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História Cristais de Sangue - Desvio


Escrita por: MarceFC

Notas do Autor


Relou Gais, estava com saudades de vocês <3 A faculdade consome muito do meu tempo e eu só consegui um tempo hoje para escrever o capítulo para vocês ( e mostrar que eu não esqueci e nunca vou esquecer dos meus melhores leitores <3). Espero que vocês tenham uma boa leitura e desculpa qualquer erro, eles sempre acabam passando.
PS: eu estou adorando a faculdade ^^ é um clima tão diferente e bom. estou apaixonada por tudo o que estou aprendendo.

Capítulo 29 - Desvio


Hanabi

Os homens resolveram descer pela escada, ficando um a frente e outro logo atrás de Hanabi.

Sua cabeça parecia pesar de tantas hipóteses que passavam, era um emaranhado de pensamentos que a impedia de realmente pensar e achar uma solução para a sua situação. Não queria colocar mais ninguém em perigo ou matar mais algum inocente; só de pensar em Konohamaru no chão do apartamento sangrando fazia seu peito apertar e uma dor aguda se fazer presente no fundo de sua garganta. Por momentos fracos, ela pensou em desistir e fazer qualquer deslize para ser morta.

Ela não possuía mais um lar para voltar; não tinha mais família a quem recorrer; não tinha amigos para pedir socorro; não tinha uma rota de fuga; não tinha ambição de fugir. Os últimos dias que passou ao lado de Konohamaru foram o suficiente para a fazer esquecer de todo o seu histórico que a fez se refugiar na casa de um desconhecido. Sorriu com o pensamento. Ela mal o conhecia, mas sentia uma conexão como se fossem amigos de infância.

Faltava alguns poucos lances de escada para eles chegaram a portaria; seu futuro incerto já abria a porta para recebe-la. Aos poucos, seus pés foram travando e escorregando pelos degraus. Seu corpo se recusava a aceitar, mesmo que ela teimasse em se entregar, suas entranhas não permitiam; não aceitavam. Lembrou-se do pai.

- Quando eu não estiver mais aqui, será você que cuidará de tudo. – ele disse, colocando a mão em seu ombro.

- Mas eu não consigo cuidar de tudo isso sozinha, pai. – ela o encarou com os olhos trêmulos – E sou uma mulher! Quem escutará a voz de uma mulher?

- Toda voz pode ser ouvida, Hanabi, desde que ela queria ser ouvida. – ele a encarou de canto de olho – Você pode não acreditar em você mesma, mas você tem um potencial incrível para isso.

- M-mas e se eu falhar? E se eu não souber o que fazer um dia? Eu tenho medo.

- Você acha que eu sei sempre o que tenho que fazer? – ele deu um sorriso mínimo e ela confirmou com um aceno rápido de cabeça, o fazendo rir – Querida, eu quase nunca sei o que fazer. E eu também sinto muito medo.

Ela arregalou os olhos.

- Do que o senhor tem medo?

- De não ter feito o melhor para você e para Hinata. Eu sei que pareço duro na maior parte das vezes, mas é porque eu estou tentando calejar vocês.

- Por que nos calejar?

- Porque vocês duas são meus cristais valiosos e eu não me perdoaria se por um deslize meu vocês se quebrassem.

Hanabi sorriu e o abraçou.

- O senhor é ótimo para nós, papai. Nós nunca quebraremos por um erro seu.

Ele sorriu, mas seus olhos não transmitiam felicidade.

Agora ela entendia os erros do pai e sabia que, por mais que às vezes não parecesse, eles nunca foram intencionais. Tudo o que ele sempre quis foi ensinar as duas a sobreviver no meio sanguinário da máfia.

Hanabi estreitou os olhos.

- Eu não vou quebrar, pai. – ela murmurou.

Com uma observação rápida, notou que apenas um dos homens portava arma e era exatamente o que estava a sua frente. Girou sob um pé só e acertou um chute no joelho do homem que estava as suas costas. O joelho dobrou para trás e um canivete saltou de seu bolso, o homem gritou. Hanabi pegou o canivete do chão e o montou, o homem a sua frente virou com a arma em punho.

Em um movimento de braço rápido, ela passou a lâmina do canivete pela pele fina do pescoço do homem e gotículas de sangue voaram em seu rosto e roupa. A arma caiu no chão, sendo seguida pelo corpo mole.

O segundo homem ainda gritava de dor.

- Chaves do carro. – ela estendeu a mão para o homem.

- Está... no bolso... dele.

Ela se voltou para o corpo e vasculhou os bolsos até encontrar um molho de chaves. Ergueu o corpo e voltou a encarar o homem no chão, tinha uma séria de perguntas a fazer.

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Passou por cima dos destroços da porta do apartamento e encontrou Konohamaru desmaiado. Respirou fundo para pegar fôlego, abaixou e passou o braço dele por seus ombros, ergueu o corpo junto ao dele.

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O colocou deitado no banco de trás do carro e correu para o volante. Digitou o endereço, no GPS, que o homem lhe passou e que vinha dizendo mentalmente. Neste endereço ela encontraria um falsificador de documentos e sua passagem de volta ao Japão e ao controle de sua vida.

Havia conseguido também o número da conta bancaria e senha, além do endereço do apartamento. Talvez arriscaria sacar uma boa quantia em dinheiro da conta, mas não ficaria no apartamento, achava melhor pular de pousada em pousada.

Pelo retrovisor, deu uma rápida olhada no estado de Konohamaru. Sua intuição dizia para não deixá-lo para trás, pois tinha certeza que Sasori poderia encontrá-lo de novo. Não queria o prejudicar e nem que ele se machucasse mais por sua causa. Talvez não fosse uma boa ideia levá-lo junto – era quase um sequestro, mas seria pior ainda o deixar.

Pisou fundo no acelerador e deixou-se guiar pelas instruções da voz fina que ecoava pelas saídas de som do carro.

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O endereço a levou em frente a uma pequena casa térrea com algumas partes do telhado coberta por lona preta. A janela da frente barrava a iluminação da rua usando um grande pedaço de papelão e a porta passava a impressão de que já havia sido arrombava mais de uma vez.

Desceu o carro e guardou o revolver preso a sua cintura pela calça, verificou o estado de Konohamaru e voltou a olhar para casa. Aproximou-se devagar e com muita cautela, seus sentidos aguçavam-se por qualquer som ou movimentação ao seu redor. Quando chegou a porta, bateu cinco vezes em um ritmo pausada, como o homem havia lhe informado.

Não demorou muito e a porta abriu com um rangido de madeira velha. Um homem pequeno e gordo se revelou a frente de Hanabi. Tinha o bigode negro sujo de migalhas de pão e a camiseta branca estava engordurada, usava uma samba-canção amarela e meias. Era careca.

- Quem é você? – ele estreitou os olhos e olhou ao redor.

- Preciso de uns serviços seus. – ela disse, sem se abalar.

- Que tipo de serviços?

- Você sabe muito bem do que estou falando, Sandro.

Ele arregalou os olhos.

- Entre. – ele lhe deu passagem – Como descobriu meus serviços?

- Não precisa ficar desconfiado, Sandro, não sou nenhum tipo de agente.

- Você não é italiana, mas sabe o codinome que eu uso para as gangues locais.

- Então você é um homem de muitos nomes? – ela ergueu a sobrancelha e ele sorriu.

- Meus nomes variam de acordo com o tipo de cliente que vem a minha a procura.

- Preciso que faça identidades falsas e toda a documentação que eu preciso para sair do país.

- Sabe que irá custar, não sabe?

- Aqui. – ela tirou um pequeno bolo de dinheiro – Se trabalhar rápido, pagarei o dobro.

Ele pegou o bolinho de dinheiro com volúpia e ergueu os olhos para ela.

- Tem preferência para nomes?

- Tenho preferência com o tempo que irei esperar.

- Serei o mais breve possível.

Ela sorriu e se dirigiu até a porta.

Quando saiu, encontrou a porta do carro aberta e não encontrou Konohamaru. Seu corpo gelou e ela achou que fosse desmaiar.

Caminhou apressada até o carro e olhou em volta, passou as mãos no cabelo e hiperventilou. Ele não pode ter sido sequestrado, claro que não! Avistou uma figura na esquina e reconheceu as roupas.

- Konohamaru! – gritou ao mesmo tempo em que avançava em sua direção – Konohamaru!

Ele olhou para trás e paralisou.

- Onde você está indo? Vamos voltar para o carro. – ela estendeu a mão para ele – Está se sentindo bem?

Ele pegou na mão dela e a puxou, abraçando-a.

- Achei que estivesse morta, achei que se continuasse andando iria encontrar seu corpo jogado perto de latas de lixo, achei que nunca mais encontraria você. – ele apertou o corpo contra o dela.

- Sinto muito em te colocar no meio disso tudo. – ela apertou o rosto contra o peito dele – Mas eu não podia te deixar para trás porque eles viriam atrás de você e eu não quero que você se machuque mais. Quando chegarmos no Japão você estará mais seguro.

- Nós vamos para o Japão?! – ele a afastou – Como assim nós vamos para o Japão?!

- Primeiro, vamos para um hospital tratar do seu machucado e depois eu explico tudo. Juro que irei contar tudo o que você precisa saber.

Ele ponderou, mas não havia muita escolha a não ser acreditar nas palavras dela.

Hanabi sorriu e lhe ofereceu a mão.

***

Tenten

Mal conseguiu jantar por conta de um enjoo típico da gestação. Mesmo não querendo transparecer sua condição, era difícil enganar os olhos clínicos da mãe, que a examinavam de cima abaixo.

- Você não está me parecendo bem. – a mãe comentou, jogando as cartas.

- Estou um pouco enjoada, acho que a viagem longa mexeu comigo. – Tenten suspirou, evitando contato visual.

- Quer tomar alguma coisa?

- Acho que vou tomar um copo d’água. – Tenten levantou e caminhou até a cozinha com a mão na barriga. Não quero vomitar, não queria entregar as cartas para mim, não queria preocupar os pais.

- Seu pai perguntou que está atrás de um traficante. – sua mãe a seguiu.

Tenten suspirou e pegou um copo do armário, formulando uma mentira para despistar a mãe.

- Neji está precisando de uns serviços.

- Por que ele mesmo não veio atrás do traficante?

- Porque há problemas maiores precisando dele.

- Que tipo de problemas, Tenten?

- Gostaria de saber também.

Houve um silêncio.

- Neji nunca te envolveu em assuntos assim.

- Mas desta vez foi necessário. – Tenten deu um gole na água para molhar a boca e respirar. Se a mãe continuasse com o interrogatório, ela iria começar a se enrolar nas próprias mentiras.

- Ele está envolvido em alguma séria?

Tenten riu. Como se ser da máfia já não era alguma coisa séria.

- Aonde a senhora quer chegar?

- Estou tento um pressentimento ruim quanto a sua visita.

- Está dizendo que não gostou de me ver?

- Não, estou dizendo que deve haver algum muito ruim para te trazer até nós sem o seu marido e, ainda por cima, grávida.

Tenten engasgou com sua saliva e sufocou em meio a tosse, a ânsia ficou mais forte e ela achou que fosse desmaiar.

- Como?!

- Pensa que sou idiota? Já pari uma vez e sei muito bem as mudanças que uma gravidez traz ao corpo de uma mulher.

- A senhora está muito errada. – ela negaria até o ultimo segundo que conseguisse.

- Oh, minha menina, por que está escondendo as coisas de mim? O que de tão perigoso está acontecendo com você para te fazer esconder que eu terei um neto?

A mãe se aproximou de repente, ou talvez os sentidos de Tenten tivessem ficado afetados pelo engasgo. Seu corpo foi envolvido pelos braços maternos e o calor reconfortante da mãe a fez se sentir criança de novo.

Por um misero segundo, quis abrir a boca e dizer tudo o que ocorria; dizer que não fazia nem horas que seu marido havia sido assassinado na sua frente; dizer que não possuía expectativa nenhuma de futuro para si e para sua bebê; dizer que não tinha mais um lar ou uma família; dizer que havia duas pobres meninas correndo risco de vida sabe-se lá onde; dizer que estava perdida.

Começou a chorar e agarrou-se a mãe.

- Desculpa não ter contato sobre a gravidez para a senhora. – murmurou – Mas eu ando tão perdida.

- Por favor, me diga o que está acontecendo com você, pequena.

- Não posso, mãe, não posso envolver você e o papai em problemas meus.

- Mas que raio de problemas são esses?! – a mãe elevou a voz em preocupação e a afastou – O que está aconteceu com você?! Eu sou sua mãe! Estou aqui para te ajudar e para te aconselhar! Não pode existir mistério entre nós!

E então uma luz brilhou em sua cabeça.

- Eu estou grávida de um mafioso, mamãe, imagina a rivalidade que Neji vive para sustentar o tamanho e influência dos japoneses, consegue imaginar?

- Não, mas sei que deve ser muito difícil.

- Agora imagina os rivais de Neji sabendo que ele terá um filho.

A mãe arregalou os olhos.

- Meu Deus, você está correndo risco de vida.

- Não eu, mas meu bebê. – Tenten abraçou o ventre – Por isso estou atrás do traficante, para uma proteção pessoal. Neji me tirou do Japão exatamente por causa disso também.

- Quanto mais distante do núcleo, melhor.

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Não foi preciso mais que uma semana para que Kakashi sair de seu buraco e dar as caras pela Coréia. Tenten não tardou para fazer o pai entrar em contato com o traficante, marcando uma reunião na empresa. Ela preferiu manter a prescrição e não deixou que o pai falasse em seu nome.

Sentou na cadeira de couro e encarou a porta da sala com ansiedade. Esperava que Kakashi fosse pontual e não a fizesse esperar. O telefone tocou e Tenten sobressaltou-se.

- Sim?

- Senhorita, Kakashi acabou de chegar.

- Pode mandar entrar. – Tenten voltou o telefone no gancho e limpou a garganta.

A porta abriu momentos depois e um homem alto, na altura de 45 anos, cabelos grisalhos em um topete impecável. Vestia uma camisa social cinza e uma calça jeans escura, sapatos esporte e óculos de sol. Ergueu a sobrancelha ao se deparar com Tenten.

- Não se espante, você veio falar comigo. – Tenten levantou e estendeu a mão. Kakashi se aproximou relutante e aceitou o cumprimento.

- O que um homem como eu teria a tratar como uma mulher?

- Você conhece uma pessoa que é do meu interesse. – ela voltou a sentar e ele a acompanhou.

- Interessante... De quem iremos falar então?

- Um traficante de armas grego.

Ele soltou ar dissonante.

- Existem centenas de traficantes gregos. – ele apoiou o rosto nas mãos.

- Mas este é inconfundível.

- Estou começando a ficar curioso. Mas antes de entrarmos em detalhes de quem é esta pessoa, eu gostaria de saber o que você procura com ela.

- Creio que sejam assuntos pessoais meus. – ela endireitou mais a postura.

- É que eu não acho comum uma mulher procurar por um traficante, a não ser que seja para lhe cobrar dinheiro para um pacote de fraldas.

- Garanto a você que meus interesses são outros.

Kakashi sorriu.

- Fale todas as informações que você tem sobre este tal de traficante inconfundível grego.

- Ele se casou com a filha de um mafioso grego.

A feição de Kakashi mudou em segundos para uma expressão de quem havia descoberta charada.

- Está procurando por Shikamaru? O que você tem para tratar com ele?

- São assuntos pessoais. – ela repetiu, séria – Quero que você me leve até ele.

Kakashi riu.

- Acha mesmo que Shikamaru irá atender uma mulher qualquer? Mesmo que rica.

- Não sou uma mulher qualquer, senhor Kakashi, e Shikamaru sabe muito bem disso. – Tenten estreitou os olhos – Quanto irá cobrar para me levar em segurança até ele?

- Assim você me ofende. – ele sorriu – Sei que seu pai passou a ideia de que eu sou louco por dinheiro, que não está errada, mas eu não cobraria apenas para te levar até Shikamaru. – ele se recostou na cadeira – Até porque eu tenho algumas encomendas dele para entregar esta semana ainda.

- Ótimo! Quando você irá partir?

- Pretendia partir quinta, mas vejo que seu assunto é de urgência, então podemos ir amanhã, o que acha?

- Eu acho ótimo! – ela deu o primeiro sorriso – Onde encontro você?

- Me encontre no aeroporto amanhã pela madrugada.

- Que horas da madrugada?

- 4.

- Marcado. – ela estendeu a mão para ele.

- Nos vemos amanhã.

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Ela tinha uma hora para chegar no aeroporto no tempo marcado com Kakashi. Sua mala já estava pronta e seu coração palpitava tão rápido que ela mal sentia ele no peito.

Não comentou de sua ida com os pais e nem pretendia acordá-los para anunciar, queria sair do mesmo jeito que chegou; sem avisar e sem alarde. Por mais que doesse abandonar sua casa de novo e virar as costas para os pais, ela precisava fazer isso por Neji e pelas meninas. Ela voltaria, claro que voltaria e sabia que por mais magoados que os pais ficassem agora, eles iriam aceita-la de novo e entender seus motivos.

Parou em frente a porta do quarto deles e respirou fundo. Um dia, talvez, ela contasse a verdade, porém, este dia ainda não tinha previsão de chegar.

Pegou sua mala e estufou o peito, saindo do apartamento com cara e coragem.

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Kakashi já a aguardava impaciente em frente as portas de vidro do aeroporto e isso a fez sair quase que voando de dentro do taxi, arremessando dinheiro a mais para o motorista.

O olhar que Kakashi lhe dirigiu já foi o suficiente para repreende-la pelo atraso. Ele pegou a bagagem dela e os dois entraram no aeroporto a passos apertos e carregando encomendas diferentes para Shikamaru.

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O clima da Grécia era abafado e Tenten começava a se arrepender das roupas pretas que usava. Abanou um pouco o rosto com a ajuda das mãos procurou por uma sombra enquanto Kakashi ajudava alguns homens a encher uma van de mudanças.

Era um lugar muito bonito e ela mal podia esperar para ver as praias e poder entrar um pouco no mar para refrescar o corpo suado. Ah... a água do mar devia estar gelada e refrescante. Será que Kakashi demoraria muito?

- Pacote de fraldas, vamos! – Kakashi gritou e ela riu baixo.

Não havia revelado seu nome verdadeiro a ele para que não houvesse assimilação com Neji ou com a Hyamaki, mesmo que desconfiasse que Kakashi já soubesse das informações pessoais dela que lhe foram ocultadas.

Tenten caminhou até a van e ocupou o banco de passageiro, a primeira coisa que fez depois de instalar foi ligar o ar-condicionado.

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A mansão onde Kakashi estacionou ficava uma hora do aeroporto, beirando um precipício que tinha por final o lindo mar grego. No caminho, ela pediu para que ele parecesse em um posto de gasolina afim de que pudesse trocar a roupa para um shorts e uma regata.

Desceu da van e olhou a fachada branca da casa. Seu coração veio a boca.

Quantos anos faziam desde que ela o viu pela última vez? Desde que ela nutriu sentimentos fortes por ele? Desde que ela planejou fugir a seu lado? Desde que ela foi uma jovem perdidamente apaixonada?

Não conseguia se mexer.

- Não vai entrar, pacote de fraldas? – Kakashi a encarou e sorriu.

Ela engoliu em seco e respirou fundo. Suas pernas deram um passo lento em direção a porta e ela sentiu tontura.

O destino era uma puta mal paga.

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A casa tinha o interior climatizado e os moveis eram todos atualizados de acordo com o design atual. Quase não haviam paredes, assim a vista do mar podia ser apreciada de qualquer canto da casa. No entanto isto não era distração para a cabeça ansiosa de Tenten.

Ela só conseguia pensar nele; em como seria falar com ele de novo; olhar para ele. As borboletas mortas de seu estomago reviveram e voavam freneticamente. Ela tentou, inutilmente, se distrair com algum enfeite ou até mesmo com a vista, só que nada ofuscava suas lembranças da antiga relação que manteve com o traficante.

- Achei que você viria na quinta. – a voz suave e baixo alcançou os ouvidos de Tenten e gelou seu corpo todo.

A essa altura, ela já imaginava que ele ocupava o mesmo recinto e que poderia estar a poucos metros de distância. Não conseguia virar para encará-lo.

- Um assunto urgente e pessoal me trouxe mais cedo. – Kakashi comentou, divertido com a situação em que Tenten se encontrava.

Houve um silêncio longo; o som mudo de dois passados amantes se encontrando. A obra de uma puta mal paga chamada Destino que os fez se reencontrar por pura vingança.

Tenten sabia que não podia ficar de costas para ele por mais tempo. Fechou os olhos e controlou o coração. Virou vagarosamente e seus olhos encontraram os deles como um choque elétrico. Ela quase caiu para trás e precisou firmar os pés para continuar parada.

- Tenten? – ele arregalou os olhos.

- Shikamaru. – ela disse firme, mas carregada de boas esperanças e sentimentos.

***

Naruto

- Ino disse que você tinha uma reunião hoje. – Hinata proferiu pegando seu Martini – Sobre o que é?

- Irei me encontrar com meus aliados e com algumas gangues para tratar as questões de segurança da Rússia e evitar que Sasori chegue tão perto de novo.

- Mas você sabe que ele não chegou tão perto, certo?

Ele a observou curioso. Onde ela queria chegar com isso?

- Está dizendo que tenho um traidor entre meus homens.

- Tenho certeza. – Hinata sorriu – Sasori não chegaria tão longe assim sozinho.

- Eu sei disso.

- Então, o que pretende fazer a respeito?

- Nada.

Hinata franziu o cenho. Mesmo que soasse estranho até para ele, não havia muita coisa a ser feita; não queria deixar transparecer que sabia da existência de um traidor para que este não tivesse a chance de se ocultar. Queria passar a ideia de que estava vulnerável quanto a isto, deixar a cobra acreditar que tem o bote certeiro.

- Quero que ele se revele sozinho. – disse por fim.

- Se prefere assim. – ela deu de ombros.

- Vamos. – ele levantou – Não quero ser visto em público com você.

Naruto deixou o pagamento de sua conta em cima do balcão e levantou, aguardando por Hinata, que levantou graciosamente. Os dois caminharam com descrição até a saída do estabelecimento.

- Onde está o seu carro? – ele a encarou.

- Vim de taxi. – ela deu um sorriso rápido.

- Vou te levar para o meu apartamento. – ele passou o braço pela cintura dela.

- Não quero te atrasar para a reunião. – ela apresentou resistência.

- Não irá. – ele sorriu – Ainda faltam exatamente quatro horas para ela acontecer.

Hinata parou de resistir e assim ele pôde guiá-la para o seu carro parado logo em frente.

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No meio do caminho, Naruto desistiu da ideia de leva-la até seu apartamento. Ali era um local muito frequentado pela família e por Sakura. Por mais que Hinata estivesse diferente, seus traços marcantes ainda poderiam entrega-la, então quanto menos exposição em público ela possuísse, melhor o disfarce andaria. Desviou a rota para a antiga mansão Uzumaki.

- Não que eu já tenha vindo aqui várias vezes, mas não reconheço esse caminho. – Hinata comentou.

Naruto sorriu de lado.

- Não vou deixa-la no meu apartamento. – ela ergueu a sobrancelha enquanto ele lhe dirigia um olhar de canto de olho.

- Para onde vamos então?

- Para a minha casa.

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A propriedade estava como ele se lembrava de memorias de infância. A grande fachada de pedra dava um ar imponente para a propriedade e as colunas de mármore davam o ar clássico que sua mãe tanto apreciava. O gramado estava impecável e a jardinagem em dia.

- Nossa, aqui é tão lindo. – Hinata desceu do carro e olhou em volta.

Um lindo lugar para um passado mórbido. Olhar para a casa lhe dava uma sensação estranha nas entranhas, quase uma ânsia. Era difícil de acreditar que uma construção milionária carregava o genocídio de uma família toda.

- Sinto muito. – Hinata se aproximou – Não deve ser fácil para você.

Ao olhar para ela, ele sentiu a consciência pesar por ainda não ter informado sobre o assassinato dos Hyuugas, mas ele não possuía coragem em dizer. Tinha um gosto amargo na boca.

- Vamos entrar. – ele murmurou, passando o braço pelo corpo quente dela.

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Os passos deles ecoavam pelas paredes da mansão. Os moveis estavam cobertos por panos brancos ou lonas pretas, porém o ambiente estava livre de poeira ou sujeira. Naruto mantinha uma limpeza regular do lugar.

- Você pode tirar os panos e olhar a mobília se quiser. – ele informou encostando em um dos pilares da sala – Pode mobilhar de novo.

Hinata puxou o pano de um dos sofás.

- Gosto dessa mobília. – ela o encarou – Sua mãe devia ter um ótimo bom-gosto.

Ele sorriu.

Então, deixou-se observar sua deusa andar de um lado para o outro. Ela parecia trazer luz para a escuridão da casa; aquecia o ambiente morto. Hinata devia estar falando alguma coisa para ele sobre os quadros e a vista do lado, mas ele não estava prestando atenção suficiente em sua voz, e sim, em seus movimentos graciosos retirando os panos e arrumando alguns enfeites.

Começou a reparar nas tatuagens que cobriam seus braços e em como ela havia mudado de Las Vegas para a Rússia.

- O que você está olhando? – ela sorriu.

- Você.

- E gosta do que vê? – ela ergueu uma sobrancelha, sugestiva.

- Muito. – sorriu.

Ela passou os dentes pelo lábio inferior e em seguida sorriu.

- Por que está tão calado, russo?

Ele não sabia explicar o motivo de seu silêncio, mas era um silêncio tão reconfortante que ele não se importava de não dizer nada e apenas aprecia-la.

- O que quer que eu diga a você?

- Quero que diga que estava com saudades. – ela começou a se aproximar a passos lentos.

- Eu estava morrendo por dentro de tanta falta sua. – ele sussurrou.

- Quero que diga que não via a hora de me ver. – ela abaixou as alças do vestido.

- Eu estava louco para ver você de novo.

- Quero que diga que me ama. – ela sussurrou como um ronronado. Estava a uma distância de um braço de Naruto. Com um remexo de quadril, o vestido caiu a seus pés.

Ele soltou um gemido gutural ao apreciar o corpo nu a sua frente.

- Ah... eu amo você. – ele passou a mão pela cintura dela e a trouxe para mais perto. O choque dos corpos o ascendeu como nunca antes.

- Quero que diga que quer foder comigo. – ela disse contra os lábios dele, o olhando no fundo dos olhos.

Uma corrente elétrica percorreu a espinha de Naruto e não foi preciso uma resposta para Hinata saber que ele queria aquilo mais que qualquer coisa. 



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