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História Criminal Love - Second Season - A View From The Death


Escrita por: limalimao

Notas do Autor


ALERTA DE CAPÍTULO GIGANTE
eu sei, demorei muito para aparecer e prometo tentar não demorar tanto assim nas próximas vezes. Estou me dedicando a novos trabalhos que em breve serão postados, e acabei me esquecendo um pouco de criminal love, mas NÃO irei abandonar, nem que eu poste todos os capítulos de uma vez kkk

Capítulo 13 - A View From The Death


Fanfic / Fanfiction Criminal Love - Second Season - A View From The Death

A View From The Death — Uma visão da morte. 

 

DOMINGO, 20H15, MANSÃO DOS THOMPSONS.

Já estou frente à enorme porta com Jack. É estranho estar de volta. Entro e logo somos recepcionados por ele, que cumprimenta Jack com um aperto de mão e abre os braços para mim com um sorriso muito falso nos lábios.

Ele sempre soube que eu estava de volta.

— Feliz aniversário, papai — digo sínica, fria e ele me olha e o vejo apertar o copo de uísque em sua mão.

— Muito obrigada, minha filha! — diz feliz e me abraça — Se é que ainda posso chamá-la assim — diz em meu ouvido — Vamos, finja estar feliz, somos uma família unida não é?

— Claro, papai — entro em seu jogo e sorrio o abraçando.

— Venha, te apresentarei a uns amigos — ele toma pelas mãos e caminhamos até uma roda de pessoas — Este aqui é o senhor Montenegro — aperto sua mão o olhando — Esta aqui é sua filha, Pietra Montenegro.

Ao ouvir esse nome a ruiva vira-se e então abre um sorriso a me ver. Eu faço o mesmo e lhe cumprimento com um beijo na bochecha enquanto sinto meu sangue ferver percorrendo minhas veias.

— Oh, muito prazer, Lola, ouvi falar muito bem de você — ela diz e eu abro meu sorriso mais bonito e falso — E esse daqui é meu noivo, Rafael Salviatti — ela diz e o puxa.

Ele me olha sem expressão e nos cumprimentamos com um aperto de mão. Seu rosto está machucado, com um corte na maçã, e um leve arroxeado. Outro corte sobre a sobrancelha e pelo visto foi recente. Rafael se metendo em briga ou bateram nele? A idéia de que bateram nele me causa dor e angustia, mas com um leve sabor de mel.

— Um prazer te conhecer, Rafael — digo o olhando sorrindo sínica — Este aqui é Nicolas, meu namorado — digo apresentando Jack, que cumprimenta a todos, inclusive Rafael.

 — Se nos dão licença — sorrio e saio dali.

Jack coloca a mão nas minhas costas e caminhamos lado a lado.

— Nicolas, sério?

— Foi o primeiro que veio na cabeça.

O que Joseph está envolvido com ela e com o pai dela? Rafael disse que Montenegro é um homem poderoso, mas o que meu pai quer com ele? Uma mulher passa carregando uma bandeja com uma garrafa de uísque. Pego um copo e Jack logo o tira dela e devolve à bandeja da mulher.

— Você está tomando remédios.

— Okay, daddy — digo e reviro os olhos.

Vamos até Valentina e Lucas em pé num canto.

— Amiga, eu quero ser tão controlada quanto você um dia. Se eu fosse você já teria esbofeteado a cara daquela vadia em dois minutos — diz olhando na direção deles.

— O que é dela está guardado.

— Achei que iria rolar uns tiros — Lucas diz.

— Podemos conversar? — Mike aparece e corta o clima.

Nos afastamos e vamos para um canto mais distante, onde não há tantas pessoas.

— Lola, quem são essas pessoas? Eu sei que você sabe — ele praticamente sussurra.

— Alguns são apenas amigos, mas aquele Montenegro é criminoso.

— Papai está louco, Lola.

— Trazer esse tipo de gente para dentro de casa, é claro que está — suspiro fundo — Conseguiu mais alguma coisa?

— Eu não entendi direito, mas ouvi falar de um casamento — reviro os olhos — Eles estão planejando alguma coisa Lola, e alguém vai morrer nesse dia.

— Quem?

— Eu não sei! — diz bem baixo.

— Mike, você precisa saber, precisa fazer isso por mim! — digo apertando seus braços — Rafael vai se casar forçado com aquela maldita ruiva lá fora. Precisa saber tudo que eles estão planejando, por favor.

Mike respira fundo.

— Okay, vou tentar ouvir de novo.

Nós voltamos para onde todos estão e ficamos com Tina, Lucas, Rafael e Jack. Até que enfim a ridícula desgrudou do Rafael.

 

VALENTINA DUARTE POINT OF VIEW

Todos ficaram com caras de taxo quando Rafael apareceu em casa todo fudido. Ele apanhou feio, mas ninguém ousou perguntar por que.

As coisas estão tensas nessa festa. Ainda não entendemos o propósito dela, mas ainda estamos esperando. Lola e Mike aparecem junto e logo Joseph aparece.

— Podemos conversar, querida? — ele diz sorrindo muito falso para Lola.

Eu o conheço muito bem. O Joseph, pai, querido, amado, jamais abriria um sorriso tão falso a Lola ou Mike. Não há brilho nos olhos dele.

— Claro — ela sorri. Vejo que Lola está sofrendo muito. 

Ela dá um passo, Joseph segue e Jack segura seu braço, os dois se olham e Lola apenas balança a cabeça positivamente. Os dois se comunicam apenas com olhares e isso é muito foda, mas assustador. Ele a solta e a olha sumir no corredor. Rafael está perturbado desde que chegou, mas ele disfarça bem, tão bem quanto à atuação de Lola.

— Sinto que coisas ruins irão acontecer — comento baixinho, já vendo a vadia chegar e abraçar Rafael.

— Casa bonita, não é? — Pietra diz olhando em volta — Mas a nossa será ainda melhor e maior, não é amor? — diz olhando Rafael.

Ele olha Lucas sem expressão alguma no rosto e Lucas levanta a sobrancelha disfarçadamente.

Vejo Felipe aparecer de braço dado com Aline. Isso daqui está parecendo um circo. Felipe some por meses e agora aparece com Aline? Onde esse filho da puta estava? Aliás, o que ele estava tramando? Me assunto ao ver os dois e não escondo minha cara de desentendida, logo fazendo todos da rodinha olhar na mesma direção que eu. Rafael e Lucas estão aparentemente assustados, embasbacados.

— Podemos conversar, Valentina? — Jack diz.

Nos afastamos um pouco e vamos para um canto sem pessoas por perto.

— Quem é aquela que chegou agora?

— Ela se chama Aline, é do bando dos meninos, se é que me entende — faço careta — Lá do morro do Rafael.

— Ela estava na festa da Fernanda?

— Estava, por quê?

— Você sabe de quem é o filho que ela está esperando?

— Bom, ela disse que é do Rafael — Jack passa a mão na boca olhando para baixo — Mas a gente desconfia que não seja.

Ele assentiu e saiu dali. Simples assim. Ele realmente me assustou e me deixou possessa de curiosidade. Voltei para onde o pessoal estava.

— O que foi amor? — Lucas pergunta.

— Nada — digo e passo a mão na boca exasperada olhando Aline. O que Jack quer tanto saber sobre ela?

Ficamos um tempo ali conversando e então ouvimos um tiro. Todos nós nos olhamos assustados. Os outros que estão mais longe não ouviram, por que continuam do mesmo jeito.

— O que Lola fez? — Rafael diz.

— Ah meu Deus — digo levando as mãos a boca.

— O que o pai dela fez! — Jack diz e então sai correndo em direção a onde os dois foram, então é seguido por Lucas, eu, Rafael.

Esteja bem, Lola, por favor.

 

LOLA THOMPSON POINT OF VIEW

Entro no escritório do papai e ele fecha a porta com a chave. Isso já me deixa em alerta.

— Há quanto tempo sabe que voltei?

— Há umas quatro semanas mais ou menos. Soube o que aconteceu com você numa festa, que caiu de uma escada — diz extremamente frio, franzindo a testa e se aproximando com os braços cruzados — Soube que perdeu um filho também.

Sinto de longe o cheiro do álcool em seu hálito.

— É, mas já passou.

— Que bom que perdeu. Não iria gostar de ser avô de um filho de bandido — Isso embrulhou meu estomago e faz uma raiva, um ódio crescer rapidamente dentro de mim.

— O que você falou? — digo séria o olhando — Você não tem escrúpulos? — digo amarga, sentindo a ira me consumir — Meu Deus, Joseph, quando foi que se tornou esse lixo de pessoa?

E então sinto meu rosto arder. Ele me deu um tapa no rosto que nem esperava, e que tapa. Aliso minha bochecha que formiga enquanto levanto a cabeça para o olhar.

— Me respeita que ainda sou seu pai! — aponta o dedo a mim.

— Você pode ser tudo, menos um pai! — retruco nervosa.

— Onde foi que eu errei com você, Lola?! — ele segura meus braços com tanta força que ficarei com hematomas — Han, me diz!

— Me solta! — digo tentando me livrar de seus braços — Seu monstro, me solta! — digo tentando segurar as lágrimas.

E então ele me lança contra o chão. Meu corpo inteiro dói, principalmente onde tem a porra dos pontos.

— Você não passa de uma puta pra ele, você sabe disso não sabe? — diz em pé me olhando — Não passa de um brinquedinho nas mãos dele. Ta vendo lá, já te trocou por outra.

— Então é por isso que não queria que eu voltasse pro Brasil, você sabia dele.

— Sempre soube — ele diz — Foi ele que te contou da Márcia?

Levanto-me com dificuldade.

— Foi. E Mike viu vocês dois transando na sua sala.

— Eu vou matar aquele desgraçado! Você acabou com meu casamento, Lola! — ele caminha em minha direção e eu tento correr, mas ele me agarra pelo cabelo e me puxa, eu caio novamente no chão — Você acabou com a minha vida, Lola! — ele grita e se abaixa a minha frente, para me bater mais.

Começo a gritar, mas ninguém me ouvirá.

Eu o chuto, mas ele continua me batendo, puxando meu cabelo. Esse homem não é meu pai. Não é mesmo. Pego a arma no coldre no meio das minhas pernas, mas não consigo fazer isso. Ele continua batendo em mim, no meu rosto, na minha cabeça, eu grito, mas ninguém me ouve. E então eu atiro num ato de desespero.

Ele cai para o lado imediatamente com a mão na barriga onde o acertei. Largo a arma imediatamente vendo a merda que fiz.

— Pai, pai, fica comigo — digo o olhando já chorando, completamente desesperada e porra, eu atirei no meu pai! — Me desculpa — digo e apoio a cabeça em seu peito.

— Eu só quero o seu bem — ele diz me olhando — Será que não entende isso?

— Mas eu o amo! Não posso mudar isso, pai! Ninguém, nem você nem mesmo o diabo vai mudar isso, eu o amo! — grito chorando com a cabeça para trás — Me perdoa, pai.

— Eu só quis o seu bem.

Eu não acredito que fiz isso, não, não com meu pai. Se ele morrer eu juro que nunca me perdoarei, jamais. Deito a cabeça em seu peito e ele coloca a mão na minha cabeça, e eu continuo chorando. Ouço batidas fortes na porta a empurrando e eu continuo de olhos fechados apenas chorando. Sinto alguém segurar meus braços, mas meu pai o segura e me puxa novamente.

— Se afaste dele, Lola — meu pai diz.

— Eu o amo, pai, eu o amo demais. Juro que tentei tirar isso de dentro de mim, mas eu não consigo, é muito mais forte que eu, é a coisa mais forte que eu já senti na vida! — digo sem me preocupar com quem que seja que esteja em nossa volta — Me perdoa — digo e então sou arrastada para fora dali.

Tudo se mexe em slow-motion. Jack e Lucas saem carregando meu pai da sala, então outros homens aparecem e os ajudam, enquanto eu me afasto nos braços de alguém. Montenegro aparece, aponta o dedo a mim, mas não entendo nada que diz. Eu tento gritar, chamar pelo meu pai, mas nada saída minha garganta, não tenho forças então apenas continuo chorando, saímos no jardim lateral, então já estou na rua, é tudo muito rápido. Eu fecho os olhos e então não vejo mais nada.

 

RAFAEL SALVIATTI POINT OF VIEW

Já fez algo por obrigação? Não é nem por obrigação, é por que te bateram, apontaram uma arma pra sua cabeça, ameaçaram sua família e você apenas teve que concordar. Seis contra um?! Palhaçada. Sendo obrigado até a transar com Pietra. Quando Lola nos viu no meu escritório eu nem soube o que fazer, então ela me xinga pelo rádio, fiquei puto, mas foi pouco. Fui até a mansão então entro no quarto dela e ouço seus gemidos misturados com de mais alguém. Jack ou Tom. Ela devolveu na mesma moeda, e cara, doeu.

Minha vontade ao ver Joseph foi sacar a arma e lhe acertar a cabeça, mas me controlei. E então Lola aparece com Jack, depois Felipe com Aline, tudo se transformou num grande circo. Felipe ressurge das cinzas, do inferno com a maior cara de taxo do mundo e veio nos cumprimentar na maior tranqüilidade. Não sei que jogo ele e Aline estão jogando, os dois nunca se deram bem, mas eu vou entrar nesse jogo.

Meu coração gelou quando ouvi aquele tiro. Era muito visível a cara de desapontamento e desgosto de Joseph para Lola, e não sei do que ele seria capaz, então a possibilidade passou pela minha cabeça, mas depois de arrombarmos a porta vimos que Lola atirou no pai. Eu a peguei em meus braços e ouvi cada palavra que ela disse a Joseph antes de irmos.

“Eu o amo, pai, eu o amo demais. Juro que tentei tirar isso de dentro de mim, mas eu não consigo, é muito mais forte que eu, é a coisa mais forte que eu já senti na vida.”

E naquele momento tive mais certeza ainda que lutarei por Lola, tive mais certeza dos meus sentimentos por ela e dos dela por mim, e eu passarei por cima de todos que tentar ficar no nosso caminho.

 

DOMINGO, 23H55, APARTAMENTO SALVIATTI

Ninguém sabe da existência desse apartamento. Nem mesmo Felipe que é meu melhor amigo. A deito em minha cama, tiro seus sapatos e seu vestido. Ela está toda machucada, certeza que aquele merda bateu nela. Meu celular começa a tocar. Jack.

— Fala

Onde você está? — ele diz nervoso.

— Seguros.

É bom que estejam mesmo. Como ela está?

— Muito machucada! — digo nervoso saindo do quarto — Juro que vou matar o Joseph, me deixa terminar o que ela começou!

Não, ela vai pensar que foi ela. Quer matar, espera ele melhorar, e eu espero que melhore, por que Lola não vai agUentar lidar com a morte do pai que ela mesma matou.

Passo a mão na cabeça. Jack tem razão. Lola pode parecer forte, pode fingir ser forte, mas isso nem eu mesmo aguentaria.

— Eu vou cuidar dela — digo e respiro fundo.

Sua noiva estava louca atrás de você.

— É outra que vou mandar pro buraco logo logo — digo irritado e Jack dá uma risada.

O irmão dela está em choque. Acabei de deixar os dois no hospital.

— Me mantenha informado.

Beleza. Cuida da minha menina.

— Sua um caralho — ele dá risada e eu desligo revirando os olhos.

Pego algumas toalhas, água quente e volto até Lola. Limpo seu corpo e passo remédio em alguns ferimentos. A visto com uma roupa minha então a cubro com a coberta. Tomo uma ducha rápida, visto uma roupa e volto para o quarto. Fico um bom tempo sentado ao seu lado apenas a olhando, até começar a sentir sono. Deito-me ali mesmo, ao seu lado e apago.

 

LOLA THOMPSON POINT OF VIEW

Você matou seu pai! Sua assassina! Monstro! Você vai pagar por isso!

Acordo num susto após sonhar com o que aconteceu naquele escritório. Passo a mão na cabeça tentando recuperar o fôlego. Passo a mão nos olhos, e nossa, dói, principalmente as maçãs do rosto, onde levei alguns tapas. Prendo meu cabelo num rabo de cavalo e então noto que não estou em casa com Jack.

Levanto-me e percebo que uso uma camiseta branca. Vejo algumas roupas masculinas do outro lado da cama. Pego uma carteira ao lado da mesinha de cabeceira. Rafael. Mas onde ele está?

Vou até o banheiro, onde logo o vejo imerso dentro da banheira. Espero alguns instantes, mas ele não retorna a superfície. Ah filho da puta. Corro até ele e o tomo pela nuca usando toda minha força, logo o levantando dali. Ele se assusta, segura meus pulsos e eu passo a mão em seu rosto ainda assustada, levando para trás seu cabelo, então seus olhos azuis se encontram com os meus e suspiro aliviada.

— Idiota — bato em seu peito.

— Bom dia — ele responde sorrindo.

Ele me solta e então saio dali. Vou até a pia e lavo meu rosto, os olhos e nossa. Na sobrancelha tenho um corte, no lábio, assim como no osso da bochecha que também está levemente roxo. Apoio as mãos no balcão então Rafael já está de pé com uma toalha na cintura.

— O que aconteceu depois? — pergunto de cabeça baixa, talvez com vergonha que ele me veja assim, mas já que passei a noite aqui, é claro que ele já viu.

— Você desmaiou. Jack e Lucas levaram seu pai e Mike para o hospital, e Mike ligou para Jack, que me ligou e disse que não afetou nenhum órgão — suspiro aliviada — Ele está bem. Teve sorte — Rafael diz com um leve desdém na voz, como se quisesse que isso não fosse verdade.

— Eu não sei por que fiz aquilo — balanço a cabeça.

— Seu pai estava te batendo! — ele diz um pouco nervoso.

— Por que estamos aqui?

— Montenegro está atrás de você — eu o olho sem entender — Ainda não sei o porquê, mas deve ser por negócios, eu vou descobrir o porquê, mas até descobrir você irá ficar aqui comigo.

Ele encosta-se ao meu lado com os braços cruzados. Abaixo minha cabeça novamente e cravo as unhas no mármore.

— Mereço — resmungo.

— Toma um banho gelado pra relaxar — ele coloca a mão nas minhas costas e eu me afasto dela.

— E essa banheira com água gelada? — pergunto o olhando.

Puta que água gelada! Reclamo quando afundo na água coberta com cubos de gelo e com um cheirinho gostoso de menta. Rafael aparece e joga mais uma forma de gelo dentro.

— Ai caramba — bato os dentes alisando os braços.

— Relaxa — ele diz.

Rafa disse que alivia dores musculares, articulares, processos inflamatórios causados por traumas, tudo que eu preciso aliviar. É muito relaxante. Afundo a cabeça inteira na água, e então lembranças tomam conta de minha cabeça e ali fico por longos instantes.

Vinte minutos depois eu saio e me enrolo na toalha. Sinto um cheirinho gostoso vindo provavelmente da cozinha. Espero meu corpo voltar a temperatura normal então tomo uma ducha morna, higiene, e opa. Que roupa vou usar? Reviro os olhos percebendo o óbvio. Visto a mesma camiseta que acordei usando e pego uma samba-canção dele e saio dali secando meu cabelo com uma toalha.

É um apartamento, e bem bonito. Rafael já colocou a mesa de café da manhã. Aproximo-me e ele puxa uma cadeira, para que eu me sente. Rafael e cavalheiro acho que não combinam bem na mesma frase.

— Obrigada — digo e ele logo senta-se a minha frente.

Tomamos café calmamente, sem conversar nada. Terminamos e eu fui lavar a louça enquanto ele guarda as coisas. É estranho. Estar aqui nesse apartamento só com ele, quase como uma rotina de um casal, lavando louça, arrumando as coisas. Suspiro fundo angustiada e lembro-me de tudo que aconteceu, lembro também tudo que vi naquele escritório. Espanto tudo da cabeça quando já sentia lágrimas se formarem nos olhos.

— Vou ter que ficar aqui até quando? — digo o olhando com os braços cruzados a sua frente, sentado no sofá.

— Bom, eu não quero descobrir da pior forma o que Montenegro quer com você, então vamos continuar aqui até eu conseguir — diz me olhando — Agora saia da frente da televisão, por favor.

Bufo irritada e sento-me na outra ponta do sofá.

— Não quero ficar aqui com você — resmungo com os braços cruzados olhando para o outro lado.

Ouço um resmungo.

— Será que não vê que estou tentando te ajudar? — ele já está abaixado a minha frente — Han, olhe para mim — pega meu queixo e me faz o olhar — Será que não consegue esquecer tudo e apenas aguentar por um tempo?

— Claro, é muito fácil esquecer aquela cena patética no seu escritório — digo tirando sua mão de meu rosto.

Ele pega meu rosto novamente e o vira para ele. Reviro os olhos.

— Ah é, e aqueles gemidos vindo seu quarto na mesma noite? — ele diz aparentemente atordoado e um pouco nervoso.

Não digo nada. Sinto minhas bochechas arderem. Tom tinha razão, estava certo, Rafael viu tudo.

— Quem era?

— Isso não é da sua conta — digo e levanto-me do sofá.

Rafael vem atrás de mim e me prende na parede enquanto segura minhas duas mãos com os braços dobrados ao lado do meu corpo. Meu coração já bate fora do normal, louco para que Rafael o faça bater ainda mais rápido. Minhas pernas tremem sentindo sua respiração tão próxima de mim. Ele entreabre os lábios, respira fundo como fosse dizer algo, então se cala e me solta, logo abaixando os olhos. Não! Não me deixe ir! Tome-me em seus braços, me beije, me faça sua! Meu coração grita, mas minha cabeça apenas faz minhas pernas se mexerem para longe dali.

Entro no quarto, fecho a porta e me jogo na cama. Afundo a cabeça no travesseiro e abafo um urro de raiva e então sinto o cheiro dele. Jogo longe o travesseiro e trato de parar de dar chilique. Não tem o que fazer, se Montenegro está atrás de mim por ter tentado matar seja lá o que meu pai é dele, não vou arriscar minha vida por pouca coisa, por capricho. Vou ficar aqui e ver até quando aguento.

Lavo o rosto, respiro fundo, e então retorno para a sala, onde o empiastro se encontra sentado assistindo o jornal do meio dia. Está passando uma matéria de um roubo a carro forte, e ele olha atentamente as imagens.

— Os caras mandaram bem — comenta baixo alisando o queixo, nem percebendo minha presença.

Pigarreio e ele apenas me lança um olhar e volta os olhos a televisão.

— O que vamos fazer o dia inteiro aqui? — pergunto.

— Shh — ele diz e eu reviro os olhos. A matéria acaba e então ele me olha — O que você vai fazer — dá ênfase no ‘você’ — Eu tenho umas coisas para resolver daqui a pouco — diz levantando-se e indo para o quarto.

— Ah não, eu vou ficar sozinha aqui? Por que você pode sair e eu não? — pergunto indo atrás dele.

— Por que não estou sendo caçado — sorri falso e fecha a porta do banheiro da suíte na minha cara.

Urro de raiva batendo o pé feito uma criança mimada.

[...]

— Prometo não demorar, okay — ele diz abotoando o relógio caro em seu pulso.

— Vai se encontrar com sua noiva? — pergunto de braços cruzados.

Nossa Lola, como você soou ciumenta agora. Ele percebeu, e me olha sorrindo de canto.

— Não Lola, e pare de chamá-la de minha noiva — ele diz sério — Não atenda ao interfone, se precisar falar comigo ligue no número anotado na agenda do lado do telefone.

— Ta bom — digo.

— Não fuja — diz me olhando.

— Claro, como se eu fosse pular do vigésimo andar, né Rafael — retruco nervosa de braços cruzados. Ele dá uma risada gostosa e sai depois de me lançar um olhar e piscar para mim.

Espero uns três minutos então levanto-me e vou até a porta para ver se ele a trancou. Porra! Ele trancou. Urro de raiva e bato a mão fechada na porta.

Sabia que iria fazer isso — o ouço dizer e gargalhar do outro lado da porta — Não demoro, okay.

— Eu te odeio, Rafael! — grito olhando a porta.

Eu também amo você — diz rindo. Reviro os olhos e volto para o sofá.

 

RAFAEL SALVIATTI POINT OF VIEW

Ver a expressão de preocupação de Lola quando me puxou para fora da banheira foi bom, ela ainda se importa comigo.

Sai de casa, desci e peguei meu carro na garagem e fui em direção ao galpão um pouco longe dali. Lucas, Branco, todos os caras já estão aqui. Chego e Lucas está na minha mesa, no meu computador.

— Pietra não para de me ligar — Lucas diz irritado — Ela acha que eu sei onde você se meteu ontem à noite.

— Onde você estava, mermão? — Branco pergunta sentado no sofá limpando uma Glock.

— Não importa — digo empurrando Lucas da minha cadeira — Obrigada por esquentar minha poltrona — o olho irritado e ele dá risada.

— Mas e aí, cadê a dondoca? — Lucas pergunta.

— Não sei — dou de ombros — Mas e então, os pagamentos? — pergunto olhando os dois.

[...]

Depois de ter resolvido tudo, por volta das 18 horas já estava voltando para casa. Passei numa farmácia, numa padaria e enfim fui para o apartamento. Passei na portaria e lá estava a caixa que eu estava esperando.

Entrei e não ouvi nenhum barulho. Deixei tudo sobre a mesa de jantar e fui seguindo para dentro, em direção ao quarto, e ao entrar logo comecei a ouvir Lola cantar debaixo do chuveiro. Sorri com isso.

—... And I've always been a daughter, But feathers are meant for the sky, So I'm wishing, wishing further, For the excitement to arrive, It's just I'd rather be causing the chaos, Than laying at the sharp end of this knife...

(E sempre fui uma filha, Mas as penas são feitas para voar, Então estou desejando, desejando ainda mais, Que a animação venha, É só que eu preferiria estar causando o caos, A deitar-me sobre a ponta afiada desta faca.)

Sento-me à cama e apenas continuo a ouvindo cantar. Amo o leve sotaque britânico que ela tem.

— With every small disaster, I'll let the waters still, Take me away to some place real...

(Com cada pequeno desastre, Deixarei as águas se acalmarem, Leve-me a algum lugar real)

Sorrio e encosto-me a porta para ouvir melhor.

— 'Cause they say home is where your heart is set in stone, Is where you go when you're alone, Is where you go to rest your bones... It's not just where you lay your head, It's not just where you make your bed, As long as we're together, does it matter where we go? Home, Home... (Porque dizem que lar é onde o coração se grava em pedra, É aonde você vai quando está sozinho, É aonde você vai para descansar seus ossos, Não é só onde você encosta sua cabeça, Não é só onde você faz a sua cama, Contanto que estejamos juntos, importa aonde vamos? Lar, Lar.)

Ela canta calmamente e lindamente. Sorrio encostando a cabeça à porta com os braços cruzados. Parece a música da vida dela, não sei explicar. Ela suspira fundo, pesado e alto, então continua.

— So when I'm ready to be bolder, And my cuts have healed with time (Então, quando eu estiver pronta para ser mais confiante, E meus cortes se tiverem curado com o tempo.)

Percebo sua voz mudar e um soluço vir dela. Ela suspira e continua.

 — Comfort will rest on my shoulder, And I'll bury my future behind, I'll always keep you with me (O conforto se pousará sobre o meu ombro, E enterrarei o meu futuro para trás, Vou sempre manter você comigo) — You'll be always on my mind, But there's a shining in the shadows, I'll never know unless I try (Você estará sempre na minha mente, Mas há um brilho nas sombras, Nunca saberei a menos que eu tente.)

Ela canta chorando e isso me machuca um pouco. Franzo o cenho, respiro fundo e apenas continuo ouvindo. Ela chora alto, soluça e minha vontade é de entrar lá e abraçá-la, mas não consigo, simplesmente não consigo.

Saio dali um pouco atordoado e vou para a cozinha, guardar as coisas que comprei para nós dois. Ela vai amar o que trouxe, espero que adocique um pouco essa amargura dela.

Mas há um brilho nas sombras, nunca saberei a menos que eu tente.

Isso que ela cantou ficou na minha cabeça. Parece que ela cantou exatamente para mim. Tente, Lola. Tente por que tem sim um brilho em algum lugar aqui dentro.

— Hey! — Sua voz me tira de meus devaneios. Eu a olho e ela percebeu que eu estava longe.

Ela usa uma camiseta minha e uma samba-canção como de manhã, mas outras limpas e percebo que andou fuçando em minhas cosas. Sorrio a olhando desse jeito e ela senta-se à mesa. Sinto de longe o cheiro de meu perfume preferido vindo dela.

— Trouxe para você — tiro a caixa de bombas de chocolate da sacola e seus olhos logo se enchem, brilham feito estrelas.

Lola e eu descobrimos muitas coisas juntos nas nossas aventuras como Rodrigo e Lolita, e aquela padaria e seus doces foram uma das melhores.

— Nãaaao! — ela diz tão feliz logo estendendo as mãos e mexendo os dedos sorrindo de orelha a orelha — Não é o que estou pensando?!

— É sim, e são só minhas — digo logo levando uma à boca.

Ela levanta-se e vem até mim, tentando tirá-la de minha mão. Levanto a caixa, na outra uma bomba e a olho com a boca cheia de chocolate já. Lola tenta tomar a caixa de minha mão e ela está tão perto que seu cheiro logo inebria meus pulmões. Mostro a língua, a deixando mais nervosa e estou me divertindo vendo-a tão louca por doce. Parece que nossos problemas sumiram, e agora é apenas Rodrigo e Lola.

Desvencilho-me dela e saio da cozinha correndo com a caixa na mão e ela vem atrás.

— Me dáaa! — ela diz manhosa. Olho-a e ela está com a cabeça jogada para trás resmungando quase chorando.

Me acabo de rir a vendo desse jeito.

— O que você comeu no almoço hoje? — digo levantando a caixa quando ela tentou pular para pegá-la.

— P.c.o — ela diz sorrindo e eu a olho sem entender. Ela revira os olhos — Pão. Com. Ovo — diz pausadamente e eu dou risada.

— Então só vai comer depois do jantar.

— Te odeio, Rafael — diz brava e volta para a cozinha.

[...]

Tomei um banho e levei a caixa para o banheiro comigo como precaução para que a dona esfomeada não a atacasse. Jantamos e então deixamos toda a louça na pia.

— Pronto, agora pode me dar — abro a caixa lentamente a olhando — Vai logo!

Dou risada e então lhe entrego. Ela pega uma e logo morde, fechando os olhos e se deliciando com aquilo. Muito bom vê-la assim, satisfeita. Sorrio e como um. Sempre nos sujamos muito comendo isso, e agora não foi diferente. Lola está com a boca toda suja, toda! Até o nariz. Pego um guardanapo e limpo a pontinha dele, logo limpando também o canto de sua boca. Ela ri e faz o mesmo em mim sorrindo, me deixando todo bobo sorridente também. Seguro o guardanapo e meus dedos alisam sua bochecha em direção a sua nuca, me aproximo mais e tento beijá-la, mas ela vira o rosto. Ainda senti meus lábios roçarem sua bochecha quando ela virou. Recuo e então ela fica desconcertada olhando para baixo, respirando fundo.

— É... E-eu — aponta para a sala — Vou... Para a sala — diz e levanta-se.

Sorrio com seu desajeito e saio dali a seguindo também.

— Essa caixa aqui são coisas suas. — ela dá um pulo do sofá e vem fuçar a caixa.

São roupas dela, de todos os tipos, até mesmo íntimas. Bolsa com maquiagens, algumas jóias, muita coisa. Tem uma pistola dentro também enrolada numa camiseta e junto um papel, que Lola não o abriu na minha frente.

— Quem mexeu nas minhas coisas? — ela diz com os olhos cerrados.

— Pedi a Jack — digo e ela balança a cabeça.

— Obrigada — ela diz e sai com o papel nas mãos.

Pego a sacolinha com os remédios dela e numa folha há os nomes e os horários que cada um deve ser tomado.

— Jack cuida bem de você — digo olhando o papel.

— Oh. Sim — ela tira os olhos do papel em suas mãos e me olha — É quase um pai, um irmão, sei lá — ela sorri.

Sei.

 

LOLA THOMPSON POINT OF VIEW

Foi um pouco estranho quando Rafael tentou me beijar. Eu entrei numa batalha interna. Meu coração pedia para eu beijá-lo, dizer o quanto estou feliz por tê-lo tão perto de mim e louca para estar em seus braços e minha cabeça me mandava me afastar por que ele me fez sofrer.

Jack estava mexendo nas minhas cosas, e isso foi estranho. Nunca gostei de ter ninguém mexendo no que é meu, mas desta vez passa por que realmente estava precisando de roupas. Jack sabe que eu falo francês, e ele também, então mandou um bilhete justamente escrito nessa língua.

“Me certificarei que nada aconteça com seu pai, e não sei se Rafael falou, mas ele está bem. Falando no empiastro, tome cuidado com ele. Sei que não te machucaria, mas só tome cuidado. Mandei a arma por precaução, não sei se precisará, mas sempre a deixe por perto. Não esqueça de tomar seus remédio. Se precisar de algo ligue neste número, está ao contrário, de trás para frente.

Estou com saudades sua chata.

E ah, você tem umas lingeries bem bonitas.

J.”

Dou uma gargalhada com a mão na boca, provavelmente já vermelha de vergonha terminando de ler e Rafael me olha curioso. Fecho o sorriso imediatamente e reviro os olhos sem acreditar que li isso.

— Filho da puta — resmungo sorrindo baixinho dobrando novamente a cartinha de Jack.

Pego minha caixa e vou para um dos outros quartos. Guardo a carta em um bolso de uma calça jeans e a deixo bem no fundo da caixa. Pego a arma e a deixo debaixo do travesseiro. Vou para o banheiro do Rafael buscar minha escova de dentes que abri e ele está lá no quarto ao telefone. A me ver ele para de falar. Entro no banheiro.

— Não, estou resolvendo alguns negócios fora da cidade, não sei quando irei voltar — o ouço dizer.

Pego a escova e saio dali. Vou para meu quarto e escovo os dentes. Com quem será que ele estava falando? Afasto esses pensamentos da minha cabeça, deito-me na cama e fito o teto. O que estou fazendo aqui?

 

VALENTINA DUARTE POINT OF VIEW

Foi uma longa noite. Mike e Joseph foram levados para o hospital com Jack e mais um amigo do Joseph. Montenegro ficou furioso com Lola, não entendi o porquê. Felipe e Aline sumiram do nada, assim como Lola e Rafael. Pietra ficou fodida de ódio. Lucas me arrastou de lá antes que a policia chegasse e na verdade acho que ninguém a chamou, melhor assim.

Mike disse que Mônica e a mãe de Joseph chegaram ao hospital pouco depois, as duas super preocupadas, mas Mike disse que foi um acidente, não disse que foi Lola, ele inventou uma puta mentira e Jack o ajudou, certeza.

SEGUNDA-FEIRA, 21H45

Estamos no morro na casa da Nanda. Ninguém sabe do paradeiro de Lola e Rafael, mas acreditamos que os dois estão juntos, mas precisamos dizer o contrário a Pietra, senão ela mata Lola.

Falando no diabo. Ela acabou de chegar abrindo a porta com tudo, até nos assustamos.

— Cadê o Rafael? — ela pergunta.

— Está vendo ele aqui? — Fernanda sem muita paciência pergunta.

— Se ele estiver com aquela garota, e vocês o estiverem acobertando, eu juro que eu mesma vou meter uma bala na cabeça dela! — ela diz apontando para todos.

— Tenta, você vai receber uma bala de cada aqui — Branco a responde e Fernanda dá uma gargalhada a olhando.

Todos aqui gostam de Lola, e isso é bom. Pietra bufa irritada e sai dali. Ela é louca, só pode. Todos estão se segurando muito para não matá-la, e tem um por que de não fazerem isso, mas é segredo de estado, segredíssimo que nem Fernanda que é irmã do Rafael sabe.

Outra coisa que nos deixou com um bando de pulgas atrás da orelha foi a aparição repentina de Felipe naquela festa. Ninguém entendeu nada. Tem muita coisa acontecendo por debaixo dos panos, bem debaixo do nosso nariz e nós não estamos vendo. O medo agora é da rasteira.

MIKE THOMPSON POINT OF VIEW

Tudo que aconteceu com Lola foi muito repentino. Nunca aceitei, nunca a apoiei, mas ela é minha irmã, ela precisa de mim. E agora ela atirou no nosso pai. Ele deixou de ser um bom pai há muito tempo, e saber que ele bateu em Lola me faz o odiar ainda mais. O tiro foi legitima defesa, mas não tinha como se defender de outra forma? Eu não sei mais o que sinto por ela, talvez medo da pessoa que ela se tornou, tanto que nem a liguei mais para dar noticias.

Mamãe a vovó estão muito assustadas, mas Jack me ajudou a mentir e tudo não passou de um acidente. Joseph está vivo e sabe lá Deus o que acontecerá quando que ele voltar à ativa depois de tudo que aconteceu.

SEGUNDA-FEIRA, 21H50

Estou em casa e Federico está aqui comigo tentando me acalmar, mas nada me acalma agora, talvez, como antigamente, um abraço da minha irmã conseguiria fazer isso, mas ela não é mais a mesma Lola, não é a minha Lola.

Federico beija minhas costas nuas enquanto estou sentado na beira da cama de cabeça baixa, e agora sua mão desliza pelo meu membro por cima da fina bermuda de moletom que uso.

— Agora não, amor — digo tirando sua mão de mim.

 

LOLA THOMPSON POINT OF VIEW

SEGUNDA-FEIRA, 22H15

Estamos no sofá brigando por qual filme iremos assistir. Eu quero A Culpa é das Estrelas e ele Tropa de Elite que ele já assistiu umas trinta vezes.

— Vou assistir no meu quarto — digo me levantando já cansada de brigar.

— Não — ele segura meu braço — A gente assiste esse que você quer, mas se prometer fazer cafuné em mim.

No meu quarto não tem um DVD, então, é, acho que é isso.

Coloco meu filme para rodar e sento-me um pouco deitada encostada a almofadas no largo sofá debaixo de uma fina manta. Rafael entra debaixo da manta comigo e coloca a cabeça em meu peito, logo me enlaçando com os braços.

— Não deixei você fazer isso — reclamo e ele nem se importa.

Uma de suas mãos pega a minha e coloca em seu cabelo. Gargalho revirando os olhos e então começo a lhe fazer cafuné. O filme começa, e então assistimos juntos. Sinto a mão de Rafael alisar minha cintura com o polegar, o que me faz arrepiar e ele percebe.

Olho meus dedos alisarem seu cabelo, o adentrarem, os fios castanhos passando entre meus finos dedos, e lembro-me de todas as vezes que transamos, em especial a primeira, quando eu gemi seu nome pela primeira vez, agarrada a seu cabelo o sentindo cada vez mais fundo em mim.

Meu corpo reage à lembrança erótica, um gemido bem baixo escapa da garganta enquanto puxo levemente seu cabelo com os olhos fechados, mexendo as pernas, as apertando juntamente dos dedos dos pés quando sinto meu ponto fraco no meio das pernas dar sinal pulsando. Sua mão na minha cintura me aperta. Oh fuck, o que eu fiz? Abro os olhos assustada afastando as lembranças e tirando as mãos de seu corpo abruptamente. Ele me olha sem entender.

— O que foi? — pergunta calmamente, os olhos azuis lindos me fitando. Deus, como eu amo esses olhos.

— Nada — sorrio de canto — Volte a assistir ao filme — digo e então ele vira a cabeça e deita-se em meu peito novamente.

Suspiro um pouco aliviada e levo minha mão novamente a seu cabelo sedoso, liso, cheiroso, mas desta vez tentando ao máximo não pensar em nada obsceno, mas é em vão quando meus dedos tocam suas costas fortes e nuas.

— Rafael! — digo repentinamente que ele até se assustada — A-acho melhor... — fecho os olhos espantando os pensamentos — Melhor você se deitar aqui do meu lado — digo e ele me olha completamente sem entender nada.

Não consigo ficar tão perto dele sem ser perturbada por todas nossas lembranças boas, que me atacam e me deixam fraca perante a ele.

— O que foi, Lola? — ele ainda me olha sem entender.

— Nada, Rafael, eu só... Não te quero perto de mim — digo passando as duas mãos no cabelo de cabeça baixa.

— Você fica fraca perto de mim — ele senta-se direito e agora me olha bem de perto. Sua voz é baixa e rouca — Sua respiração pesa como agora — ele olha meus lábios — Seu coração está batendo tão rápido que a camiseta está pulando — ele alisa meu braço — Você se arrepia quando te toco.

Ele me conhece como a palma da própria mão, sim, tudo isso é verdade. Eu apenas o olho sentindo tudo que ele mencionou e muito mais, sinto as malditas borboletas no estômago, que mais se parecem morcegos.

— Você sente saudade — ele leva a mão até minha nuca e eu solto um suspiro indefeso entre os lábios ao senti-lo — Você me quer — diz sussurrando em meu ouvido, a voz rouca, sexy, carregada de excitação e luxúria, me matando calmamente — Assim como eu quero você — isso me desarma.

Suspiro cravando as unhas em sua nuca sentindo uma pontada no coração, minhas pernas, meu estômago, tudo se mexer, revirar, acender, é um turbilhão de emoções, é uma montanha-russa.

— V-você está errado — digo com os olhos fechados e o sinto beijar minha mandíbula e trilhar beijos por ela em direção minha boca, mas lembro-me, novamente, de tudo que vi e ouvi no escritório e meu estomago se revira — Não sinto saudade, muito menos te quero — digo seca, com a voz transbordando amargura.

Pego seu rosto e o afasto de mim, logo ele senta-se ao lado e eu me levanto, já indo para meu quarto. O filme ficou na metade ainda.

— Lola, volta aqui! Termina seu filme!

— Não, eu já vou dormir — digo um pouco para baixo pelo fora que dei nele, mas ele merece.

O ouço suspirar fundo de propósito então vou para o quarto. Fuço a caixa a procura do meu celular e o encontro enrolado no carregador do mesmo no fundo da caixa. Lembro-me de Dante. Eu nem enviei mensagem, nem liguei, nada. Penso, penso, penso, repenso e acabo não fazendo nada. Deito-me na cama e mando uma mensagem para Tina. Fico pensando em como vou fazer para fugir daqui, tudo bem que pode ter alguém atrás de mim me caçando, mas será pior que ficar trancada em uma casa com Rafael, a luxúria, o pecado em pessoa? Não seria tão ruim se ele não tivesse feito das minhas últimas semanas um inferno.

 

VALENTINA DUARTE POINT OF VIEW

SEGUNDA-FEIRA, 22H35

Estou me sentindo tão cansada, a gravidez está acabando comigo. Recebo uma mensagem de Lola.

Estou com saudades :/

Sorrio lendo e cara, também sinto muita saudade dessa vaca.

Eu também :[

Onde você está?

Em algum lugar secreto.

Com ele ¬¬

Sabia! Pego minha bolsa, minhas coisas, despeço de todos e vou saindo da casa com Lucas.

— Tem certeza que não quer que eu te leve? — ele pergunta.

— Tenho amor, não se preocupe — aliso seu rosto — Não demore, estarei esperando.

— Não espere — ele beija minha testa enquanto a mão alisa minha barriga — Vá descansar.

Caminhamos pelo beco e então vejo o carro dele parado ao lado de outros dois. Ele me dá a chave, nos despedimos com um beijo terno, um abraço e então entro no carro. Lucas na entrada do beco acena e retorna para lá. Ligo o carro então sou surpreendida. Apenas ouço o barulho do plástico cobrindo minha cabeça e eu perder o fôlego instantaneamente num piscar de olhos. Seguro as mãos de quem quer que seja completamente assustada.

— Onde ela está? Eu sei que você sabe. — é Pietra, e ela diz entre os dentes.

Eu me debato tentando me livrar de suas mãos e do saco na minha cabeça, mas ela está determinada a acabar comigo. Sinto um cano debaixo das minhas costelas.

— Vamos, Valentina, nós sabemos que você sabe tudo sobre Lola — eu conheço muito bem essa voz, mas agora não consigo lembrar quem — Ela está com ele, não é?

O saco é retirado da minha cabeça e eu posso respirar, e faço isso bem fundo que meus pulmões até doem.

— E-eu juro! E-eu não sei! — respondo com muito desespero.

O saco retorna a minha cabeça, me debato, mas tenho medo que a outra vadia com a arma atire. Me recuso a morrer assim. Bem que agora eu adoraria ter aquela arma que Lucas estava me obrigando a carregar, mas sou teimosa e jamais conseguiria atirar contra alguém, mas agora eu mataria essas duas.

— Você vai morrer por ela? — Pietra pergunta rindo.

— Acho que vai — a outra diz gargalhando — Vamos mandar uma mensagem para ela. Ela vai vir quando souber.

Eu já choro de desespero me debatendo e completamente sem fôlego, sentindo meus pulmões entrarem em colapso. Cadê a porra desses homens de merda que sempre estão por aqui que não estão vendo isso?! Respiro tão fundo que chego a sentir o plástico entrar na minha boca. Sinto um formigamento nas pernas e uma leve tontura. Eu vou morrer. Ouço o engatilhar da arma e apenas paro de respirar e fecho meus olhos. Me desculpa, filho. É agora.

A última coisa que ouvi foi o disparo. 


Notas Finais


Capítulo grande para compensar minha ausência esses dias aí, espero que tenham gostado e esse suspense todo ein? Será que Valentina morreu? O que vai acontecer? Gente, babados a frente hahahaha Comentemmmm, sei que não mereço, mas comentem suas opiniões sobre o capitulo aí

bom, vou indo, amo vocês demais, obrigada por não me abandonarem e me ajudem a recuperar a vontade de continuar, sério, por que senão eu vou começar a pensar em desistir, e eu realmente não quero isso, quero terminar essa fic.

E bem, como eu disse, estou me dedicando a um novo projeto e vou postá-lo do wattpad. Quem quiser me seguir lá o link ta aí https://www.wattpad.com/user/limalimao_
amo vocêeeeees <3


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