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História Criminal Love - Second Season - 1018


Escrita por: limalimao

Notas do Autor


cheguei de novoooooooooooo
estou pensando em postar mais um pra deixar aquele gostinho de suspense no ar hahahahahaha

segue mais um aí, aproveitem!

Capítulo 18 - 1018


 

Point of View Rafael Salviatti 

— Rafael?!

Acordo num susto, respiro tão fundo que até faz barulho, minha cabeça gira pela velocidade que me sentei na cama.

— O que aconteceu? — pergunto a Nanda um pouco atordoado ainda e incomodado pela luz do quarto.

— Me diz você! Esta gritando que não, que não. O que foi? — me observa preocupada.

— Um pesadelo — digo ajeitando a toalha já seca nos quadris — Nossa — passo a mão na cabeça.

— Bom, vou sair com Tom, depois você me diz como foi esse pesadelo — ela me dá um beijo na bochecha e sai do quarto, me deixando sozinho.

Porra que sonho foi esse? Não me lembro de tudo, mas Lola se matou! Por quê?

Pego meu celular e ligo para Lola, e espero que me atenda.

Oie — ela diz e parece contente.

— Oi meu amor, tudo bem?

Tudo, e com você?

— Tranquilo. Estou com saudades, onde está?

Descansando.

— Posso descansar com você?

Estou querendo ficar sozinha, amor.

— Preciso saber se está segura. E me desculpa por não ter ido ontem, aconteceram algumas coisas e eu não conseguir ir nem ligar.

Estou, pode ter certeza que a porta está trancada e não se preocupe com isso — disse um pouco séria.

Eu iria fazer uma brincadeira com ela, perguntar se a suíte presidencial é bonita, mas vou deixá-la sozinha, sem interferir em nada, mas é bom saber onde ela está.

— Por que quer ficar sozinha?

Por que eu quero, uai! Precisa ter por que agora? Preciso pedir permissão?

Nossa! Cavala!

— Nossa, me desculpa — digo um pouco chateado.

Ela respira fundo do outro lado.

Olha, é... — ela suspira de novo — Me desculpa se fui grossa. Vou desligar agora, irei jantar.

— Ta bom — disse mais seco do que gostaria.

Não me rastreie, se eu quiser sua companhia eu te passo endereço.

Aut! Doce como limão, suave como um coice.

— Ta bom então — digo mais seco ainda dando de ombros.

Tchau — e desliga! Simplesmente assim.

O que eu fiz para ela me tratar desse jeito?! Tudo bem, eu vacilei em não ter ido ontem, não ter conseguido avisar, mas ela disse que tudo bem, precisava disso? Nossa, agora eu to nervoso mesmo. Olho a horas no relógio. 21h45. Dormi demais, mas bom assim. Preciso me distrair, parar de me preocupar e pensar em Lola um pouco. Nada que um baile de favela não resolva. Levanto, me arrumo bem, coloco minha correntinha de ouro favorita, pego dinheiro no cofre, passo o melhor perfume e está bom demais. Subo na moto e vou embora.

 

Point of View Lola Thompson

Sexta-feira, 21h00 — Eu dormi a tarde inteira e acho que foi bem melhor assim, já que fiquei menos tempo pensando no que aconteceu. Por que eu não reagi antes que ele me desse a droga que me deixou completamente acordada para presenciar tudo, que me deixou incapaz de me mexer? Por que não bati nele? Por que não tentei sair correndo àquela hora? Esses por quês estão me matando, me torturando. Eu não tive forças para reagir, e isso é o que me deixa pior. Eu virei estatística. Acho que eu deveria dormir o dia inteiro até isso passar, na verdade acho que eu deveria dormir para sempre. Talvez eu vire duas estatísticas.

Pedi o jantar no quarto já que não comi nada desde ontem a noite e meu estômago está dolorido e me xingando horrores de fome. Rafael me ligou, eu tentei ser simpática, mas o eu que se instalou em mim da noite pro dia foi mais forte e acabei sendo um iceberg com ele. Eu quero ficar longe de todos, principalmente dele, mas eu preciso daquele babaca, preciso de ajuda, preciso de colo, carinho, atenção, e eu espero que ele entenda mesmo eu não dizendo nada. Eu não vou dizer nada.

Ainda estou sentindo muita dor, física, emocional, todo tipo de dor. Isso não vai ficar assim, não vai sair barato. Ele tirou muita coisa de mim, e eu vou tirar a única coisa que ele tem. A vida.

 

Point of View Rafael Salviati

12h15 — Acordei com uma puta ressaca, sei nem como cheguei em casa hoje, acho que vou voltar a dormir, cheguei seis horas da manhã trilouco, bebi, fumei, cheirei com os amigos, realmente estava precisando disso e agora minha cabeça dói tanto. Nunca neguei tanto sexo numa noite só. Efeito Lola. Pego meu celular e vejo que há três mensagens dela.

9h05 / Me desculpa por ontem, eu sei que fui grossa, mas preciso de você :/  Vem tomar café comigo?

9h20 / Responde! Estou com fome!

9h28 / Desisto, não irei te esperar mais.

Enquanto lia o celular quase caiu no meu rosto. Nossa, estou tão cansado, quero voltar a dormir. Dormir ou Lola? Dormir ou Lola? Eis a questão. Depois de tomar muita coragem levanto e vou para a ducha tomar uma bem gelada para ver se acordo pelo menos até chegar ao hotel. Acho que posso dormir e com Lola. Olha que ótimo!

Saio com a toalha amarrada na cintura depois de fazer minha higiene e só agora estou bem para poder ligar para a dondoca.

Fala, Rafael — ela diz sem muita paciência.

— Bom dia! — digo contente sorrindo e ela resmunga.

Boa tarde você quis dizer, né.

— Boa tarde! — digo do mesmo jeito que dei bom dia e ela dá uma risadinha fraca — Me passa o endereço.

Não quero que venha mais.

— Eu vou te rastrear — me jogo na cama.

Ela resmunga e explica onde fica o hotel que está, que na verdade eu já sei onde fica. Me passa exatamente as mesmas informações que Vitor me deu.

— Ta bom, vou me arrumar e já vou.

— Não demora!

—Até daqui a pouco sua chata.

Me arrumo, passo em uma floricultura e numa loja de chocolates então sigo para o hotel. Depois de algumas burocracias já estou subindo para seu quarto. 1018. Não me trás boas lembranças graças ao pesadelo de ontem. Respiro fundo e aperto a campainha segurando o ramalhete de rosas vermelhas e a caixona de chocolate. Ela abre a porta com a trava e olha de cantinho.

— Está sozinho? — ela pergunta.

— Sim amor — sorrio tentando esconder tudo nas costas.

— O que é isso aí? — diz apenas com os olhinhos na beira da porta.

— Vamos, abre logo — sorrio.

Ela torna a fechar a porta e então a abre por completo. Entro e ela torna a trancar a porta e coloca a trava. Ela usa um pijama bonitinho. Um short de moletom e uma camiseta com um panda, então me lembro de quando estávamos no cativeiro, prestes a morrer e ela disse que um dos desejos era abraçar um panda de verdade.

Abro um sorriso enorme ao vê-la, parece que tudo renasce dentro de mim quando a vejo. É muita felicidade, é muita alegria quando vejo esses olhinhos brilharem, mas hoje eles parecem tão longe, tão apagados. Ela sorri, mas não parece tão feliz.

— Para você — lhe entrego tudo sorrindo a olhando.

Ela paralisa um pouco olhando as coisas em suas mãos, e me olha nos olhos então vejo os seus se encherem de lágrimas, que logo a tomam conta de seu rosto. Ela pula em meus braços, me enlaçando o pescoço e chora, chora muito e começa a soluçar.

— Hey, o que foi? — digo preocupado com tantas lágrimas, que já não sei mais se são de felicidade pela quantidade de soluços, resmungos e pequenos gritos da garganta.

Ela não diz nada, apenas continua chorando e eu a aperto tanto em meus braços, querendo lhe passar tranqüilidade, mas eu que preciso me tranqüilizar também, já estou muito preocupado e quase desesperado vendo-a desse jeito.

— Shhh, está tudo bem, está tudo bem — digo baixinho alisando seu cabelo.

Ela suspira fundo então aos poucos começa a se acalmar. Lola me solta e eu a seguro pela cintura a olhando.

— Pronto? — digo a olhando enquanto seca as lágrimas.

— Obrigada — ela me olha com uma carinha tão fofa, mas tão tristinha.

Caminhamos juntos até a cama, onde ela se senta no meio e fica observando atentamente cada detalhe das rosas no ramalhete e eu a observo com um sorriso bobo no rosto.

— São tão lindas — ela diz tocando nas flores ainda as olhando — Quero que morram nunca.

— Sempre trarei novas — digo a olhando.

— Não imagina o quanto isso me fez feliz. Acho que foram as flores que mais me fizeram bem em toda a vida — ela me olha e sorri pequeno.

— Então trarei todos dos dias, aí elas te deixarão ainda melhor — ela sorri balançando a cabeça — Aconteceu alguma coisa? Você está tão pra baixo — pergunto calmo e baixo franzindo a testa.

Ela respira fundo.

— Não, nada, só estou cansada — ela sorri então me olha, mas não mantém os olhos nos meus por muito tempo.

— Bom, eu quero chocolate — pego a caixa e ela logo a toma da minha mão.

— Não, é minha! — ela diz a levando para longe de mim estendendo o braço para trás.

— Eu vou ter que pegar a força? — digo a olhando com os olhos semicerrados e sorrindo de canto.

Ela sorri e então eu pulo sobre ela e tento pegar a caixa, ela grita então começa a me bater, me esmurrar o peito, tentando me tirar de cima dela, eu faço-lhe cócegas enfiando a mão debaixo de sua blusa, então ela não ri, mas suspira tão fundo enquanto continua me batendo que acho que estou a machucando e saio de cima dela, que se levanta num pulo e se afasta com as mãos na cabeça.

— O-que foi? — pergunto sem entender sua reação.

Ela então se tranca no banheiro e me deixa sentado na cama sem entender nada do que aconteceu agora. Depois de oito minutos contados ela aparece no batente da porta e abre um sorrisinho fraco.

— Vem aqui — bato no colchão no espaço ao meu lado.

Lola logo vem até mim e senta-se ao meu lado. Respiro fundo a olhando e sem querer tomo uma expressão mais séria a olhando, mas é pura preocupação.

— Aconteceu alguma coisa? Porque está tão... Diferente? — digo a olhando e pego sua mão que brinca com o lençol de seda — Eu to preocupado! Você chora desesperadamente, agora fui brincar, você ficou tão séria que me assustou — balanço a cabeça.

Ela me olha, mas de novo, não mantém os olhos nos meus.

— Olhe para mim, amor — pego eu rosto e faço me olhar, mas ela mantém os olhos baixos — Ta vendo, você não está normal, me diz o que aconteceu.

Ela respira fundo enquanto parece fazer um esforço sobrenatural para levantar os olhos até mim, e quando me olha no fundo dos meus, vejo os dela e não enxergo mais aquele brilho que me fascina. Acho que conheço Lola bem demais para poder dizer que ela não está bem, não está em harmonia.

— Eu estou bem, para com isso — ela sorri, desvia os olhos dos meus e volta — Já que você não tomou café comigo, vamos almoçar?

Ela sorri e eu fico contente em ver esse sorriso lindo.

— Vamos sim. Vou te levar em um restaurante...

— Não! — ela me interrompe rapidamente — Não quero sair hoje — diz baixo — Podemos pedir aqui no quarto, garanto que a comida daqui é muito gostosa — ela sorri.

Por que ela não quer sair?

— Olha, se não for... — digo a olhando com o rosto levemente virado para o lado.

— É sim! Pega o cardápio ali — ela aponta para a mesa de cabeceira.

Fizemos os nossos pedidos, e pedimos também algumas besteiras que também estavam no cardápio. Enquanto não chegava ficamos conversando. Ela perguntou o que eu fiz que não fui para o apartamento aquele dia e não menti, disse que fui resolver algumas coisas e depois fui até a casa dos Montenegros e ela entendeu o que aconteceu mesmo eu não dizendo, e isso a deixou muito mais para baixo do que ela já estava. Isso vai acabar, um dia eu serei só de Lola, eu sou, mas...

Ela não me disse o que iríamos fazer aquele dia, disse que não faremos mais e disse também que apenas dormiu decepcionada me esperando. Nossos pedidos chegaram, comemos juntos na mesa do quarto enquanto conversávamos e ela acabou se descontraindo um pouco mais. Comemos quase a caixa inteira de chocolate que lhe dei e agora estamos na cama debaixo das cobertas assistindo um filme que escolhemos juntos.

Ela está deitada com a cabeça no meu peito e é tão bom tê-la assim, tão perto de mim. Aliso sua cintura pode debaixo da blusa que usa e desço, aliso debaixo do elástico do short e ela me olha levantando os olhos.

— Você não me deu nenhum beijo desde que cheguei — digo alisando seu rosto com a outra mão.

Ela respira fundo e sorri de cantinho. Nos aproximamos e iniciamos um beijo calmo, e nossa, como eu amo esses lábios. Lhe empurro devagar para que ela se deite na cama e já fico sobre ela, logo intensificando o ritmo do beijo. Minha outra mão passeia pela sua cintura debaixo da blusa e desce passando pelo seu quadril, logo apertando sua coxa, depois sobe já levantando sua blusa. Lola suspira em minha boca e para de me beijar, o que me faz a olhar e ela tem os olhos arregalados para mim.

— O que foi? — lhe olho com a testa franzida sem entender tal reação.

Ela beija minha bochecha e me abraça. Beijo seu pescoço e desço deixando uma trilha de beijos. Levanto sua blusa até a altura dos bicos de seus seios, que ainda os deixo cobertos e a olho, nossa, que mulher, e ela a todo instante aperta bem forte o lençol com as mãos nas laterais do corpo. Beijo sua barriga, subo, beijo entre seus seios e desço novamente, desta vez começo a abaixar bem devagar o seu short, o que a faz suspirar bem fundo.

— Amor... — ela diz baixinho e eu a olho enquanto beijo bem abaixo de seu umbigo — Para, por favor — ela diz e cobre os olhos com as mãos.

— Certeza? — beijo seu quadril.

— Para, por favor, para — ela diz e senta-se enquanto já tem a respiração pesada e ela cobre os olhos.

Sento-me ao seu lado e espero ela dizer algo, mas ela não diz, apenas continua com as pernas dobradas e as mãos nos olhos. Lhe puxo para mim num abraço, e ela ainda continua com as mãos no rosto. Beijo sua cabeça.

— Vem, vamos terminar o filme.

Tornamos a nos encostar e terminamos nosso filme. Já está escurecendo.

— Quer que eu fique essa noite com você? — digo a olhando com a cabeça no meu peito. Ela demora um pouco para responder.

 — Quero — ela diz e se aconchega mais aos meus braços.

— Ta bom, então vamos comigo lá em casa buscar algumas coisas?

Ela respira fundo e me olha.

— Tenho escolha?

— Não — coloco uma mecha de seu cabelo para trás a olhando sorrindo.

 

Point of View Lola Thompson

Quando vi Rafael, eu tentei ao máximo, tentei com todas as minhas forças segurar o choro por que não quero que ele saiba de nada, é humilhante demais, pior ainda se alguém souber, não quero a pena das pessoas, mas quando ele apareceu com aquelas flores e chocolate, meu Deus, ele parece que estava adivinhando que eu estava precisando disso, não sei, eu apenas chorei horrores, agradecendo em mente por tê-lo comigo. Mas é tão estranho. Eu amo o toque dele, mas cada vez que ele me tocava era um pequeno susto, um nojo de mim mesma, um medo dentro de mim, que não crescia, mas estava lá. Rafael nunca faria o que Felipe fez, mas é surreal, é como se eu não suportasse mais o toque de nenhum outro homem por medo de acontecer o mesmo que naquela noite. Eu quero morrer, eu quero sumir, eu quero gritar, mas apenas continuei ao seu lado, quieta, como se nada tivesse acontecido, mas não consigo fingir bem por que ele já percebeu que tem algo errado.

Já estamos a caminho do morro e não consegui ficar sem observar cada rosto que me rondava até entrarmos no carro. É bom estar com ele, sei que estou segura, mas não estarei com ele o tempo inteiro e Felipe vai tentar de novo, sei que vai, eu me sinto observada por ele a todo instante.

Já chegamos e viemos o caminho todo conversando sobre coisas aleatórias e acabei me distraindo um pouco. Entramos e logo vemos Nanda e para minha surpresa, com Tom, Vitor, uma garota e Lucas. Cumprimentamos todos, Nanda e Lucas levantam para falar com Rafa e eu logo vou até Tom.

— O que está fazendo aqui? — pergunto baixinho.

— Estou saindo com a Fernanda — ele sorri de canto.

— Está brincando comigo — dou uma gargalhada baixa e lhe soco o ombro — Como estão as coisas?

— Bem. Um pouco complicadas, mas estamos bem. Precisamos sair da mansão, uns caras invadiram e quase morremos no tiroteio. Aí estamos por aqui agora, numa casa que seu namorado arrumou pra gente aqui no morro.

— C-como assim?! Ninguém me fala nada! — pergunto assustada.

— É então — dá de ombros — Você está bem?

— É, estou — sorrio.

Nanda o chama, ele me dá um beijo na bochecha e vai ao encontro dela. Vitor continua mexendo num notebook sentado em um sofá e eu vou até ele.

— Hey — digo me sentando.

— E aí — ele me olha.

— Quero te pedir uma coisa — digo baixo.

— O que?

— Não sei se podemos falar aqui.

— Já estou curioso. Pode falar, ninguém vai ouvir.

— Quero que pesquise algumas coisas. Quero saber tudo sobre Felipe, tudo, até mesmo que horas ele acorda, quantas vezes por dia ele respira.

— Fácil.

— Pietra Montenegro também.

— O que vou ganhar com isso?

— Eu não vou contar ao Rafael que você ajudou Hernandes no meu seqüestro, que sabia que estavam usando a boate como cativeiro. Você sabe o que aconteceu com o outro cara lá.

— Ele não faria aquilo comigo.

— Ah faria.

Ele respira fundo.

— Eu te ligo amanhã para te entregar o que achei sobre eles.

— Perfeito — digo me levantando — Mantenha isso em segredo que eu também ficarei quieta.

Ele me olha e assente. Lhe dou as costas e subo as escadas em direção ao quarto de Rafael, onde o encontro pegando algumas coisas, então saímos dali, tornamos a descer, nos despedimos e seguimos para o hotel novamente depois de negar sair pro role.

Assistimos a mais uns três filmes até pegarmos no sono de vez.

Acordei e olhei em volta, está tudo escuro. Olho as horas no relógio da cabeceira e são três e cinco da manhã. Não sei, não estou conseguindo dormir com o Rafael, novamente aquele medo de acontecer alguma coisa. Desvencilho de seus braços e me deito ao seu lado, então tento pegar no sono novamente.

Acordo novamente. Três e cinqüenta e quatro. Não consigo dormir com ele do meu lado e isso está me maltratando. Respiro fundo e levanto. Caminho até a varanda e está uma madrugada fria, mas agora não importa. Sento-me em uma das cadeiras e me curvo para frente, logo passando as mãos no rosto balançando a cabeça.

— Meu Deus o que está acontecendo comigo? — digo baixinho para mim mesma.

Felipe vai pagar, vai pagar muito caro por cada segundo de sono que ele está me tirando, por cada sorriso que não consigo dar, por cada toque no meu corpo de Rafael que eu não consigo sentir, por tudo.

Volto para a cama e desta vez viro-me e fico de frente para Rafael, que dorme lindamente. Que inveja. Tento cochilar, e desta vez consigo.

Acordo novamente e já estou saturada e com tanta raiva que estou quase me jogando daquela varanda. É tentador. São quatro e vinte da manhã. Sento-me na cama e passo as mãos na cabeça. Rafael se mexe.

— Vem aqui amor — eu o olho e ele segura minha mão me puxando — Deita aqui comigo.

Respiro fundo, tomo coragem e me deito, ficando de frente para ele.

— Eu não sei o que está acontecendo com você, eu quero saber, mas vou esperar você estar pronta pra me dizer — ele diz baixinho me olhando com uma carinha de sono — Só quero que saiba que independente de qualquer coisa eu estou com você, eu estou do seu lado pra te ajudar no que você precisar — me seguro muito para não chorar — Eu amo você, Lola, amo absurdamente muito, estou odiando te ver desse jeito.

— Obrigada — digo com a voz embargada e me aconchego em seus braços — Eu te amo tanto.

Ele alisa minhas costas sobre a camiseta e beija minha testa. Respiro fundo. Não tem por que ter medo do Rafael, ele não vai me machucar, preciso colocar isso na minha cabeça.

 

Point of View Rafael Salviati

Domingo, 10h55 — Abro meus olhos e me deparo com uma coisinha pequena me olhando e quando me vê ela sorri bem largo, do jeito que eu gosto, me fazendo sorri também. A abraço e ela cava com o rosto até se aconchegar em meu pescoço.

— Bom dia — digo e beijo sua cabeça.

— Bom dia — ela diz.

Lola acordou três vezes de madrugada. Ela está me preocupando e me forçando a perfilá-la para mim pelo menos tentar entender um pouco disso. Inconscientemente ontem eu fiz isso, e tomei notas mentais: Choro repentino e desesperado, diferentes tons de voz, mas todos de medo e defensivo, os olhos, que não paravam nos meus quando eu perguntava se estava bem, claramente mentindo, ela não consegue me olhar nos olhos, as expressões faciais, a linguagem corporal dela, o pé que no almoço não parava quieto dizendo que ela estava impaciente, repulsa aos meus toques em seu corpo. Outra coisa: Ela fez um testamento deixando tudo para Valentina, o humor dela muda de repente, ela tem uma arma - que me deixa ainda mais preocupado - e a ouvi resmungar um “eu vou me matar” enquanto revirava os olhos, a perca de interesse em coisas que ela gostava, o desânimo, ela não dorme, ela mal comeu no almoço.

Deus, Lola certamente está com pensamentos suicidas – espero estar errado quanto a isso – Mas algo a levou a isso, mas o que? Ela está me mostrando o que, mas eu não consigo decifrá-la.

Perguntei se ela queria companhia no banho e ela toda tímida disse que não, então estou esperando a dondoca sair para que eu possa tomar uma ducha. Ela sai enrolada na toalha, e amo vê-la assim. Tomo minha ducha enquanto tento decifrar Lola, mas está confuso, irei continuar a observando. Saio depois de fazer minha higiene e ela já está na mesa onde o café da manhã já está também. Me visto e logo me sento de junto dela, onde tomamos nosso café.

— Eu preciso ir, meu amor — digo olhando o relógio em meu pulso.

Já tomamos nosso café, já nos deitamos novamente, ela está tão desanimada que me dói. Não queria deixá-la assim, mas preciso ir.

— Ah sério? — ela diz desanimada me olhando com bico.

— É, mas a noite eu volto para te pegar e irmos para nosso apartamento, okay?

— Nosso? — ela sorri de canto.

— É, só nosso — sorrio e beijo sua mão a olhando — Pedi para alguém ir lá arrumar a bagunça que eu fiz.

— Por que quebrou tudo mesmo?

— Descobri que perdi minha filha e quase minha mulher, e... — respiro fundo dando de ombros deixando subentendido.

Ela sorri me confortando então se joga em meus braços, me abraçando. Estendo minhas pernas e prendo atrás de seu corpo, e a aperto, ela grita rindo.

— Socorro! Me solta! — ela grita rindo.

A solto, ela levanta rindo e eu me sento na cama. Ela me olha então puxo sua mão e sua perna, ela se senta de frente em meu colo e me olha com um certo medo nos olhos. Mais uma anotação mental. Beijo seu pescoço, enquanto as duas mãos alisam sua cintura, agora apertam seu quadril, trazendo-a para mais perto de mim. Ela suspira fundo e aperta meus braços. Estou com tanta vontade dela. Tanta.

— Estou te querendo tanto, amor — digo com o rosto em seu pescoço e lhe beijo ali.

Ela contrai o pescoço sorrindo.

— Acho melhor você ir logo — ela diz saindo do meu colo, e eu a seguro, a puxando pela bunda e a apertando, o que me faz ganhar um belo tapa nas costas.

— Não faça mais isso! — ela diz séria.

— Okay, me desculpe! — levanto as mãos em rendição e me levanto da cama — Acho melhor eu ir.

— Também acho — ouço a dizer bem baixo.

Pego minhas coisas, e caminhamos até a porta.

— Ganho um beijo pelo menos? —digo a olhando.

Ela desfaz a cara feia e me abraça, logo me dando um beijo rápido, e quando fui tentar aprofundar mais, ela se afasta. Não to entendendo mais nada.

— Eu ligo e você me diz se vai querer ou não ir comigo a noite.

— Eu vou — ela diz.

— Então ta. Melhoras meu amor — lhe dou um beijo na testa e saio do quarto.

Eu vou descobrir por que ela está assim. 



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