra pegar uma borracha dele que caiu no chão e talvez algumas outras ocasiões similares, mas ele nunca havia se dirigido a mim propositalmente, por vontade própria e, se deu pra perceber que ele me dá um pouquinho de medo, fica claro que eu jamais me dirigiria a ele também.

Mas, parece que o meu irmão, cuja existência não citei aqui antes por questões de irrelevância, já havia conversado com ele.

Porém, tenho certeza que Michael não é o tipo de irmão que vai me citar em suas conversas com pessoas relevantes que poderiam o fazer popular. Com certeza não. Não que eu não seja um exemplo e ele não me admire – coisa que eu sei que não faz, mas mesmo se fosse esse o caso, seria irrelevante demais me citar no meio das merdas dele.

Portanto, não existem motivos para Kellin saber meu nome, mesmo que eu estude com ele desde que me lembro de estar dentro de uma escola. Conclusão: eu não faço a mínima ideia do porque, nem de Quinn saber quem sou ou mesmo porque estou gastando meu tempo pensando nisso.

O lema é “foda-se”, e eu deveria segui-lo melhor que isso, principalmente por saber que, se for para me importar com Mike, vou acabar enlouquecendo.

E eu bem que pensei que poderia mandar um “foda-se” pra essa bosta toda, já que a vida do meu irmão não é da minha conta. Mas foda-se o meu “foda-se”, que virou minha conta quando Kellin aprendeu meu nome. Um ser tão sem educação como ele não saberia o nome de alguém por meras cortesias de amizade.

Aí eu me deixei preocupar. E o resto do dia só piorou tudo. Principalmente porque eu sou curioso – sou mesmo, fazer o que né? – e não consegui deixar de preparar minhas teorias sobre que porras meu irmão andava fazendo. A gente precisa encarar os fatos, não é? E de jeito nenhum que eu não pensaria nos por quês pro garoto que gosto desde que me entendia por viado (e que é, ao mesmo tempo, a pessoa que mais me assusta em todo aquele lugar. Sério, ele me assusta mais que nosso diretor, que ‘tá mais pra homem das  cavernas de tão velho.), portanto, minha euforia não era nada mais que o esperado.

Talvez ter o pegado me olhando umas cinco vezes no dia durante as aulas que tínhamos juntos foi um baita peso na balança “Pensar em Kellin Quinn vs. Pensar em floresta de coníferas”. Aliás, foram literalmente cinco vezes, eu contei. E passar o dia pensando nele era algo que eu não fazia há anos. Entretanto, o contexto era diferente, e o pensamento também.

Tentei várias vezes desvendar sua expressão, mas parecia impossível decidir se tentava me transmitir ódio ou uma vontade louca de comer minha bunda – no sentido bom mesmo – com aquele olhar de miopia de  oito graus. A primeira opção era bem mais provável, mas eu bem que queria uma transa com o crush de infância. 

Credo. Preciso de uma dosagem de superação também. Moving on...

A parte que me incomodou, na realzona, foi que sempre que me olhava e Katelynne – mais conhecida por A Namorada – estava por perto, ele acariciava as coxas dela. Percebi que ele fazia com força, e que ela se incomodava com aquilo, e muito. Senti pena, pra falar a verdade. Acho que deveria ser sexy, cada vez chegando mais perto do púbis dela (mas, sacomé, coisa hétera não me agrada), porém ela parecia cada vez mais constrangida e com medo, e eram as bochechas vermelhas e as tentativas falhas de afasta-lo que evidenciavam isso. Ficou claro que a moral que ela tinha com ele, se a escala fosse de 0 a 100, seria -1000.

Porém a percepção de que ele só fazia isso para me provocar me levou a uma conclusão assustadora – e se já deu pra perceber o quão dramático sou, prepare-se pra mais uma das novelas de Victor Vincent Fuentes, o melhor diretor da TV Global!

Talvez, e só talvez mesmo, ele poderia estar fazendo isso porque sabia sobre mim, sabe? Que eu sou o gay da turma e tals. Poderia estar fazendo isso para tentar me mostrar sobre sua heterossexualidade. Poderia estar quase estuprando a namorada ali apenas como forma de dizer “tá vendo Victor, isso é uma buceta, sabe o que se faz com isso? Você fode! Não é querer que fodam com o seu cu não”.

E isso pode parecer exagero ao extremo, mas, como eu basicamente já disse antes, se você soubesse do que eu sei e estivesse na situação que eu estou provavelmente reagiria pior. E a possibilidade de ele saber sobre mim era bem mais assustadora que se ele quisesse me arregaçar de foder, contra a minha vontade.

Quando chegar em casa preciso muito perguntar para Mike como Kellin Quinn saberia meu nome e que sou irmão dele.

Era só torcer para que a trupe de homens da caverna escravos dele não aparecerem para me abordar no final da aula.

Não estou sendo extremista – ‘tá, ‘tá, um pouco talvez – este era Kellin realmente; tão merda quanto o próprio pai, políticozinho de direita que acredita que é dono do mundo para querer que todos sigam sua ideologia. Daqueles que qualquer um bem conhece que luta pela “família”, os “bons costumes tradicionais”, o “cristianismo” e tenta proteger o mundo desses “socialistas de merda” que são basicamente qualquer um que não seja a favor do que eles pregam. Heterossexual, branco, cristão, rico e originalmente americano. Senhoras e senhores, temos o ideal de filho americano, o ideal de cidadão de mundo, conhecido por aqui como Kellinho! Trump que o tenha! Desejo lindos filhos a sua raça ariana. E heil Hitler!

Desculpa o desabafo. É só ódio mesmo, devo estar infectado pelos olhares dele.

Não ficaria surpreso se uma KKK* existisse na cidade, comandada pelo pai dele e ele fosse um dos “soldadinhos de Jesus” dela.

Isso que dá viver numa cidade do interior do Texas.

-/-

Passo o resto das aulas desejando o fim do dia para poder ir para casa. Gostaria tanto do conforto da minha cama, em chamando para deitar nela e dormir, ficar trancado no meu quarto onde não tem gente vigiando até como eu respiro.

Provavelmente vou encontrar Michael sendo o folgado que ele sempre foi, assistindo TV, já que essa manhã ele falou para minha mãe que estava doente.

Uma coisa importante sobre Mike é que ele é um ótimo ator, então se quiser mentir sobre algo, vai te enganar bonito. E apenas eu, graças aos anos e anos que convivo com o endemoniado, sei decifrar suas atuações. Outra coisa que também é importante é que minha mãe mima muito ele, aquele coisa de filho mais novo que qualquer um bem conhece, e cai em suas mentiras como um mosquito tonto em direção a uma teia de aranha.

E, após esses anos todos, vou ver ele ainda testando se Netflix cura gripes. A criança não consegue aceitar que falta de vergonha na cara se cura com tapas, não com Sons Of Anarchy.

Quando o último sinal toca, anunciando o fim das aulas, quase grito “finalmente!” e saio correndo que nem doido em direção à saída, passando por cima dos animais que chamo de colegas. Mas por respeito à Sra. Backburn, que é a melhor professora dali e dá a minha matéria preferida (vulgo geografia, claramente sou de humanas), não faço isso. E, se eu não amasse muito aquela mulher (Meu Deus, Vic dizendo coisas héteras, milagre!), teria saído no meio da aula mesmo com um “vai se foder, velha escrota”, mesmo sabendo que escroto é meu saco (sacou? Haha!, piadinha tripla. Eu sei, vou ir me matar e já volto), e não que ela seja velha, ou má professora, é apenas ansiedade. Doença, ‘tá? Vou me tratar ainda.

Também porque prefiro esperar Lucifer Quinn sair da sala antes.

Ando calmamente como apenas eu faria, esbarrando em alguns ombros – ou eles que esbarraram em mim, Newton* people –, de qualquer jeito, não sou obrigado a ter educação a quem nunca teve comigo. Que todo mundo se foda, exploda e morra pisoteado pelo hipopótamo Vic Fuentes um dia.

E eu ainda tenho que aturar ir para casa a pé.

‘Tá bom que nem dez minutos eu demoro e já estou batendo na porta de casa que nem louco, pedindo para Mike abrir ela para mim. O garoto passa o dia de folga vendo série, ainda é lento como uma lesma e me vem com essa de gripe falsa que ele deve ter pegado da própria bunda mole.

Olho para ele como se estivesse vendo lixo. E ‘tava né.

“’Tá louco? Pra que quebrar a porta? Papai vai pagar por outra vendendo você sua bunda na esquina, sabe né?” pergunta com aquele sorrisinho irônico que me faz querer quebrar os dentes dele toda vez. Educado esse jumento. Tipo o irmão.

“Vai vender é você para o tráfico humano para ser escravo sexual de um sádico qualquer na Índia”, respondi, entrando sem antes me trombar com ele. Eu sei implicar também, e não poupo esforços.

“’Tá é louco mesmo, esse rapaz. Acha mesmo que ele venderia o filho favorito pra tão longe?”

“Disse que ele vai vender você. Eu sou primogênito, claro que sou o favorito aqui.” Joguei minha mochila perto da escada. Se fosse gente, ela estaria morta.

“Como foi seu dia? Aproveitou muito da sua gripe fajuta?” Implico de novo. Sou que nem cobra, venenosa.

“Fajuta? É assim que você fala com seu irmãozinho doente?” Faz bico querendo parecer inocente. Nem eu tenho essa pureza, ele ainda menos.

“Ué, ficar usando a boa vontade da mamãe te fez ficar com o nariz escorrendo por acaso?” ‘Tá vendo o veneno escorrendo no meu queixo? ‘Tô pior que Rita Lee*.

“Vê se morre Vincent.” Não aceito isso. Dou um tapa na nuca dele, porque me chamar de Vincent é pedir pra brigar. Que ao menos peite direito!

Odeio que me chamem de Vincent, se você notou.

“Vai se foder, Christopher.”

Sentamo-nos no sofá – ou nos jogamos, como preferir – e tentei acompanhar o que ele assistia antes que eu chegasse, mas fiquei mais perdido que vendo o clipe de Oh No do BMTH*.

“Que porra é essa Mike?” pergunto, sem nem mesmo saber que série era aquela. E, mesmo sem saber, uma conclusão dava pra tirar. Era uma grande bosta.

“A melhor série existente.” Ele responde. Cada vez fico mais certo que meu maninho tem problemas na cabeça. “Black Mirror*”

Fico na sala ao lado dele tentando ver o que passava na TV, mas não conseguia entender bulhufas daquela maluquice nonsense futurística. Estava quase me levantando quando me lembrei do que tinha aguardado o dia quase todo para fazer. Quase.

Sou meio esquecido, desculpa aí.

“Michael.” Chamei e ele me olhou assustado. Também ficaria assustado se ele me chamasse pelo nome com o tom de voz que usei. “você por acaso conversa com Kellin Quinn?”

Mike arregalou os olhos e eu já soube pela cara dele que tinha merda ali. E eu não sou responsável legal desse demônio pra ter que pagar pelas merdas que ele faz não.

“Que que você tá falando?” Tentou disfarçar, mas depois de se entregar tão bonito, nada salva não, lek. Sei que pareço burro, mas isso já é abuso.

“Não ‘tô brincando agora, velho. Você não engana a ninguém.”  Continuei sério e percebi ele engolir à seco.  

Como se não bastasse o meu próprio drama pra me assustar, ainda tenho meu irmão pra me deixar aterrorizado.

“Só um pouco, Vic. Só tivemos alguns problemas.”

“Esses seus ‘alguns problemas’ por acaso vão nos fazer ser expulsos do estado?”

“Não sei.”

Ah, mas meu drama sempre tem motivo. Eu sabia. E essas merdas sempre sobram pra mim. Desde quando éramos pequenos e Mike quebrava um dos vasos de flor da mamãe, eu quem acabava de castigo por isso. Ficava com aquela cara de quem não peidou e levou bronca. Aconteceu mesmo, né non? Enquanto isso Michael tinha toda a folga do mundo pra ele, já que sempre era mimado pelos meus pais.

E tenho certeza que dessa vez não vai ser diferença.

“Conte o que aconteceu, então.” Pedi. Mais correto seria dizer que mandei mesmo, mas não quero passar uma imagem ruim de mim. Sou alguém muito importante na mídia, sabe?

“Não quero.” Tão direto, aprendeu comigo. Que orgulho do meu feto.

“Não pedi, eu mandei caramba.” Fingi que ia batê-lo, e ele se encolheu todo no sofá.

“’Tá, ‘tá.” Se endireitou, afastando-se de mim também. Pra proteção. Aproximei-me porque nunca ia deixar perder uma pose de ameaçador. É raro demais pra ser desperdiçado. “Nós só.” Pausou para ser dramático mesmo. “Tivemos uma briga.”

Fiquei feliz que tenha tido a coragem para me falar, mesmo que tenha ficado muito puto com isso.

Então, descobri porque ele queria tanto faltar às aulas. Se estivesse no lugar dele, também iria querer falta às aulas. Se bem que, eu jamais me envolveria com o filhinho de papai mais fodido da cidade.

“Você é retardado, por acaso? Tanta gente nessa cidadezinha de merda, e você briga logo com ele?” sem querer parecer maldoso, mas sendo, apenas falei verdades.

“Eu sei, eu sei. Mas eu ‘tava bêbado, e acabou acontecendo.”

“E por que aconteceu?” Se era pra ‘pagar o pato’ por besteira alheia, que ao menos eu tenha a conversa para fofocar.

“Por nada.” Tentou me cortar. Como se não me conhecesse o suficiente para saber que não vou desistir tão fácil.

“Vou repetir e você não vai me fazer cu doce dessa vez. Kellin não saberia quem eu sou se fosse irrelevante. Então, por que vocês brigaram?” Às vezes fico impressionado com o quão maduro posso ser. Em comparação, às vezes dou tchau pra merda que cago. Tem que tem compensação.

“Como assim ele sabe quem você é? Ele falou com você por acaso?” Se preocupou. Que adorável, se importando com o maninho.

“Sim, apenas perguntou se era seu irmão. Então me diga logo o que você fez praz que eu me prepare na próxima vez que ele me abordar.”

“E você falou o que?” Fiz cara de “óbvio, meu”, e ele arregalou os olhos que ficaram quase do tamanho da Terra. “Porra, Vic. Podia ter falado que ela Papa Francisco ou sei lá o que!”

“Mas eu não fiz, merda. Será que dá pra parar de fugir do assunto?”

“É que.” Começou a contar, finalmente, todo acanhado que nem um cachorro que acabou de levar bronca. “Sexta passada meus amigos e eu fomos na casa dele, pra beber um pouco, entende?” Fiz que sim, e o encorajei a continuar. “Então, eu bebi um pouco muito demais. E acabei ficando com a Katelynne.”

“O que?” Gritei, fiz mesmo. Era motivos pra gritar, bater, assassinar esse peste. “Como assim você ficou com a namorada dele? Garoto, você ‘tava querendo morrer, é?”

“Não precisa me fazer ficar surdo.” Reclamou emburrado.

“Continua essa merda aí.” Encorajamento de primeira, ligue para Vic Fuentes, 0500-Casa-do-Satã-00.

“’Tá. Aí ele viu e a gente brigou. Foi isso.”

A bosta estava cagada. Agora era só esperar a descarga.

Ao menos não era como eu esperava, e ninguém por aqui tem noção da minha sexualidade, além da minha família, que atura minhas viadagens desde que nasci. Queria apenas dizer a Michael “problema seu, foda-se”, porém acho que, durante nossos dezesseis anos de vida juntos, acabei adquirindo algum tipo de sentimento fraterno por ele.

“É só isso, Mike?” perguntei, com certo receio de ter mais.

“Se você chama isso de só, então sim. Agora ele deve estar louco pra me espancar no final da aula, isso até o resto do ano.”

“Quem mandou fazer o que fez?” Retruquei, empinando o nariz para mostrar minha superioridade.

“Agradeço pra cacete seu apoio.”

“Por nada, querido.”

Levanto do sofá e vou em direção à escada, para ir ao meu quarto, cato minha mochila no meio do caminho.

“Vou pedir pra mãe pegar nossa transferência e amanhã a gente muda de cidade, tá?” disse enquanto subia para o andar superior.

Pisco para ele quando ri, apenas para tentar amenizar o clima.

A gente sabia que a merda não seria legal, e que Quinn é o tipo de mimado que só aceita as coisas do próprio jeito, odiando quem o contraria. E as marcações dele não são nada fáceis de aturar.

Então, até essa porcaria toda passar, Mike teria que aguentar muita coisa, e eu, como o bom irmão que sou, faria isso com ele. Por falta de escolha, é claro.

 


Notas Finais


*Acho que todos aqui já sabem o que é, porém, uma definição para quem não se lembra de ou não teve a oportunidade de saber:
Ku Klux Klan (também conhecida como KKK ou simplesmente "o Klan") é o nome de três movimentos distintos dos Estados Unidos, passados e atuais, que defendem correntes reacionárias e extremistas, tais como a supremacia branca, o nacionalismo branco, a anti-imigração e, especialmente em iterações posteriores, o nordicismo, o anticatolicismo e o antissemitismo, historicamente expressos através do terrorismo voltado a grupos ou indivíduos aos quais eles se opõem. Todos os três movimentos têm clamado pela "purificação" da sociedade estadunidense e todos são considerados organizações de extrema-direita.
- Wikipédia, é claro.

*Terceira Lei de Newton/ Lei da Ação e Reação: basicamente que, quando uma pessoa soca sua cara, sua cara também bate nela com a mesma força, módulo, mas sentidos opostos.
- Da minha cabeça, porque também posso ser inteligente e saber física u.u

*Rita Lee deusa do Universo, canta a música ‘Erva Venenosa’, daí o trocadilho. Não gosto muito de citar artistas brasileiros em histórias que se passam no exterior, mas essa foi inevitável.

*Todo mundo aqui sabe quem são Bring Me The Horizon, mas preciso comentar que esse clipe só pode ter sido feito por alguém sob os efeitos de muita droga.
O link para vocês, em caso de loucura extrema a ponto de querer ver algo tão nonsense quanto isso: https://www.youtube.com/watch?v=SEp9Kh0M4f0

*Black Mirror é uma aclamada série de televisão britânica antológica criada por Charlie Brooker, que apresenta ficção especulativa com temas sombrios e às vezes satíricos que examinam a sociedade contemporânea, especialmente no que diz respeito às consequências imprevistas das novas tecnologias.
- De novo, Wikipédia, é claro.
Não vi muito da série, então me abstenho em dizer se ela é boa ou ruim. Apenas achei confusa pra caramba nos poucos episódios que eu vi.

Qualquer outro motivo que tenha gerado dúvidas no texto, me avisem que eu vou tentar resolve-lo.
Obrigadinha por lerem. Amor vocês sz


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...