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História Crônicas - Sobre o que alguns chamam de amor


Escrita por: Brokenprince93

Capítulo 5 - Sobre o que alguns chamam de amor


O amor é uma construção social.
A afirmação que fiz acima não é uma opinião, é um fato. Goste você ou não, amor é apenas o nome que damos a uma relação de troca de interesses que muito provavelmente se iniciou no momento em que a humanidade percebeu que era mais forte em grupo. A partir daí, esse relação de interesses mútuos que visavam principalmente a sobrevivência da espécie se desenvolveu ao ponto de nos permitir viver em comunidade onde cada um tinha sua função e posteriormente nos lançou uns contra os outros, comunidade contra comunidade, no que demos o nome de "guerras".
 Seria o "amor" o responsável pela sobrevivência da espécie humana desde os primórdios da civilização? Talvez, mas acredito que, independente de sua resposta pessoa à pergunta, ela não deve ser tida como um fato.
"Se o amor é apenas uma troca de interesses, como você explica o amor que meus pais sentem por mim?" 
Nesse sentido, lhes digo que sempre existe uma satisfação interna em indivíduos que realizam uma boa ação sem — teoricamente — exigir nada em troca. Talvez esses indivíduos não busquem essa satisfação psíquica conscientemente, mas o fato é que ela está lá, e você sabe disso tão bem quanto eu. 
Sempre que fazemos algo de bom a alguém,  ela nos atinge, variando apenas o grau de satisfação que cada um adquire de acordo com cada ação. Assim, o interesse de um pai que "ama" o filho é vê-lo feliz, saudável, etc... A recompensa para as ações de um pai diante de um filho é ver que todo o seu esforço rendeu frutos, que o filho cresceu de acordo com seus conceitos e princípios morais/éticos, que se encontra financeiramente estável, etc... Tudo isso ou apenas alguns desses fatores podem levar à tal satisfação interna consigo mesmo. Assim, não podemos afirmar que alguém seja capaz de agir de maneira tal que não lhe conceda nenhum tipo de "recompensa".
"Então não existe amor em uma relação entre dois seres humanos que não tenham relação de parentesco?"
Claro que existe, um marido e sua esposa se utilizam dessa relação de interesses mútuos diariamente, e, eu diria, os casamentos acabam justamente quando uma não vê mais vantagem em dividir sua vida com o outro quando o outro não tem mais nada a lhe oferecer em troca do que ele está oferecendo. 
"Mas que necessidades temos de sobrevivência ainda nos tempos atuais?"
Bem, atualmente nossas necessidades são basicamente psicológicas, diria eu. Logicamente, ainda existem milhões de seres humanos que não possuem o básico para sobreviver — o que muito provavelmente será discutido em outro texto —, mas, no que se refere à sociedades mais desenvolvidas econômica e socialmente, o que leva as pessoas a gostarem uma das outras são necessidades diferentes das de sobrevivência relacionadas à fisiologia, como nos períodos pre-históricos. 
Hoje, nos unimos para não ficarmos sozinhos, ou não nos sentirmos sozinhos. Nos unimos para nos sentirmos aceitos, adquirindo, assim, algum valor social perante a determinado grupo. Nos unimos porque vemos na TV que o natal tem que ser passado em família numa mesa gigantesca com uma quantidade imensa de comida e pessoas brancas risonhas e felizes. Nos unimos porque nossa sociedade não nos dá nenhuma outra opção que não nos cause sofrimento. Nos unimos porque não é bem visto ser feliz sozinho (seria possível?), ou porque ninguém acredita que seja possível ser feliz sozinhos e a necessidade de provar ao mundo o contrário talvez não valha o desgaste.
"Então o amor é apenas isso? Uma relação de interesses?"
Talvez seja, o que quero mostrar com esse texto, é que esse conceito de amor não o minimiza ou o desvaloriza de nenhuma forma. Muito pelo contrário, toda essa relação de troca de interesses — que alguns chamam de amor e definem como algo transcendental — talvez seja o que fez de nós humanos, seres capazes de se reconhecerem uns nos outros e aprenderem com o legado deixado pelos que aqui não mais estão.
"Então esse amor transcendental não existe?"
Talvez exista, só não evoluímos o suficiente para entende-lo dessa forma e temos de nos contentar apenas com o que podemos sentir.
Ou nos iludir pensando que sentimos algo que transcende a matéria e a natureza.
 



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