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História Cristais de Sangue - Perder


Escrita por: MarceFC

Notas do Autor


Heyy 🖖🏼
Advinha quem comprou um note novo? SIMM, eu! Mas ele só vai chegar no final do mês 😪
Demorei para postar, não? Peço desculpas, mas está meio complicado escrever os capítulos... Minha criativa não está cooperando e até achei que estava com bloqueio.
Ficou grandinho ( desculpas de novo hihi).
Espero que gostem! Beijocas!

Capítulo 26 - Perder


Tenten

Já estava escurecendo quando ela resolveu sair de seu pequeno canto embaixo da cerejeira e, realmente, deixar Neji. Ela não chorava mais porque não havia mais lágrimas, seus olhos ardiam e seu nariz estava vermelho. Ela ainda soluçava. 

Precisava sair dali. Precisa encontrar Shikamaru. Caminhou em direção a casa e os degraus da varanda rangeram sob seu peso. Ela abriu a porta e encontrou o corpo de Hiashi. 

- Sinto muito, senhor Hyuuga. – ela sussurrou o encarando. 

Ela continuou seu caminho para as escadas, ignorando os corpos, o sangue, a morte. Fingiu que a casa estava cheia de novo, viva. Em sua cabeça ela podia escutar os passos mansos das funcionárias de um lado para o outro, os sussurros de Neji com o tio, Hanabi treinando no quintal. Hanabi... Onde será que ela estava? O que Sasori faria para ela? Nem gostava de pensar sobre a pobrezinha. Lembrou- se como Hanabi gritava e de como Sasori a levou pelos cabelos embora. 

Sentiu um arrepio. Ele poderia ter a levado para a Itália, mas para onde lá? Existe inúmeras cidades e pontos estratégicos que ele pode ter a deixado. 

Entrou no quarto e arrumou uma mala apenas. Nada de vestido ou roupas de marca, colocou apenas roupas confortáveis. Deixou as joias para trás e os saltos. Quebrou o celular atual. Pegou os dólares e os ienes – tinha o suficiente para fazer uma aplicação no banco e viver confortavelmente, porém ela pararia o monstro que acabou com sua família primeiro. 

Fechou a mala e pegou seus documentos falsos, arranjou uma carteira qualquer para colocá-los e voltou a descer as escadas. Cada passo que dava fazia sua determinação aumentar, e o receio também. 

Não sabia por onde começar, onde procurar e quem pedir ajuda. Pensou em Shikamaru, mas não sabia por onde começar a procurá-lo, ele sempre se mudava e trocava o número de telefone. Fazia anos que não ouvia falar dele. 

Pegou a única chave de carro pendurada e saiu da casa. Era o carro de Neji. 

Colocou sua mala no banco de trás e seguiu para o aeroporto. 
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Comprou um celular descartável com teclado em uma das lojas a caminho de seu embarque. Discou para o número de Hinata e esse número não existia mais. 

Franziu o cenho. Como não existia? Era o número dela! 

Tentou novamente; a mesma resposta. 

Sentou no banco metálico e batucou os dedos. Sabia para onde iria: voltaria para a Coreia do Sul, para a sua casa. O pai tinha uma indústria bélica para manter os exércitos e a fronteira com a Coreia do Norte. Ali seria seu ponto de partida, pois uma indústria bélica era motivo suficiente para ter contato com traficantes de armas, para conseguir encontra Shikamaru.
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Não se deu ao luxo de ir de primeira classe. Pagou por um voo econômico e sua ansiedade de chegar logo ao seu destino a fez pensar em carregar o avião nas costas. 

Não conseguiu dormir. 

Taegu continuava a mesma coisa desde que ela se casou. Pediu para o taxista seguir para o endereço antigo do apartamento dos pais. Permaneceu o caminho em silêncio fúnebre, ainda de luto- o que combinava com a roupa preta que usava. 

O táxis parou em frente ao edifício. Ela pagou pela corrida com o dinheiro que trocou na casa de câmbio. Desceu com sua bagagem única. 

Foi informada que seus pais não moravam mais ali e não sabiam informar para onde tinha sido a mudança. 
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Seguiu direto para a indústria do pai. 

Passou pela recepção ignorando as recepcionistas e os seguranças. A única coisa que dizia era para não tocarem nela. 

Sabia onde encontrar o pai: a sala ficava no segundo andar e o ocupada inteiro, além de ter uma visão de toda a fábrica. 

Fechou o elevador na cara das recepcionistas e segurança. Seu tênis não fazia barulho ao caminhar pelo travertino do andar. Abriu a porta de vidro da sala. 

O homem sentado à mesa ergueu os olhos para ela e se espantou. 

- Tenten? 

- É bom ver o senhor também. – ela sorriu e deixou a mala no chão. 

O pai levantou e caminhou em sua direção com os olhos arregalados. Ela não conseguiu conter as lágrimas. 

- O que aconteceu? 

- Nada. – ela respirou fundo – Você ainda tem contato com os traficantes de armas? 

- Faz muito tempo, desde que seu marido me proibiu de procurá-los. Por quê? 

Ela trincou o maxilar.

- Preciso falar com um. 

- Qual? 

- Shikamaru Nara. 

- Podemos ver isso mais tarde. – ele espalmou suas costas – Você fez uma viagem longa. Neji está com você? Sua mãe não vai acreditar. 

Tenten permaneceu calada as perguntas, não queria deixar o assunto para depois, mas era bom vê-los de novo.
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Sua mãe quase desmaiou ao vê-la ao lado do pai, até lagrimas a mulher derramou. Desde que Tenten casara o contato com o pai ficou cada vez mais difícil até não existir mais.

- Onde está seu marido? – foi a segunda coisa que a mãe questionou após abraçá-la, beijá-la e perguntar se andava se alimentando bem. 

- Ele não pode vir, mamãe.

A mulher soltou um suspiro sofrido e acariciou o rosto da filha.

- Vocês se separaram? 

- Eu... Nós... Ele... É que a gente resolveu dar um tempo, só isso. 

- Eu falei que casamentos eram mais difíceis do que pareciam. 

- A senhora tinha razão. – Tenten suspirou – Estou com fome. 

O pai riu. 

- Venha, já deve ter almoço. 

Todos caminharam até à mesa de jantar e sentaram, os pais a encaravam sem deixar de piscar, pareciam estar apreciando a mais bela obra de arte. 

- Como está sua vida? 

- Está normal. – Tenten deu de ombros – Nada fora do comum. 

- Você conseguiu um emprego? 

- Neji não gosta da ideia. – Tenten encarou as mãos – Preferiu que eu ficasse em casa. 

- Ah... Mas e sua faculdade? – o pai questionou, meio decepcionado. 

- Eu sei, papai, é que eu não podia ir contra a vontade dele. 

- Mas que homem ridículo! – a mãe bufou – Você é uma mulher formada! E muito inteligente! 

Tenten sorriu. 

- Ele estava pensando no meu bem-estar.

- Bem-estar... – a mãe resmungou. 

O almoço foi servido e regado de perguntas  para preencher os anos sem contato. Era como se ela estivesse conhecendo os pais de novo e eles a ela. Pareciam três estranhos sentados à uma mesa qualquer trocando informações pessoais e aos poucos se tornando íntimos. Lembranças esquecidas voltaram a cabeça de Tenten e, de maneira sorrateira, o seu luto e trauma deixaram a sua mente. 
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Após o almoço, o pai a chamou de lado enquanto a mão organizava a cozinha. 

- Por que você quer falar com o traficante? 

- É assunto de Neji, papai, não sei do que se trata. 

- Veio aqui só para isso? 

- Claro que não! Vim porque eu precisava dar um tempo de tudo aquilo. 

- Espero que nada de ruim esteja acontecendo. 

- Por que está dizendo isso? – ela franziu o cenho. 

- Estou com uma sensação ruim. – ele deu de ombros – Não tenho mais contato nenhum com esse traficante, mas conheço alguém que pode te ajudar. 

- Quem? 

- Kakashi. Ele é um contrabandista que vire-e-mexe trás alguma mercadoria para minha indústria. Sempre inovando nos preços e nos lotes. – o pai riu- Com certeza, ele deve ter contato com um traficante de armas.

- Você sabe por onde ele anda?

- Não, mas não tardará até ele aparecer por aqui de novo. É muito urgente? 

- Sim. 

- Vou ver o que eu posso fazer. 

- Tenten, venha me ajudar! – a mãe gritou.

Ela abraçou o pai e agradeceu, seguindo para a cozinha logo em seguida. 
***
Hanabi 

Seu corpo doía muito, em especial a coxa esquerda. Sentia frio. Estava muito mole. 

Algo quente tocou seu ombro. Abriu os olhos em um sobressalto e já se preparava para se soltar quando notou que não era Sasori ou um de seus homens. 

- Você está bem? – a voz dele ecoou por sua cabeça inúmera vezes, embaralhando e se sobrepondo, sem fazer sentindo.

Sua visão estava arrastada e lenta, logo o homem a sua frente virou um borrão. 

- Sou médico. – e então ela reparou que ele falava italiano.  

Não... Ela não precisa de mais nenhum estranho a tocando. 

- Vou levar você para o hospital. – ela sentiu ser erguida.

Não! Ela não precisava de ajuda! Não precisa que um estranho a carregue, ela pode muito bem andar por conta própria.

- Não... – resmungou – Me deixe aqui. – ela forçou se inglês o máximo que conseguiu. 

- Você ter um corte fundo na coxa, está perdendo muito sangue. – ele falou em inglês, não tão perfeitamente.

- Não preciso... Não preciso... 

Ela não conseguia formar uma frase, parecia que todas as palavras fugiram de seu cérebro e sua língua se enrolava como se estivessem falando um trava-línguas. Sentiu um calafrio e perdeu a sensibilidade do corpo, não sentia mais as mãos do homem em seu corpo e nem o bafo quente da maresia. Sua audição estava abafada e a visão começou a virar um borrão escuro se apertando a sua volta. 
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Os bipes dos aparelhos a despertaram. Abriu os olhos devagar. 

Reparou que estava em um quarto de hospital e que o homem que a socorreu estava ali, vestindo um jaleco branco. Arrastou a visão mais para o lado e encontrou Sasori. 

O seu bipe cardíaco aumentou e ela sentiu a alma sair do corpo. Empurrou o corpo contra o colchão da maca, sentiu uma fisgada forte na coxa. 

- Que bom que acordou. – o médio proferiu – Fechamos todos os seus cortes. Você teve um começo de hipotermia e um corte fundo na coxa, mas tudo já foi controlado. 

Ela permaneceu em silêncio, encarando Sasori. 

- Para a sua sorte, o marido da sua irmã estava aqui no hospital acompanhando uma mulher vítima de assalto. Sua vizinha? 

- Sim. – Sasori respondeu sorrindo – Muita sorte te encontrarem, né, Hanabi? 

Ela olhou para o médico. 

- Você ficará em observação por um ou dois dias. – ele informa – Vou deixar os dois a sós. 

Ela quis gritar ao mesmo tempo que não quis fazer alarde. O médico saiu e Sasori se aproximou. 

- Achou que iria escapar? – ele sentou na maca – Até que você bate bem para uma menina. 

- Os seus homens precisam aprender a bater como uma menina então, porque eles são patéticos. – ela retrucou. 

Sasori ergueu uma sobrancelha. 

- Onde está Hinata? 

- E eu lá me importo aonde uma bastarda está? Quero que ela morra! – Hanabi disse, entre dentes. A força que utilizou atingiu direto todos os ferimentos de seu corpo. 

Tudo o que ela estava passando agora era culpa de Hinata. Se ao menos tivessem o mesmo sangue... Mas nem isso! Todo o seu sofrimento tinha causa e nome: Hinata. 

- Parece que temos um interesse em comum então? 

Hanabi continuou em silêncio.

- Neste exato momento meu braço direito está convocando os padrinhos de várias máfias, Hanabi, vamos montar a maior frente contra os russos e sabe o que isso significa? 

Ela negativou com a cabeça. 

- Vamos matar todos, fazer aquilo lá definhar e eu levarei todo o crédito, além de preciosos territórios russos influentes. 

Hanabi arregalou os olhos. Esse não podia ser o plano dele. 

- Você só pode estar ficando louco. – ela recitou, baixo – Acha mesmo que irá conseguir matar todos ali dentro?! Você, por acaso, já foi saber alguma coisa a respeito deles? E está fazendo tudo isso por causa de uma mulher? 

Sasori permaneceu em silêncio. 

- Como pode ter apoio para uma missão suicida dessa? Bem que meu pai falava que você não passava de um idiota. – ela revirou os olhos – Você não vai conseguir nem bagunçar um fio de cabelo do padrinho russo. 

Sasori apertou a coxa machucada dela com tanta força que ela achou que os pontos tinham estourado, mas ela não gritou. Sentiu seu rosto esquentar e os olhos lacrimejarem, porém não deixou que ele a afetasse. 

- É o que veremos, querida Hanabi. – ele levantou.

Ela sentiu-se ameaçada pelas palavras dele. 

- De qualquer modo, a guerra já foi declarada. – ele fechou a porta. 

Hanabi aguardou alguns minutos quieta no quarto. Pensando em como sairia dali. Ela já estava estável e os machucados tratados, não precisava mais fica. 

Arrancou os bipes de peito com um puxão e o soro do braço. Colocou os pés para fora e tocou a ponta do dedão no chão, sofreu de uma dor dilacerante. Continuou. 

Pisou com falta de firmeza e cambaleou até a porta. Sua perna doía tanto que ela mal conseguia respirar. Abriu a porta e trombou com uma enfermeira, mesmo debilitada conseguiu empurrar a mulher para dentro do quarto e bater à porta.

Caminhou pela pequena área de internação enquanto as  enfermeiras corriam para o seu quarto. Trombou com o médico que a socorreu.

- O que... Como você saiu do quarto? O que está fazendo? – ele a agarrou pelos ombros, o inglês dele havia melhorado ou ela estava mais consciente agora. 

- Por favor, me tire daqui. – ela sussurrou – Aquele homem não é marido da minha irmã. 

O médico arregalou os olhos.

- Por favor. – ela implorou de novo.

O médico lhe ofereceu uma muleta que ele já tinha em mãos e pegou em sua mão, guiando-a  para as escadas de emergências, a fez apoiar em seu ombro e começaram a descer degrau por degrau. Hanabia sentia a coxa esquentar e se perdia ao tentar conciliar a muleta com a perna machucada. 

- Você ter para onde ir? 

- Não, estou longe de casa. 

- Onde poder deixar você então? 

O inglês não havia melhorado tanto assim... 

- Em qualquer lugar. 

- Polícia. 

- O que? 

- Ligar para a- ele é interrompido pela porta do andar de cima sendo aberta, Hanabi reconheceu o homem: ele a perseguiu na avenida do pequeno hotel. 

- Precisamos ir rápido. – Ela tentou acelerar os passos e acabou apoiando a muleta muito retém a beirada do degrau, a borracha escorregou e ela tombou para o lado. Caiu e escorregou o lance inteiro da escada, os pontos abriram. 

Procurou pelo médico e o encontrou caído em uns degraus acima do descanso em que ela estava caída. 

O homem apareceu em seu campo de visão. A dor em sua coxa era dilacerante e ela não conseguia se mover. Quis chorar, mas se negou a isso.

O médico tentou afastá-lo e os dois começaram uma luta corporal desleal, já que o doutor era mestre apenas em ciência e, não, em movimentos corporais movidos a um reflexo rápido contra um homem treinado por anos. 

Hanabi segurou no corrimão e puxou a muleta antes de levantar. Equilibrou-se em apenas um pé e segurou a muleta com mais firmeza. Observou o médico apanhar até chegar em uma posição que a favorecesse: o homem ficou de costas para ela. Mentalizou o lugar em sua nuca que o pai havia dito ser um dos pontos chaves para desestabilizar o adversário. 

Acertou a muleta com toda a força que restava e mais um pouco de dor. O homem não caiu, ao contrário, voltou-se para ela. Em desespero, ela continuou o acertando com o objeto até acertar com força a ponta do queixo. Ele caiu mole no chão. 

Ela olhou para o médico. 

- Vamos. – ele se aproximou dela e para seu espanto, a pegou nos braços. 

- O que você está fazendo? 

- Indo mais rápido. 

Ela agarrou um ombro dele com a mão e fechou os olhos, tentando canalizar a dor; pensar em outra coisa; tentar encontrar um lugar para ficar; achar uma saída. Ela conseguiu fugir duas vezes em um mesmo dia, seria arriscado continuar contando com essa sorte dali para frente. 
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Ele a colocou no banco de trás de seu carro. Ela sentou apoiando as costas na porta e olhou para o sangue que cobria sua pele clara.

- Para onde vai me levar? – ela questionou quando ele ligou o carro. 

- Para o meu apartamento até nós resolver o seu problema. 

O carro mexeu e ela fez uma feição de dor em protesto. 

- Seu apartamento? 

- Sim. 

- Não. 

- Você não tem escolha. 

Ela apertou o banco para descontar a angústia que sentia pelos nervos gritantes da perna e soltou o ar devagar. 

Não tinha argumentos para ir contra a decisão dele, só queria ir para um lugar longe dos olhos de Sasori, mesmo que por pouco tempo – não precisava de muitos dias para pensar em um jeito de sair da Itália.
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O apartamento dele ficava afastado do centro movimentado de turistas. Ele a ajudou a sair do carro e a levou para o apartamento. 

- Qual o seu nome? 

- Konohamaru. 

- Espera... Você não é italiano? 

- Sou uma mistura. – ele ri enquanto anda pelo apartamento pegando coisas que não interessam a Hanabi – Minha mãe era italiana e meu era filho de japonês com uma britânica. 

Hanabi se ajeita no sofá para ter uma visão melhor do que ele fazia. 

- Quantos anos você tem? 

- 24 anos. – ele voltou segurando algumas suturas – Acabei de me formar. 

- Sabe japonês?

- Melhor que inglês. – ele respondeu na língua natal dela. Hanabi sorriu. 

- O que vai fazer? 

- Vou costurar sua perna de novo. – ele sentou no sofá – Desculpe, mas não tenho anestesia aqui. 

- Tudo bem, eu aguento. 

- Morda isso. – ele lhe entrega uma toalha dobrada e cheirosa. Ela respira fundo e coloca a toalha entre o dentes.

De modo gentil, ele passa gases por cima do corte para limpar o sangue e vai estancando até todo o ferimento estar coberto por algodão e gases. 

- Vou começar.

Hanabi sofreu antes da hora e morde a toalha de tal forma que pôde sentir o maxilar estralar. A tortura começou e  pareceu não ter fim. 

Ela não se conteve e gritou; chorou; praguejou; soou frio; quase desmaiou; socou o braço do sofá e repensou em chutar a cara de Konohamaru. Enquanto ela sofria no frenesi infernal da dor, Konohamaru trabalhava com calma e perfeição, sem se afligir com o sofrimento de Hanabi. 
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- Você foi muito bem. – ele limpou a mão.

- Acho que vou desmaiar. 

Ele tocou no braço dela e depois em seu pescoço. 

- Não, está com um pulso ótimo. 

Ela respirou fundo. O corpo ainda tinha espasmos do trauma sofrido a pouco tempo e a dor era uma sensação quente espalhada por suas entranhas. 

- Vou trazer um analgésico forte para você. – ele disse passando a mão pela testa dela. 

Ela podia sentir os cabelos grudados na lateral de rosto pelo suor frio. Olhou pela janela. 

A guerra já foi declarada... 

Onde Sasori estava com a cabeça? Hinata não estava mais lá e assim não tinha ninguém inteligente e coerente para aconselha-lo  que isso era loucura. Alguém precisa parar Sasori antes que ele fudesse com tudo. 
***
Sasuke 

Enfim, o italiano declarou a pequena guerra. O boato ainda não tinha ganhado grandes proporções, mas tinha corpo o suficiente para chegar em Naruto. Sasuke não podia conter sua alegria. 

Tudo estava indo como se ele tivesse calculado meticulosamente cada passo que daria, Minato morreu; Naruto estava em crise por estar sozinho; o italiano declarou a guerra; a putanesca estava em Moscou. Estava pensando seriamente em ir encontrar o italiano e oferecer o apoio dos Uchihas secretamente para essa investida contra o Uzumaki. 

É, ele faria isso, além de informar onde a outra estava. Mataria dois coelhos com uma cajadada só. 

Agora, só precisa pensar quando executaria seu plano. Não podia vacilar sequer um milímetro, essa era a sua chance de ouro! 

Mexeu na papelada de sua mesa. O comércio do ópio foi um ótimo investimento, estava saindo igual água. Os únicos problemas que encontravam no momento era as eleições e a débil guerra contra o italiano. 

- Sasuke. – Naruto entrou – Você conseguiu outro candidato? 

Naruto estava abatido e parecia até mais magro. Tinha olheiras fortes e o maxilar rígido, a barba despontava por toda a linha de seu maxilar e bochecha. O cabelo estava bagunçado e sua roupa estava incompleta: usava calça jeans, estava sem gravata e a blusa social estava com os botões na casas erradas. 

Merda... Ele esqueceu de procurar um maldito concorrente. 

- Ainda não encontrei ninguém. 

- Sabe se irá demorar? Não podemos colocar ninguém de última hora.

- Nem sei se isso vai dar certo, para falar a verdade. 

- É, eu também não sei. As pessoas se apegaram muito ao Vladir. 

- Não vão mudar de ideia tão rápido. 

Naruto não disse nada, apenas andou pela sala. 

- E o italiano? 

- O que tem? 

- O que acha dessa história? 

- Ah, Naruto, não acho que você devia se preocupar tanto. É só um italiano como você disse no clube. Vamos acabar com ele. 

- Temos que agir rápido, para essa moda não pegar. 

- Que moda? 

- De sair decretando que estão em guerra com a gente, acha que eu não sei que tem muitas famílias que não nos suportam? 

- Não suportam nosso poder. – Sasuke o corrigiu, sem necessidade. 

- É a mesma coisa. – Naruto sentou no pequeno sofá de couro da sala, o mesmo que Sasuke usa para foder com a Sakura pelas costas de Naruto. 

- Ele está dando o exemplo, caralho. Entendeu agora? – Naruto passou a mão pelo rosto – E se não acabarmos logo com isso, as outras vão servir o mesmo exemplo! 

É... Isso tinha acabar logo. 

- Vamos acabar com isso logo pela raiz. – Sasuke o encarou com os olhos cerrados.

Naruto bateu as mãos nas coxas e levantou. 

- Tenho muitos assuntos para tratar então. – disse antes de sair da sala. 

Sasuke rodou na cadeira e perdeu a vista na janela. 
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No entardecer, Sasuke chamou Deidara em seu escritório, aproveitando que Naruto tratava de assuntos no clube. 

- Sim? – Deidara fechou a porta. 

- Tranque. Sente-se. 

Deidara era o seu braço direito ali. Agia feito um crocodilo pronto para dar o bote na beira da lagoa, mesclado com o ambiente e só notado quando tranca a mandíbula no pescoço da vítima. 

- Você sabe que é meu homem de confiança aqui dentro, não sabe? 

Deidara ergueu a sobrancelha. 

- Faço tudo o que você mandar, Uchiha. 

Sasuke sorriu. 

- Mas agora não vai ser como matar alguns Yamanakas aqui ou ali. Preciso saber se você está afim de fazer uma coisa séria  para mim, mas você não vai abrir a boca. 

- Você sabe que eu não abro. 

Sasuke deixou o revólver em cima da mesa, apontado para Deidara. 

- Bom, se você abrir, eu caio, mas te levo para o inferno junto. 

Deidara sorriu. 

- Pode mandar. 

- Quero que você vá encontrar o siciliano, o mesmo que está decretando guerra a nossa família. – Deidara arregalou os olhos – Diga que ele ganha meu total apoio, mas não diga quem eu sou, apenas fale que eu estou aqui dentro. 

- Tá, mas você acha que ele vai acreditar? – Deidara apoiou o rosto na mão, cruzando a perna – Pensa, o cara tá indo contra a gente e de repente alguém aqui de dentro vai dar apoio... Não sei ele, mas se fosse eu, não iria acreditar nisso não. 

Ele estava certo. 

- Então faça o seguinte: - Sasuke pegou uma folha de papel e uma caneta – Diga isso a ele e entregue esse endereço,  diga que Hinata está aqui. – Sasuke termina de anotar e entrega o papel a Deidara – Avise-o que a quero morta também. 

Deidara levanta e guarda o papel no bolso. 

- E o que eu ganho com isso? 

Sasuke sorriu. Deidara tinha preços e eram altos. 

- Quanto a vida de uma vagabunda e uma traição a seu padrinho vale para você? 

Deidara sorriu. 

- Alguns milhões de dólares e você tem o meu silêncio. 

- 5?

- 10.

- 6.

- 8. 

- 8. – eles apertaram a mão – Irei pagando conforme você realizar os serviços para mim. Um deslize e você sabe, né? – Sasuke alisou o cano da arma com o dedo. 

- Você não vai se arrepender. – Deidara beijou sua mão e saiu da sala. 

Sasuke gostava dele. Era um rapaz inteligente e sabia tratar de negócios como nenhum outro ali, diferente de Itachi, que se negou a tomar qualquer cargo importante ali dentro. 

Ele voltou a rodar na cadeira e encarar a janela. Tinha certeza que o italiano iria ansioso até o apartamento de Ino e que lá a puta não teria escapatória. Com a morte dela, Naruto ficaria mais desestabilizado e propenso a uma queda mais rápida e brusca.
*** 
Hinata 

- Aqui está. – Ino entregou-lhe um envelope amarelo – São os documentos e identidade falsos que o Naruto criou para você. 

Hinata pegou o envelope. 

- Obrigada. 

Agora, ela conseguia se virar. Tinha a conta que conseguiu fazer sem o Sasori descobrir enquanto estava na Itália, os documentos e identidades falsas. Estava ganhando autonomia. 

- Eu tenho que resolver umas coisas no meu serviço e passar um relatório para o Naruto. – ela disse pegando a chave do carro – Talvez eu demore.

- Tudo bem. – Hinata sorriu. 

Ino saiu sorrindo e Hinata foi até o banheiro. Precisava tomar banho, hoje era seu dia de folga dos treinos. Estava se dando muito bem com as armas e na defesa pessoal precisava só melhorar alguns pontos. 
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Colocou uma blusa de moletom lilás e branca, uma calça leg preta e colocou um tênis que a Ino emprestou. Estava pensando em sair para caminhar e conhecer um pouco mais de Moscou. 

Assim que entrou no pequeno corredor, uma batida na porta chamou sua atenção; era forte demais. Parou e esperou pela próxima batida, que não tardou a chegar. A porta de madeira envergou e a fechadura entortou. 

Hinata se tocou que não se tratava de uma visita comum. Sentiu vontade de vomitar e perdeu o movimento das pernas. O próximo golpe contra a porta foi decisivo e a maçaneta voou contra a janela de vidro. Em uma ação rápida, Hinata pulou o balcão da cozinha e se escondeu embaixo. 

- Fique aqui fora. – o homem disse em italiano. 

Não! 

- Se ela passar por esta porta, atire! – ele ordenou e ela escutou os passos dele passar para a sala do apartamento. 

Os passos dele soavam como as batidas de seu coração. O que ela faria?! Não sabia o que fazer! Tudo o que Ino lhe ensinou fugiu de sua mente.

Quantos homens vieram? Devia haver vários espalhados pelo edifício. Respirou fundo. 

O homem seguiu para os quartos. Ela levantou devagar e olhou para a porta de serviço. Correu. 

- Ei! Ela estava aqui! 

Ela fechou a porta no instante em que o segundo homem atirou. O tiro rebateu na porta. Hinata gritou e começou a descer as escadas.

Eles a seguiam e pareciam estar falando com uma terceira pessoa. Eles a alcançariam. Precisava ser mais rápida! 

Desceu no segundo andar e olhou pelo corredor. Correu para a escada social quando a porta foi aberta por um terceiro homem. Ele tinha a arma em mãos. 

Aconteceu tudo muito rápido. O homem apontou a arma. Ela acelerou e se jogou contra a porta aberta. A porta bateu contra o homem e ele disparou. O disparo não a acertou, porém os dois que vinham pela escada de serviço a alcançaram. Ela correu para a janela como sendo sua única opção.  Jogou-se contra o vidro ao som dos disparos. Um a pegou no ar, certeiro na bacia. Ela gritou e caiu. O corpo atingiu a lixeira logo abaixo. Havia garrafas de vidro que rasgaram os sacos e sua pele. 

A dor em suas costas era alucinante, tão forte que ela não sabia o que fazer.

Fingiu estar morta para viver. 

- Você acha que ela morreu? 

- Estou vendo muito sangue. 

- Tire uma foto. 

- Para que?

- Para provar que ela está morta, que nós a atingimos. 

- Não vamos pegar o corpo? 

-  E chamar a atenção? Não, ela não vale tudo isso. 

Ela trincou o maxilar. Eles precisam ir embora, não sabia até quando aguentaria ficar parada. Seu peso forçava ainda mais as garrafas contra a sua barriga.

Não escutou mais nada. Virou a cabeça de lado e avistou a janela, eles não estavam mais lá. 

Forçou seu corpo para cima e gritou de dor. Não conseguia, não era forte para aguentar essa dor. Tentou de novo e não segurou o grito até cair para fora da lixeira. 

Sentia-se tonta. A bala ainda devia estar dentro de seu corpo. 

Encolheu-se em um canto como um cachorro ferido. 

Será que Ino a encontraria ali? Estava tão tonta e suas costas doía como nunca. Ajeitou-se melhor na parede. Não havia problema em ficar sangrando desse jeito? Deixou um rastro de sangue para trás. 

Sentiu um calafrio. Estava morrendo? 

Começou a chorar e se permitiu ofegar e gritar de forma contida de dor. Colocou a mão por cima do furo do tiro e pressionou. Os nervos se apertaram e ela gritou. Como ninguém a escutava?

Tinha algo em seu bolso. Um celular...!

Com a mão trêmula, pegou o pequeno aparelho. O teclado sujou de sangue assim como a tela; encontrou o número de Ino. Discou.

- Por favor... Por favor... – trincou o maxilar com outra contração de dor. Era uma sensação ardente escorrendo por suas pernas e costas, dilacerando a carne. 

- Hina? 

- Ino, levei um tiro – ela ofegou -, estou na viela atrás do seu prédio. Por favor, venha rápido. 

Deixou o celular cair no chão e se ajeitou melhor. 

Respirou com calma para não entrar em pânico. 

Pensou no que Naruto lhe disse há alguns dias e prendou a respiração. 

Os homens de Sasori apareceram na viela, mas não a viram no canto. 

- Senhor, tenho certeza que ela está morta. Estou com o corpo- ele parou – Onde está o corpo? 

Ela se encolheu contra a parede. 

- Naruto, socorro...  – ela sussurrou. 
***
Naruto 

Seu celular vibrou. Ele estava indo em direção ao carro e dali seguiria para o clube. Lá encontraria Gaara e  Sasame para resolver o problema do boato sobre a guerra e começar a armar a defensiva para acabar com isso. 

Resolveu parar para ver a mensagem. Era um número desconhecido e se tratava de uma foto. 

Hinata estava dentro uma lixeira, de costas, é uma mancha imensa de sangue empapava seu moletom. 

Ele deixou o celular cair no chão e sentiu o mundo rodar. O coração bateu rápido.

Seu corpo paralisou.

Ele havia perdido ela. 


Notas Finais


Outro aviso( não muito importante): eu tenho uma conta no wattpad e lá eu posto uma original e tenho projeto para outra com um tema diferente daqui do spirit. Lá sou meio assassina e aqui, mafiosa KKKKKK Se você tiver uma conta lá ou gostar de história no gênero, só clicar no link: http://my.w.tt/UiNb/eBQaTvXNWz


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