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História Crime ao Sabor da Maré - Prólogo


Escrita por: Miss_Vintage

Capítulo 1 - Prólogo


Conheci o Alberto numa viagem a Espanha com os meus pais. Tinha dezoito anos e nunca saíra de Portugal. Era uma rapariga sonhadora e recatada, que devorava livros da Berthe Bernage, acompanhando a vida da sua principal heroína, Brigitte, como se fosse a de uma grande amiga. O meu maior sonho era ver novos horizontes. De preferência, conhecer Paris (que já parecia conhecer, pela forma como era descrito nos livros de Bernage e também nos da Condessa de Ségur, que lera em pequena) e a América (cujos artistas me fascinavam)... Mas, sinceramente, bastava-me ir a Espanha. Assim, como presente pelo meu décimo oitavo aniversário, os meus pais resolveram levar-me a visitar o país de nuestros hermanos.

Estávamos em agosto de 1956 e fazia sentir-se um verão invulgarmente quente (ou talvez não fosse assim tão invulgar, mas assim me parecia, pois tudo para mim era novidade). Ao passear por Madrid, junto à Fonte de Cibeles, tive uma quebra de tensão e imediatamente foi chamado um médico. O jovem Dr. Alberto Colmenares. Não era propriamente bonito, mas tinha um sorriso rasgado e branco e um brilho doce e brincalhão nos olhos escuros que me derreteram à primeira vista. O melhor de tudo é que falava um português irrepreensível e tinha uma simpatia toda especial pelo povo luso, uma vez que dois dos seus maiores amigos eram meus compatriotas. Podem falar em falta de ética profissional, mas devo dizer em seu favor que só me galanteou de verdade muito depois de eu estar plenamente recuperada.
Tive de voltar para Portugal, claro... Mas fomo-nos escrevendo. Era estranho, mas estava a viver um namoro à distância. Percebo que Alberto era uma pessoa fascinante. De famílias endinheiradas, era culto, viajado e um verdadeiro idealista. O meu coração batia por ele cada vez mais. Ao fim de três anos, contra as expectativas dos mais próximos (e a troça constante da minha irmã mais velha, Luísa, que jamais acreditou nas boas intenções de Alberto), ele apareceu em Portugal e pediu-me em casamento. Por mais que o meu pai dissesse que “de Espanha, nem bom vento, nem bom casamento”, eu sabia que Alberto era “o tal”. Dois meses depois, casámos em Portugal e embarcámos num navio para a América, de onde, após umas semanas, voaríamos para Paris e depois para Madrid, onde nos estabeleceríamos.

É precisamente durante a nossa viagem de navio que se passa esta história que, de tão marcante, senti necessidade de escrever, mesmo que ninguém alguma vez venha a lê-la. Qualquer mulher sonha com uma lua-de-mel inesquecível, mas talvez não seja bem isto que tenham em mente.



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