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História Crisálida - Arritmia


Escrita por: meizo

Notas do Autor


Ué, fui até rápida dessa vez o-o

Capítulo 2 - Arritmia


 

 

Saí apressado da cozinha sem um paradeiro certo, deixando Mari falando sozinha sem me importar. Eu não conseguia pensar direito tendo a mera suposição de que Victor poderia estar ali. O cachorro me seguiu animado e eu não reclamei. Quando alcancei o hall principal trombei com o meu pai, que levava um balde de toalhas para serem lavadas.

— Já vi que encontrou o poodle. Ele é a cara do Vi, não é? O dono dele também parece ser muito gentil. — sorriu, parecendo não se importar com o esbarro.

Algo atraiu a atenção do cachorro e ele saiu correndo para fuçar o que surgisse na frente.

— Na verdade, ele que me encontrou. — quando o cachorro sumiu da minha vista virei novamente para meu pai. — E onde está o dono dele?

— Nas termas. Por que?

Não esperei para responde-lo. Não tinha tempo pra isso. Corri pelos corredores que conhecia de cor, entrando no espaço para banhos mesmo sabendo que tinha gente o utilizando. Olhei rapidamente na área interna dos lavabos, mas como não avistei ninguém de aparência estrangeira, segui para a área externa tão rápido quanto como cheguei ali.

E, bem, lá eu o encontrei. Jamais poderia confundir aqueles traços que eu tanto admirava desde meus doze anos. Congelei quando nossos olhares se cruzaram e permaneci assim mesmo quando Victor se levantou com um meio sorriso – inteiramente nu – e veio em minha direção, parando a poucos centímetros de mim. Meu coração batia louco no peito, longe de entender o que se passava.

— Yuri Katsuki. Serei seu treinador a partir de agora. — informou sem me dar chance de dar uma resposta. Ou talvez nem precisasse. Quem em sã consciência recusaria Victor Nikiforov? Em seguida ele segurou meu queixo com os dedos frios e encostou os lábios na minha bochecha bem de leve. — Vou te fazer ganhar o Grand Prix.

Era a primeira vez que Victor estava tão próximo a mim. E somado as informações que ele dissera, foi muito para eu aguentar. Ele estava tão perto, tão nítido e com aquela voz com sotaque russo penetrando meus ouvidos em um tom mais baixo, que... Eu apaguei.

*

Estava difícil respirar, quase como se eu não tivesse força pra isso. Abri os olhos reconhecendo vagamente o espaço ao redor e ouvindo vozes próximas em uma conversa. Um latido muito perto foi o que me despertou de vez, percebendo que estava difícil respirar por ter um poodle marrom apoiando metade do corpo em meu peito. O cachorro latiu mais uma vez, se levantando e indo em direção ao dono que estava sentado perto da mesa. Esfreguei os olhos, tateando ao redor a procura dos meus óculos quando uma mão surgiu no meu campo de visão.

— Finalmente acordou, cinderela. — Mari me entregou os óculos e se levantou segurando uma bandeja com uma garrafa de sakê, pelo visto, vazia.

Grunhi meio desnorteado.

— Acho que você quis dizer Bela Adormecida, não?

— Tanto faz. — disse revirando os olhos. — Mas já é de tardezinha. E você vai ter que agradecer ao seu salvador ali. Ele te carregou ao estilo princesa para fora das termas, completamente pelado.

Assim que assimilei o que ela disse, meu rosto ferveu com força.

— Yuri! Venha se juntar a conversa! — minha mãe chamou animada rindo de algo que Victor tinha comentado a sua frente.

Cogitei a possibilidade de correr pra longe dali, mas, por mais que eu estivesse com vergonha de encarar Victor depois daquele desmaio, ainda queria entender o porquê dele estar no Japão. E ainda ter a ousadia de declarar que me faria ganhar a final do grand prix. Sentei ao lado da minha mãe, preferindo manter uma distância saudável do homem de cabelos claros. Assim que ergui o olhar para ele, Victor me encarou sorrindo.

— Desculpe pelo trabalho, Victor. — disse, respirando fundo para criar coragem.

— Sem problemas. Deve ter sido uma surpresa ter me visto ali. Mas como seu técnico devo ressaltar que você estava um pouco pesado, Yuri.

Arregalei os olhos. Pesar? Ele estava me chamando de gordo? Senti meu rosto queimar e levei as mãos para a barra da camisa, puxando-a para baixo, como se isso fosse ocultar o meu aumento de peso. Ah! Como isso era constrangedor!

Minha mãe riu.

— Ele sempre teve facilidade para engordar e como andou comendo bastante katsudon nos últimos tempos, não ajudou muito.

— Mãe! — cobri o rosto com as mãos, mas as risadas de Victor ainda eram captadas pelos meus ouvidos.

E aparentemente o universo não achou o suficiente ter minha mãe contando sobre a minha regularidade de exercícios e alimentação, pois a professora Minako ainda apareceu para complementar o time que estava expondo todos os meus maus hábitos ao me novo técnico. Victor ouvia a tudo com atenção, comendo a porção de katsudon que minha irmã trouxera para ele.

— Então eu deixo o Yuri aos seus cuidados, Victor. — Minako falou segurando as mãos do russo, com os dois partilhando sorrisos muito suspeitos.

— Cuidarei dele com prazer. — respondeu me lançando um olhar de relance. — Agora poderiam me mostrar o meu quarto?

Pisquei, confuso.

— Seu quarto? Você vai ficar aqui?

— Claro! Precisamos estabelecer um vínculo de confiança, então é melhor eu ficar por perto para lhe conhecer melhor.

Espera. Ele estava realmente levando aquilo a sério? Nem quando eu estudava em Detroit o técnico ficava comigo o dia todo! Porém não tive tempo para questionar a necessidade de tudo aquilo, pois fui arrastado para ajudar a levar as bagagens dele para um dos quartos vagos e limpos. Havia tantas malas e caixotes que me perguntei se ele tivera vindo mesmo para me treinar. Com aquela quantidade de coisas parecia que ele tinha era se mudado de vez.

Na primeira oportunidade que tive, escapuli para a segurança do meu quarto e fiquei sentado num canto olhando para os pôsteres na parede. Eu ainda não tinha conseguido perguntar de onde ele tirara essa ideia de me treinar, pois a presença dele me deixava sem ação. Eu ficava tão nervoso de estar perto de Victor que eu quase não conseguia formular frases muito longas. Será que ele já estava se arrependendo de ter decidido isso? Suspirei, abatido. Contudo, mal tive tempo para pôr os pensamentos em ordem quando uma batida discreta na porta me desconcentrou.

— Yuri, você está aí?

— Estou sim, mãe. Algum problema?

— Posso entrar?

— Sim, a porta não está trancada.

Se eu me arrependi logo em seguida de ter permitido ela entrar? Claro que sim. Principalmente por Victor estar junto a ela e ter entrado na maior naturalidade, estendendo um futon bem ao lado da minha cama. Olhei sem entender o que se passava. O cachorro parecido com Vi, imitou a naturalidade do dono, se aconchegando na lateral do futon.

— Como o quarto dele está cheio de caixas e muito desorganizado, ofereci seu quarto para ele ficar durante essa noite. Mas não se preocupe, ele disse que não tem problema algum. — informou prática e se retirou, fechando a porta assim que passou por ela.

Fiquei de pé num pulo, preparado para expulsar o russo curioso, mas quando vi que ele estava perto da parede que mais possuía pôsteres dele, vi que não tinha mais o que fazer para evitar. Agora sim Victor teria uma imagem de mim como um verdadeiro otaku de sua carreira.

— Oh, então você é realmente meu fã! Achei que não gostava muito de mim quando foi embora sem tirar aquela foto comigo. — ele estreitou os olhos para um pôster especialmente antigo, da época que ele ainda usava os fios longos. Era um dos que eu mais gostava. Porém a idade daquele pôster apenas comprovava que eu o acompanhava desde o início, como um verdadeiro fanático. Quis me jogar da janela. — Mas também não achava que você gostava tanto assim de mim.

— Hã? N-não é pra tanto. Só deixo aí para me inspirar...

Victor voltou-se para mim com um sorriso com um quê de travesso nos lábios e deu dois passos, parando bem na minha frente.

— Então você ficou feliz em me ter como técnico?

— Claro que sim!

E eu não mentira. Eu realmente estava feliz por ele ter vindo se tornar meu treinador. Nem em meus sonhos mais loucos imaginei uma situação assim. Parecia até coisa de livro adolescente, onde o ídolo nota a presença de uma fã dentre milhares de outras. Bem, esses livros costumam ser da categoria romance, então eu poderia dispensa-los de comparação nesse quesito.

— Ótimo, ótimo. Levante os braços. — obedeci, mesmo não entendendo o propósito. — Primeiro, como seu técnico, eu preciso conhecer detalhadamente o meu patinador. E isso inclui seu corpo também. — disse segurando a barra da blusa do meu moletom e a puxando para fora do meu corpo antes que pudesse impedir.

Dei um grito nem um pouco másculo, abraçando meu próprio corpo rapidamente.

— O que é isso?!

Victor deu de ombros.

— Como eu já disse, preciso avaliar seu corpo. Anda, tira essas mãos daí.

Tive vontade de lhe dar uma resposta atrevida, mas acabei deixando os braços caírem com notável relutância. Victor me analisou com um olhar crítico digno de um avaliador de obras raras de museu.

— Acima do peso. Bastante. O que você andou fazendo depois que foi eliminado dos torneios? Mergulhando em piscinas de katsudon?

Obviamente não respondi. Mal tinha coragem de permanecer parado ali na sua frente, portanto, apenas fechei os olhos, esperando a enxurrada de críticas que viriam. Se eu tinha sobrevivido a onda de fúria de Minako, certamente não morreria com as dele, por mais que me fossem ferir o ego já não muito alto. Contudo, completamente diferente das expectativas que tinha construído, senti dedos deslizando calmamente pela minha barriga. Depois os dedos deram lugar para palmas em minha cintura, que vez ou outra pressionavam a pele.

Abri os olhos rápido quando as mãos começaram a subir pelo meu dorso. O rosto queimando outra vez.

— Não é de todo ruim, mas está longe de ser o peso ideal para um patinador. — me apalpava sem o menor sinal de acanhamento. Não sabia se achava admirável o seu jeito ou se considerava uma invasão perigosa de meu espaço pessoal. — Sua pele é bem macia e boa de pegar.

Afastei-me de suas mãos como se tivesse levado um choque e Victor me olhou confuso, embora ainda sorrisse.

— O que foi?

Abri a boca sem saber o que falar, enquanto abraçava meu próprio corpo outra vez em sinal de proteção. Ao que parecia não seria nem um pouco fácil lidar com Victor Nikiforov.

 

 


Notas Finais


Hohohoho~
<3


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