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História Crises - Vozes


Escrita por: flyseok_

Notas do Autor


<3

Capítulo 1 - Vozes


Mais uma crise.

 

Outra crise tirou a paz do menino do apartamento 305, outra crise deixou Jungkook angustiado em seu apartamento ao lado.

 

Desde que Taehyung se mudou para aquele lugar, suas crises voltaram com uma intensidade absurda.

 

Ele já havia se acostumado a ouvir vozes dentro de sua cabeça, estava acostumado a se arranhar com suas unhas pontudas, estava acostumado com tudo isso.

 

Mas, agora voltou bem pior. Ter que sobreviver com o fato de que seus pais morreram assassinados por seu primo era agoniante.

 

Sua vontade era de arrancar todos os órgãos daquele ser com garfo e faca.

 

Ou

 

De se livrar de toda essas malditas vozes que o julgavam, que o colocavam para baixo, que o humilhavam.

 

O próprio Diabo.


 

— SAIA DA MINHA CABEÇA, POR FAVOR! — Ele gritava e esperneava. Suplicava por paz em sua mente.

 

Jungkook não conseguia contar quantas vezes já dormiu chorando ao ouvir o vizinho gritar por ajuda. Não conseguia contar quantas vezes sentiu vontade de ir o ajudar, mas tinha medo de sua reação.


 

— POR FAVOR! — Taehyung tacou o controle remoto em direção à porta de sua varanda, quebrando o vidro por conta da força que punha na hora em que jogou.


 

E jungkook pôde ouvir os cacos caindo no chão.

Pode ouvir os seus próprios soluços ao ver que não poderia o ajudar — como sempre —.


 

— Por favor...me deixe em paz...EU NÃO QUERO MAIS OUVIR VOCÊS.


 

Tae andou até o banheiro e ligou o chuveiro, deixando a sensação da água molhando sua roupa tomar conta de sua mente.

 

Jungkook estranhou o silêncio. Normalmente o vizinho demorava 15 minutos em suas crises.

 

Ele encostou na parede gelada e escorregou até se sentar no chão, deixando as gotas de água caírem em seu cabelo.

 

Omma… Eu estou ficando louco.

 

Appa-ya… Eu preciso de vocês, essas pessoas estão me deixando assim. — Ele colocou as mãos em cima da cabeça, acariciando seus próprios fios molhados.

 

~ Inútil!

 

Conforme as vozes iam entrando em sua consciência, suas mãos iam até seus braços — já feridos — arranhá-los.

 

Ardia. Ardia muito.

Mas aquilo era uma maneira de se distrair.

 

Distração.

 

Alguns jogam, outros comem. Taehyung se machucava.

 

— PARE! — Ele chutava o chão molhado e aprofundava suas unhas em seu pulso, que escorria grande quantidade de sangue.

 

Jeongguk já havia desistido de dormir, havia perdido todo o seu sono.

 

Precisava fazer algo.

 

Taehyung se acalmou um pouco e desligou o chuveiro, mas não saiu de sua posição.

 

Jungkook, por outro lado, se pôs de pé e foi até o banheiro, para escovar os dentes.

 

Taehy olhava suas marcas e se perguntava o porquê disso tudo, e porque com ele, justo ele.

 

~ Você tem tudo para se matar e ir encontrar seus pais, Taehyung.

 

~ Inútil!

 

Tae tapou seus ouvidos com as duas mãos e gritou, gritou o mais alto que conseguiu. Sua garganta ardeu com o ato, mas essa era a única maneira menos dolorosa de fazer as vozes irem embora.

 

— Meu deus… — Kook secou sua boca numa toalha qualquer e procurou sua chave, logo a encontrando e abrindo a porta.

 

— OMMA, APPA! — Tae gritava de dentro de seu apartamento, fazendo o vizinho ficar ainda mais nervoso e ansioso para entrar lá e ajudá-lo.

 

Ajudar como?

 

Jeongguk abriu sua porta e foi ao apartamento da frente. Número 305.

 

Sentiu suas mãos suarem de nervosismo. E se Tae o atacasse?

E se o mandasse embora?

 

O moreno deixou isso tudo de lado quando viu que a porta estava entreaberta, o que facilitava sua parte.

 

— Olha...eu juro que os salvaria...eu não achei vocês. — Tae falava com uma voz baixa, mas que conseguiu ser ouvida por Jungkook.

 

Ele está com alguém?

 

— T-Tae? — Chamou seu nome.

 

— Quem está ai? Por favor, me deixe sozinho com meus pais. — Ele falou em meio a soluços.

 

— Tae...sou seu vizinho. — O moreno descobriu de onde vinha a voz do outro, então foi caminhando devagar até o banheiro.

 

Abriu a porta num empurrão hiper calmo, tudo para não o assustar.

 

Taehyung estava sentado no chão, olhando para a parede e conversando com ela. Suas roupas estavam molhadas e pareciam estar pesadas por conta disso.

 

Jungkook se aproximou mais e mais, até chegar no box, que estava aberto também.

 

Ele tirou seus chinelos do lado de fora, e entrou no espaço molhado em que Tae estava sentado.

 

O garoto não havia o olhado ainda, ele parecia estar feliz conversando com aquela parede (seus pais).

 

O moreno se sentou ao lado dele, que passou a encará-lo com certa curiosidade.

 

— Quer conhecer meus pais? — Ele soltou um sorriso sincero, mas seus olhos carregavam lágrimas pesadas, e Kook sabia disso.

 

— Tae...me deixe cuidar de você hoje, ok? — O mais velho chamou ele com os dedos e o fez escorar a cabeça em seu peito.

 

— Meus pais te acham bonito...estão sorrindo pra você. — Ele apontou para um canto vazio e insignificante — para kook— da parede. — Sorria para eles.

 

E o moreno assim fez. Sorriu para o azulejo branco e molhado.

 

— Vou te dar um banho...tudo bem? — Kook passou a mão nos cabelos do mais novo, que assentiu e se pôs de pé logo em seguida.

 

Esticou uma mão para o vizinho, que aceitou a ajuda de imediato.

 

Jungkook não se sentia diferente, não se sentia safado ou algo do tipo.

 

Sentia vontade de cuidar do castanho, de lhe dar banhos e comida.

 

Suas mãos foram até a barra da blusa do outro — que já estava ensopada — e puxou para cima, a tirando de seu corpo.

 

Taehyung tinha marcas em todo o seu peitoral. Marcas de facas, giletes e unhas.

 

Jungkook sentiu vontade de chorar com a imagem que presenciava.

 

Um garoto magro, pálido, com olheiras, indefeso e dependente das crises.

 

— Jeon gosta de olhar para os outros, né pai? — Tae falou sorridente enquanto ainda olhava para a parede.

 

Jungkook pediu para que ele tirasse as calças, e ele fez.

 

Pegou um shampoo de criança que achou no chão e despejou no couro cabeludo do mais novo, que brincava com as bolhas.

 

Taehyung tinha crises e logo após ficava infantil e vendo coisas.

Hoje ele viu seus pais na parede.

E está brincando com bolhas de sabão.

 

Jeon esfregava o cabelo com delicadeza, afim de limpar e relaxar o menino.

 

Enxaguou a cabeça, passou sabonete nas costas, o pediu para que ele mesmo limpasse suas partes íntimas, pois ele não faria isso.


 

— Vamos? — Perguntou e logo fechou o chuveiro.

 

Tae se enrolou na toalha e saiu andando na frente, como se fosse uma criança tímida.

 

— Bom...enquanto se troca eu vou ver o que tem para você comer. — Ele fez um jóia com a mão e fechou a porta do quarto.

 

O moreno foi até a cozinha e procurou por algo bom...mas as únicas coisas que achou foram: casca de banana e resto de comida.

 

Por sorte — depois de muito procurar — achou pão recém comprado e um presunto que venceria só ano que vem.

 

Colocou requeijão, pedaços do presunto e pão. Fez um suco de laranja básico e chamou o menino para comer.

 

Tae veio andando com seu pijama de aliens desenhados.

 

Ele voltou ao normal?

 

— Fiz isso aqui e isso aqui pra… — Foi interrompido por um abraço repentino do castanho, que o apertava e escondia o rosto em seu peito.

 

— Tae?

 

— Me abraça, por favor… — Ele começou a chorar de novo.

 

O abraçou com vontade, o envolveu em seus braços com toda força que eu conseguiu.

 

Tentou passar toda a confiança através daquele abraço. Tentou passar segurança à ele.

 

— Eu não aguentava mais te ouvir gritar todos esses meses… — Por um descuido deixou uma lágrima descer de seu olho, a secando rapidamente, para que o outro não olhasse.

 

— Dói tanto...Dói saber que se foram e que estou sozinho. — Ele passava as suas mãos em minhas

 

— Jamais te deixarei sozinho novamente…

 

— Você não entende...a crise é algo inevitável, eu não controlo, eu posso te machucar e me machucar. — Ele se afastou do abraço e o encarou com aqueles olhos caídos.

 

— Eu preciso te ajudar… Você deixaria? — Sentiu um frio na espinha ao pensar na possibilidade do castanho dizer algo negativo.

 

Tae levantou a ponta dos pés, envolveu seus braços em volta do pescoço dele e o beijou.

 

Um beijo tímido, na verdade, foi apenas um selar rápido, que respondia todas as suas perguntas.

 

— Tenha paciência comigo… — Ele afundou seu rosto na curva do pescoço do mais alto e permaneceu ali.

 

— Terei…

 

— Tomara que essas crises cansem de me atormentar, algum dia. — Ambos sorriram.

 

— Bom… Eu vou indo… — Jeon coçou a nuca, meio sem jeito de deixar o menino ali, sozinho.

 

— F-Fica hoje comigo… A crise pode voltar.  — Ele segurou o pulso do outro, impedindo que ele fosse embora.

 

— Tudo bem…

 

Taehyung comeu seu lanche e foram direto para o quarto, se enrolar nas cobertas e ver algum filme legal no NetFlix.

 

Obrigado, hyung…

 

E ali terminou a noite dos dois, quer dizer, mais ou menos. Tae teve outra crise, dessa vez ele quebrou a televisão da sala, mas ainda sim Jeon estava lá, o ajudando e o acalmando.

 

A doença do garoto era irreversível, sem cura. Mas o mais velho faria de tudo, de tudo para o ajudar e o proteger das pessoas más que habitavam sua mente.

 


Notas Finais


<3


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