História Criminal Love - 08:30 -Parte 1

P.O.V Yoongi

     Desde que chegamos em minha casa ontem, apenas fomos dormir. Como existem mais de um quarto, Hoseok pôde ficar em um separado do meu. Hoje eu vou precisar fazer uma coisa muito importante então não sei se ele vai querer ir comigo. Mas de qualquer jeito, vou sair. Já tomei café da manhã e me arrumei. Hoseok está pegando algumas peças de roupa para sair também. Ele disse que eu poderia deixa-lo em um hotel que ele se virava. Saímos de casa, fui dirigindo pelas ruas de Seul com as janelas do carro fechadas e parei em frente a um hotel que ele escolheu.

        -Foi bom te conhecer! -Ele disse e me passou um papel com seu telefone. -Se quiser fugir de outra prisão, me liga.

        -Igualmente.

     Ele abriu a porta do carro e saiu. Finalmente pude seguir em direção ao meu destino...

     ~~Quebra de tempo~~

       Depois de dirigir por quase 30 minutos, entrei pelo portão e estacionei em uma vaga livre. Saí do carro e pedi ajuda para um homem que andava com uma vassoura varrendo aleatoriamente o chão de cimento.

          -Olá! Hoje é dia de visita? -Perguntei.

          -É por aqui rapaz.

      Ele me guiou até um balcão onde uma mulher aparentemente de meia idade estava sentada usando um computador. A mesma me olhou e perguntou o que eu queria arrogantemente.

           -Eu vim visitar um parente.

           -Nome e grau de parentesco.

           -Min Yoongi, sou irmão da presidiária Min Sook.

           -Sinto muito, ela foi transferida.

           -Como assim? Para onde ela foi?- Perguntei nervoso.

           -Ela foi transferida para a segunda penitenciária masculina da Coréia do Sul.

           -Obrigado. -Disse e saí o mais rápido possível, entrando no carro e saindo.

       Não estava acreditando que aquela puta foi transferida para a penitenciária que eu estava à horas atrás. Para ela ter ido para uma penitenciária masculina, coisa boa não aconteceu. O pior disso é que eu estava lá e agora não posso voltar. Como nós ficamos no mesmo lugar e eu não a vi? Preciso arrumar um jeito de encontra-la para fazer com ela tudo o que a mesma fez de ruim para mim. Com certeza vou me vingar... Isso não vai ficar barato. A culpa não foi minha se ela era a excluída, meus pais gostavam mais de mim. Perdi meu pai por culpa dela. Morei com minha mãe depois da perda mas nunca conseguimos ser felizes novamente, ela sofreu de depressão até os meus 16 anos e não aguentou, se suicidou por saudades do meu pai. A partir desse acontecimento, não tive mais controle de minhas ações. Fiz de tudo para encontrar Min Sook e me vingar dela mas a mesma tentou me matar também. Então, tive a idéia de denuncia-la para a polícia. Seria melhor ela sofrer por longos anos do que apenas uma vez e ir diretamente para o inferno. Que é o lugar dela. Sim, eu não posso falar nada depois de tudo que fiz. Mas se meus pais não puderam ficar vivos, não faz sentido deixar outras pessoas que não fazem parte nenhuma da minha vida vivas. Quero que todas morram mesmo.

        Em um momento da minha vida, precisei de dinheiro e trabalhei em uma falsa fazenda que exportava armas para a Coréia do Norte. Para a exportação, haviam muitos aviões, então, aprendi a pilota-los e consegui documentos necessários para poder me tornar piloto. Matei meu chefe pelo fato do mesmo ser muito ganancioso. Eu conseguia o lucro para ele e não recebia nada por isso. Um dia, cansado de ser levado como escravo, atirei em sua cabeça e roubei toda sua pequena fortuna. Depois disso, entrei para uma companhia aérea qualquer e comecei a trabalhar. Rodei diversos países vendo pessoas ricas indo viajar com suas famílias ou apenas por negócios importantes. Toda essa atmosfera me enjoava, ver pessoas felizes e empolgadas para conhecer lugares novos... Então comecei a minha vida de assaltos. Consegui muitas jóias, aparelhos celulares e dinheiro de outros países então quando pisava em um novo país, trocava-os por dólar.

         Nunca fui pego até chegar na França. Pelo o que parece, haviam representantes coreanos por lá e me encontraram comprando armas em um uma loja de fundo de quintal que era comandada por um russo. Como eles sabiam da minha existência, eu não sei. Fiquei por muito tempo sem ver noticiários e provavelmente, os casos de aviões caindo "misteriosamente" haviam sido transmitidos. Fui preso por diversas razões; Homicídio doloso, compra ilegal de armas de pequeno e grande porte, ter entrado na Coréia do Norte... Eles levam esse caso muito a sério pelo fato de acharem que estou contribuindo para uma nova guerra. Apenas bobagens estabelecidas por governantes inúteis. Agora que estou solto, preciso me esconder o máximo possível... Mas antes que me encontrem, preciso dar um fim na vadia bastarda que acabou com a minha família...

        Eu sinto que precisarei da ajuda de alguém. Não vou conseguir fazer isso sozinho.  Talvez eu ofereça uma quantia para Hoseok. Se ele manteve segredo uma fuga da penitenciária, com certeza não irá me entregar para a polícia. Enquanto dirigia, peguei o papel levemente amassado no bolso do casaco e disquei o número no celular. Demorou um pouco para que ele atendesse mas logo escutei um "alô" na linha.

         -Hoseok? Sou eu, Yoongi.

         -Já foi preso? Você é foda hein.

         -Não, não. Você está interessado em um trabalho?

         -É sempre bom...

         -Eu vou para o hotel onde você está e te contar tudo. Me espere em 20 minutos.

          -Okay, estarei no sétimo andar.

      Desliguei o telefone e segui o caminho de volta para o hotel. Estacionei em frente ao prédio ás 08:30 e saí do carro encostando no mesmo resolvendo algumas coisas no celular.

        P.O.V Jungkook

      São 05:17 da manhã e estou acordado apenas esperando um tempo para poder sair. Na verdade, estou esperando um bom tempo. Não consegui dormir então passei a noite em claro. Meus sentimentos estão bagunçados. Pela primeira vez na minha vida não estou seguindo a razão, meu coração e meu cérebro não estão entrando em um acordo certo. Eu não sei exatamente como sair mas vou ter que arrumar uma boa desculpa. Não tive muito tempo para pensar... As chances de dar certo, são poucas mas minha convicção de que iremos sair daqui sem problemas está me garantindo um pouco mais de confiança.

         Se eu pudesse descrever como estou, seria completamente bagunçado. Meu ego de uma forma está abalado mas não consigo olhar para o rosto de Min Sook e não imagina-la sendo feliz. Por mais rígido que eu seja, não suporto violência contra mulheres, minha mãe sempre me ensinou a ser um cavalheiro e nunca decepcionar a mulher que eu amo. Em partes, estou fazendo isso porque não sei como minha mãe reagiria ao saber que seu filho está fugindo do trabalho com uma menina que apresenta certos problemas psicológicos. Pensando desta forma, soa problemático... Mas sei que não vou me arrepender.

          Resolvo acordar Min Sook para finalmente tomar a iniciativa de sair. Pego todas as bolsas e as coloco em meu braço esquerdo, dando liberdade para Sook segurar o direito. Saímos da sela e andamos até a saída traseira da penitenciária. Dissemos ao segurança que esperaríamos o carro do hospital psiquiátrico naquele lugar mas o mesmo não deu muita importância e saiu andando para dentro. O que foi ótimo para nós. Continuamos andando pelo estacionamento até chegarmos ao meu carro. Entramos e eu dei a partida para sairmos. Vou precisar passar no meu apartamento para pegar algumas coisas. Eu não vou poder ficar por lá por que seria o primeiro lugar onde procurariam por mim então por enquanto, eu e Min Sook vamos para um hotel ou algo do tipo.

            Passamos pelo portão sem nenhum problema e seguimos para minha casa. Não demoramos para chegar pois a velocidade do carro estava além do permitido. Fomos até o elevador e subimos. Nós estávamos em total silêncio, Min Sook não protestou em nada desde a hora em que eu a acordei. A porta do elevador se abriu e a guiei até meu apartamento. Estava tudo escuro e o cheiro do anti-mofo ainda estava no ar, exatamente como havia deixado. Abri as cortinas e a luz da manhã pôde entrar iluminando o espaço. Pedi para Sook se sentar apenas para eu poder pegar roupas, meus documentos e dinheiro. Como Namjoon pagou o aluguel deste mês, não vou precisar me preocupar com isso. Pretendo voltar aqui algum dia...

        Demoro por volta de 20 minutos para pegar tudo e trocar de roupa. Chamo Min Sook e saímos novamente para procurarmos um hotel. Minha intenção seria voltar para Busan mas ainda não estou decidido sobre meus pensamentos. Dirigindo pelas ruas de Seul, avistamos um hotel simples porém que parecia confortável. Procurei uma vaga para parar e estacionei atrás de um carro preto. Um homem loiro falando ao telefone estava  escorado nele porém, de costas. Olhei para o relógio de pulso. 08:30.

        Descemos do carro e andamos até o hall de entrada do hotel. Paguei três diárias e voltei no carro para pegar as bolsas. O homem na qual estava a minha frente minutos atrás, continuava parado falando ao telefone. Por um segundo ele se virou distraído e pude olhar sua face. Pele branca, cabelos loiros e olhos pequenos. Flashes de memória passaram pela minha cabeça relembrando quando Min Yoongi estava sentado à mesa de entrevistas. Tenho certeza absoluta de que se tratava dele mas como ele saiu da penitenciária? Meu lado policial estava se corroendo por dentro mas não poderia fazer nada. Se reagisse, eu seria preso.

          Peguei rapidamente todas as pequenas malas e entrei para o hotel. Pela feição da recepcionista e de Min Sook ao me olharem, provavelmente eu estava vermelho. Um sintoma de quando fico nervoso. Não estava conseguindo processar o caso de que Min Yoongi está solto. Ele pode ter algum plano em mente que envolva as pessoas deste hotel mas acho meio improvável já que para um criminoso do perfil dele, escolheria um lugar bem mais caro. Resolvo afastar meus pensamentos e apenas pegar a chave do quarto onde nós ficaríamos, número 34, sétimo andar. Seguimos para o elevador e pressiono o botão de número 7. Chegamos ao andar e saímos do elevador, revelando um grande corredor com diversas portas. Um homem andava em direção as escadas me desejando um bom dia mas não prestei atenção em como ele era, apenas o respondi educadamente. Encontramos quarto que indicava o número 34 na porta e entramos.

         P.O.V Hoseok

      Hoje, cheguei a um hotel na parte menos movimentada do centro de Seul e espero sair daqui o mais rápido possível. Paguei apenas uma diária para poder arrumar minhas coisas e retomar minhas ligações para apostas. Provavelmente irei voltar as corridas e a venda de mulheres. Estou sentado na cama do quarto apenas pensando em meus futuros planos quando meu celular toca. Era Yoongi perguntando se eu gostaria de um trabalho. Primeiramente achei que ele teria sido preso novamente mas o mesmo negou. Como ele disse que iria me pagar, não recusei. Disse para ele em qual andar estava e terminamos a ligação. Não sei o que ele vai me propor mas pelo o que nós conversamos enquanto estávamos na prisão, tem haver com uma irmã dele que não é irmã de verdade... Não entendi muito bem mas acho que será isso.

         Passo mais um minutos pensando e resolvo descer para tomar café da manhã. Saio do quarto e o tranco. Havia um rapaz e uma menina saindo do elevador então os cumprimentei mas a garota nem sequer olhou para mim. Por algum motivo, achei o rosto do rapaz familiar mas ignorei e segui para as escadas. Desci e chegando na recepção, avisto Yoongi entrando no hotel. Fui falar com ele e o convidei para tomar café comigo. Iríamos para a lanchonete que havia dentro do hotel mesmo.Pedimos nosso café e sentamos em uma mesa mais afastada.

          -Então Hoseok, está ocupado? -Yoongi perguntou.

          -Não, o que me propõe?

          -Lembra que eu te falei sobre a minha falsa irmã?

           -Sim, a que também estava presa.

           -Então acontecesse que a vadia está na penitenciária que nós estávamos.

           -Como? Ela não é uma mulher?

           -Sim, mas pelo jeito... Ela foi transferida.

           -É de família isso? -Perguntei.

           -Quantas vezes preciso te falar que ela não é minha irmã de verdade? É só filha do meu pai com uma puta.

              -Que seja... O que pretende fazer?

                   •••{Continua}•••