Sasori
Hiashi se ajeitou no carro, porém não fez uso do cinto de segurança.
- Quais são suas palavras? – o velho deferiu um olhar de soslaio para ele.
Sasori apertou o volante e trincou o maxilar. Seguiu para uma parte tranquila do bairro.
- Faz um bom tempo que não tenho um retorno de minha mulher e de meu companheiro. Gostaria de saber onde estão.
- Seu comparsa virou adubo para minhas plantas. – Hiashi analisou as mãos – E não sei por onde anda Hinata.
- O senhor acha que me engana, não? Mas não sou idiota, velho, sei muito bem que você tem participação nisso. Para onde ela foi?
- Nada me diz respeito na vida pessoal de vocês. Se ela é sua mulher, você que tinha que saber onde ela está, certo? Hinata já é uma mulher e sabe das decisões que faz.
- Mulher... Sua filha não passa de uma puta. – Sasori virou o rosto para encará-lo e levou um soco em resposta.
- Você merecia muito mais que um soco. – Hiashi disse cuspindo as palavras.
Sasori sentiu gosto de sangue na boca. Abriu a janela e cuspiu. Velho desgraçado! Sentiu a impulsão de revidar a agressão e colocá-lo em seu lugar, no entanto pensou melhor e deixou que sua vingança viesse aos poucos, mesmo que fria.
- Você que não é homem de verdade, Sasori. – Hiashi o corrigiu.
- Pelo menos, eu não abandonei um filho meu após dá-lo a preço de merda em um acordo podre. Onde a Hinata está?!
- Não direi algo que não sei.
- O desgraçado veio aqui, não veio? Ou ela foi atrás dele?
- Já disse a você: não tenho nada a ver com as intrigas de vocês e quem deve saber de sua esposa é você.
Sasori socou o volante e parou o carro de modo brusco, fazendo Hiashi quase bater contra o painel.
- Estou tentando manter isso numa boa, mas você não está colaborando comigo.
- E não irei.
Velho desgraçado!
- Então ela foi. – Sasori concluiu o que vinha formentando na cabeça – Ele veio aqui? Por quê?
- Não devo satisfação a você sobre quem frequenta a minha casa.
Sasori começou a fazer a volta com o carro e seguiu para a casa de novo. Embora sua vontade fosse passar com o carro em cima de Hiashi.
Certo, eles se encontraram e ela foi embora com ele. Filhas da puta! Eles subestimaram os italianos e, principalmente, ele. Mas eles não fazem ideia do que os aguarda.
Ele parou o carro em frente a casa. Hiashi abriu a porta e voltou a encostá-la.
- Há uma coisa que eu já venho adiando em falar para você, mas o momento enfim chegou. – Hiashi voltou a abrir a porta – Deixe Hinata em paz.
- Era só isso?- Sasori ergueu a sobrancelha, irônico.
- Hinata não é minha filha.
Sasori paralisou e pareceu não escutar ou entender o que Hiashi falou.
- Minha mulher me traiu com um gângster americano e disso nasceu Hinata. Então você não terá direito a liderança nenhuma aqui dentro, seu casamento foi apenas um jeito de tirá-la daqui sem que ninguém soubesse da verdade. Mas agora não há mais motivo para esconder, não acha? Ela foi embora e creio que isso signifique o fim do casamento de vocês, assim não temos mais nada a tratar. Isso é o fim de nosso acordo, Sasori. – Hiashi colocou uma perna para fora – Deixa-a viver a vida dela; ela não tem nada a ver com o nossa realidade, foi apenas uma infelicidade. Encontre outra mulher e outro acordo para a falência que seu pai criou.
Hiashi desceu do carro e bateu a porta. Caminhou tranquilamente até a varanda e foi resguardado pelos companheiros.
Sasori continuou imóvel, tentando digerir o que lhe foi anunciado. Hinata não era filha legítima de Hiashi... Não era a herdeira... Não era porra nenhuma lá dentro.
Ele havia sido feito de imbecil durante três anos. Não havia veracidade no acordo que fizeram; ele saiu prejudicado. Nada do que realmente trataram foi levado a serio. Tudo foi apenas um jeito dele tirar a bastarda da família.
Ah! Mas não ficaria assim, não mesmo! Ele iria agir e mostrar que não tão fácil fazer um italiano de trouxa e sair ileso.
Tocou o carro na direção do hotel que estava hospedado e lá tomaria as devidas decisões.
.
.
.
.
Ele não contaria que sua mulher foi embora com outro homem. Nunca! Daria um ótimo motivo para ser difamado a toa, já que nem herdeira a desgraçada era. Também não falaria sobre ela não passar de uma bastarda. Inventaria um bom motivo para aflorar o espírito vingativo dos italianos e já sabia como.
- Sasori? O que preciso fazer? – Danzou soou preocupado.
- Preciso de um conselho seu. – mentiu.
Danzou aguardou.
- Hinata foi levada pelos russos em uma represália à nossa investida contra os gregos e os japoneses se mostraram imparciais, até desconfio que são favoráveis ao sequestro de Hinata por ainda manterem interesse e fechar negócio com os gregos, ou seja, estão mais para lá do que para cá. Shino morreu no ato.
- Isso é uma traição da parte dos japoneses! Como deixaram a herdeira ser levada em seus domínios?
- O mundo é por dinheiro, meu caro. Mas precisamos agir rápido, já que minha mulher está em perigo.
- Primeiro, você com certeza ira contra-atacar os russos e mostrar o que acontece quando mexem com Cosa Nostra. – Danzou disse o que Sasori esperava – Sem antes mostrar para os japoneses a consequência de mexerem com um membro italiano.
Sasori conseguiu a faca e queijo, logo alcançaria o vinho para degustar sua façanha.
- Mandarei homens agora mesmo para você. – Danzou disse mais prestativo que o normal – Acabe com os japoneses e tome a posse, assim iremos fortalecer suas frentes para ir contra os russos.
- E se eles matarem Hinata?
- Quem se importa? Você já terá a máfia japonesa em mãos, só irá contra os russos por causa de nosso dilema: ninguém mexe com Cosa Nostra e outra, mulher você encontra de monte, principalmente se tiver dinheiro.
Era isso que Sasori queria ouvir. A melhor melodia que seus ouvidos podiam degustar.
A Cosa Nostra se ergueria... Com sangue.
***
Hanabi.
Hiashi entrou em casa apressado e seguiu para o cômodo da casa que mais tinha sua presença: o escritórios. Deus cachorrinhos o seguiram fiéis ao dono.
Ele parecia levemente perturbado, como ela quando contava coisas que a mãe pedia para não falar.
Esperou a porta bater e sorrateiramente arrastou-se pelas paredes até chegar perto da porta do cômodo ocupado. Olhou de forma rápida para a mancha de sangue na parede – que mesmo depois de várias vezes esfregadas, ainda se mostrava presente ali no canto. Estremeceu e voltou a atenção para a conversa.
- Sabem quem era naquele carro? – a voz do pai soou mais firme do que ela já ouvira – Sim, o italiano.
- Mas você não disse que Hinata se separou dele? Por que ele nos procurou?
- Exatamente por isso. Hinata foi embora com um membro russo e ele já sabia disso. Pelo o que eu entendi, ele quer se indispor com os russos.
- Não temos que nos preocupar com isso, certo? Você fez a reunião hoje só para falar disso. Não precisamos mais apoiar os italianos porque não temos mais acordo com eles.
- Acontece que se recusarmos o apoio, o assunto irá correr. Sabe o que vai acontecer quando descobrirem que a Hinata é uma bastarda? E que fizemos os italianos de palhaços?
- A revolta deles se voltará contra nós.
- Exato, além da nossa honra. Consegui manter isso em segredo por 23 anos e não será agora que isso irá vazar.
- Então pretende apoiar essa loucura de desafiar os russos?
- Quero me manter imparcial.
- Ninguém se mantém imparcial nessas situações e eu garanto que não será saudável e muito menos racional ir contra os russos assim, tão diretamente.
- Mas não podemos recusar tão diretamente. Seremos singelos como sempre.
- Você acha que conseguirá manter a descrição? Hiashi, um lado você terá que escolher!
- Eu só preciso de um tempo... É muito delicado e muita coisa está envolvida.
- Mas seria bem remoto você conseguir guardar o segredo de Hinata para sempre. E o bendito conseguiu ser liberado bem agora.
- Se bem que revelar agora não fará diferença. Veja, estamos de rolos apenas com os italianos e mentimos só para eles. As outras casas não tem nada a ver com nossa situação e eles irão se dividir para enfrentar a Rússia ou a gente.
- É lógico que irão se voltar para o nosso lado.
- Mas mesmo assim ainda contamos uma vantagem sobre eles.
Houve uma pausa.
- Ligue para o Neji e manda ele vir para cá.
Hanabi se afastou antes de terminar de escutar o fim da conversa. Estava com os olhos arregalados e a cabeça a mil.
Mas é claro que isso fazia sentido! Hiashi era primo de sua mãe e para manter a tradição, Hinata teria que casar com Neji e não foi isso que ocorreu. Cada um casou com uma pessoa diferente com pretextos diferentes. Também explicava o motivo da briga que Hinata teve com o pai ao descobrir que ela não era a herdeira. Havia, sim, acontecido uma traição, mas não por parte do pai.
Passou as mãos no cabelo e caminhou atordoada até a escada. Quantas outras mentiras os Hyuugas carregavam?
Apoiou-se no corrimão e colocou a mão na testa. Agora, além de ser bastarda, Hinata havia armado o maior problema.
Tinha que existir um jeito de avisar a irmã ( ela poderia continuar chamando-a assim?). Mas existia um jeito de evitar tudo isso? Todo aquele problema foi criado por uma simples bastarda e parecia não ter uma solução tão simples assim.
Ela não sabia como se sentia a respeito da revelação e tentava não pensar a respeito.
Subiu para o quarto.
***
Sasori.
Ao todo, 12 homens foram enviados para auxiliá-lo na casa dos Hyuugas.
- Escutem. – Sasori parou em frente ao grupo – É uma casa grande, então ninguém irá ficar amontado. Quero vocês circulando pela propriedade e matando quem ver pela frente, entendido?
Ele se lembrou da arrogância do velho no último encontro deles e a raiva aflorou ainda mais forte em seu corpo. Sua vingança havia chegado mais rápido do que o esperado.
- Melhor, deixem os membros principais para mim. .
- Como saberemos quem são?
- Só terá dois ou três e vocês verem pelos olhos.
- O que tem os olhos?
- Vocês verão. – Sasori carregou a arma e destravou o carro.
.
.
.
A casa parecia tranquila por fora. Sua serenidade não combinava com a circunstância em que seria exposta.
Um grupo de quatro homens seguiram pelo jardim, outro grupo de quarto deram a volta pela parte lesta da casa e os quatro últimos seguiram com Sasori pela entrada.
A porta não estava trancada e o acesso a casa foi rápido. Uma empregada passou por eles carregando toalhas de mesa e mal teve tempo de gritar, já jazia morta no chão – vitimada por um tiro certeiro na têmpora.
- Parece que não perdi a mira. – Sasori comentou, sorrindo – Vamos seguindo. Tem muitas portas aqui, fiquem atentos a qualquer movimento.
Escutaram tiros vindos da parte de fundo da casa e alguns gritos de mulheres. Houve uma movimentação na casa e enfim os homens de Hiashi começaram a aparecer.
Sasori não precisou se esforçar ou atirar pois deus homens já faziam o serviço, revezando entre si e atirando. Corpos já se acumulavam no chão e o sangue escorria pela chão de madeira.
Ele avistou Hanabi. A troca de olhar foi rápida. Ela gritou e correu.
- Pegue a menina. – ele ordenou para um dos comparsas – Mas não mate.
O número de homens de Sasori começou a diminuir, mas ele não se preocupou pois Hiashi não deveria ter mais que os míseros que sobraram.
Disparou mais três tiros certeiros e quatro de seus homens voltaram trazendo Hiashi e Neji sangrando. Sasori sorriu.
- Olha o que temos aqui. – comentou – Coloque-os de joelhos na minha frente.
Hiashi mantinha a cabeça e a arrogância erguida. Isso irritou Sasori ainda mais.
- Parece que a justiça veio rápido para você, velho. – comentou.
- A minha justiça foi ter tirado Hinata de você. – Hiashi retrucou e recebeu um soco em resposta, que o fez cair.
Os dois tinham as roupas sujas de sangue e a frustração de terem sido pegos de surpresa. Não dava para distinguir se estavam feridos.
Outro homem trouxe a menina.
- Não faça nada a ela. – Hiashi pediu, quase em suplica.
Hanabi tinha uma hematoma avermelhado no rosto e seus olhos transbordavam medo.
- Creio que essa seja sua única menina. – Sasori sussurrou – Como se sente fracassando na frente dela?
Ele pegou Hanabi pelos cabelos da nuca e a fez encarar o pai. Ela esboçou uma feição de dor, mas não reclamou ou tentou se soltar.
- Deixa-a ir. – Hiashi pediu – Ela não tem nada a ver com isso tudo.
- Ah... Vocês, Hyuugas, são sempre inocentes, não?
Uma lágrima escorreu pelo rosto de Hanabi.
- Sabe que olhando ela de perto, bem que são diferentes mesmo. – Sasori alisou o rosto dela – Será que a diferença continua quando eu foder com ela também?
Hiashi ameaçou avançar, mas foi contido com outro soco. Hanabi fechou os olhos com força e comprimiu os lábios.
- Sabe por que tudo isso está acontecendo, querida?
Ela negou.
- Por causa da puta de sua meia-irmã. Tudo isso é culpa dela. Seu pai e seu primo irão morrer por culpa dela.
- Por favor, não! – ela começou a chorar – Não! – se debateu e Sasori sentiu alguns fios de cabelo estourarem – Por favor!
Os gritos agudos de Hanabi davam vida ao ambiente morto. O cheiro de sangue era enjoativo e forte.
- Vocês não vão implorar também? – Sasori os encarou e ergueu a sobrancelha.
Hiashi manteve a cabeça erguida, ao contrário de Neji.
- Pode ficar tranquilo, velho, não irei matar Hanabi. – Sasori olhou para a menina – Pois ela será meu passaporte para chegar na Hinata e para governar a Hyamaki.
***
Tenten.
O tiroteiro havia cessado e os corpos estavam espalhados pelo chão.
Existia um som horrível soando, era forte e ritmado, aumentava conforme sua angústia e medo; os seus batimentos cardíacos. Ela queria chorar, mas estava tão apavorada que não encontrava qualquer sensação se não o medo.
No meio da confusão e dos tiros, conseguiu se esconder dentro do armário da cozinha e por uma fresta na madeira, conseguia ver Sasori segurar Hanabi pelo cabelo, o marido e o sogro ajoelhado.
Ela queria gritar e correr na direção de Neji. Tirá-lo dali e sumir. Na verdade, ela gostaria de voltar no tempo e não ter permitido que eles atendessem o pedido de Hiashi.
Agora, ela estava dentro de um armário e, possivelmente, veria a morte do marido.
Agarrou a barra de sua blusa e respirou fundo. Seu suor fazia o tecido colar na pele e a respiração ofegante fez os lábios secarem ao ponto de sangrarem quando ela fazia feição de choro.
Por que isso estava acontecendo com ela? Por quê?! Ela conhecia tanta mulher casada com mafiosos que não passou nem por metade do que ela passou. Mas isso sem dúvida era a pior coisa: ver Neji morrer e não poder fazer nada.
Hanabi gritou mais alto e isso fez o coração de Tenten quase parar por segundos. Sasori atingiu o rosto de Hanabi com o punho de um revólver e ela caiu longe do campo de visão de Tenten.
Ela não conseguia escutar o que ele dizia a Hiashi. Só tinha olhos para o corpo ajoelhado do marido.
Será que estava machucado? Sua roupa estava suja com muito sangue para ser apenas dos feridos. Desviou a atenção para a fresta que a porta do armário deixava para que ela conseguisse colocar as pernas para dentro; o corpo da cozinheira jazia logo em frente, olhando para ela.
Mordeu o lábio para não gritar e uma lágrima escorreu.
O aperto do armário e o calor aumentava sua angústia. Seu coração batia rápido demais e provocava um eco perturbador em seus ouvidos. Sua cabeça doía e as lágrimas secavam suas bochechas.
Escutou o tiro, mas tentou ignorar e não ver o estrago. O corpo de Neji estava no chão inerte, acumulando uma poça de sangue. O mundo pareceu parar por um momento indeterminado e focou apenas no corpo dele no chão.
Tenten colocou a mão na barriga e apertou.
Um grito mudo por Neji soou em sua cabeça.
Não viu quando Hiashi foi atingido, apenas notou o corpo jogado perto do de Neji.
Sua boca abriu para um grito mudo que tomou voz pelos gritos agudos e sôfregos de Hanabi. A garganta chegava a arder pela força muda que ela fez.
A visão borrou pelas lágrimas.
Sasori saiu carregando Hanabi e os homens que sobraram o seguiram logo depois. A casa ficou em silêncio e mesmo assim ela sentia medo de sair.
Os gritos de Hanabi impregnaram sua mente.
.
.
.
Quase uma hora se passou desde que Sasori saiu e Tenten ainda não arriscava sair do armário. Ali era seu porto seguro. Sasori não poderia fazer nada a ela e nem ao seu bebê.
Ela tremia e chorava, com os olhos fechados. As costas queimava por ter permanecido na mesma postura errada por tanto tempo.
- Neji... – ela sussurrou – Neji...
Estava sozinha.
Ela nunca ficou tão sozinha na vida. Sempre estava acompanhada de alguém, sempre com atenção.
Sozinha.
Empurrou a porta com o pé e o barulho da Madeira arrepiou sua alma. Saiu com dificuldade e ajoelhou no chão. Ainda tremia muito.
Cacos de vidro e sangue ocupavam o chão em grande proporção. Sem querer, tocou no corpo da cozinheira e gritou. Levantou-se rápido e caminhou trêmula até o corpo de Neji, apoiando nas paredes para continue forte.
Quando ela se casou, se preparou para tudo o que poderia encontrar na máfia, mesmo para isso.
Neji levou um tiro certeiro na testa e o sangue começava a secar em volta. Deixando a ferida com a impressão de necrose.
Tenten vacilou as pernas e ajoelhou ao lado dele. Suas mãos tremiam para tocá-lo.
- Por favor, você não pode me deixar. – ela sussurrou passando os olhos por ele. Tão bonito e sereno – Por favor, Neji! O que eu posso fazer sem você? Eu não sou nada sozinha! Nada sem você!
Ela voltou a chorar.
- Me perdoe. – ela se curvou tanto que encostou a cabeça no chão – Me perdoe por ter te traído com Shikamaru. Eu era uma menina tola, mas eu juro que amo você. Eu errei e ainda não acredito se você me perdoou mesmo. Por que perdoaria?
Ela devia estar morta e ele vivo. Neji tinha mais utilidade que ela.
- Neji! – ela soluçou e levantou – Eu amo você, amo tanto... Por favor, Neji, não me deixe sozinha.
Ela deslizou as mãos por seu corpo até chegar no pescoço. Ele ainda estava quente.
- Eu amo você! – ela gritou e soluçou – Eu não posso continuar sem você, não posso! Por que você me colocou naquele armário?! Por que não deixou que eles me pegassem também?!
Ela pegou na mão dele e colocou sobre sua barriga.
- Vamos ter um bebê. – sussurrou – Você queria tanto um filho...
Ela deixou deixou a mão dele cair e o agarrou pelos ombros, puxando-o para o seu colo e o envolveu com os braços em um abraço apertado.
- Não vou deixar você aqui.
Ele ainda tinha o aroma de seu perfume favorito. O perfume que ela nunca mais sentiria no banheiro após ele sair ou quando o abraçava ou quando faziam amor.
Seu cabelo caiu sobre o rosto e cobriu o dele, isolando-os em uma bolha.
- Você me deixou – ela apertou a blusa dele – Você me deixou para trás.
- Neji, o que está acontecendo? – Tenten sussurrou e se aproximou dele.
Mais tiros foram ouvidos e então gritos das funcionárias da casa. O coração de Tenten começou a bater rápido.
- Fique aqui. – ele pediu.
- Não! – ela agarrou o braço dele – Não vou deixar você ir! Vamos embora!
- Não posso. Tenho que ajudar o Hiashi. – ele sacou a arma e destravou.
Os tiros se aproximaram da casa de banho. Neji olhou pela fresta da janela.
- Eles estão chegando, se esconda em algum lugar.
Tenten se espremeu entre um armário e a parede. Aguardou. Escutou passos e logo depois a porta ser arrombada com um barulho alto. Tiros seguiram logo eme seguida. Ela fechou os olhos e rezou.
O barulho dos disparos parou, mas grunhidos foram ouvidos. Neji apareceu em seu campo de visão em um corpo a corpo com outro homem. Ela arregalou os olhos.
Neji tinha movimentos rápidos e deslizava nos braços do homem, que estava atordoado. Em um golpe rápido, Neji bateu a cabeça do homem na parede e olhou para ela.
- Vamos! – caminhou apressado na direção dela e a puxou.
Eles saíram correndo da casa de banho e havia mais um homem do lado de fora. Neji forçou a cabeça dela para baixo e ela caiu de joelhos, desviando dos tiros.
- Fique aqui! – ele ordenou e saiu correndo, sendo seguido por tiros que furavam a parede.
Ela rezou mais uma vez por ele.
Neji estava sem arma. Mas ele conseguiu pegar o homem pelas costas e o derrubar, usando sua arma para matá-lo.
- Tenten, vamos! – ele gritou e ela levantou, correndo.
Ela o alcançou e segurou em sua camisa. Os dois correram para entrada lateral da cozinha e todos estavam mortos ali. Antes de entrar, ele agarrou e beijou.
Tenten nunca havia sido beijada daquela maneira e quase não conseguiu corresponder à altura. Neji apertou o corpo dela contra o seu e parecia que nunca mais a largaria.
- Eu amo você. – ele sussurrou quando se afastou – Nunca se esqueça disso.
- Eu também amo você. – ela pegou o rosto dele na mão e então foi capaz de sentir o medo avassalador pela primeira vez. O beijou de novo e disparos os separaram.
Neji a arrastou pela cozinha e abriu o armário. Tirou tudo que havia dentro.
- Entre.
- Não! Não vou ficar aqui sem você.
Ele a empurrou e ela caiu quase dentro do móvel. Com mais força, ele conseguiu enfiá-la contra a vontade.
- Você não pode me deixar! – ela ameaçou sair e Neji a empurrou de volta.
- Você vai ficar aqui!
- Por favor, não me deixe!
- Eu vou voltar. – ele sussurrou e ela podia ver em seus olhos que ele mentia – Só fique aqui. Você precisa ficar segura para a nossa pequena.
Ela franziu o cenho. Como ele sabia que podia ser menina?
- Eu quero- ele a interrompeu:
- Deixa disso! – ele a encarou sério – Fiquei quieta aqui!
Ela não se mexeu. Antes de feche a porta ele pronunciou:
- Akemi.
- O que?
- É um nome bonito, não? – ele encostou a porta e saiu, sendo abordado por dois homens.
Neji não teve tempo de reagir, pois foi atingido no rosto com o cano da arma e enquanto recuperava o equilíbrio, outro homem o segurou e levou até Sasori.
Tenten colocou a mão na boca e quis gritar por ele.
- Você não voltou. – ela sussurrou e o apertou contra o corpo, dando um sutil selinho em seus lábios.
.
.
.
.
Seus braços estavam moles e ela mal conseguia parar em pé. Mas conseguiu cavar um buraco de bom tamanho para colocá-lo dentro. Ficava embaixo da árvore de cerejeira.
Tenten rolou o corpo até a cova e ajoelhou.
- Você merece mais que isso, meu amor. – ela tocou o rosto dele com a ponta dos dedos – Mas eu e Akemi não temos mais forças. – ela sussurrou.
Ela não encontrava coragem para voltar a jogar terra em cima dele. Não queria dizer adeus.
- Serei forte. – prometeu – Por você e por ela. Fugirei daqui e darei um jeito de avisar Hinata.
Ela espalmou a bochecha dele.
- Sasori será parado. – ela sentiu as lágrimas inundarem os olhos de novo – E você será vingado.
Tenten começou a jogar a terra de volta para cima do corpo de Neji e vez ou outra parava para enxugar as lágrimas.
De uma coisa tinha certeza: teria que procurar por Shikamaru se quisesse vingança e ajuda ( tanto para si como para achar Hinata).
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.