História Criminal Love - Run Away

       ~Onze dias depois~

     P.O.V Yoongi

    Enfim sábado! Hoje todos vão para o local aberto da penitenciária para poderem se "divertir" e eu, vou finalmente sair desse lugar. Vai ser arriscado mas vou fazer isso mesmo assim. Já estávamos na parte da tarde e em poucos minutos, todos seriam liberados. Eu e Hoseok nos preparamos e conseguimos decorar a hora em que a faxineira vai limpar o corredor perto de um pequeno depósito. Exatamente ás 15:35 ela passa em frente a sala. Nós a observamos  desde que inventamos esse plano. Na hora do almoço quando vamos para a refeitório, prestamos atenção em seus movimentos. Não fizemos isso no sábado passado para podermos planejar mais e tenho quase certeza de que tudo seguirá como os conformes.

        Hoseok está um pouco ansioso então não para de se mexer. Um alarme alto soa ecoado pelo grande corredor e logo as celas são abertas. Esperamos todos saírem para podermos ficar por último e ninguém nos ver. Todos andavam pelos corredores até a saída para o pátio e logo encontramos a mulher carregando uma lixeira indo na direção oposta de todos. Desaceleramos o passo e esperamos ela passar por nós. No momento em que ela estiver em frente a porta, poderemos agir. Mais alguns passos e estávamos em uma linha reta. Eu e Hoseok a empurramos fortemente para dentro do depósito cobrindo sua boca para abafar os gritos.

         -Você vai fazer tudo que a gente mandar se quiser continuar viva. -Falei e a mulher assentiu com medo.

          -Primeiro, você vai nos levar quietinha dentro da lixeira até seu carro. Segundo, nós vamos entrar e você vai sair como se estivesse tudo normal e terceiro, eu vou te falar um endereço para nos levarmos. Estamos combinados? -Ela continuou assentindo.

       Logo depois olhei em volta do depósito e vi que havia um estilete em uma das prateleiras. O peguei e coloquei no bolso. Eu e Hoseok entramos dentro da lixeira que por sorte, não estava muito cheia e a sentimos em movimento. Deveríamos ter ficado lá por aproximadamente 15 minutos até chegarmos ao estacionamento. Entramos no carro e sentamos no banco de trás nos abaixando. O carro começou a andar e logo já estávamos em frente ao portão. Escutamos o guarda autorizar a saída dela e eu só pensei no quão tapados esses guardas são. Nos levantamos e eu disse o endereço para a mulher. Ela seguiu silenciosamente até o lugar marcado que era pelo menos um quilômetro antes de onde eu morava. Saquei o estilete do bolso e abri a porta do carro.

          -Obrigado pela carona. -Disse e passei o estilete pela garganta dela.

       Saímos do carro e pisamos na estrada de chão.

           -Você matou a mulher?-Hoseok perguntou.

           -Saberemos mais tarde.

           -Onde exatamente é aqui?

           -Eu moro aqui perto. É bem escondido mesmo mas não se preocupe.

       Abri a porta do motorista, peguei a mulher que estava com sangue escorrendo pelo pescoço e a joguei no matagal ao lado da estrada. Continuamos andando até chegarmos a minha casa. Fazia tempo que não a visitava mas sei exatamente onde escondo a chave. Eu a colocava dentro de um vaso de flores e a mesma continua lá...
  
       P.O.V Jungkook

   Já se passaram alguns dias de treinamento com a Sook desde o pequeno fracasso dela e a cada dia que se passa, as mudanças são mais visíveis. Não vou mentir, nossa amizade também está evoluindo. Eu pude conhecer um lado dela que nunca foi exposto. Me sinto de alguma forma honrado por isso. Sua comunicação com pessoas está aumentando e já podemos até ter pequenas conversas com pessoas de fora. Eu a fiz pedir desculpas para o Jin por ter soca-lo e a mesma conseguiu dizer tudo que treinamos sem muito esforço. Claro, não são conversas longas mas para quem não conseguia falar nada, é um ótimo progresso. Seus surtos também diminuíram mas ainda podemos presenciar uns momentos tensos como por exemplo, ela ainda tem crises de choro ou fica muito estressada repentinamente. Namjoon disse que irá conversar com ela e logo após, comigo. Segundo ele, é algo importante e que eu vou gostar de ouvir. No momento estou na cela com a Sook. Ela está almoçando e come normalmente. Desde que nos aproximamos, a fiz se acostumar a executar coisas simples. Me sinto como um pai vendo o crescimento de seus filhos mas com um sentimento diferente... Não sei explicar.

          -Terminei. -Ela disse me despertando de meus pensamentos.

          -Muito bem. Pode deixar que eu pego. -Respondi pegando a bandeja e a colocando na pequena janela. Voltei e me sentei ao lado dela.

           -O que nós vamos fazer agora? -Ela perguntou.

           -Não sei. O que você quer fazer?

           -Por mim, estou bem conversando.

           -Você está pronta para falar com Namjoon hoje?

           -Sim. Não vou te decepcionar.

           -Pense que está fazendo isso por você, não por mim.

           -Você me ajudou muito, preciso te agradecer de alguma forma.

            -Aceito apenas um obrigado. Não precisa se esforçar por mim.

            -Você vai estar comigo quando ele vier falar comigo?

            -Vou tentar.

            -Obrigada.

            -Viu? Apenas isso já me deixa feliz.

            -Ainda estou duvidando mas tudo bem.

         Estávamos conversando quando Namjoon bateu na porta. Tinha plena certeza de que era ele. Sook me olhou nervosa e fiz um gesto para que ela se acalmasse. Abri a porta e Namjoon não entrou.

            -Pronta para conversar? -Ele a perguntou.

            -Sim.

      Ela se levantou e foi até a porta. Quando eu estava saindo, Namjoon colocou o braço na minha frente e disse que não era para eu ir junto.

             -Como assim eu não posso ir?

             -Ela não vai depender de você para sempre.

        Fiquei um pouco irritado pelo modo com que ele falou mas me controlei. Sook me chamou mas Namjoon a virou para frente e continuou andando. Não faço idéia para onde eles estão indo. Provavelmente, será a sala dele. Caminho aflito pela entrada da cela e resolvo voltar para a mesma e me sentar na cama.

        ~Quebra de tempo~

       Estou sentado a pelo menos 35 minutos e nada ainda. Meu suor estava frio. Não sei o por que de tanto nervosismo mas é muito estranho ele querer falar com ela sozinho. Eu também não tenho motivos para me preocupar mas... AH! Não sei explicar o que eu sinto. Meus pensamentos estão confusos e minha cabeça dói. Escuto o som de chamada do walkie-talkie e respondo. Namjoon quer que eu vá para a sala dele. Levanto com as pernas trêmulas e começo a andar pela penitenciária até chegar a sua sala. Bato na porta e recebo um "entre" como resposta. Adentro na sala e vejo ele sentado a frente de Min Sook.

            -Sente-se. -Ele diz e eu obedeço.

            -Algo errado chefe?
  
            -Não, na verdade é algo muito bom. Depois de muito esforço, consegui antecipar a licença para Min Sook entrar em um hospital psiquiátrico. Ela será transferida amanhã de manhã.
          
        Eu deveria ficar feliz com a notícia mas foi como se alguém houvesse me esfaqueado. Min Sook não precisa mais ir. Ela é saudável, conversa, se alimenta... Não tem motivos para leva-la para um lugar tão ruim. Seus problemas vão acabar tomando proporções maiores. Seu psicológico não vai aguentar tanta pressão. Nas poucas duas semanas que passei com ela pude perceber isso. Eu não vou admitir que a tratem como estavam tratando. Eu tive a desagradável oportunidade de ir até um hospital psiquiátrico quando estava especializando minhas habilidades de psiquiatria e realmente não quero que ela vá. Por mais que tenha todos os problemas, estamos lidando com uma menina doce, inocente e frágil. Eu não sou do tipo de pessoa que se arrisca para melhorar a vida dos outros mas estou disposto a fazer isso por ela.

           -Chefe, não acha melhor esperar?

           -Esperar o que Jungkook? Me esforcei tanto para conseguir antecipar e agora você fala isso? O que está acontecendo?

           -Nada chefe. Só acho que um hospital psiquiátrico não será um bom lugar para ela.

           -Como se ela vai poder se tratar? Ela vai receber ajuda. Nós já conversamos e está tudo combinado. Certo, Min Sook? -Ele perguntou e ela negou com a cabeça. -Daqui a pouco ela vai estar me agradecendo. Estão liberados.

       Nos levantamos e saímos da sala. Sook estava quieta e cabisbaixa, seus olhos estão normais então acho que não houve choro. Chegamos a cela e entramos. A esperei sentar para podermos conversar e logo iniciei o assunto:

          -O que ele disse Sook? -Perguntei.

         -Que eu vou para um lugar melhor e que você não vai estar lá.

          -Como assim?

          -Ele disse que eu vou ter que voltar a viver sozinha e apenas obedecer os médicos

           -Filho da puta... -Sussurrei.

           -O que?

           -Como ele pôde falar assim?

           -Eu vou ter que ir embora?

           -Se depender de mim... Sim mas para outro lugar...

        Comecei a pegar a pequena pilha de roupas dela e colocar em minha mala. Também peguei tudo que tirei durante esse tempo e fechei a mala. Como eu não havia trazido muita coisa, coube tudo sem muito aperto.

           -O que está fazendo? -Sook perguntou.

           -Você não vai para aquele lugar.

           -O que você vai fazer?

      Me sentei ao lado dela, segurei suas mãos e olhei no fundo de seus olhos.

            -Sook, você confia em mim? -Perguntei.

            -Sim.

            -Então fica comigo. Não vá para aquele lugar. Eu prometo que ninguém vai encostar um dedo em você. -Disse e a abracei.

       Não sei o que está acontecendo comigo mas foda-se. Vou fazer isso. Não consigo pensar em uma cena em que Min Sook está sendo judiada. Por mais que digam que os hospitais psiquiátricos coreanos são bons, não acredito em nada que falam. É visível o semblante de tristeza que os pacientes carregam em si. Não quero que ela sofra mais do que já sofreu...