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História Cromatic - Decisão


Escrita por: N-KIDDO

Notas do Autor


Gente, desculpa pelos quase dois meses de espera; tava estudando e ajeitando um pouco da minha vida UHSAHSUHAUSA
Depois que a gente larga um projeto, é bem dificil retomar, voltar ao interesse que tinhamos antes. Consegui! Foi dificil mas consegui! Espero ver vocês nos comentarios, quando estive fora, tentei aprender coisas para incrementar a escrita, me digam ai!

Capítulo 5 - Decisão


Fanfic / Fanfiction Cromatic - Decisão

CROMATIC

Por: N.kiddo


 

Capítulo: Decisão

Seu corpo vai decidir. Viver como uma de nós ou morrer com o segredo que carregamos.

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Onde o amor foi?

Nada sobra
Apenas sangue

E tristeza prevalecem.

 

Mikasa fechou os olhos por um instante, e como mágica, se transportou para um canto especial de sua mente onde suas memórias crepitavam misteriosamente, esperando pelo momento destinado a se revelarem. Aquela mesma voz da canção era familiar, quase materna, e assim que o fim daquele verso fora concluído, a morena viu mãos enluvadas carinhosas sobre as suas. O fundo, como sempre dourado, onde pessoas dançavam eternamente.

“Você nasceu para mudar esse mundo, Mikasa. Com essa canção, nunca estará só” Disse a voz em sua mente. Mikasa era limitada a explorar o vestido cheio de camadas, e só.

Sua mente volta para o corpo, e o mundo lá fora continuava o mesmo, imutável e nada encantado como as visões em sua mente. Isabel ainda erguia roupas diante dos olhos de Levi, buscando a aprovação dele no lugar da pessoa que deveria usá-las. Mikasa sequer questionou, não tinha um gosto específico e também estava desconfortável demais para dar palpites quando todos eram tão gentis.

Com uma simples varredura, encontrou Farlan balançando a cabeça para Levi, que organizava o setor feminino inteiro por cor e tamanho. As moças uniformizadas o encaravam com um misto de admiração e desespero, mas o primeiro, com certeza, vencia. Hange estava presa na escolha cruel entre duas cores de luvas de inverno, e Mikasa era a única que não desempenhava função alguma. Totalmente oposto as palavras de suas supostas memórias. Como ela mudaria o mundo se sequer compreendia seu lugar nele?

Olhou para fora da lojinha só para encontrar o que tinha visto momentos atrás: Pessoas caminhando em pequenos grupos, rindo, brigando, brincando. Mulheres, homens, crianças e idosos. Mikasa franziu o senho, tentando limitar seus olhos e impedi-los de reterem mais informações. Sua cabeça já doía como estava. Voltou em direção a Levi. Seus olhos encontravam descanso nos ombros largos e no olhar meticuloso dele. Desceu até suas mãos, grandes, de dedos longos, escorregando pelos tecidos coloridos. Porque ele arrumava tudo aquilo? Talvez para fazer seus amigos rirem, pois era exatamente isso que faziam. Isabel, que sempre buscava pela aprovação do seu “irmão” sacode mais uma peça no rosto de Levi.

Ela tentou rir junto com o grupo e entender suas piadas, no entanto, no final pareceu mais sábio seguir o exemplo de Levi e não rir de coisa alguma. Afinal, Mikasa não compreendia como um pedaço de pano feito para usar por baixo de toda a roupa poderia causar tantas gargalhadas. Não fazia o menor sentido, pois segundo a própria Isabel, todos usavam o mesmo no exato momento.

— Que tal essa, hein, Levi? — Quis saber, risonha. Suas bochechas bronzeadas agora se tingiam de vermelho, e sua sobrancelha, sempre bagunçada, pareciam tensas, como se segurassem algo pesado.

— Vá pro inferno.

E isso aconteceu com todas as vezes. Isabel pegava uma roupa de baixo de cor e tamanhos diferentes e apressadamente enfiava no rosto do amigo, forçando-o a dizer sua opinião sobre a peça.

— Esse é o tipo favorito do Levi — disse ela em um tom provocativo, balançando um bando de cordinhas na frente do rapaz. O resto do grupo começou a segurar o riso até que seus rostos ficassem vermelhos como o dela.

Mikasa não entendeu, mas saber que Levi tinha um favorito causou certo interesse nela. Mesmo no meio de toda aquela multidão e mar de roupas, ao olhar para a expressão emburrada do rapaz, recordava do momento em que todo o terror de estar sozinha tinha acabado por causa dele. Não achava que pudesse odia-lo em toda a sua vida.

— Te agrada? — Indagou ela, pegando o item com curiosidade, avaliando cada pequena cordinha e testando sua elasticidade. Aquele gesto pareceu ser a peça que faltava para que o grupo finalmente desabasse. Ela observou Hange caindo de joelhos e ergueu uma das sobrancelhas. Ofereceu ajuda, mas tudo que ele fez foi afastá-la com seriedade de uma guerra, obtendo o espaço necessário para encarar o amigo.

— diga Levi, você gosta de calcinha?

— Se tem tempo para fazer brincadeiras, porquê não ajuda terminar as compras de uma vez? Estamos em território livre.

— Olha quem falando, você está organizando as roupas por cor e tamanho desde que chegamos aqui! — contestou, apontando o dedo e fazendo um escândalo forte o suficiente para fazer Hange lançar várias partículas de saliva no ar.

Levi fez cara de nojo e disse — vai dizer que não te incomodava também?

Hange balançou a cabeça negativamente.

— Você é um caso perdido, meu amigo maníaco.

Mikasa caminhou com a calcinha em mãos até Farlan, que era o segurador oficial da sacola grande de roupas para levar, pretendendo despejar o item. Levi, no entanto, apareceu antes e segurou o pulso da garota.

— Vai te machucar, melhor não.

Esse momento ficaria alguns anos com ele.

Deixaram a loja meia hora mais tarde, quando Levi finalmente havia não só arrumado a seção feminina, mas a masculina também. Farlan e Isabel levaram as sacolas para o carro, prometendo voltarem dali alguns minutos; Hange correu na direção de uma loja de revistas e Levi avisou que iria ao banheiro. Agora, Mikasa estava sozinha em um banco no meio da galeria entre uma senhora idosa com palavras-cruzadas e um casal um tanto pegajoso.

Apesar de a galeria não passar de lojas unidas uma a outra com uma enorme área de alimentação em céu aberto, Mi sentiu que estava enclausurada em uma pequena caixa de sapatos, onde os pequenos buracos eram preenchidos com olhos, pessoas curiosas e maldosas que gostavam de vê-la se debater. Ocasionalmente era desperta de seu estado vegetativo com a mão boba do homem do casal (que ocorria com certa frequência) ou as perguntas complicadas da senhora ao seu lado.

— Uma série popular com zombies?

— O que? — Mikasa começa a suar, nervosa. Levi tinha alertado que algumas respostas poderiam colocá-la em uma situação desagradável.

— Deve ser The Walking Dead — A garota, que se descola do namorado ligeiramente responde.

A senhorinha, não satisfeita com a ausência de conhecimentos populares da morena, se vira melhor na direção dos jovens — Quantos anos você tem, mocinha?

— Olha para esse rostinho dela! Deve ter quinze! Você tem quinze? Acertei?

Mikasa não estava feliz por receber aqueles olhares esperançosos. A senhora era enxerida e a mais nova disparava perguntas como uma arma. A verdade é que Mikasa nunca tinha refletido sobre sua idade. Quando se olhava no espelho, perdia mais tempo avaliando seus olhos, esperando que reconhecessem alguma coisa. Antes que passasse tempo demais, o namorado finalmente interveio.

— Kim, deixa a garota. Os amigos dela estão esperando por ela.

O som da palavra “amigos” a tranquilizou. Ela se coloca de pé mais do que depressa e tenta se afastar do pequeno grupo. Logo de cara, encontrou Levi, que olhava fixamente para alguma coisa um pouco além; mas nenhum sinal do restante do grupo. Mikasa segue o olhar enervado e animalesco do rapaz e chega até uma dupla que o fitava de volta com cautela. Parecia uma briga de cães, pensou Mikasa.

Um dos garotos possuía exóticos olhos esmeralda e sobrancelhas expressivas. As roupas de ambos eram escuras, e mesmo de longe, Mikasa conseguia ver o emblema de duas armas se cruzando sob o peito. O outro, um pouco menor, era louro de olhos azuis. Parecia familiar, talvez ela já tivesse visto alguém com essas mesmas características.

Em apenas um segundo, Levi corre na direção de Mikasa emanando uma aura de “corra comigo”, mas antes mesmo de tocar no ombro da garota, percebe que o par de rapazes está ali, bloqueando a passagem, sem um pingo de suor que indicasse a correria que fizeram. Levi pareceu odiar isso. Como? As pessoas que caminhavam ao redor desviam do caminho com certa tranquilidade, tratando o incidente com familiaridade, mas o evitando como a peste.

— Nós não temos muita sorte, Armin? — o esmeraldino pergunta com um tom de voz coberto de sarcasmo. O loiro apenas revira os olhos e toca no ombro de Mikasa com ternura. — Levi Ackerman no meio da cidade nula com uma refém.

— Eren, acho que você deveria se concentrar — Aconselha, Armin. — E você tem que parar de falar como aqueles heróis da TV, não cai bem…

O outro fez um sinal com as mãos pedindo silêncio e começou seu monólogo de como era dificil de capturar alguém como Levi. Mikasa observou a situação um pouco confusa sobre o seu próximo passo, já que esperava fielmente que o outro fosse resolver a situação inteira — não se sentia responsável por si mesma.

— ...De qualquer forma, sequestro quebra os contratos, e você sabe que isso significa pena de morte, não sabe?

Levi não contesta nenhuma das acusações. Seu olhar entediado parecia surtir um efeito odioso no garoto mais falante, pois a cada momento de silêncio, ele tentava mais algum jogo de palavras que pudesse quebrar a imponência inabalável de Levi. Nem mesmo quando duas argolas metálicas envolveram os pulsos de seu “namorado” Eren obteve o que desejava.

— Não se preocupe, senhorita, você está a salvo agora. Não sabemos o quanto lhe foi revelado — Explicou, Armin, de forma quase didática — Mas faremos você esquecer e voltar a sua vida normal, tudo bem?

Mikasa achou que era dona de todos os seus movimentos até aquele momento. Acreditou que sua cabeça pensava algo, e, após o sinal positivo, o restante dos membros reproduzia, como uma máquina. No entanto, não recordou de um só segundo em que pensou em fechar o punho com força, afastar o loiro com uma das mãos e repetir o mesmo golpe que recebera naquele dia diretamente no rosto de Eren. Pela surpresa ou talvez a força, o outro caiu para trás. Vendo a oportunidade perfeita, Levi puxa Mikasa uma vez e os dois correm separadamente pela galeria. Ele poderia ser rápido, mas com as duas mãos unidas e acorrentadas seus movimentos eram limitados.

A morena percebe que o carro ficava para o lado oposto ao que seguiam, no entanto, não contesta. Imaginou que Levi sabia o que estava fazendo. As pessoas que caminhavam tranquilamente e aproveitavam o dia bonito agora eram empurradas de lado se não eram rápidas o suficiente para se afastarem do caminho de ambos. Mikasa anotou que algumas delas apontavam para cima, e ao jogar a cabeça para trás por um curto momento, capta dois borrões saltando em uma alta velocidade por cima das lojas.

— Levi, estão nos seguindo por cima!

Levi, que até então perdia velocidade segundo por segundo, afrouxa as algemas com a força dos punhos, até que cada aro de metal pesado caia ao solo, derrotado.

Logo a frente, Mikasa conseguia enxergar o verde da floresta, e embora o estacionamento fosse para o outro lado, reconheceu que se travesassem até lá, estariam em território seguro. Um pouco de felicidade cresce em suas pernas, tornando-as mais leves, até que um assovio risca o ar ao lado de seu rosto, onde uma dor ardida corta sua bochecha. Estavam atacando!

— No três — Gritou, Levi, por cima do ombro — Pule no meu pescoço e não solte, entendido?

Ela fez que sim, mas não achou que ele tivesse visto.

Um. Mikasa olha para trás mais uma vez. Eles estavam terrivelmente próximos, e o mais assustador era não saber o que fariam com ela se a alcançassem. Dois. Jogou toda a sua força para as pernas, o que tornou correr quase impossível. Três. Ela salta, projetando seu corpo ao redor de Levi, mas abraça um lobo gigante.

 

Mikasa fecha os olhos com força, franzindo o cenho e esmagando os lábios para evitar que qualquer resíduo de mosquito ou pelo entrasse na boca. Encostou sua cabeça na pelagem macia do animal, praticamente esganando Levi para continuar montada na criatura gigantesca estando naquela velocidade. Por um momento, teve medo de machucá-lo com seus puxões, mas algo no poder do animal a fez concluir o oposto. Mikasa não era mais do que uma pulga para ele naquele momento. Seu peso não representava problemas. Confortável, sente o calor que o lobo emanava de dentro de si, sentiu o coração batendo e o vento arrastando suas mechas para longe do rosto. Quando finalmente pensou estar pronta, abriu os olhos e quase de imediato sorriu com a vista incrível de toda a folhagem, árvore, arbusto ou grama correndo dentro de seus olhos. Toda a paisagem passava como um borrão, e Mikasa só conseguiu pensar que aquela era a melhor sensação de liberdade que seu corpo já tivera.

As pegunta difíceis — como sempre — bruxuleavam em seus pensamentos, mas diferente de todas as outras vezes, conseguiu deixá-las momentaneamente para trás. Todavia, isso não a impediu de ordená-las. Levi era um Lobo gigante? Os amigos dele sabiam disso? Se ele era um lobo, quem eram aqueles garotos, e porque possuíam armas?

E o que isso mudava entre os dois?

No momento seguinte, Mikasa é arremessada com certa graça das costas do lobo. Ela rola, uma, duas, três vezes antes do ciclo da inercia se projetar em forma de árvore para impedi-la de virar uma bola de barro. No chão, encara as próprias mãos sujas de terra e calcula as dores que sentia ao longo das pernas e nos ante braços. Ela ergue o rosto lentamente, reparando no corte feito pelos Hunters e nos arranhões da queda brusca. Após verificar-se por inteira busca pelo lobo de pelagem com fuligem. Levi — aquele cão gigante com grandes dentes e garras ainda maiores — estava há alguns poucos metros dela, poderoso e raivoso.

Ele elimina a curta distância até Mikasa, uma pata atrás da outra, como se nada fosse. Mikasa sentiu o estômago flutuar e então afundar cruelmente quando Levi a empurra de volta para o chão com a pata pesada, cortando-a profundamente com suas garras. Se era por acidente ou proposital, não soube dizer. Apenas admirou o próprio sangue escorrer, deslumbrada.

LEVI

Se olhasse para trás, em seu passado, desde que conhecera a garota, só havia erros. Nunca deveria ter comprometido sua tribo inteira por uma única humana. Nunca deveria ter cedido as lágrimas puras da garota — qualquer outro membro dos lobisomens teria executado-a antes mesmo que se desse conta. Levi não. Levi era o pior líder que a tribo tivera em séculos, e se o segredo fosse arruinado, seria culpa de seu descuido e de seu frágil coração. Seus pais morreram não há muito por esse exato motivo. Ele era fraco e isso não parecia mudar.

Levi não podia se dar ao luxo de desistir do cargo de líder. Havia um certo remorso a ser sanado, algo que não podia deixar nas mãos de seu tio Kenny para resolver; não confiava no homem para tal incumbência.

Apesar de ter a certeza inabalável de uma rocha, não pode continuar machucando a garota — não tinha o que era necessário para salvar sua própria família, e esse fato abalou muito mais do que a transformação fora de hora.

A primeira coisa que se escuta quando um lobisomem se transforma em humano novamente, é o quebrar dos ossos. É um barulho terrível, certamente, no entanto, não superava a dor causada. Levi era assim desde os doze (um prodígio), e mesmo que mantivesse seu olhar sereno e silencioso, no fundo ainda sentia vontade de soltar alguns gemidos dolorosos. O pelo some, os dentes diminuem e as garras se tornam unhas. Sem ta-dá, Poft ou Plum, estava desnudo diante da garota que salvara dias atrás e tentara matar àlguns segundos. Mikasa, então, mudara sua expressão de “percebi que estou machucada” para preocupada. Era como se ela não passasse de uma casca bonita envolvendo algo vazio. Sua expressão mudava com a suavidade de uma pluma, sutil demais para ser notada. E mesmo assim, a preocupação suave fora suficiente para comovê-lo. Sou fraco, pensou. Sou fraco e por minha culpa, todos que amo, todas as vidas que devo zelar, deixarão de existir. Se ele fosse um verdadeiro líder, um verdadeiro lobo, esmagaria o crânio da garota com todos os segredos que nela continham. Por anos a localização deles (que sempre alternava) era um segredo guardado as sete chaves. Quais quer humanos, lobos ou vampiros que pudessem saber alguma informação fora exterminado. Seu pai não fora uma exceção.

— Você quer ficar aqui, mas não pode. — Disse ele. Olhá-la de baixo, confusa e ferida não aliviava em nada a sua consciência. Focou sua atenção no grande corte que havia feito por acidente, e tentou não revelar o quanto o machucava. Era como matar uma criança. Uma criança grande e de olhos profundos. — Depois do que você viu, não posso permitir que você vá embora com vida.

— Então eu vou morrer? — Indagou, não tão abalada quanto deveria estar. Com aqueles grandes olhos azuis, ela parecia desafiá-lo.

— Não tem medo? — retrucou, desconfiado. Alguma parte em si ainda queria acreditar que Mikasa era uma espiã. Alguém que ele não precisava ter remorso em matar.

Os animais da floresta silenciaram-se, esperando pela resposta. O mundo parecia ter parado de girar, e o vento o chicoteava com força — uma tempestade vinha aí. Levi pensou na mãe, também morta por sua própria imprudência e ingenuidade. Talvez as cicatrizes que carregasse não o fizessem mais forte. Antes de Mikasa, achou que estava pronto para destruir todo o clã de filhos da noite e os caçadores noturnos. Agora, não tinha tanta certeza. Colocar a prova sua força mostrava para si o quanto não estava pronto.

— Tenho medo de esquecer novamente. Me pergunto se as pessoas que me criaram até então procuram por mim ou recordam de mim. As pessoas temem serem esquecidas, e no entanto, não lembro de uma só pessoa que saiba da minha existência, exceto você.

Era difícil entender o que Mikasa queria dizer. Parte dele entendia, morrer é ser esquecido pela vida. E eventualmente, ter uma fração de si, como uma pasta velha e empoeirada, na mente daqueles que você lutara tão fortemente para cravar a existência em si. Pessoas não poderiam viver de lembranças dolorosas, então o esquecimento lambia as cicatrizes.

Ele precisava ser duro. Mesmo que quisesse voltar atrás e lamentar, os dados do destino já dançavam pelo chão.

— Você foi arranhada por mim. — Começou ele — Você pode escolher em seu coração, mas seu corpo vai decidir. Viver como uma de nós ou morrer com nosso segredo.

— Segredo? Que você se torna um lobo? Todo mundo lá faz isso? Até a Isabel?

Levi ignorou as perguntas tolas — Jamais poderei demonstrar gentileza genuína com uma forasteira. Arruinei todo a minha tribo desde que te levei até eles. Disse a mim mesmo que estava apenas te usando… quando na realidade, estava sendo fraco. Por anos tentaram nos encontrar, e você obteve tudo tão facilmente.

Mikasa encarou a própria ferida e com muita dificuldade — e sem a ajuda de Levi — se colocou sob as duas pernas, usando o velho orvalho atrás de si como apoio. Suas mãos macias tocam-lhe o ombro, trazendo ainda mais confusão na mente tumultuada do garoto. Em sua expressão, pode ver claramente o quanto ela lastimava por ele; como se sentisse pena. O rapaz sacode a mão da garota dos ombros e não pode evitar de perguntar o motivo pelo qual se importava tanto com ele.

— Quando você me encontrou naquela praia, eu não era ninguém. Não passava de uma cega tropeçando no escuro. Você me deu olhos, e mesmo que essa ferida me mate, jamais sentirei um pingo de ódio por você. Talvez você me ache uma boba, mas estava morta até que você me encontrou — Respondeu, serena, articulando um pensamento complicado pela primeira vez. Levi escondeu o rosto até que a vermelhidão passasse — Por isso, não estou assustada. Nem mesmo agora. Porque você está aqui.

Mikasa arriscou tocá-lo novamente. Dessa vez, Levi permitiu.


 


Notas Finais


Me digam o que acharam!


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