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História Crônicas de Heróis - Cachoeira


Escrita por: UchihaAika

Notas do Autor


Oi pessoal <3
Esse capítulo, excepcionalmente, contará com dois POVs. Os dois POVs aqui retratados foram bem cansativos para escrever, e eu não gostei muito do resultado final, então não achei que seria justo enrolar vocês por dois meses com capítulos que não me agradam. Então, envio os dois de uma vez! Espero que vocês consigam gostar mais do que eu gostei (:

Capítulo 67 - Cachoeira


Kakashi

 

 

 

Quando alcançaram as ruínas do Clã das Bruxas, a tarde ainda estava alta, e o sol, que certamente já era um sol de verão, estava escaldante sobre suas cabeças.

As ruínas do palácio eram um amontoado de pedras enegrecidas e envoltas por musgos. Muitas partes haviam sido derretidas pelo fogo de dragão, mas em alguns lugares ainda existia o restante de um teto, de um salão, por vezes até mesmo uma janela sem vidros, ou um pedaço de escada. Tudo aquilo que outrora havia sido feito de madeira, havia apodrecido. Ainda assim, a estrutura de base principal era mantida, e aquilo ocupava um local imenso. A mata, sem ser controlada, já havia estendido as árvores e inclusive as espécies de animais para dentro daquela estrutura arruinada.

Ainda assim, gostavam dali. Sempre que podiam paravam naquele local para descansar, pois ali era certo que havia ao menos uma proteção para a chuva caso ela os alcançasse. E também, havia sido naquele local que tinham encontrado Kirin, quando era apenas uma filhote, portanto era um local de boa sorte. Aqui talvez seja exatamente o local propício para esperar por Sasuke.

O rapaz Sasuke, que era como um dos filhos que ele havia permitido que morresse… não perdoaria a si mesmo agora caso tivesse permitido-se cometer o mesmo erro. Não poderia sobreviver mais uma vez com uma culpa daquelas sobre suas costas. Precisava, para sua própria sobrevivência, que Sasuke estivesse vivo e, além disso, aparecesse de uma vez.

–  Nesse lugar não precisaremos montar o pavilhão.  –  Disse Naruto, observando as ruínas com certo encantamento.

–  Dormiremos aí dentro, então?  –  Ino questionou, com aparente receio. Kakashi riu.

–  Você está com medo das ruínas de um palácio velho?

–  Não, é só que… existem várias histórias sobre esse lugar.

–  Sem dúvidas existem várias. Mas a mais trágica delas é o dragão que destruiu tudo para roubar os tesouros, e dragões não mais existem hoje em dia.  –  Naruto retrucou. Ino cruzou os braços, como se protegesse a si mesma.

–  E os espíritos das bruxas velhas…

–  Nunca nos perturbaram, e acredito que não perturbarão dessa vez.

–  Minha ama de leite costumava contar-me a história de um viajante que resolveu passar a noite no grande salão mestre do clã, embora eu não consiga identificar qual parte dessas ruínas poderiam ser qualquer coisa.  –  Disse Hinata.

–  Eu também ouvia essa história! É arrepiante!  –  Ino exlcamou.

–  Está bem, podemos nos reunir ao redor da fogueira à noite e contar histórias assustadoras sobre o local em que vamos dormir, mas acho que agora temos coisas mais importantes para fazer… como caçar.

–  Sim, caçar.  –  Naruto falou, pegando o arco e a aljava de flechas, e partindo antes mesmo que alguém dissesse alguma coisa.

–  Bem, se não precisamos montar acampamento, acho que não temos muita coisa para fazer…  –  Começou Hinata.  –  Existe algum rio aqui por perto?

–  Existe, fica logo depois da mata na direção leste.

–  Então, vou aproveitar para tirar um pouco do desconforto e da sujeira do corpo. Você vem comigo, Ino?

Ino olhou para Hinata, e depois para Kakashi. Quando recebeu aquele olhar, ele logo soube que ela não iria com Hinata.

–  Na verdade eu estava pensando se eu e Kakashi poderíamos continuar nosso treinamento.

–  Claro!

Kakashi nunca havia visto alguém tão determinado a aprender algo como Ino estava naqueles dias, desde que haviam perdido Sakura e Sasuke. Ele não podia negar que admirava sua determinação, e que talvez fosse essa admiração que fizesse com que não se sentisse nem um pouco incomodado em repetir, novamente, todos os ensinamentos que outrora havia repassado a Naruto e Sasuke de maneira exaustiva.

–  Então eu vou sozinha, se quiser me procurar estarei lá.

Hinata partiu, e Kakashi, com um sorriso, logo pegou as duas espadas de madeira que trazia em um saco de estopa velha pendurado ao ombro.

–  Você nunca vai se cansar disso, não é mesmo?

–  De maneira alguma.

Kakashi jogou a espada para ela, e ela segurou, no ar, pelo cabo, com certa destreza. No começo a espada sempre caía, e aquela havia sido a sua primeira evolução. Com o tempo, e com o treinamento diário, Ino havia melhorado em muitos outros aspectos, e hoje Kakashi já tinha certeza de que, ao menos em uma emergência, ela seria capaz de proteger a si mesma.

–  Comece você dessa vez.

–  Eu?  –  Ela pareceu surpresa.

–  Sim. Não sabe atacar por um acaso?

Uma ruga surgiu entre as sobrancelhas amarelas de Ino.

–  Mas é claro que sei!

–  Então o que está esperando?

Com aquele convite, ela veio em sua direção, e moveu a espada sobre ele de cima para baixo. Kakashi defendeu sem muita dificuldade, mas reconhecia que Ino tinha golpes bastante fortes para uma mulher que nunca antes tinha manejado uma espada. Com o golpe bloqueado, ela tomou impulso e girou para a esquerda, lançando novamente a espada de pau em sua direção, daquela vez rumo ao pescoço. Quando Kakashi defendeu, percebeu que não tinha sido atingido por pouco, e com uma ligeireza inesperada Ino escapou de sua defesa e, com uma estocada precisa, acertou seu estômago. Despreparado, Kakashi sentiu até mesmo falta de ar, e jogou-se ao chão, vendo o sorriso nos lábios dela tomar forma.

–  Morto.  –  Disse, imitando as brincadeiras que ele costumava fazer quando a atingia.

–  Por muito pouco que não estou morto de verdade.  

–  Agora você provou de seu próprio veneno.

Quando ela disse isso, ergueu a manga da túnica para mostrar os diversos hematomas roxos, alguns já amarelados, e outros ainda muito escuros. Kakashi não evitou rir.

–  Você reclama demais. Nem Sasuke e Naruto, que eram apenas crianças, reclamavam tanto.

–  E você agora deve se acostumar a apanhar, Sor, isso é tudo o que digo.

Ino ofereceu a mão para ajudá-lo a levantar, e Kakashi aceitou a ajuda. Logo depois, seguiram seu treinamento no mesmo ritmo, sendo que naquele dia em especial Ino parecia ainda mais determinada que o usual. Kakashi não podia fazer ideia do motivo, mas ela certamente havia ganhado um pouco mais de força nos braços. Tanto que quando terminaram o treinamento, Kakashi tinha dores nos músculos dos braços e das pernas.

–  Hoje você se superou.  –  Disse a Ino, e ela riu.

–  Estou apenas melhorando.

–  Tem razão. Na próxima vez, acho que já será hora de colocar uma espada de verdade em suas mãos, para que sinta o peso e o equilíbrio do aço, mas principalmente para que saiba manejá-lo com cuidado. Aço nas mãos de quem não sabe manejar é algo extremamente perigoso.

–  Eu acho que já estou preparada para isso.

–  Isso é algo que você saberá apenas no momento em que de fato tiver a espada em suas mãos.

–  E por que não podemos fazer isso agora?

Kakashi não evitou um suspiro.

–  Porque eu estou cansado, e porque nem Naruto nem Hinata retornaram ainda para que eu possa ir até o rio antes de o sol se pôr. Por que essa demora toda?

Kakashi arrependeu-se de perguntar aquilo e, consequentemente, poder ter colocado minhocas na cabeça de Ino. Ele já sabia, pelo tempo que viviam juntos, que Hinata não apenas era casada, mas tinha um grande respeito por seu marido e por seus deveres como Senhora de Hyunin. Entretanto, sabia melhor ainda que não podia confiar em Naruto quando houvesse uma mulher bonita envolvida. Não duvidava que o rapaz estivesse seduzindo a moça com todas as armas de sedução que possuía. O que pode ser bem cansativo, mas honestamente espero que não seja.

–  Hinata deve estar aproveitando o rio, mas se ela continuar demorando irei procurar por ela. Também quero a chance de um banho ainda hoje.

–  Pense pelo lado bom, ainda teremos um bom tempo para ficar aqui, com o rio ao nosso lado. Quando estamos viajando por vezes ficamos tempo demais sem uma boa água no caminho.

Kakashi sabia daquilo perfeitamente, e na verdade estava bem acostumado àquela realidade, tanto que não sabia se algum dia teria coragem de mudá-la. Lembrava-se de quando morava em Ribeirinho, com o rio correndo logo atrás da aldeia, mas aquilo parecia ser em uma outra vida, como se ele fosse, naquela época, uma pessoa completamente diferente.

Naruto apareceu, carregando dois cisnes com um imenso sorriso no rosto.

–  Vejam o que consegui! A comida hoje será das boas!

–  Pela demora, parece que você teve dificuldades com isso.  –  Disse Ino.

–  É, eu tive dificuldades em encontrá-los, precisei procurar muito pela floresta, ver várias coisas.

Kakashi conhecia Naruto muito bem para saber que aquilo significava que ele havia encontrado Hinata em seu banho, e gastado tempo suficiente espionando-a. Mas isso também significa que ele não fez nada além de espiar, o que é bom. Já havia aconselhado Naruto, e imaginava que aquilo fosse suficiente, mas aparentemente Naruto estava bastante determinado sobre aquela moça, e Kakashi sabia bem que, em casos como aquele, não importava o que ele dissesse.

–  Agora o importante é acender uma fogueira para assar esses cisnes, pois estou com fome.  –  Disse Ino, possivelmente sem perceber aquilo que Naruto escondia por trás de suas palavras.

Kakashi fez questão de deixar explícita em seu olhar a reprovação que tinha por aquelas atitudes de Naruto, mas ele parecia não dar a mínima importância. Se Sasuke estivesse aqui, tenho certeza de que ele pensaria bem antes de fazer qualquer coisa. Aquilo era algo com o que Kakashi já estava acostumado desde o dia em que decidira partir com os dois, ou até mesmo antes disso. Eles eram criados como irmãos, e tinham a mesma idade, portanto sua comunicação era infalível, e funcionava melhor do que qualquer outra comunicação de fora. Desde os primeiros meses de vida de ambos, eles viviam juntos, e possivelmente aquela era a primeira vez em que se separavam.

Kakashi entregou a pederneira para Ino quando ela retornou com os gravetos para a fogueira, e ela mesma acendeu o fogo, enquanto Naruto depenava o cisne e limpava-o por dentro. Hinata retornou naquele momento, com os cabelos pingando água gelada, mas bastante alegre.

–  Há uma cachoeira!  –  Exclamou enquanto apertava os cabelos para retirar o excesso de água.

–  Sim, e uma cachoeira maravilhosa. Kakashi não havia dito para você?  –  Naruto questionou.

–  Ele falou que havia o rio, fiquei surpresa quando encontrei a queda d’água.

–  Minha intenção sempre foi surpreendê-la.  –  Mentiu, pois sequer lembrava que existia uma cachoeira naquele local, afinal já havia passado por cachoeiras demais para que pudesse se lembrar de todas.

–  Isso eu tenho certeza de que foi uma mentira.  –  Naruto falou, mas Kakashi limitou-se a lançar seu olhar de reprovação para ele novamente, na esperança de que ele compreendesse. Contudo, foi mais uma vez ignorado.

Espere só até o Sasuke chegar, e então vamos ver se continuará ignorando.

Quando o sol se pôs, a fogueira crepitava, e a carne de cisne começava a dourar em um lado. Naruto virou os espetos, e então todos sentaram ao redor da fogueira, escutando os sons do mundo ao redor.

–  Poderíamos passar a noite o grande salão mestre do palácio das bruxas.  –  Sugeriu Ino.

–  Nem brinque com isso.

–  O que tem no grande salão?  –  Naruto questionou.

–  O espírito de uma centena de bruxas enfurecidas que foram torradas pelo fogo de dragão enquanto festejavam em honra da bruxa líder do clã.

Naruto soltou uma gargalhada.

–  Eu acho que saberia se existissem espíritos de bruxas aqui, especialmente uma centena deles.

–  Esperto, ninguém falou que era aqui! É no salão mestre, e ninguém espera que esse lugarzinho seja um salão mestre.

Estavam em um espaço elevado por cinco degraus de pedra enegrecida e derretida, envoltos por paredes que outrora deviam ter sido altas, mas que agora eram queimadas e derretidas até, no máximo, a altura de Kakashi em pé. Atrás deles, o que antes era a parte mais interior do palácio, ainda tinha uma parede bastante alta, que continha uma porta de madeira queimada e inútil, e também sustentava a metade de um teto escuro pelo fogo de dragão, o que mostrava que ao menos aquela parte não era bastante ampla quando estava em seus melhores tempos. A Kakashi, parecia-se mais com uma sala de entrada pequena, ou talvez um quarto de espaço bastante limitado.

–  De qualquer forma, nas outras vezes em que estive aqui com Sasuke nós exploramos o local, e não vimos nem sinal de uma centena de espíritos.

–  Talvez elas gostem de vocês.  –  Disse Ino, dando de ombros, sem admitir a derrota.

–  Bruxas dificilmente gostam de algum humano.  –  Kakashi começou, antes mesmo de perceber.  –  Uma vez conheci uma, quando ainda viajava com Izuna. Nós conhecemos uma bruxa, e ela era muito bela, ou ao menos fingiu ser enquanto estava com a gente. Vocês sabem, dizem que as bruxas possuem encantos que fazem com que elas pareçam mais belas e mais agradáveis do que de fato são. Eu bebi muito naquela noite e de pouca coisa me lembro… tudo o que sei é que quando acordei ela não estava mais lá.

–  Essa história não teve nada de interessante.  –  Ino disse, e pareceu terrivelmente desapontada com a falta de emoção na história.  –  Eu estava esperando que você contasse algo fabuloso, em que eu talvez sequer acreditasse… isso que você disse eu acredito até demais. Sem graça.

Hinata riu.

–  Sor Kakashi deve ter histórias muito boas sobre suas viagens pelo mundo.

–  Não vá até Kakashi para isso, eu mesmo posso contar muita coisa.

–  Com todo o respeito, Naruto, mas Sor Kakashi deve ter muito mais.

Kakashi não evitou uma gargalhada. Naruto precisava perceber que Hinata não era tão louca por ele quanto ele parecia acreditar que ela era, e que na verdade ele era o mais envolvido entre ambos. Hinata está preocupada demais com a irmã para ser capaz de focar nisso. Mas ainda assim, ela não está totalmente alheia a ele.

–  Eu de fato tenho o dobro ou o triplo de histórias que Naruto poderia ter, mas acabo de pensar em algo mais útil que poderíamos fazer nesse momento.

–  E o que seria isso?

–  Começar a planejar o que faremos quando chegarmos em Torreal. Sakura e Sasuke estarão conosco, então certamente teremos que falar com eles sobre isso, mas seria bom se já tivéssemos uma ideia do que pretendemos fazer. Estamos cada vez mais próximos desse momento.

–  Resgataremos Hanabi e Sasori de qualquer maneira.  –  Disse Hinata. Kakashi não evitou sorrir naquele momento.

–  Sua determinação é louvável, Hinata, mas como a herdeira de Hyunin você deve saber que as coisas não serão tão simples.

–  De fato sei. Mas precisamos pensar em algo…

–  Não será simples resgatar os dois, mas pode ser algo que Sasuke, como príncipe, pode revindicar.  –  Naruto sugeriu.

–  Como assim?  –  Ino questionou.

–  Ele pode pedir para Madara liberar Sasori e Hanabi, alegando serem amigos.

–  Não… isso seria muito arriscado. Eu não confio que alguém como Madara Uchiha pode ter boas intenções, mesmo que seja com a família.

Ino soltou um som desdenhoso.

–  Uma pessoa capaz de fazer o que ele fez não tem qualquer tipo de boa intenção, garanto. Não devemos colocar Hanabi e Sasori em risco. Talvez resgatá-los na calada da noite, sem ninguém ver, seja a melhor opção…

–  Mas e quanto às outras pessoas? Não acham que eles desejarão ser libertos também?  –  Kakashi ponderou.

O silêncio reinou por um longo tempo entre eles, e apenas os grilos e corujas fizeram sua canção ressonar pelo mundo.

–  Não podemos esquecer que não somos um exército. Agora somos quatro pessoas, e em breve seremos seis. Além disso, eu sou uma Hyuuga, tal como minha irmã, e se Madara Uchiha descobrir isso nós duas jamais sairemos de lá com vida.

–  Madara não descobrirá, Hinata. Na verdade, evitaremos ele o máximo possível, e honestamente eu não acredito que ele desejará nos ver também.

–  Já eu, duvido que não.  –  Kakashi revelou.  –  Madara certamente ficará curioso em saber por que o sobrinho retornou, após tantos anos, e justamente em uma época conturbada como essa.

–  Será?  –  Naruto questionou.

– Trabalhei com Madara durante cinco anos, Naruto. Conheço-o melhor do que gostaria. É certo que teremos que ir bastante preparados, e com muitas desculpas. Desculpas especialmente convincentes.

Kakashi sabia que não seria fácil retornar após ter partido sem explicar qualquer coisa, mas sabia também que Madara costumava respeitá-lo, tanto que permitiu que o sobrinho e o protegido partissem em uma jornada sem fim ao seu lado, confiando que ele seria capaz de proteger a ambos. Ainda assim, temia pelo retorno. A última vez em que retornara a Torreal após muito tempo fora, havia sido aprisionado ali por anos. Esperava apenas que a história não se repetisse.

 

 

 

 

Hinata

 

 

 

Há dois dias estavam parados nas ruínas do Clã das Bruxas, apenas sobrevivendo e esperando. Para Hinata aquela parada era algo bastante angustiante quando pensava sobre as situações pelas quais sua irmã poderia estar passando, isso se ainda estivesse viva. Contudo, pensar na possibilidade de que ela estivesse morta era imensamente mais angustiante, e quase fazia com que ela saísse dali naquele momento, correndo, e sozinha, em busca de Hanabi.

Mas sabia que as coisas não podiam acontecer daquela maneira. Precisava esperar Sakura, que mais cedo ou mais tarde deveria retornar, e especialmente, precisava permanecer com Kakashi, Sasuke e Naruto, pois a presença deles faria com que as coisas se tornassem mais fáceis. Poderemos pegar Hanabi e Sasori sem que ninguém perceba, se tudo der certo… e é apenas isso que desejo.

Hinata levantou-se do chão sobre o qual dormia, e espreguiçou-se. As costas não doíam mais, pois já havia se adaptado ao chão e a utilizar sua capa como travesseiro, isso se a noite não estivesse fria.

As ruínas enegrecidas erguiam-se ao seu redor, e apenas elas. Ninguém mais estava ali. O restante da fogueira da noite passada era agora apenas cinzas, mas ainda soltavam alguma fumaça. Escutou o latido de Kirin vindo do lado de fora das ruínas, e com certa dificuldade, pôs-se em pé para ir até lá.

Em um canto distante, entre as árvores, arbustos e trepadeiras, Ino e Kakashi treinavam com uma espada de verdade, e de uma maneira bastante diferente daquela que Hinata estava acostumada. Reconhecia, contudo, que Ino estava se saindo muito bem mesmo com o tempo relativamente curto de treinamento. Hinata treinara durante quase um ano para conseguir apenas equilibrar uma espada e manejá-la da maneira correta, e aquilo ainda era longe de ser o ideal. Ela precisara treinar por um bom tempo para ter uma noção mínima que a tornasse alguém capaz de defender pelo menos a si mesma.

Em outro canto mais distante, em um espaço livre de árvores, Naruto brincava com Kirin sob o sol. Os dois corriam de um lado para o outro, até que a cadela alcançasse sua perna e o derrubasse, e então ambos girassem pelo chão. Hinata acabou sorrindo enquanto os observava, mas tratou de repreender a si mesma com ligeireza suficiente. Tinha perfeita noção de que por vezes, acabava oferecendo os sinais errados a Naruto, mas o grande problema era que tinha dificuldades em controlá-los.

Naruto costumava estar sempre procurando por ela, tratando-a bem, e além disso, era um rapaz indescritivelmente belo. Hinata detestava-se por ter permitido que a beleza dele a desconcertasse desde a primeira vez em que o vira, mas era um fato que ela não podia negar: Naruto era o rapaz mais belo que alguma vez já vira, mais belo até mesmo que seu marido Neji.

Se tudo tivesse permanecido apenas em uma admiração da beleza de um jovem rapaz, Hinata não se sentiria tão mal. Mas havia passado daquilo há muito tempo. Naruto a observava mais do que ela gostaria, procurava estar perto dela mais do que era seguro, e ainda a havia beijado. Hinata sabia que devia esperar aquilo, mas ainda assim não deixou de ficar surpresa. Após o beijo, ignorara Naruto por algum tempo, pensando que talvez isso fosse afastá-lo, mas aparentemente o desprezo havia sido atrativo ao rapaz. Agora ele olhava em sua direção como se a desejasse de todas as formas, e aquele olhar, que devia causar apenas asco, na realidade deixava suas pernas bambas. E nem mesmo Neji era capaz de ocasionar aquilo.

Nascera e crescera com Neji, conhecendo seu jeito, suas manias e até mesmo sua estonteante beleza tornara-se comum para ela. A ideia de que ele seria seu marido era quase intrínseca, a acompanhava desde o começo de sua vida, e nunca havia sido algo passível de contestação. Na verdade, nem mesmo agora ela contestava, estava bastante satisfeita em tê-lo como marido. Entretanto, talvez o fato de ele ser seu prometido por tanto tempo era a razão para que ele não causasse aquelas emoções que alguém novo e diferente poderia causar. E Hinata não podia saber quanto tempo resistiria àquelas novas sensações.

–  Você acordou!  –  Ouviu-o chamar, e aquele simples chamado já fez com que se sentisse levemente nervosa.

–  Sim, acabei de acordar… acho que dormi demais, na verdade.

–  É sempre bom dormir demais, especialmente no momento de espera em que estamos. Quanto mais a gente dorme, menos tempo parece que a espera demora.

Kirin pulou nas pernas de Hinata, e ela acariciou a cabeça da cadela, enquanto ela lambia sua mão.

–  É verdade. Veja Ino e Kakashi, toda hora treinando… aposto que eles não percebem como o tempo passa.

Pensamentos nada esperados invadiram sua mente naquele instante, sobre como seria caso ela e Naruto decidissem fazer o tempo passar juntos, tal como Ino e Kakashi. Possivelmente não haveria nada de parecido com o que os outros dois faziam.

–  De fato. Você parece preocupada hoje. Aconteceu algo?

–  Não, nada. Eu apenas acordei pensando sobre Hanabi, sobre quando conseguirei finalmente resgatá-la, mas percebi que tenho certo medo da resposta.

–  Medo? Por quê?

–  Porque não há como saber o que fizeram com ela. E se eu chegar lá e ela não estiver mais lá? E se estiver morta…?

–  Não! Hanabi não estará morta! Se Madara quisesse que ela morresse, ele não a teria levado embora. Você conseguirá resgatá-la, Hinata!

Agradeceu o incentivo de Naruto com apenas um sorriso, pois aquilo era tudo o que podia oferecer. Não era capaz de tocar nele, pois não sabia onde um simples toque poderia acabar, e ao menos naquele momento não desejava que acabasse muito longe, pois devia respeitar Neji.

–  Espero que você esteja certo. Agora vou até a cachoeira.

Quando Hinata estava partindo, ele segurou sua mão, e uma onda de arrepios percorreu seu corpo inteiro. No momento em que voltou a olhar para ele, foi como se seus olhos estivessem mais azuis do que nunca.

–  Eu estava quase indo para lá também, então pensei em ir com você, o que acha?

Hinata pensou em negar naquele instante, mas pensou sobre o quão embaraçoso seria ser rude com ele. Ainda temos um longo tempo de viagem juntos pela frente, e não imagino como seria desconfortável caso não fossemos amigáveis um com o outro… mas ele está apenas pedindo para ir junto, apenas isso. Entraremos com roupas.

Hinata costumava entrar nua na água quando ia sozinha, permitir que a água gélida e corrente levasse todas as impurezas de seu corpo, e sempre se sentia renovada após um bom banho daqueles, afinal, não havia cachoeiras em Hyunin, apenas um pouco mais longe, então raramente alguém a acompanhava até lá.

–  Tudo bem.  –  Respondeu, forçando um sorriso. Entretanto, desvencilhou-se do toque dele o mais rápido que pôde.

–  Essa cachoeira é um ótimo lugar, se pudesse dormia por lá.

–  Certamente eu também. Já que estamos parados aqui, e que ficaremos por um tempo, devemos ao menos aproveitar o lado bom disso.

–  Concordo.

Entraram na mata seguindo uma trilha que já quase desaparecia entre os arbustos e as plantas que cresciam rasteiras no chão. Ainda assim, sempre conseguiam chegar com facilidade, já que não ficava muito longe dali. O único problema era que a cachoeira ficava para baixo, então precisavam descer o grande barranco, aos poucos, e na volta, subir era a parte mais difícil. Por sorte, havia pedras e raízes nas quais podiam facilmente apoiar os pés, entretanto os joelhos de Hinata já estavam bastante ralados de tanto subir e descer o barranco, ainda que utilizasse sempre suas calças de montaria.

A queda d’água ficava diante de um rochedo alto, e caía sobre ele em diversos lençóis brancos quando alcançava a parte de baixo. Então, a água espalhava-se transparente pelo espaço de areia e pedra, ficando verde escura no centro ao redor da queda d'água, onde era um pouco mais profunda. Depois, corria para longe dali, renovando-se constantemente.

Hinata tirou as botas, e então começou a entrar na água.

–  Você vai entrar de roupa?  –  Naruto perguntou, rindo. Hinata sentiu seu rosto esquentar.

–  É claro.  –  Respondeu.

Naruto soltou um risinho e tirou a túnica que utilizava. Hinata sentiu seu rosto ficar ainda mais quente, e seu coração acelerou, batendo contra o peito em uma velocidade angustiante. Entretanto, Naruto limitou-se a ficar sem camisa, e logo já estava na parte mais profunda da cachoeira, que cobria até seu peito.

Hinata guardou, com angústia, a imagem da barriga, do peitoral e das costas de Naruto, que não queriam sair de sua memória de maneira alguma. Ele era terrivelmente lindo, de tal modo que mesmo que Hinata não desejasse olhá-lo para não demonstrar o que sentia, também não era capaz de desviar o olhar. Seus músculos dividiam-se em tênues formas delineadas sob uma pele bronzeada, não de maneira uniforme, mas ainda assim bonita. Os locais onde as roupas deviam estar eram mais claros do que aquelas partes de pele que costumavam ficar expostas, entretanto, parecia a Hinata que aquela era apenas outra característica a atraí-la, além das cicatrizes espalhadas por ele, constituindo mais partes encantadoras dos relevos de seu corpo.

Eu não posso…

Hinata fechou os olhos, e esforçou-se para olhar ao outro lado. Tentou visualizar Neji, e imaginar o desgosto nos olhos de seu marido quando soubesse que ela não havia resistido aos encantos do primeiro homem que surgira em seu caminho após o casamento. Mas aquilo não parecia suficiente, de qualquer forma. Hinata caminhou para dentro da cachoeira, sentindo a água gélida molhar seus pés, suas pernas, e então finalmente alcançar sua cintura. Seu corpo inteiro estava arrepiado, mas ela não podia ter certeza se era devido à temperatura da água.

Embora não olhasse para Naruto, podia escutar o movimento de suas pernas contra a água em suaves ondas delicadas que se aproximavam, aos poucos, como se sussurrassem para que ela pedisse que ele se afastasse, caso esse fosse seu desejo. Mas e se eu admitir que não é?

Quando o corpo dele estava suficientemente próximo para que Hinata sentisse seu calor, ele levou uma mão até seu ombro, e tocou ali com uma suavidade que ela não poderia imaginar existir nele.

–  Está tudo bem, Hinata?

A voz dele estava baixa, rouca, e tão próxima. Um arrepio percorreu sua espinha, e ela não se viu capaz de fazer outra coisa além de virar na direção dele.

–  Está.  –  Respondeu. Naquele momento seus olhos já estavam cravados nos dele, e havia uma proximidade entre seus corpos que já não permitia mais que ela se afastasse. Havia parado de cogitar, aliás, qualquer tipo de afastamento, afinal a proximidade era um ponto de calor entre toda aquela água gélida que os rodeava.

A mão de Naruto deslizou de seu ombro para sua nuca, e ele puxou seu rosto contra o dele, suavemente, fazendo com que seus lábios se tocassem. Hinata sentia sua intimidade pulsar quando ele colocou a língua em sua boca, e precisou responder da mesma maneira. Envolveu-o com os braços, e suas mãos deslizaram pela pele lisa e úmida das costas dele, percorrendo caminhos que pareciam ter sido moldados para ela.

Antes que percebesse, ambos tinham se livrado das peças de roupa que antes os cobriam, e estavam completamente nus na água límpida da cachoeira. Naruto observou o corpo dela, como se pudesse ler seus segredos, e Hinata enxergou nele apenas o desejo. Queria-o tanto que mal conseguia se conter. O espaço entre suas pernas já estava completamente umedecido, e aquela umidade não era ocasionada pela água.

Naruto tocou um de seus seios, e beijou o outro. Tudo o que ela pôde fazer ao sentir aquela sensação maravilhosamente agradável, foi segurar seus cabelos loiros e puxá-lo para mais perto. A outra mão dele percorreu caminhos sinuosos pela sua cintura, sua barriga, suas costas e suas nádegas, até que por fim alcançasse sua intimidade. E a maneira como ele tocou ali, Hinata nunca imaginara ser possível. Ele parecia saber exatamente quais eram os caminhos mais secretos que o corpo dela possuía, e aquilo a deixava completamente enlouquecida.

Quando ele a penetrou com os dedos, Hinata beijou-o, e de alguma forma desejou que aquele momento nunca acabasse. Naruto ergueu as pernas dela para que se enlaçassem ao redor de seu quadril, e então finalmente penetrou-a, com certo cuidado, mas de uma maneira que seria inesquecível, ela tinha certeza. Conforme Naruto movia-se dentro dela, com cada vez mais intensidade, ele também massageava os caminhos mágicos que havia encontrado ali, que nem mesmo ela sabia existir. Em certo ponto, Hinata percebeu que sua voz saía talvez até mesmo alta, mas não conseguia conter. Uma explosão atingiu todo o seu corpo, algo completamente mágico e intenso, uma sensação extremamente agradável, mais do que qualquer outra que alguma vez já tinha sentido. Acabou gritando enquanto estremecia, e Naruto acabou derramando-se dentro dela imediatamente, ambos quase ao mesmo tempo.

Exausta, Hinata recuperava a respiração entre os braços dele, sentindo o peito dele mover-se contra o seu rosto em uma respiração descompassada. Naquele instante, repentinamente, tudo retornou à memória, e ela lembrou-se de Neji, de seu pai, e principalmente de Hanabi, que esperava por ela.

Mas Neji tinha os olhos mais duros. O Neji, que sempre havia sido tão doce e amável com ela, agora parecia tão distante daquilo que Hinata duvidava que alguma vez pudesse tornar a ser o mesmo homem com o qual ela havia casado.

O que foi que eu fiz? 


Notas Finais


Bem, isso era necessário. Mas eu tive bastante dificuldades para escrever tudo isso sim. Acho que a partir de agora, as partes relacionadas a esse grupo fluirão melhor.
É, gente, andar pelo mundo significa múltiplos aprendizados HSAIUAHS
Esse mês o semestre acaba! Se possível, retorno mais cedo, com mais um POV do Itachi para vocês. Beijos!


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