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História Cristais de Sangue - Ferida Aberta


Escrita por: MarceFC

Notas do Autor


Hey! Como vocês estão?
É... Sobrevivi ao ENEM. Alguém aqui fez? Faz faculdade? Estuda?
Foram 16 páginas no word! ( primeiro capítulo feito no word) Espero que vocês gostem <3

Capítulo 13 - Ferida Aberta


Batidas na porta romperam o silêncio e tiraram Hinata de seus devaneios. Desligou o chuveiro e retirou o vestido, enrolou-se em uma toalha e correu para a porta, verificando no olho mágico antes de abri-la: era Tenten.

Respirou fundo e abriu. O sorriso que Tenten tinha no rosto diminuiu ao encará-la.

- O que aconteceu com você? – Tenten franziu o cenho e se espremeu entre a porta e Hinata para entrar – O que é isso em seu rosto?

Hinata fechou a porta devagar, junto com os olhos e expirou com força.

- Sasori bebeu demais ontem e- Tenten interrompeu:

- E se achou no direito de bater em você?

- Olha... Talvez eu tenha dado motivo.

- Não existe motivo pra uma agressão!

Ah, no caso dela havia até motivo para mortes.

- Sasori é muito exaltado quando bebe e eu acho que falei alguma coisa que ele não gostou. – Hinata deu de ombros – Não irá se repetir.

Tenten se sentou no pequeno sofá branco do quarto e respirou fundo.

- Só não me diga que isso é por causa do russo.

Hinata arregalou os olhos em um súbito susto e desviou o olhar para não deixar Tenten notar sua reação. Será que estava tão na cara assim?

- Do que está falando?

- Não sei...É só uma impressão que eu tenho quando os vejo juntos nos jantares.

Hinata caminhou bamba até a cama e se sentou.

- Quando eu tinha a sua idade ou até um pouco mais nova, também me interessei. Havia acabado de me casar com o seu primo e mal tinha me tornado uma mulher adulta com responsabilidades. Ele era sete anos mais velho que eu e já tinha uma família: mulheres e dois filhos. Ainda o achava novo demais para ter filhos; naquela época eu não tinha malícia o suficiente para me ligar que os filhos eram a fortuna garantida para a mulher.

- Ele era mafioso?

- Não. – Tenten sorriu – Era um traficante de armas bem-sucedido que conseguiu casar com a filha de um mafioso grego. Ele nunca seria mafioso; não tinha vontade e a mulher tinha um irmão que tomaria o lugar do pai. O conheci um dia que ele apareceu lá no apartamento de Tóquio pra tratar de uma mercadoria que Neji pretendia comprar dele.

- Você se sentiu atraída por ele?

Tenten riu baixo, como se tivesse soltado o ar dissonante.

- Acho que me apaixonei por ele logo que o vi pela primeira vez. – ela abaixou os olhos para o chão – Não estou exagerando. Ele era tão bonito, tão másculo e sério, e eu era uma menina tola que cresceu sob a influência dos romances estadunidenses. Nesse primeiro dia não trocamos uma palavra, apenas olhares rápidos e cautelosos. Ainda lembro deste dia como se tivesse ocorrido ontem.

- Como vocês começaram a conversar?

O interesse de Hinata pelo relato de Tenten ia além de uma simples troca de experiência entre amigas, era a realidade dela com Naruto.

- Ele voltou no dia seguinte pra acertar alguma coisa com Neji, pelo menos foi isso que ele me disse no dia. Neji não estava em casa, voltaria só no dia seguinte junto com seu pai e eu o avisei, foi quando ele disse que havia passado a noite pensando em mim e que não sabia o que fazer, por isso estava ali, quase se declarando para mim.

- E você?

Tenten sorriu e suas bochechas ruborizaram.

- Eu fiz o que sentia vontades desde a primeira vez que o vi em minha sala: o beijei e agarrei.

Hinata sorriu.

- Você transou com ele?

Tenten soltou o ar junto com um sorriso e levantou, caminhando até a janela.

- Acho que era a coisa que mais fazíamos juntos.

- Era melhor do que com o Neji? – Hinata se levantou, o coração batia rápido.

Tenten parou, observando a paisagem. Cruzou os braços.

- Era.

Hinata sentiu um baque passar pelo corpo. Nunca imaginaria que Tenten manteria um relacionamento fora do casamento, sempre a achou tão exemplar – principalmente por não ter nascido em uma família mafiosa e ter se encaixado tão bem na rotina do marido. Escutar a história de Tenten e refletir no momento que passa agora a fazia se exasperar – era um alívio saber que ela não era a única que passava por isso.

- Por que você parou de encontrá-lo? – Hinata se aproximou.

- A mulher dele descobriu o motivo que o fazia viajar tanto pela semana, mais do que ele já viajava. Ela não pensou duas vezes em nos denunciar a Neji, talvez esperasse que ele acabasse com o espetáculo de uma vez.

- Neji bateu em você?

- Ele foi generoso batendo em mim.

- Como alguém é generoso em uma agressão?

- Neji tinha todos os motivos pra me matar, porém preferiu apenas me dar uma boa surra como lição.

Hinata conhecia o primo e sabia que ele não seria capaz de matar Tenten, mesmo tendo todos os motivos jogados na cara, ele não era esse tipo de homem.

- Você nunca mais o viu?

- Depois disso, a Yukaza não negociou mais com ele e, sim, nunca mais o vi.

As duas ficaram em silêncio. Será que esse era o fim para Hinata também? Ela nunca mais veria Naruto? Mesmo uma parte de seu consciente lembrando-a da consequência de um relacionamento deste tipo, mesmo com a imagem do corpo da mulher sendo queimado a sua frente, ela ainda ousava em sentir um aperto no peito ao pensar em nunca mais vê-lo. Ela havia dito que acabara tudo entre eles, bateu a porta do carro e saiu sem escutar a explicação dele... E, agora, com a história de Tenten, ela se arrependera.

-  Estou dizendo isso porque não quero que isso se repita com você. – Tenten virou-se para encará-la nos olhos – Hoje sei que o que senti por ele não era amor, foi apenas uma atração carnal e é isto que está acontecendo com você e com ele.

- Que?

- Eu sei que você está interessada nele. Vejo o jeito que você olha para ele, assim como eu olhava. Escute a experiência, Hinata, não vale a pena, uma atração não vale o sacrifício.

Os olhos de Hinata começaram a encher de lágrima. Por que queria chorar?

- Você tem 23 anos... – Tenten acariciou seus cabelos molhados – Tem uma vida inteira pela frente, uma família pra construir e tem o Sasori. Não perca tudo isso por alguns minutos com outra pessoa.

As duas se abraçaram.

- Agora, tudo parece que vale a pena; a excitação; o calor; a atração; o contato; beijos; olhares, mas isto é uma enganação dos seus desejos.

- Então como eu faço para parar de desejar? – Hinata murmurou.

Tenten não respondeu, pois não havia resposta; ela nunca parou de desejá-lo, apenas aprendeu a esconder isso de si mesma.

- Com o tempo você irá aprender. – foi a única coisa que conseguiu proferir – Sei que irá.

Um soluço desencadeou o pranto de Hinata, que sacudia seu corpo. Tenten apertou mais os braços em volta das costas de Hinata e a consolava com caricias leves de seu polegar contra o tecido úmido da toalha.

 

 

 

 

 

- Mas por que vocês vão hoje? – Hinata se mantinha imóvel enquanto Tenten terminava de passar o corretivo embaixo de seu olho, com cuidado para não causar muita dor.

- Porque o Neji quer. – Tenten deu de ombros e se afastou um pouco, observando a região do hematoma – Acho que vou ter que passar mais umas camadas de base.

Hinata revirou os olhos.

- Eu uso óculos.

- Não vou deixar que um bêbado tire sua autoestima, muito menos sua beleza. – Tenten pegou o pote de base e um pincel – Vamos arrumar isso.

Hinata voltou a tombar a cabeça. Tenten passava as cerdas do pincel da maneira mais gentil que encontrou, espalhando o líquido pela pele branca no intuito de não deixar muito marcado. O hematoma roxo esverdeado foi perdendo o destaque, no entanto não iria desaparecer. Enquanto recebia os cuidados, Hinata não conseguia parar de pensar na história que Tenten confessou. Sempre que via os dois juntos era como olhar para um casal perfeito, felizes e apaixonados. Se ela escutasse isso de qualquer outra pessoa nunca iria acreditar, ainda que escutando de Tenten fora difícil assimilar o relacionamento extraconjugal.

O casamento do primo foi sua inspiração quando se casou com Sasori. Ela sempre os via sorrindo e próximos, nem parecia que haviam se casado por algo arranjado. Foi esse relacionamento que lhe deu a base para aturar o seu e ser o melhor possível para Sasori, engolir que o pai a usou como uma puta de luxo para conseguir expandir os territórios e ganhar mais dinheiro. Abstraiu de tudo e focou apenas neles. Se Tenten havia conseguido transformar o casamento em um relacionamento saudável, por que ela não conseguiria? E ainda tinha o fato de Tenten nem ser filha de mafioso. Tudo em que ela acreditava se inspirar e basear para suportar Sasori fora uma mentira bem contada, contada até virar verdade e convencer os outros. Ela suportou tudo por uma mentira que a iludiu, mais uma vez.

- Você irá voltar para a Itália?

- Espero que sim. Você poderia me visitar.

- Agora que fui convidada pode ficar no aguardo que qualquer dia apareço lá.

Hinata sorriu.

- Estou falando sério.

- Eu também.

Tenten abriu espaço para Hinata se levantar da penteadeira.

- Acho melhor a gente ir indo, se não Neji irá comer meu fígado.

Hinata concordou com um rápido aceno de cabeça e se levantou, ajeitando a calça jeans.

 

 

 

Neji estava com as malas no saguão do hotel, parecia impaciente e a cada segundo olhava para o relógio dourado em seu pulso. Assim que avista Tente, bate com as mãos nas coxas.

- Aonde você foi?! – ele questionou pegando sua mala de mão.

- Fui chamar sua prima pra se despedir. – ela deu de ombros.

Neji olhou para Hinata, que deu um rápido sorriso.

- Até qualquer dia, Hinata. – ele acenou com a cabeça e saiu, indo em direção as portas giratórias da entrada.

- Grosso. – Tenten sussurrou e abraçou Hinata – Fique bem, Hina.

- Você também.

- Se ele te bater de novo pode me avisar que eu venho de Tóquio dar um cacete nele.

Hinata sorriu.

- Irei avisar se precisar.

Tenten pegou sua bolsa que Neji deixou para trás e seguiu para as portas giratórias, apertando o passo ao ver Neji gesticular algo sobre sua demora e o voo. Hinata cruzou os braços e os observou ir. Grande ironia.

Uma mão passou por seu quadril e a puxou para mais perto.

- Te procurei o dia todo.

Ela olhou para trás por cima do ombro. Encontrou Sasori. Sentiu vontade de vomitar.

- Por favor. – ela retirou a mão dele de seu quadril. Ele estreitou os olhos.

- Você vai continuar com essa palhaçada?

- Qual palhaçada, Sasori? – ela cruzou os braços.

- Se espera que eu fique de joelho pelo o que ocorreu ontem, irá ficar esperando!

- Você sabe o que é pior? – ela estreitou os olho – Não espero nada de você.

Em um movimento repentino, ele agarrou o rosto dela entre o polegar e o indicador, apertando as bochechas. O ferimento interno na bochecha dela abriu e o gosto de sangue escorreu por sua língua até a garganta. Ela trincou o maxilar.

- Acho melhor você segurar sua audácia em me responder nesse tom. – ele sussurrou, como uma ameaça – Você sabe muito bem que não vou hesitar em te acertar um tapa de novo.

Hinata segurou seu punho e respirou fundo, tentando não engolir o sangue que se acumulava em sua boca. O hálito de Sasori estava empapado de álcool e boceta. Ela teve a certeza que ele havia se encontrado com Barbie de novo e seu sangue ferveu; aquela puta estava conseguindo o que sempre quis: tomar seu lugar. Ela sorriu. Barbie mal sabia o inferno em que estava tentando entrar.

- Do que está rindo? – Sasori apertou ainda mais suas bochechas e sangue escapou por seus dentes, escorrendo pelo queixo.

- Estou rindo da Barbie. – ela forçou ainda mais o sorriso entre dos dedos dele e sentiu uma dor aguda no hematoma – Mal sabe ela como eu amo quando você vai foder com ela e me deixa livre do seu hálito de álcool e do seu corpo suado em cima de mim. Na verdade, eu acho que você deveria pagar mais pelo programa dela.

Sasori trincou o maxilar e desceu a mão para o pescoço dela.

- Isso, Sasori, bata em mim na frente de todos os seus clientes. Anda, faça isso e arruíne ainda mais com essa merda.

Ele a soltou com um empurrão e seguiu para o cassino. Ela cambaleou alguns passos para trás, porém, não chegou a cair. Voltou a se equilibrar. Não voltaria para o quarto e aguardaria ele voltar ainda mais bêbado, estava cansada. Encontrou Yakumo passando pelo lobby em direção a recepção e uma solução veio em segundos: a mansão.

Caminhou até a recepção.

- Yakumo.

- Sim, senhorita.

- Preciso da chave do carro e da mansão.

- Sasori sabe disso? Ele não me passou nada sobre você ir para lá e usando o carro dele.

- Foda-se o que o Sasori não disse, passe a chave.

- Mas eu preciso da autorização – Hinata a interrompeu:

- Dá a porra das chaves! – e bateu no balcão, atraindo o olhar de todas as outras recepcionistas. As bochechas de Yakumo pegaram um tom leve de rubor e ela se abaixou para mexer no armário.

Hinata abaixou o olhar para os sapatos com a súbita vergonha que a atingiu após o grito e os olhares. Talvez tenha se exaltado mais que o necessário. Yakumo era apenas uma funcionária e estava fazendo o seu serviço como lhe foi mandado, ela não tinha culpa dos problemas pessoais de Hinata.

- Aqui está. – o barulho das chaves chamou sua atenção.

- Obrigada e me desculpe, não queria ter gritado. – tentou forçar um sorriso, mas o rosto estava dolorido demais.

- Está tudo bem. – Yakumo sorriu por ela.

Hinata apertou as chaves contra a palma da mão e caminhou pelo lobby como se estivesse voltando do fundo de uma piscina, buscava oxigênio. Assim que o ar quente envolveu seu corpo como em um abraço, ela conseguiu respirar. Cuspiu o sangue que se acumulava de novo em sua boca e sentiu os olhos se encherem de lágrimas.

Sentiu vontade de pegar o telefone e ligar para o pai, pedir para ele vir buscá-la e levá-la comer alguma coisa; ele sempre fazia isso quando ela era adolescente e frequentava as baladas de Tóquio. No entanto, seu pai foi o primeiro a despachá-la e seria o último dos últimos a tirá-la daquele lugar. Sua salvação não dependia de ninguém a não ser dela mesma.

Entrou na Ferrari amarela e engatou o carro com um barulho alto do motor, chamando a atenção de alguns pedestres – que filmaram o carro sair do estacionamento como se estivessem vendo um alienígena.

A casa estaria vazia, se não contar com os leopardos. O silêncio que ela precisava com as melhores companhias que ela poderia encontrar naquele momento.

***

Por fora, a casa parecia abandonada. Estava tudo apagado e as cortinas cobriam todas as janelas. Com algumas voltas de chave, ela trocou o ambiente de calor infernal pelo climatizado. Ascendeu as luzes e deixou as chaves em cima do sofá, já se sentia melhor.

Entrou no banheiro e enxaguou a boca até o fluxo de sangue diminuir. Observou o ferimento pelo espelho. Será que precisaria de ponto?

Abandonou a ideia de procurar um atendimento médico e foi para a adega, puxou uma garrafa de vinho qualquer e uma das taças que Sasori guardava para servir convidados importantes. Abriu a garrafa com o abridor que encontrou revirando as gavetas da cozinha planejada e caminhou até a janela que dava para o cativeiro dos leopardos. Não conseguia vê-las.

Tateou o beiral da janela até achar a tranca, puxou a trava e largou a taça no chão. Com as duas mãos e mais um excesso de força, ela conseguiu arrastar a porta de vidro blindado o suficiente para dar passagem. Parou em frente a abertura e assobiou. Ela acostumava assobiar para Niara e Makine quando eram filhotes.

Ela pôde escutar uma respiração forte próxima e então os olhos amarelos apareceram a alguns metros do vidro. Hinata sorriu. Os olhos começaram a se aproximar com mais velocidade. Ela levou os braços para a frente do rosto e se preparou para o impacto.

Niara pulou em cima dela e esfregou o focinho em seu rosto, ronronando. O felino tinha cuidado para não ferir a dona com as garras. Hinata abaixou e se sentou no chão, retirando os braços do rosto e passando pelo pescoço de Niara, que continuou a se esfregar como se fosse um gato.

- Não devia ter deixado vocês. – Hinata murmurou – Devia ter ficado aqui em casa com vocês todos esses dias.

Niara deitou entre suas pernas, deixando-se levar pelas caricias.

- Vocês são minhas meninas.

Makine pulou de uma árvore em direção a abertura da jaula com um pulo rápido e silencioso. Aproximou-se cautelosa, quase rastejando no chão. As orelhas se abaixaram quando Hinata a encarou.

- Makine. – Hinata a advertiu.

Niara levantou com os pelos eriçados e rosnou para a irmã que continuava imóvel. Hinata se arrastou para trás com a garganta seca. Das duas, Makine sempre foi a que manteve o extinto selvagem a flor da pele. Makine ficou em uma postura menos ameaçadora e ronronou. Hinata estendeu a mão em sua direção e não demorou para o animal selvagem ceder as caricias.

 

 

Batidas na porta despertaram Hinata com um sobressalto. Sentou-se no sofá e olhou para a grande porta de madeira com os olhos sonolentos. Custou a se lembrar que estava em casa e, não, no Luxor. Deslizou pelo sofá até ficar em pé e caminhou até a porta, abriu.

Era Yakumo.  

- O que foi? – questionou.

Yakumo dirigiu-lhe um olhar frio e arrogante.

- Tenho assuntos a tratar com você. – disse, seca.

- Se for algo de Sasori, não quero saber. – Hinata se preparava para fechar a porta, no entanto foi impedida.

- Se trata de um assunto pessoal seu e creio que Sasori não tem conhecimento sobre isso.

O sangue de Hinata gelou.

- Vai me convidar para entrar?

Hinata cedeu passagem. Seu coração batia forte no peito.

- Do que se trata? – indagou ao fechar a porta.

- Um assuntou muito interessante. – Yakumo sorriu.

Por um momento, Hinata achou que o sorriso de Yakumo fazia barulho: um pequeno ruído insistente, então notou que estava escutando o barulho da sua circulação sanguínea.

- Ontem pela madrugada fui até a sala das câmeras do hotel para resolver um assunto de roubo insignificante e me deparei com uma filmagem interessante.

As pernas de Hinata amoleceram e ela achou que iria desmaiar.

- Não sabia que a senhora se encontrava com os associados de seu marido. – Yakumo analisou as unhas.

- Ele não é associado de Sasori. – Hinata a corrigiu, inconsciente.

- Então a senhora não nega que se encontrou com outro homem em seu quarto ontem? – Yakumo a encarou com as sobrancelhas erguidas – Interessante.

Hinata cerrou os punhos.

- O mais engraçado de tudo é que você está tão envolvida com esse cara que até matou uma funcionária, sem pensar nas consequências, não?

A bile parou em sua garganta.

- Você não pode negar nada porque eu tenho tudo gravado, até seu marido sendo patético em frente a sua porta enquanto você, acho eu, estava fodendo com outro homem.

- Como você ousa?! – Hinata avançou na direção de Yakumo.

- Não!

Hinata parou, assustada.

- Não sou idiota como Marie e você não irá fazer comigo o que fez com ela, estamos entendidas?

Hinata ergueu o rosto e engoliu seco. Não podia demonstrar medo ou hesitação perante ela. Respirou fundo. Iria exalar confiança porque, querendo ou não, Yakumo sentia medo de acabar como a outra... Mary?... Mariah? Marie!

- O que você quer? – tentou soar o mais seca possível.

- Duzentos mil.

- Você só pode estar louca.

- Não tenho culpa se meu patrão se casou com uma puta.

Hinata arregalou os olhos. Ah, ela acabaria como Marie ou até pior!

- E então? Você dará o dinheiro ou Sasori terá um filme e tanto para ver hoje?

- Até quando você aceita receber?

- Amanhã pela manhã.

- Só darei o dinheiro se você me entregar as fitas, incluindo as cópias.

Yakumo sorriu.

- Com todo o prazer. – disse irônica.

Niara passou pela abertura da jaula, que Hinata se esqueceu de fechar e se aproximou das duas. Assim que Yakumo avistou o felino, conteve o grito e se encolheu na parede.

- Ela não irá te atacar... Se eu não ordenar.

Yakumo tentou manter a pose.

- Irá me entregar todas as fitas ou terei que usar Niara para te convencer?

- Eu falei que entregaria!

- Não senti firmeza em sua voz.

- Tome! – Yakumo estendeu um C.D na direção de Hinata – É uma das fitas.

Hinata sorriu de canto.

- São quantas ao total?

- Umas sete.

- Quero certeza!

- Sete... São sete! Pelo amor de Deus, tire esse bicho daqui.

- Saia da minha frente. – Hinata deu passagem – Entrarei em contato sobre o pagamento.

- Aguardarei. – Yakumo andou apressada até a porta e saiu.

Niara pulou para o sofá e Hinata sentou ao seu lado, perdendo-se na pelagem do animal. O que faria? Mataria Yakumo também? Ela não poderia sair matando todo mundo que descobrisse o seu caso com o Naruto, é imoral. Tinha que haver um outro jeito de despistar Yakumo e sua proposta... Talvez se ela tentasse pegar as fitas... Não, Yakumo é uma mulher inteligente e sabe-se lá quantas cópias não fez por segurança.

Respirou fundo e passou a mãos no cabelo.

Nunca fora boa em tomar decisões, em dar o próximo passo. Precisava de outra pessoa para conseguir encontrar um jeito. A última vez que resolveu encontrar uma saída acabou saindo com um cadáver.

Por mais que quisesse negar, precisar encontrar Naruto.

A porta dos fundos foi aberta, assustando-a.

- Não sabia que a senhora estava aqui. – Wil sorriu sem jeito.

- Já estou de saída. – ela levantou do sofá – Cuide delas, por favor.

- Pode deixar.

***

A recepção do Aria estava cheia. Os turistas faziam fila para conseguir fazer o check-in. Ela não podia chegar para qualquer atendente e perguntar onde o Naruto estava hospedado, já bastava duas pessoas descobrirem sobre o seu caso, mas também não podia sair batendo em todas as portas até chegar no quarto dele.

Alguém ali tinha que ajudá-la, nem que fosse por puro suborno.

 

Caesar!

Ela o viu passar com alguns papeis.

- Caesar!

Ele a olhou e sorriu.

- Querida, onde você estava esses dias?

- Estou cheia de problemas. – ela foi cortando o assunto – Preciso que você encontro o Naruto.

- O boy russo?

- Sim! Por favor!

- Que desespero, menina.

Ele pediu para ela aguardar enquanto ia procurar onde Naruto estava hospedado. Hinata ficou parada encostada na parede do corredor, observando os casais passarem. Por um instante ela sentiu medo de Naruto já ter partido.

- Quinto andar, amore, quarto 525.

- Obrigada. – ela correu para os elevadores.

 

O corredor estava vazio em contraste com o lobby, mas isso não foi notado por Hinata, que estava afobada para chegar ao quarto 525. Assim que a encontrou, hesitou. E se ele estivesse acompanhado? Afinal, ela havia terminado com ele ontem. Não estava preparada para vê-lo com outra.

Bateu na porta após juntar alguns resquícios de coragem e não demorou muito para escutá-la ser destrancada.

Naruto usava apenas uma calça moletom preta caída no quadril, expondo o elástico laranja de sua cueca. Franziu o cenho ao notar que se tratava de Hinata.

- Oi. – sorriu.

- Licença. – ela passou por ele como um furacão, invadindo seu quarto.

- Aconteceu alguma coisa? – ele fechou a porta.

- Sim! – as mãos dela tremiam.

- Você quer sentar? Beber alguma coisa?

- Alguma coisa forte. Posso sentar na cama?

- Você pode fazer o que você quiser.

Ela sorriu de um jeito fraco e sentou na beirada da cama, encolhida. Naruto pegou do pequeno frigobar uma pequena garrafa de vodca e ofereceu, Hinata pegou sem pensar duas vezes.

- Yakumo.

- Quem é esse? – ele sentou ao seu lado.

- Ela. – Hinata riu – É a secretária do Sasori.

- Então... Qual o problema?

- Ela viu as filmagens de ontem. – Hinata sussurrou, ainda tremendo – Ela tem as filmagens de você entrando no meu quarto, do Sasori batendo na porta, de você carregando o corpo pra fora... Ela sabe de tudo.

Naruto apertou a garrafa.

- Filha da puta. – sussurrou e levantou – O que ela foi falar com você?

- Foi pedir dinheiro em troca do silêncio dela.

- Pediu quanto?

- Duzentos mil.

Naruto passou a mão no cabelo.

- Você sabe se mais alguém está com ela?

Hinata deu de ombros.

- Porra!

- Estou com medo de dar o dinheiro e mesmo assim ela passar as fitas para o Sasori.

- Você não vai pagar!

Hinata franziu o cenho.

- Como não?

- Você ficará refém dela. Acha mesmo que ela não tem várias cópias? Que ela vai dar todas as que tem? Hinata... Você virou o pote de ouro dela.

Hinata passou os dentes pelo lábio e deu um longo gole na vodca. Quando o álcool puro entrou em contado com seu ferimento interno, ela quase gritou.

- Marque um encontro com ela ainda hoje, diga que você irá pagar o que ela quer e diga que quer que ela suma depois.

- Certo.

- Peça para ela te encontrar naquele mesmo lugar que Sasori nos levou para caçar lebres com seus leopardos.

- No meio do deserto? Por quê? – ela já desconfiava o motivo do local, só não queria pensar sobre.

- Você não precisa participar, só me ajudar a colocá-la dentro do meu carro. – ele a encarou de canto de olho.

- E depois?

- Depois você nunca mais a verá.

A pergunta havia sido direcionada para o relacionamento deles, não para o destino final de Yakumo.

- Então eu já vou indo. – ela levantou – Até mais tarde.

- Não esqueça a chave do seu carro e a sua bolsa. – ele anunciou – Você deixou tudo comigo ontem.

- Ah... Claro. Onde estacionou?

- No Luxor mesmo, perto do beco.

- Obrigada.

Para onde ela iria? Tenten havia ido embora ontem e a mansão deveria estar cheia de empregados para manterem a limpeza; o Luxor tem o Sasori, que deve estar aguardando o seu retorno. Ficaria vagando pelas ruas?

- O que foi? – Naruto chamou sua atenção.

- Será que eu posso ficar um pouco aqui com você?

- Achei que você tinha terminado comigo.

- Não... – ela apertou a alça da bolsa – Ficar aqui no quarto.

- Claro. – ele sentou na cama – Precisa de alguma coisa?

- Na verdade, preciso de um banho.

 - É todo seu.

Ela caminhou até o banheiro com a cabeça baixa e parou antes de entrar.

- Você vem? – ela arriscou.

- Achei que você não iria me chamar. – ele levantou da cama e sorriu, caminhando em sua direção. 


Notas Finais


Olá, de novo! Espero que tenha gostado e desculpa qualquer erro.


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