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História Cristais de Sangue - Ser forte


Escrita por: MarceFC

Notas do Autor


Helou! Como vocês estão? Chegamos a mais de 5000 visualizações tuts tuts, vocês são fodas<3 Só tenho a agradecer!
obs: eu mudei a capa, o que acharam? Ficou melhor que a antiga?

Capítulo 25 - Ser forte


Hanabi

Sasori ainda a segurava pelo cabelo e as lágrimas desciam sem controle por seu rosto. O grito ainda soava baixo por entre os dentes e a imagem dos corpos do pai e do primo fixou em seus olhos, mesmo quando ela fechava os olhos e tentava pensar em outra coisa. Sua garganta ardia e o corpo estava trêmulo.

Nem queria parar para pensar no que seria dela dali para frente. Não tinha mais ninguém. Hinata estava a milhares de quilômetros de distância e incomunicável, mas conseguiu causar uma desgraça de proporções gigantescas. Os Hyuugas se reduziram a cinzas.

Ela tentou fugir! Mas foi derrubada por um dos homens de Sasori e imobilizada; as aulas particulares de luta que o pai bancou não serviram de nada para o momento de pânico. Ela entrou em um grau de desespero tão grande que achou até que tinha ficado cega por alguns instantes enquanto corria de seu perseguidor.

Hanabi era testemunha ocular da morte do próprio pai. Ele olhava para ela antes de ser baleado. Ele disse a ela para trazer a honra de volta para aquela casa e então morreu. Por que ele só pensava em honra? Olha para onde a honra o tinha levado! O que trouxe para os Hyuugas! Honra não passava de uma palavra de merda sem fundamento! Ela não traria a honra de volta, claro que não!

Sasori a enfiou a força dentro do carro. Ela foi espremida entre o corpo dele e de um dos comparsas, enquanto mais dois entravam na frente. O carro ganhou movimento e começou a se afastar da casa. Hanabi olhou para trás e por meio dos olhos molhados, observou a casa virar um ponto preto no horizonte da estrada.

Não conseguia entender o que os homens conversavam no carro; seu italiano era péssimo. Mordeu a parte interna do lábio e rezou para qualquer santidade que a ouvisse; para seus ancestrais; para o seu pai.

Seu couro cabeludo formigava.

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Eles não foram para o aeroporto e, sim, para uma pista em um lugar que ela nunca tinha visto. Havia um jato lá. Sua espinha gelou em pensar na ideia que ele faria ela ir para sabe-se lá onde. Agora que ninguém a encontraria mesmo.

Quando o homem ao seu lado abriu a porta, ela deferiu um chute em suas costas e desceu do carro. Havia um descampado ao lado da pista. Ela só precisa correr e ir para estrada ali perto.

Correu para não sentir os pés no chão. O ar queimava seus pulmões pela respiração errada e ela hiperventilava, mas continuaria a correr. Sempre.  As lagrimas escorriam para a lateral de seu rosto e o coração parecia bater em seu pescoço.

Escutou os gritos de Sasori e um carro ser ligado. Seu corpo já não estava mais aguentando o ritmo da corrida, ela teria que desacelerar em breve. Não... agora não.

O vulto do carro passou ao lado e ela sentiu uma dor aguda na nuca. Tudo clareou e ela não sentiu mais as pernas. Seu rosto bateu em algo duro. Seu corpo estava mole e a audição abafada. Sua visão escureceu.

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Acordou em uma poltrona. Estava em um avião. Suas mãos estavam algemadas e sua nuca doía. Sua visão começou a focar até ela identificar Sasori a sua frente. Quis chorar de novo.

- Não chore. – ele sorriu de lado – Não irei matar você.

Ela queria morrer.

- Você deve estar se perguntando o porquê disso tudo estar acontecendo a você, não? – Sasori inclinou a cabeça – Sinto em informar que essa é a consequência de manter um bastardo na família e ainda querer passar a perna em outra pessoa. Seu pai se achava muito esperto... Olha o que acontece com pessoas espertas como ele.

Hanabi trincou o maxilar. Ele não tinha o direito de falar de seu pai daquela maneira! Hiashi era o homem mais inteligente que ela já conheceu! Ele que não passava de um asno.

- Você acha que agir assim é ser inteligente? – ela o encarou com nojo – Só está fazendo papel de palhaço. Você nunca será um líder grandioso; está fadado a ser um merda como seu pai foi!

O tapa de Sasori pegou a totalidade de sua bochecha direita. Ela quase caiu da poltrona, porém conseguiu manter o equilíbrio.

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O avião pousou e ela não fazia ideia da onde estava até ler Bari na placa do aeroporto. Ela pensou em pedir ajuda, no entanto Sasori caminhou ao lado dela com um revolver encostado em sua cintura e toda a coragem que ela tinha se esvaiu. Estava se deixando ir.

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 Agora, eles pararam em frente a um pequeno hotel e parecia ser no centro. Sasori falava com alguém no telefone e tinha um tom de voz totalmente diferente. Ele a retirou pelos cabelos do carro e a levou para o hotel do mesmo jeito que no aeroporto, de modo que o metal frio do revolver já virasse algo familiar contra a pele de Hanabi.

Eles foram de elevador e ali o revolver ficou localizado bem no meio das costas de Hanabi. Caminharam tranquilamente pelo corredor até a porta de um quarto encostada.

Ela não se deixaria vencer. Aprendeu a lutar até o fim.

Deu uma cabeçada que pegou na altura da boca de Sasori. O comparsa avançou para cima dela e ela conseguiu desviar de seus braços. Tentou acertar um soco, mas ele agarrou seu braço. Ela não se deixou cair. Pulou em cima dele e envolveu suas pernas na cintura grossa do homem, rodou para as suas costas e aplicou o mata-leão. Ele agarrou os seus braços e tentou se desvencilhar, sem sucesso. Cambaleou para trás e bateu contra a parede. As costas de Hanabi estralou e doeu, mas ela não largou. Aquilo era a sua vida.

Procurou por Sasori e o encontrou acompanhado de uma mulher loira. Ela pressionava uma toalha contra a boca dele. Olhou para os lados. Não havia ninguém.

Mas que merda!

Tentou pensar em um plano de fuga. O homem já perdia resistência sob seus braços. Podia tentar uma saída de emergência.

Soltou o homem e o derrubou ao dar um impulso para pular e correr. Foi agarrada pelo maldito cabelo mais uma vez. Caiu ao lado de revolver de Sasori. O agarrou sem pensar e destravou. O ergueu e atirou. Para a sua sorte, tinha silenciador.

A mulher loira que a agarrava pelo cabelo deu um grito e a soltou. Hanabi levantou e correu. O carpete do corredor abafava os passos, mas ela podia saber que estava sendo seguida. Procurou a porta de saída de emergência e se jogou contra ela. Antes da porta bater, conseguiu localizar seus perseguidores: eram dois dos homens que invadiram sua casa.

Precisava ganhar tempo, não conseguiria fugir dos dois.

Bateu a porta e desceu um lance de escada. Pegou o extintor de incêndio e parou ao lado da curva para o próximo lance da escada. Escutou eles abrirem a porta. Desciam afobados os degraus. Estavam perto de sua localização. Girou o corpo junto com o extintor. Esperou eles ficaram mais perto a ponto de conseguir ver suas sombras. Virou e acertou o extintor na cara de um deles, o derrubando no ato.

O outro homem assustou e recuou, sacando a arma. Hanabi se apoiou no corrimão e chutou sua perna, dando-lhe uma rasteira seca. Furtou a arma do homem caído e atirou na perna do homem que acabara de derrubar. Voltou a descer as escadas.

A saída de emergência dava ao saguão do hotel. Sentiu medo de encontrar com mais homens de Sasori ali e desistiu de sair. Havia outra porta no pequeno descanso que estava. Arriscou e a abriu, saiu em um beco.

Entrou no beco com a arma em punhos e com os sentidos a mil. Seguiu para a única saída que havia e foi parar em uma rua movimentada. Olhou para a entrada do hotel e seu sangue gelou ao encontrar com Sasori e com mais dos homens. Correu antes mesmo de pensar em correr.

Apertou o revolver na mão e saiu desviando das pessoas. Tentando se misturar.

No final da rua havia uma praça com algumas pessoas tirando foto. Conseguiu ver o mar e deduziu que se pulasse o parapeito caíra nele. Aumentou a velocidade o máximo que conseguiu. Ela estava conseguindo. Bateu em algumas pessoas e acabou derrubando uma senhora e suas sacolas.

Ao chegar à praça, correu em direção ao parapeito ávida e então se lançou. Escutou o grito e exclamação de algumas pessoas. Fez a pose de mergulho e deu a sorte de cair em uma parte longe das pedras. A água gelada envolveu o seu corpo quente de adrenalina e o choque térmico a paralisou por alguns segundos.

Prendou o fôlego. Não subiria, pois daria a chance de eles investirem com tiros. Fez a espuma das ondas contra o rochedo ser sua aliada na camuflagem e continuou por baixo da água até o outro lado das pedras. Seu corpo cansado não aguentou continuar e ela resolveu boiar, porém estava perto demais das pedras e acabou sendo jogada contra as rochas.

Sua roupa rasgou assim como sua pele. Ela se segurou onde conseguiu e sentiu uma unha partir quando a corrente da próxima onda a puxou de volta para o mar. As ondas fizeram o que os homens de Sasori não conseguiram: a massacraram.

Enfim, conseguiu escalar para as pedras foram do alcance das ondas. Olhou seus ferimentos e nenhum parecia preocupante demais. Mal se importou com a dor. Tossiu alguma vezes e quase chegou a vomitar. Suas mãos tremiam. A descarga de adrenalina ainda arrematava seu corpo em um nível mais alto. Tentou regular a respiração. Localizou uma praia.

Ela conseguiu. Começou a chorar.

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Voltou a escalar as pedras até conseguir uma alto o suficiente para pular e não ser lançada de volta contra as rochas. Assim que pulou, seus machucados queimaram e ela gritou embaixo da água. Usou a dor como força para nadar mais rápido em direção à praia até encontrar uma corrente favorável. Deixou a arma afundar.

 

- Deixe eu falar com minha filha. – Hiashi pediu a Sasori.

Sasori permitiu, jogando Hanabi não chão após acertá-la com o punho do revolver. Ela rastejou até o pai.

- Hanabi. – o pai afastou seus cabelos e limpou as lágrimas – Você é a menina mais forte e determinada que eu conheço.

Ela segurou em seus pulsos e começou a chorar de novo.

- Por favor, papai, faça alguma coisa!

- Escute. – ele pediu, ignorando as ordens de Sasori sobre ir mais rápido – Chegará um momento em que o mundo cairá sobre suas costas com a intenção de esmagá-la, permita que ele ache que está te esmagando, deixe ele descarregar e ganhar confiança que a derrubou.

- Qual a lógica nisso?

- Só aí – ele ignorou a pergunta dela -, você acerte uma rasteira e levante, pois ser forte é cair e saber levantar depois do tombo. Você é uma menina forte.

 

Ela faria isso por ele.

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Finalmente, conseguiu tocar o pé na areia. Não havia pessoas na praia, embora o local não fosse afastado do centro. Tinha uma escada que levava para a rua.

Hanabi deitou na areia e puxou o ar. Estava viva. Ela conseguiu fugir e conseguiu não ser esmagada contra as pedras também.

Lembrou-se do pedido do pai. Ela não levaria honra para a casa de novo. Não...Ela levaria vingança.

Os Hyuugas haviam caído, estava na hora de dar a rasteira; mostrar que eles sabiam levantar depois de um tombo.

***

Sasori.

- Onde está a garota?! – vociferou ao ver os seus homens voltarem sem Hanabi – Eu não acredito que vocês conseguiram deixar uma menina de 15 anos fugir! Que tipo de homens são vocês?!

- Senhor, a menina corria muito e também parecia saber bater – ele foi interrompido por Sasori:

- Foda-se! Era uma mulher! Vocês se deixaram humilhar por uma mulherzinha ridícula!

- Ela pulou no mar, senhor! O que queria que fizéssemos?! – outro se pronunciou.

- Pulassem também, cacete! – ele esbravejou – A sorte de vocês é que eu implantei um rastreador nela, porque eu já sabia que vocês fariam merda.

O ferimento causado pela cabeçada da cadela voltou a sangrar, obrigando-o a parar de gritar e voltar a pressionar a toalha nos lábios. Lembrou-se de Barbie.

- Enzo, você sabe o que fazer com as câmeras. Leve mais homens para te ajudar.– disse contra o tecido da toalha – Alessio e Enrico, ajudem Barbie e os dois feridos nas escadas. Não deixem nada para trás, entenderam?

Os homens acenaram e seguiram para o hotel afim de fazer a limpa. Sasori encostou na parede do beco e fechou os olhos. Shino estava morto, então precisaria de mais alguém bom em computação para conseguir colocar o rastreador para funcionar e dar a localidade certa que Hanabi se encontrava.

Ainda precisava comparecer à reunião no clube. Puta merda. Não tinha como seu dia piorar mais?

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O clube estava cheio. Os homens já foram atiçados o suficiente por Danzou para comparecerem e ainda mais ao descobrirem o motivo da reunião de última hora. Todos estavam ansiosos para saberem as medidas que Sasori tomaria.

- Acredito que vocês saibam o motivo da reunião. – Sasori começou – Para todos os efeitos, minha mulher foi sequestrada pelos russos em uma represaria por estarmos investindo contra os gregos em nosso território.

- O que sua mulher estava fazendo no Japão?

- Descobri que os japoneses estavam inclinando para o outro lado e pretendiam casar a irmã mais nova dela com os gregos. Lógico que eu não iria permitir isso! Quem eles pensam que são? Ou melhor, acham que somos idiotas? A mandei para lá para representar os nossos interesses nisso.

- Por que os russos sequestrariam sua mulher? Para mim, é perda de tempo e mão de obra.

- Oras, porque ela é a herdeira da Hyamaki e minha mulher. Talvez eles achem que com esse sequestro iremos desistir de expulsar os gregos daqui para tê-la de volta. – Sasori tentava parecer o mais convincente que conseguia.

- E é isso que vamos fazer?

- Claro que não! – Danzou se intrometeu – Já está na hora de mostrar do que os sicilianos são capazes! Não estão cansados de serem subestimados pelos outros? Está na hora de buscarmos o nosso lugar no mundo!

Os homens começaram a cochichar.

- Danzou quer dizer que é mais que uma necessidade contra-atacarmos agora. Temos que mostrar a todos que continuamos sendo uma família forte como na época do Al Capone!

- Mas naquela época tínhamos um bom padrinho. – Sandro replicou – Depois de seu pai só vemos desgraça. Não temos condições para portar uma luta contra os russos. Vocês estão ficando loucos? Querem acabar de vez com nossa família?

- Está vendo? É nisso que eles fazem a gente acreditar. – Sasori puxou a linha da conversa a seu favor – Os russos monopolizaram o poder e fizeram todos os outros acreditarem que não são capazes de derrubá-los, fizeram todos acreditarem que eles eram a maior família e a mais forte para ser derrotada. Assim, nós acreditamos que não passamos de merda, principalmente no caso da Cosa Nostra. Eles conseguiram passar a ideia de imortalidade, como se fossem deuses, mas os russos são homens e homens caem e também morrem. Não há nada de invencível neles.

Os cochichos pararam e ele conseguiu chamar a atenção de todos os olhos para si.

- Precisamos acordar dessa mentira propagada por eles e mostrar que não tememos suas forças imbatíveis, além de mostrar para outras famílias que é possível, sim, enfrentar os russos e sair vitorioso. Ou vocês acham que somos os únicos com problemas com os russos? Muitas outras famílias também possuem desavenças com eles e só não se pronunciam porque são caladas pelo medo. É como um império: os súditos possuem medo de ir contra o seu rei, mas basta um rebelde no meio dos calados para que a heresia se espalhe e todos ganhem coragem de enfrentar a realeza juntos, pois todo império nasce, cresce e cai.

Sasori passou os olhos por todos os italianos presentes.

- E está na hora dos russos caírem! – declarou por fim, fazendo os murmúrios começarem. Ele sentiu um arrepio passar pelo corpo ao notar que havia conseguido o efeito que queria.

Danzou o olhou orgulhoso.

- Preciso falar com você. – ele comentou ao velho.

- Vamos até a sala.

Sasori fechou a porta e Danzou sentou na cadeira.

- Eu trouxe a filha caçula do japonês. – declarou.

- Onde ela está? Isso é ótimo!

- Sim, eu sei, mas a menina é um demônio e conseguiu fugir. – ele passou a mão no cabelo e andou para o lado.

- Por isso sua boca está inchada?

- A lazarenta me deu uma cabeçada tão forte que eu achei que ia desmaiar ou tinha quebrado o nariz. Ela conseguiu fugir dos homens que você me enviou.

- Ainda está aqui em Bari?

- Lógico.

- Então não há problema. – Danzou deu de ombros – A cidade é pequena e logo menos nos a encontramos. Ela não tem nada aqui, certo?

- Nem um passaporte.

- Pronto.

- Eu também coloquei um rastreador nela. – Sasori informou – Não foi a primeira vez que ela tentou fugir. Aproveitei que a deixamos desacordada e implantamos um chip nela.

- Melhor ainda!

- Sim... Mas Shino que era o nosso cara da computação e agora ele está morto. Onde vamos arranjar outro de confiança para mexer em nossas máquinas?

- Ah, por favor, Sasori, encontramos um gênio da computação em qualquer esquina. Deixe isso comigo.

- Só não demore muito para achá-lo, não quero dar muito tempo para ela. Pode não parecer, mas ela é muito inteligente e tenho certeza que não vai demorar muito para ela achar um jeito de sair daqui.

- Para sanar a sua preocupação, vou mandar meus homens voltarem para o último lugar que a viram e vasculharem a área.

- Por favor.

Ele e Danzou tinham muitas desavenças desde que ele se tornou padrinho da Cosa Nostra, porém agora o velho mostrou que pode servir para alguma coisa além de criticar o seu pai e ele.

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Barbie estava em cirurgia desde a hora que foi deixada no hospital por Alessio e Enrico. Parece que a bala atingiu uma veia importante e ela corria risco de vida. Sentou no banco da sala de espera.

- O senhor é o acompanhante da Shion? – um médico se aproximou.

- Sim. – Sasori voltou a levantar.

- Acabamos a cirurgia e tudo ocorreu bem. – o médico sorriu – Ela está em recuperação e logo será mandada para a UTI.

- UTI?

- A bala atingiu uma veia importante e isso debilitou o corpo dela, principalmente pela perda de sangue. Ela pode adquirir uma infecção muito mais rápido que outros pacientes. É apenas uma medida de segurança.

- Posso vê-la?

- Claro.

Sasori acompanhou o médico até a ala de observação. Shion ainda estava sob o efeito da anestesia. Estava abatida, com olheiras de dor e parecia até mais magra. Sentou ao lado dela.

Ali ele conseguiu dormir e esquecer um pouco dos problemas que o aguardava. Ele precisava comunicar as outras famílias sobre a sua investida contra os russos, buscar mais aliados para não deixar pesar muito em suas costas. Ah, se ele conseguisse aliados o suficiente seria muito mais fácil do que enfrentar os russos sozinho.

***

Naruto

Minato morreu durante a madrugada e mobilizou todos. Naruto passou o resto da madrugada e começo da manhã arrumando as papeladas do hospital e do cemitério. Todos compareceriam para se despedir do grande chefe.

Foram tantas pessoas que o salão que o cemitério alugou foi o maior. Com paredes de vidro que davam vista para os gramados cheios de túmulos e para os jardins que enfeitavam a paisagem fúnebre. Havia uma fonte do salão logo ao lado do lugar que o caixão foi disposto. Todos os membros paravam para beijar a mão de Minato.

Ino entrou no salão e foi empurrada por Hinata. Os olhos perolados estavam aflitos e olhavam por todo o salão até encontrar os deles. Ele deu um sorriso mínimo sem vontade e ela praticamente correu em sua direção.

Os braços pequenos o rodearam em um abraço forte. Ele retribuiu o abraço, aferrando-se a ela com força e sentindo o seu perfume leve. Hinata acariciava as suas costas e não falou nada – tudo o que ele precisava, pois estava cansado de escutar a mesma coisa de todos e saber que era tudo uma hipocrisia sem tamanho.

Os Yamanakas passaram ao lado dos Uchihas com a cabeça erguida. Naruto respirou fundo. Esperava que nenhum deles começasse com as ofensas que eles sempre trocavam quando se encontravam.

Ele não sabia o que sentir em relação ao pai. Era como se estivesse sendo apenas um observador do acontecimento; entorpecido. Voltouji a olhar para o caixão do pai. Por que Minato o deixou sozinho? Ele sabia que Naruto não estava pronto para lidar com as coisas sozinho, embora ultimamente tenha evitado comunicar ao pai sobre as decisões e acontecimentos. Ele não estava pronto para se tornar o padrinho oficial e liderar aquilo com sua própria palavra. Minato o traiu.

 

 

O caixão começou a ser levado durante o fim da tarde e todos acompanharem. Quase ninguém dizia nada e quando diziam era para falar dos pêsames de perder um homem tão quanto Minato. Hinata permaneceu ao seu lado em silêncio, com os braços entrelaçados nos seus e com a cabeça apoiada em seu ombro. A presença dela o acalmava.

- Agora, entendo o porquê de você estar entrando nessa. – Asuma comentou baixo ao lado de Naruto, olhando para Hinata concentrada no cortejo – Meus pêsames, padrinho. – Asuma pegou sua mão e beijou – Terá meu apoio em tudo que precisar.

Naruto deu um rápido aceno de cabeça. Assuma se retirou.

Aos poucos, todos os convidados foram embora (sem antes beijar sua mão, declarar os pêsames mais uma vez e confirmar que o apoiavam no que precisava, ou seja, ele teria apoio para acabar com os italianos caso precisasse).

Enquanto o caixão abaixava na vala, Naruto se tornava o próximo líder dos russos.

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- Você está muito calado. – Hinata comentou.

Ele a encarou de soslaio.

- Não sei o que falar. – ele deu de ombros.

Naruto foi aquele tipo de criança que acreditava que todos eram imortais. Rezava todas as noites para os seus pais não morrerem nunca e para que todos ficassem juntos para sempre. A sua primeira decepção foi quando a mãe morreu e segunda, a morte do pai. Agora, ele se tornou o último Uzumaki.

- É uma sensação ruim, só isso. – ele disse, por fim.

- Também não sei o que sentiria se meu pai morresse. – ela comentou olhando para o chão – Mesmo não tendo muito contato com ele e desaprovando algumas atitudes do passado, ele é o meu pai e eu não desejaria a morte dele.

Naruto passou o braço pelos ombros dela.

- Irá embora com Ino?

- Obviamente. – ela sorriu – Mas não sei quando ela irá.

- Você quer ir para o meu apartamento?

- Para o seu apartamento? – ela ergueu a sobrancelha.

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Ele retirou o terno, a blusa e as calças. Jogou-se na cama de costas apenas de cueca e encarou o teto. Queria se livrar de tudo que o fizesse lembrar do enterro do pai. Estava inquieto. Sentia frio e cansaço, embora tivesse arrancado a roupa por sentir calor. Não conseguia permanecer parado.

Hinata passava pelo seu apartamento em silencio. Quando pensou em procurá-la, sentiu a cama balançar e a mão dela tocar sua perna.

- Você está com febre.

Ele revirou os olhos. Do jeito que ela falou, ele parecia uma criança.

- O que você está sentindo?

- Nada.

- Entendo. – ela murmurou – Quer tomar remédio?

- Não estou com febre, só nervoso.

- Você costuma ficar quente quando está nervoso?

- Sim. – ele deu de ombros – Não sei explicar, mas é tipo isso.

Eles ficaram em silêncio. Não aquele silêncio desconfortável de um casal adolescente com medo da inciativa e falta de palavras. A falta de palavra dele era o luto e a dela, companheirismo.

 

 

- Ino está me ligando. – Hinata comentou.

- Você precisa ir embora?

- Acho que sim.

- Mande uma mensagem para ela falando que eu te coloco no avião amanhã. – ele informou – Durma comigo hoje.

Ela sorriu e começou a digitar no celular, passando a coxa por sua cintura e chegando mais perto. O corpo dela estava frio em comparação com o seu, tornando o contato refrescante.

- Quando meus problemas acabarem, vou embora com você. – ele disse, vago.

- Como assim?

- Quando tudo se resolver aqui, vou te levar embora.

- Para onde?

- Para algum bonito e distante. Vamos tirar umas férias e esquecer tudo o que passamos, relaxar.

- Eu adoraria ir para um lugar bonito com você. Pode ser uma praia?

- O lugar que você quiser.

Ela sorriu.

- Vamos ficar em uma casa pé na areia e sem contato nenhum com o mundo. – ele sussurrou.

- Seria um sonho deixar tudo isso para trás.

- Mas nós vamos. – ele garantiu.

Lembrou-se do que o pai lhe disse sobre fazer o favor de se casar com Hinata.

- Você casaria comigo?

Ela se apoiou nos cotovelos e o encarou com o cenho franzido.

- Você que não exijo um casamento seu, certo? Não precisa fazer isso se não quiser casar.

- Mas eu quero casar com você. – ele a encarou e sorriu. Sentiu as bochechas esquentarem – Não agora ou depois, só quando acharmos que o momento chegou.

- Eu aceito.

- O que?

Ela riu.

- Casar com você. – ela acariciou o seu maxilar com a ponta do dedo – Não agora ou depois, só quando acharmos que o momento chegou. – ela repetiu e o beijou.



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