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História Crônicas de Ghost River - Shorty's


Escrita por: _Astronautaa

Notas do Autor


Como prometido, não demorei para voltar.

Capítulo 4 - Shorty's


Shorty’s

Aadya me ligou na semana seguinte, dizendo que os pais haviam marcado o casamento e que ela iria fugir de casa, mas não sabia para onde ir. Pedi que ela me ligasse um pouco depois, para que eu pudesse conversar com minha avó.
- Vó, a senhora não acha que seria adequado ter alguém para te ajudar aqui em casa, mesmo que por algumas horas? – Tentei explicar um pouco da situação da menina e minha avó aceitou de bom grado, levando em consideração sua idade avançada e o tempo que ela ficava sozinha em casa.
- Só espero que ela não queria se meter na minha cozinha e na minha horta! – Comentou como se fosse um aviso.
Combinamos com Aadya que ela poderia dormir lá por duas semanas, mas que ela era bem-vinda para trabalhar na casa e receber por isso, pelo menos o suficiente para se manter por um tempo. As duas semanas viraram um mês, depois um ano, depois três e minha avó nunca pedia que ela fosse embora. Ela era uma ótima companhia, além de fazer tudo o que minha avó não dava mais conta pela idade.

Logo após da minha formatura, consegui emprego como oficial. Passava o dia todo na rua vendo os casos mais legais serem pegos por “companheiros de trabalho” que não davam tanta importância, como eu, ao que faziam. Diferenciavam as pessoas pelas roupas e gênero. Era muito complicado ser respeitada quando até seus colegas agiam como se eu não servisse para o cargo, embora eu fosse muito melhor qualificada segundo minhas provas da academia.
As poucas vezes que eu conseguia ficar na delegacia, consegui organizar alguns materiais sobre minha cidade natal, mas não eram suficientes, pareciam maquiados ou escritos por alguém que não estava no local do ocorrido. Alguns arquivos eram protegidos por senhas de outros departamentos, o que significava que eu tinha que ser promovida.
Certo dia, eu estava sentada na escada de casa, conversando com minha mãe que estava regando as plantas da minha avó, Clarissa me ligou pedindo que eu fosse encontrá-la num local próximo a casa do Charlie, quando cheguei ao local, haviam algumas pessoas amontoadas. Clarissa me viu e me explicou o que houve:
- Então, algum idiota deixou dentro do lixo 6 filhotes. Eles estão vivos, mas não parecem muito bem, não. Essas pessoas vieram ver, algumas vieram adotar. O restante dos bichinhos veio de um abrigo. – Pegou um que estava miando além do normal e me deu. – Agora a gente tem um filho. Achei que fosse gostar desse. Não é um papagaio, mas acho que serve.
- É fêmea e é minha. – Automaticamente ela parou de miar. – Viu? – Sorri, me virando de costas.
- Ei, onde a senhorita pensa que vai assim? – Andou rápido até invadir meu espaço pessoal. – Sem tchau, sem até mais, sem um “eu te amo”, me liga. – Disse ironizando, como se a gente tivesse algum tipo de relacionamento amoroso. – Não há verdade suficiente em nosso noivado, Nicole. – Fingiu que ia chorar. Eu sorri e dei um beijo demorado na bochecha dela. – Você sabe que um dia a gente ainda vai casar, né? Espera só. – Deu um tapinha no meu ombro e voltou para a feira de adoção.
- Ei, Clari! – Gritei, ela se virou, mas ficou parada.- Qual seu nome do meio? – a gata ronronava em meu pescoço enquanto eu falava.
- Por quê? – Perguntou desconfiada.
- Ela precisa de um nome. – Apontei para o ser que estava brincando com meu cabelo.
- Meu bem, Clarissa é meu nome do meio. – Riu e saiu do meu campo de visão.
Cheguei ao carro, coloquei o filhote no banco de trás e mandei sms para ela: “Um dia você vai ter que me contar todos os seu segredos!”
Clarissa e eu nunca tentamos ter um relacionamento, mas ela era divertida o suficiente para eu manter ao meu lado, além de ser incrível.
Fui ao veterinário e lá fizeram tudo o que precisavam. Uma semana depois ela estava completamente saudável e enfrentando o pastor alemão que morava conosco. Aadya a batizou de “Sibyl”.

Alguns dias depois, meu supervisor imediato me chamou para conversar, entre elogios e recomendações ele me contou que em uma cidade dentro da nossa jurisdição estavam precisando de um sub-xerife e o xerife de lá tinha visto minhas notas da academia e queria que fosse eu a escolhida.
- Qual o nome da cidade? – Perguntei curiosa.
- Purgatory. – Respondeu, parecendo animado. – Mas sinceramente, Nicole, você é uma das pessoas mais competentes que trabalha aqui, se você optar por não ir, não vou fingir que não fiquei feliz, ok? Mas fica a seu critério, vai ser bom para sua carreira, apesar do serviço ser dobrado.
- Obrigada. – Respondi envergonhada com os elogios e então retomei minha linha de raciocínio. – Você sabe alguma coisa sobre essa cidade? Ouvi dizer que acontecem coisas estranhas por lá. É por isso que ninguém quer trabalhar como policial lá?
- Pelos registros que a gente tem, às vezes acontecem alguns ataques de animais, mas dentro da floresta. Só é incomum porque aqui na cidade grande os animais estão congelados em nossa geladeira, prontos para serem cozidos, lá eles estão livres. – Tentou se fazer convincente. Aparentemente ele também estava convencido que eu era a pessoa mais adequada para o cargo.
- Tem algum prazo para eu dar a resposta, Stanchfield? – Perguntei, mas pouco interessada em realmente aceitar. – Eu realmente acho que eu preciso de mais um tempo por aqui antes de mudar de cidade, de cargo, tudo. – Expus o que eu pensava, antes que ele tentasse me convencer novamente.
- Você pode pensar, porém o cargo já está aberto. Caso você não dê uma resposta em breve, provavelmente o Xerife Nedley terá que preencher com outra pessoa e ele realmente gostou do seu desempenho. – Foi até a máquina de café que ficava na sala dele e pegou um pouco para ele. – Quer um pouco? – Neguei. – A gente fez a academia juntos, então eu sei que ele é muito justo no que faz, embora a filha dele seja não muito “simpática”. – Fez aspas com os dedos.
- Eu vou pensar, mas acho que não vai algo para agora. – Me levantei e sai para começar a trabalhar.
No final do expediente o Xerife já tinha deixado duas mensagens para mim na delegacia, pedindo para que eu ligasse para ele. Claro que o Stanchfield já tinha falado com ele.
- Oficial Haught? É um prazer falar com você pela primeira vez. Obrigado por ter me ligado. – Disse o Xerife em tom agradável.
- Não é sempre que tem um xerife atrás da gente oferecendo emprego. – Respondi, tentando parecer divertida.
- Isso quer dizer que você mudou de idéia? – Perguntou gentilmente.
- Isso que dizer que eu agradeço a oferta, mas eu acabei de começar a trabalhar aqui. Ia ser um pouco complicado de me mudar agora. – Expliquei pausadamente, tentando parecer o mais agradecida possível.
- Por que você não vem conhecer a cidade, se você não gostar, a gente não fala mais no assunto. – Fez uma pausa rápida e continuou – Um dia ou um final de semana, você escolhe.
- Isso eu posso fazer. Vou ver com uma amiga e te mando um e-mail com o dia e hora.
- Ótimo, oficial Haught, fico aguardando.
- E de novo, obrigada pela oferta, significou muito para mim. – Agradeci e desliguei.
Conversei com Clarissa e ela concordou em passar o final de semana em Purgatory, embora Charlie tenha dito que era melhor não.
Minha avó fez algumas “variedades” de coisas para gente levar, como se fôssemos acampar e por uma semana, ela um total exagero, mas era comida e Clarissa nunca negaria comida.
Quando a gente chegou, Clarissa começou a falar com estranhos perguntando o que a cidade tinha para oferecer para duas turistas. As opções estavam escassas, dentre elas invadir festas de enterros para comer ou beber até não lembrar qual era seu nome entrar na única casa noturna que tinha. Escolhemos a segunda opção, já que comemorar a morte de desconhecidos seria algo muito estranho, embora curioso.
Entramos na delegacia e perguntamos pelo xerife, ele nos esperava. Nos cumprimentou e ofereceu café, aceitamos. Ele se prontificou em mostrar a cidade e depois nos levar no bar onde o Wyatt Earp bebeu. Então, aparentemente o bar era o point da cidade. Na primeira avenida Clarissa já estava entediada, era o tipo de cidade que começava e terminava igual.
Nedley era um senhor muito simpático e cuidadoso, era engraçado andar com ele pela rua, todo mundo o conhecia e o cumprimentava, o que pra mim era uma distração desnecessária na hora do trabalho, mas como eu não estava em serviço, entramos finalmente no Shorty’s Saloon, “o bar onde Wyatt Earp bebeu”. Clássico bar de velho oeste, todo feito de madeira. Nós três sentamos longe do balcão. Nedley cumprimentou o atendente, que até se parecia um pouco com ele. Pediu três cervejas e trouxe até nossa mesa. Depois ele nos contou que a pessoa que atendeu ele era o gerente e sócio do lugar e que a tataraneta do Wyatt também trabalhava lá.
- Você vai adorar a Waverly, todo mundo gosta dela por aqui. – Deu outro gole na cerveja e apontou para algumas mesas para falar sobre a vida de algumas pessoas.
Clarissa estava entediada até Waverly aparecer com um top vermelho e azul marinho escrito “Shorty’s” e um shorts curto. O sorriso da moça do balcão era encantador, Clarissa olhou para mim e para ela e sorriu ironicamente.
- … então, mas nem sempre é tão calmo como parece. Final de semana fica um pouco mais agitado a noite. – Nedley continuou falando, mas eu não tinha ouvido metade da conversa. Ele percebeu que eu estava ausente e mudou um pouco de assunto. – Fiquei sabendo do que aconteceu em seu primeiro dia de aula, foi por causa do oficial que levou advertência que você não tentou vaga na delegacia próxima a sua casa?
- Basicamente sim, mas como o detetive Lorenzo foi transferido para aquela e eu já o conhecia, então preferi ir para outra. – Respondi, bebendo o restante da cerveja. – Também achei que o oficial pudesse querer me prejudicar de alguma forma e eu realmente não quero confusão, mas ele mereceu a advertência, ele foi um babaca com o que tinha acontecido. – Encostei na parede e peguei a garrafa da Clarissa que ela só tinha bebido metade. – Ele como policial não deveria favorecer o agressor, mesmo que o cara seja parente. – Nedley sorriu com meus comentários e se levantou para pedir mais três cervejas.
Waverly as abriu e entregou a ele, Clarissa me olhou de novo como se tivesse um plano em mente e se levantou para falar com a Earp. Quando Nedley se sentou, recebeu um chamado sobre algum incidente na praça central de Ghost River.
- Peço desculpas, mas tenho que ir. Como eu disse, estamos precisando de mão de obra por aqui. Espero que goste da cidade. – Deixou uma nota de 50 em cima do balcão e se foi.
- O que vocês fazem exatamente por aqui? – Pegou um copo de shot de tequila e o encheu com a garrafa que estava em cima do balcão. – Alias, o que vocês fazem além de beber e esquecer que estão aqui? – Pegou outro copo e deu para Waverly beber. Clarissa contou até três e ambas entornaram a bebida.
- A gente faz fogueira no quintal e contamos histórias de terror. – Riu e virou as costas, deixando Clarissa na dúvida se era sério ou não.
- E quem não mora por aqui? Invade as histórias de terror dos outros? – Clarissa pegou o copo de Chopp e estendeu para Waverly encher.
- Ou viram a história de terror para a próxima fogueira. – Entregou o copo e foi atender um cliente do outro lado do balcão.

- Ela é bem simpática, mas é esquisita. – Comentou ao voltar para seu lugar.
- Ou ela não queria conversar com você. – Ri pegando o copo que ela segurava.
- Virou hábito? – Apontou para o copo – Arruma um para você. – Pegou o copo de volta.
Me levantei para ir até o balcão e ela me fez sentar de novo.
- Espera, vamos fazer um acordo.
- Ai, lá vem. – Esperei ela falar.
- Se você chamar ela pra sair e ela aceitar, você não aceita o cargo. Se ela disser não ou talvez, você aceita o cargo.
- Minha carreira baseada em uma aposta.
- Não, sua vida amorosa baseada em uma aposta. – Arqueou as sobrancelhas e sorriu, me dando espaço para passar de novo.
Fui até o balcão e no meio do caminho voltei.
- Parece que nosso alvo tem um namorado, cheio de tatuagens. – Me sentei – Você pega o chopp.

A gente bebeu por algumas horas, até que a Chrissy Nedley apareceu, dizendo que o pai, o xerife, estava convidando a gente para o jantar.
- Avisa para ele que estamos agradecidas, mas fica para outra vez. – Respondi.
- Já que você está aqui, a gente ouviu um casal dizendo sobre uma festa clandestina no subúrbio, sabe onde fica? – Perguntou Clarissa, com o 8º copo de chopp na mão.
- Sei, mas você tem certeza que quer ir lá? – Perguntou, olhando para mim.
- Eu não vou, ela vai. – Voltei a beber meu chopp.
Chrissy pegou o celular da Clari e anotou o endereço.
- Eu vou para festa dar uns beijos, afogar minhas mágoas já que você perdeu a aposta e vai se mudar para esse fim de mundo. – Me olhou com cara de poucos amigos, colocou a bolsa no ombro e foi embora com a Chrissy.
Quando cheguei ao hotel, meu celular começou a travar com tantas mensagens da Clarissa.
“MENINA, VOCÊ NÃO SABE QUEM ESTÁ AQUI!”
“O NAMORADO DA SUA QUASE NAMORADINHA TÁ AQUI SE ESFREGANDO EM DUAS MULHERES!”

Um minuto depois meu celular estava com mais de 15 fotos do namorado da moça do Shorty’s.

“Eu já entendi, não preciso dessas fotos no meu celular. Nem a menina precisa passar por isso.” Respondi e fiquei vendo TV até dormir.


Notas Finais


Obrigada a quem comentou no capítulo passado e não esqueçam de comentar nesse.

Quem me adicionou no twitter um agradecimento especial pela animação quando eu disse que ia postar às 00h. @_astronautaa

Beijos e até semana que vem.


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