História Criminal Love - Second Season - Pact Whit Devil

Pact With Devil — Pacto com o Diabo.

Point of View Lola Thompson

É difícil fingir estar bem. Nunca achei que seria tão difícil assim, mas acho que é ainda pior ter que fazer isso com Rafael, por que ele me conhece, e conhece como a palma da própria mão. Odeio mentir, ainda mais para ele, mas não me sinto a vontade para dizer sobre o que aconteceu, e bom, muito menos ainda para falar dos meus planos com Alisson.

— E aí — digo olhando em volta através dos óculos escuros.

Sento-me a cadeira a sua frente no café do hotel.

— O que vai fazer com tudo isso, Lola? — ele me olha curioso e preocupado ao mesmo tempo.

— Desculpa minha ignorância, mas isso não lhe diz respeito.

— Ignorante e educada — ele entrega duas pastas de papel — Tenho outra coisa aqui, algumas coisas que consegui com outra pessoa, mas vai sair mais caro.

— O que é?

— Fotos e mais informações de um infiltrado nos Montenegro. Eu me expus para conseguir isso. Coisa que nem eu, e acredito que nem mesmo Rafael sabe.

— Quanto quer?

Ele sorri de canto.

— Cem mil dá pro gasto.

— Me deixe ver do que se trata, se valer a pena eu pago — aponto com os olhos para a outra pasta em sua mão.

— Eu tenho certeza que vale a pena.

Ele me mostra algumas fotos rapidamente, fotos que encheram meus olhos e deixaram com pulga atrás da orelha enorme.

— Eu quero. Eu quero saber tudo. Vamos subir.

Vitor sorri de canto.

Entramos na minha suíte e Vitor dá um assovio impressionado pelo tamanho e luxo dela enquanto roda os olhos pelo espaço. Ele se joga na minha cama e eu reviro os olhos.

— Agora entendo por que Hernandes queria tanto te roubar. Dinheiro não é problema pra você.

— Nunca foi e nunca será. Vamos, comece a falar — puxo uma cadeira e sento-me ao lado da cama.

— Bom. Não foi muito fácil conseguir informações sobre a Montenegro e Felipe, as fichas, informações estavam bloqueadas, como se eles não existissem, normal, faço isso com Rafael e muitos de nós, mas era diferente, levei horas pra quebrar o sistema e entrar, consegui entrar no sistema de Montenegro graças a esse informante, entrei no notebook dela e achei coisas, que garota... — ele sorri balançando a cabeça — Eu fiquei chocado.

Faço um sinal para que ele continue.

— Não sei se sabe a historia inteira, mas Pietra e Rafael se relacionaram quando ele era mais novo, acho que ele tinha uns dezessete anos, ela sempre foi dois anos mais velha que ele, enfim. Descobri que o pai dela sempre teve negócios com Alisson, o pior inimigo do Rafael, e descobri no notebook dela que os dois chegaram a namorar, há fotos e mais fotos deles juntos de uma época antes do Rafael, vi também fotos dela grávida, e achei fotos recentes de uma garotinha, fui atrás e descobri que ela tem oito anos, muito antes do Portuga, o que me diz que é filha do Alisson.

— Alisson não sabe que ela está viva. Quando fomos seqüestrados capanga dele torturou Rafael tentando saber como ele a matou e onde o corpo dela estava.

— Garota, nós temos uma bomba nas mãos.

— Vamos, continue — mexo as mãos.

— Sempre soubemos que Alisson sempre foi louco por Pietra, quando ele soube que ela desapareceu quando Rafael e o pai dele descobriram da infiltração dela... Alisson quis matar Rafael, mas nunca conseguiu, e vem tentando até hoje.

— Então está me dizendo que Alisson ama Pietra, que ele odeia Rafael, que Pietra tem um filho de Alisson e que ele não sabe que ela está viva. Cara, isso é sensacional! — digo rindo balançando a cabeça.

— Quer coisa melhor? Felipe foi visto na mansão dos Montenegro, o informante disse que viram os dois juntos, então seja lá o que ela está tramando para Rafael, Felipe sabe de tudo e está junto. Todos nós sabemos que Felipe era louco por você, ele não agüentou ver o Rafael se aproximando tanto, e quando Alisson mandou aquele vídeo do cativeiro... Ele ficou incontrolável. Parecia estar possuído, ele saiu quebrando tudo, gritando, foi louco — ele diz apertando a testa lembrando.

— V-vocês viram mesmo aquele vídeo? — pergunto um pouco envergonhada.

— Não todo mundo, ninguém quis ver a bunda branca do Rafael — ele revira os olhos — Relaxa não foi todo mundo que viu, tive que hackear o computador do Felipe pra conseguir o vídeo por que ele não quis mostrar pra ninguém e a gente estava muito curioso pra saber o que era, mas vimos só os primeiros dois minutos pra saber do que se tratava.

Ufa!

— Mas vem cá — ele cruza os braços e me olha — O que você vai fazer com essas informações?

— Algumas coisas — digo pensando longe alisando o queixo — Você vai me ajudar...

— Eu o que?! Uouou! — ele ergue os braços — Eu não vou fazer nenhum trabalho sujo não!

— Quem vai fazer isso sou eu! — logo o corto.

— Ouou! — diz alto assustado — O que você vai fazer, Lola?!

Respiro fundo passando a mão na cabeça percebendo que falei demais. Vitor pode ser muito útil, mas terei que abrir o jogo com ele.

— Onde posso encontrar Alisson?

— Você não vai querer ir lá.

— Vou. Precisarei dele...

— Lola, Lola, Lola... Se o Rafael descobre que você está se envolvendo com Alisson... Você é encontrada numa vala!

— Duvido que ele faria isso comigo — digo o olhando com braços cruzados balançando a cabeça, pensando se ele realmente seria capaz de fazer isso comigo.

— Ta, mas me diz o que quer fazer. Eu te ajudo se dobrar o valor.

— Dinheiro não é problema pra mim — levanto-me — Vamos ao plano — sorrio de canto.

Vitor se aproveitou e pediu algumas coisas do cardápio para comermos enquanto conversamos. Depois que elas chegaram hora de começar.

— Explica esse plano.

— Eu não sei o que os Montenegros querem com o Rafael, mas eu não quero descobrir antes que seja tarde demais. Eu o amo, eu vou lutar por ele, faço qualquer coisa pra livrá-lo das mãos daquela vadia — brinco com a borda do copo de suco nos lábios — Já que você me disse que Alisson ama Pietra, e se eu o avisasse que ela está viva? Ele iria atrás dela, e Rafael ficaria livre.

— E o que Felipe tem haver com isso?

Respiro fundo. Ele vai precisar fazer algumas coisas para mim, então acho melhor abrir o jogo.

— O Felipe... — respiro fundo franzindo a testa — Ah nada, não importa, enfim, voltando, preciso saber onde encontrar Alisson.

Melhor não. Na verdade eu não consigo.

— Posso te colocar em contato com ele, mas não garanto que ele irá te ouvir muito menos te ajudar em algo.

— Eu dou um jeito.

[...]

Vitor me disse onde encontrar Alisson, engraçado é que as duas favelas, os morros são praticamente uma de frente para o outro. Eu subo e recebo diversos olhares, claro, toda pomposa esbanjando dinheiro nas roupas, jóias e acessórios. Medo de ser assaltada? Não. Se acontecer tudo voltará fácil para minha mão. Subo escadas, passo por becos principais então estou numa escada quase no topo do morro, e logo vejo um bando de homens armados.

— Nossa, o que uma dama assim faz aqui nesse lugar? — diz me olhando faltando me comer um homem mulato com uma pistola no cós da bermuda e um fuzil na mão.

— Vim falar com seu chefe — digo apontando para uma câmera logo numa parede ali.

— Aqui você não manda em nada não, madame — ele diz se achegando a mim com o quadril para frente, me acochando.

Eu o olho com olhar de superioridade e coloco o dedo em sua corrente de ouro, puxando-a o olhando.

— Eu sei que ele está me vendo, vamos, ele vai querer saber o que vim fazer aqui — digo sem expressão alguma.

Um deles sentado em um degrau me olha enquanto fala num rádio.

— Bora, madame — o mesmo levanta-se e eu saio dali sendo observada pelos olhares maldosos e curiosos dos homens.

Pouco tempo depois eu entro em uma casa, e logo sou recebida por um homem alto, pardo, olhos castanhos claros feito mel, cabeça raspada e a porra de um belo sorriso branco. Alguns criminosos são bonitos, oh se são. Não acredito que estou no covil do filho da puta que mandou seqüestrar e matar eu e Rafael! Não acredito.

— Lola Salles Thompson! — ele diz me recebendo de braços abertos com um sorriso nos lábios — O que te traz aqui?

— Negócios — sorrio o olhando do mesmo jeito que me olha.

Alisson caminha até mim de um jeito despojado, sensual, já que usa apenas uma bermuda preta caída nos quadris deixando a mostra o elástico de sua cueca cara e seu belo físico tatuado.

—Me dê um motivo para não te matar e entregar sua cabeça para o Rafael — ele diz bem perto de mim, com o dedo indicador levantando meu queixo olhando minha boca, até sinto sua respiração de tão próximos que estamos.

— Eu sei de coisas que você vai gostar de saber — digo quase como um sussurro e abro um sorriso de canto.

Fui revistada por ele mesmo, que não deixou de me dar um belo apertão na bunda e passar as mãos pelos meus seios e ahhrg... Filho da puta. Quero morrer. Ele pegou minha arma e a levou com ele. Já estou sentada diante dele, sentado numa poltrona grande frente a uma mesa suntuosa, com muitas armas sobre ela, drogas, garrafas de bebidas, papeis.

— Acho bom ser algo interessante o que tem para me dizer, senão a senhorita não sairá daqui hoje — ele diz encostado à sua poltrona, analisando a minha arma nas mãos — É uma bela arma, não acha?

— Eu sei, eu mesma escolhi — digo cruzando as pernas o olhando deixando um sorriso pequeno de canto brincar nos meus lábios.

Ele levanta uma sobrancelha e sorri do mesmo jeito.

— Bom, eu sei que você e Pietra Montenegro tiveram um caso no passado — ele fica sério novamente, me olhando estreitando os olhos quando citei esse nome — E eu sei também que você ainda a ama.

— Ah amo? — ele diz rindo.

Aponto com o queixo para uma foto dos dois sobre a mesa dele, e o mesmo abaixa o porta-retratos enquanto revira os olhos. Touché.

— Deve saber também que seu namoradinho a matou — imediatamente eu comecei a gargalhar — E vou matá-lo por isso! — diz já de pé, furioso batendo a mão na mesa.

Levanto-me e caminho até ele o olhando. Afasto a poltrona e encosto-me à mesa, ficando bem em sua frente. O olho, pego seus ombros e o faço sentar novamente. 

— Eu direi o que sei se fizermos um trato — cruzo os braços.

— Não farei nenhum trato enquanto não souber o que tem para me dizer — ele diz me olhando com a cabeça um pouco para cima.

— Vamos ao trato! — digo tentando sair dali, do meio de suas pernas, mas ele segura minha cintura e me faz encostar-se à mesa novamente.

— Diga — Sorrio vitoriosa.

— Você não matará o Rafael — ele já começou a gargalhar virando a cabeça para o lado — E eu não vou matar a Pietra!

Imediatamente sua gargalhada cessou e ele me olhou de canto, apertando os olhos certamente duvidando de minhas palavras, na verdade do que elas quiseram dizer.

— Ela está morta! — ele diz cerrando os dentes já de pé bem na minha frente.

— Você pensa que ela está morta — digo e pisco para ele, sorrindo de canto, logo saindo dali dando a volta na mesa.

— Vamos, conte tudo — ele vem até mim já louco de curiosidade, me joga contra a parede e faz minhas costas baterem nela.

— Temos um trato? — digo olhando seus olhos, então os desvio para seus lábios e sorrio.

Ele me olha duvidoso se afastando, passa a mão na boca, no rosto enquanto toma seu assento novamente.

— Se... Se isso for mentira, garota, eu mesmo te mato — ele diz um pouco atordoado.

Pego meu celular e coloco nas filmagens feitas por Vitor, de quando ela apareceu lá na casa da Nanda e do Rafa, dela dando chilique. Jogo o celular na mesa e ele já observa atentamente cada detalhe das imagens.

— Isso é mentira! — ele diz jogando o celular na mesa e então passa a mão na cabeça.

— Ela está de volta e está enchendo meu saco, não sei por que ainda não meti uma bala na cabeça dela — digo revirando os olhos.

— Faça isso que eu faço o mesmo no Rafael.

Sorrio caminhando até ele.

— Então temos um trato.

Ele me estende a mão e eu a pego, e ali selamos um compromisso, um trato, um negócio.

Ficamos ali conversando mais, ele acabou se abrindo comigo e disse que Pietra foi até Rafael para obter informações, e contou algumas coisas que eu já sabia, mas disse também que ele e Pietra namoravam antes disso tudo acontecer então minhas dúvidas quanto ao que vi começam a se concretizar. Vitor não mentiu.

— Tem mais uma coisa — ele me serve um copo com uísque e me entrega — Obrigada.

Ele serve outro a ele e se encosta a frente da mesa, e eu logo ao seu lado, sentada numa cadeira bem confortável. Um homem entra bem quando brindamos e mandamos para dentro.

— Chefe, desculpa interromper — nós dois o olhamos.

Brinco com a borda do copo enquanto olho aquele homem. Eu já o vi antes, apenas preciso me lembrar de onde. Mas se ele está aqui, não foi caminhando num shopping que o vi, se é que me entende.

— É importante? Pode esperar? — Alisson diz o olhando já irritado pela forma que ele entrou.

— É a sua irmã — ele diz um pouco baixo, mas ainda assim ouço.

Alisson resmunga revirando os olhos.

— Eu vejo isso depois, agora sai daqui!

E o homem sai, nos deixando a sós novamente.

— O que mais tem para dizer? — ele diz colocando o copo sobre a mesa e voltando os olhos a mim novamente.

— Um favor por uma informação. — o olho e ergo uma sobrancelha.

— Que favor?

— Eu fui estuprada — digo fria sentindo um calafrio percorrer meu corpo e ele ergue as sobrancelhas aparentemente um pouco intrigado ou assustado ao ouvir — Pelo melhor amigo do Rafael, Felipe.

— Uoou — ele diz rindo.

— É, e agora eu quero me vingar dele — cruzo os braços após deixar o copo sobre a mesa — Sei que você não gosta muito dele, podemos nos divertir juntos, nós três — dou de ombros sorrindo e ele logo abre um sorriso alisando o queixo.

— É uma oferta tentadora. Me divertir e ainda ter informações.... É, podemos fazer isso — me aponta o dedo sorrindo — E a informação?

Levanto-me suspirando fundo.

— Digo depois que seqüestrarmos Felipe e o fizermos sofrer — digo de costas então sinto sua mão me puxar e me fazer encostar-se a ele, então sinto seu membro em minha bunda.

— Vai me deixar curioso? — ele diz em meu ouvido.

— Quando começamos? — digo com o rosto um pouco virado para trás, então me solto de seus braços — Ele virá atrás de mim novamente — reviro os olhos — Eu direi onde e quando. Não me decepcione — passo a ponta do dedo em seu queixo — Agora me faz outro favor vai, me leve até lá em baixo, esse salto está me matando.

— Eu não! — ele diz rindo — Você subiu, você vai descer sozinha.

— Seja cavalheiro pelo menos uma vez na sua vida — o olho com uma mão em seu rosto e outra em seu ombro.

— Só vou por que estou de muito bom humor, senão desceria ao seu lado apenas para te ver morrendo em cima disso — aponta pros meus pés.

Saímos dali, depois de passar por alguns homens armados e então estamos na rua. Entro ao seu lado num Audi e então descemos. Ele perguntou onde me levar, e eu pedi que me deixasse num ponto de taxi e assim fez.

— Meu telefone — lhe entrego num papel.

Ele pega meu celular e anota o dele e salva como Pizzaria da Mama. Eu o olho e dou risada após ler isso.

— Avise quando ele te procurar novamente. Estou muito curioso para saber o que tem para me dizer.

— Não irá se arrepender — abro a porta e Alisson segura meu braço me fazendo olhá-lo novamente, olha minha boca — Juro que se você estivesse ficado mais um dia naquele cativeiro eu teria feito você gemer — ele diz e eu puxo meu braço e num solavanco me solto dele, que dá uma risadinha.

Bato a porta com força e ele grita ago lá de dentro que não ouço. Reviro meus olhos dando a volta no carro dele, que logo sai dali, faço sinal para um taxi que já estava parado, e então o taxista deu uma corridinha até mim e eu entrei atrás e ele na frente, logo me perguntando o destino. Resmungo tentando esquecer as besteiras que aquele filho da puta disse.

Meu celular começa a tocar, é Rafael.

— Oi — digo calma.

— Estou aqui, não vai abrir a porta para mim?

Meu coração para no pé. 

— Han... — passo a mão no rosto — Eu estou chegando aí agora, espera aí.

Recebo uma mensagem durante a ligação e é mania ver de quem é, e nossa, é do Vitor. Abro rapidamente e leio.

— Onde estava amor? — Rafa pergunta.

“Rafael pediu para rastrear seu celular, ele está preocupado com alguma coisa. Você estava na casa da sua mãe, no apartamento perto do parque.”

Ufa! Meu Deus! Foi por muitíssimo pouco, eu nem fazia ideia do que ia falar. Mas ei, como ele sabe do apartamento da minha mãe?

— Estava com minha mãe, por quê?

— Nada, apenas para saber.

Respiro fundo aliviada. Foi por pouco.

[...]

— Essa cama é muito boa — ele diz se jogando nela.

— É, é sim — digo sentando-me na poltrona e jogo a cabeça para trás tentando relaxar um pouco depois de tudo sobre hoje.

Cara, muitas coisas aconteceram hoje, descobri coisas que nem mesmo o homem a minha frente sabe, eu o olho e fico imaginando o que Pietra e Felipe querem com ele? Será que foi ela que me derrubou daquela escada? Cerro os dentes ao pensar isso. Por que Felipe me estuprou? São tantas perguntas na minha cabeça, essas são apenas algumas delas.

— Amor? — Rafael diz me olhando, me tirando de meus devaneios.

Eu levo um pequeno choque e viro a cabeça rapidamente para o olhar.

— Sim? — digo o olhando.

— Está perdida nos pensamentos aí — ele senta-se na cama e fica a minha frente, me olhando.

— É, nada de mais — sorrio — Estou tão cansada — fecho os olhos e mexo o pescoço, o levando para cada ombro — Se importa se eu ficar por aqui?

— Ah, por quê? — ele diz um pouco manhoso e isso me faz dar um sorriso feliz, feliz como não era há dias, tão feliz que quando sorri meus olhos se encheram d’água, mas as segurei.

— Ficar sozinha um pouco — levanto a cabeça para o olhar.

Ele levanta a cabeça para me olhar, e seus olhos se encontram com os meus. Amo quando ele fez isso, esse movimento com a cabeça que para muitos não parece nada, mas vê-lo assim é tão lindo. Ele bate no espaço ao lado e eu me sento ali, do ladinho dele, que vira-se para mim e pega minhas mãos.

— Lembra quando nos conhecemos na livraria? Na verdade, quando você me conheceu.

— Lembro, claro — sorrio balançando a cabeça — Fiquei sem ar quando me olhou — reviro os olhos e ele abre um sorriso enorme.

— Lembra também de como viramos bons amigos, quando saíamos e não parávamos um segundo se quer de conversar, zoar um com o outro — ele sorri enquanto diz — Lembra quando eu vivia puxando sua orelha te dando várias broncas e conselhos? — sorrimos — Lembra quando você não tinha medo de me contar nada?

Sabia que era nisso que ele queria chegar. Eu abaixo a cabeça e brinco com seus dedos segurando minhas mãos.

— Eu estou muito preocupado com você, Lola — ele levanta meu rosto para que eu o olhe — E-eu não sei o que fazer! Eu quero cuidar de você, quero te entender, mas se você não me ajudar eu não vou poder fazer isso por você — ele me olha com a testa levemente franzida e uma expressão muito preocupada — Foi depois daquela noite que você ficou assim, me diz o que aconteceu, por favor.

— Amor — pego seu rosto e me aproximo dele — Nada aconteceu — sorrio tentando o acalmar e me iludir com isso — Eu só ando muito cansada ultimamente, tem muita acontecendo de uma só vez, coisas que me deixam mais confusa.

— Tem certeza que é só isso? — ele me olha nos olhos.

— Tenho meu amor — sorrio tentando lhe passar confiança e lhe olhos bem no fundo dos olhos por que ele ama isso — Preciso descansar, acho que vou tomar um bom banho de banheira e dormir até meio dia amanhã.

Bom, nos beijamos intensamente, mas senti certo medo dele em passar a mão pelo meu corpo e eu não sei, também senti, mas é o Rafael, o homem que eu amo, e tento tirar esse medo de dentro de mim. Assim que ele cruzou aquela porta meu celular tocou. Pizzaria da Mama. Tive que retornar a ligação.

— Fala — digo quando ele me atende.

— Me desculpa pelo que disse hoje mais cedo. Você disse que foi estuprada e eu fui... Han... — diz procurando palavras.

— Um babaca — completo dizendo.

— Eu iria dizer indelicado, mas babaca também serve. Me desculpa mesmo, eu posso imaginar o que está sentindo. Quero te ajudar a se vingar, te ajudar a fazer o que eu gostaria de ter feito com o cara que fez o mesmo com minha irmã.

— Obrigada — reviro os olhos. Ele sabe ser sensível.

— Já achei um lugar bem legal pra levar nosso amigo. Arrumei alguns instrumentos também, e se quiser ainda posso chamar um amigo pra arrombar aquele desgraçado — diz com deboche.

— Ótimo. Só estou esperando ele entrar em contato. Assim que eu ligar, por favor, não demore.

— Mas onde vai encontrar com ele?

— Eu ainda não sei. Estou hospedada num hotel, mas aqui vai ser difícil sair com ele. Acho que vou para um apartamento, onde aconteceu da primeira vez — respiro fundo.

— Vai ser mais fácil sair com ele. Deixa-me perguntar uma coisa, seu namoradinho sabe disso tudo?

— Não, claro que não. Não sei se ele me perdoaria por fazer isso com o melhor amigo dele e ainda compactuando com você. 

— Bom, se ele realmente te ama como diz — como ele sabe disso? — Ele não pensaria duas vezes antes de se vingar do Felipe por você.

— Eu não sei, enfim, ele não vai saber de nada até que esteja terminado.

— Ele vai sofrer, Lola, vai se arrepender de ter feito isso contigo.

— Eu quero que ele morra.