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História Crônicas de Heróis - Energia de Vida


Escrita por: UchihaAika

Notas do Autor


Olá, voltei <3
Capítulo da Sakura como prometido.

Capítulo 91 - Energia de Vida


 

Sakura

 

 

Finalmente, havia chegado o dia pelo qual Sakura esperava desde o início da primavera, em um tempo tão longínquo, em uma vida tão diferente, em um momento que agora parecia apenas uma doce lembrança. Finalmente reencontrarei Sasori. Nós poderemos voltar para casa…

Havia algo de agridoce em pensar sobre voltar para casa, mas ela sabia que aquele sabor devia-se apenas ao fato de ter criado um vínculo forte com Sasuke, com Naruto e com Hinata, e principalmente a tudo que havia conhecido em suas andanças pelo mundo. Mas tinha certeza de que estar com sua família era mais importante, e Sasori era sua família desde sempre. Naruto, Hinata e Sasuke também haviam se tornado família, mas Sasori era seu, era sua espécie, era o último Ehyrim que ela tinha por perto, e com o qual ela planejava retornar para a verdadeira casa, na Ilha Beltz, assim que tivesse completado sua missão. O lugar onde minha mãe viveu, o lugar onde eu e Sasori viveremos, onde nossos filhos devem viver, caso venhamos a tê-los.

Ultimamente pensava constantemente sobre a tal missão que, de acordo com Chiyo, estava designada a Sakura desde seu nascimento. Ainda não havia compreendido por completo o significado dela, mas perguntava-se frequentemente se tudo aquilo não havia sido um engano, e que a missão de Sakura sempre havia sido, na verdade, resgatar a Sasori, e garantir, juntamente com ele, que sua espécie sobrevivesse. Nós estamos entre os poucos que restaram com força vital independente da pedra… talvez, apenas talvez, isso signifique uma evolução.

–  Você está quieta demais, está me deixando nervoso.  –  Sasuke comentou. Não era difícil para Sakura deixá-lo nervoso: bastava que ficasse em silêncio. E o fato de Kirin estar especialmente apática naquele dia, apenas intensificava o incômodo de Sasuke.

–  Hoje não é um dia para ficar falando, Sasuke. Eu preciso pensar muito antes de fazermos o que temos para fazer, antes de corrermos esse risco… e acho que Kirin sente o mesmo.

–  Eu sei. E ela certamente sente… ela sempre compartilha dos nossos sentimentos de alguma forma.

A noite já estava chegando, e a hora se aproximava. Chegava ao fim o quarto dia deles naquele castelo, aguardando de maneira agoniante pelo momento certo. Durante a manhã, eles tinham decidido que a hora havia chegado, e então haviam feito seus planos.

“Consegui aprender a forma mais efetiva de sair da cidade, para dentro da mata. Fica longe dos olhos de quem está no castelo ou na cidade, é exatamente a rota de fuga do rei caso algum dia seja necessário”, Sasuke havia explicado. Sakura, de alguma forma, teve certeza de que tudo daria certo quando ele disse que havia conhecido aquele caminho. Confiava em Sasuke tanto quanto confiava em Sasori ou em Chiyo, sentia na energia emanada por ele que possuía liberdade total para aquilo.

Após aquela determinação, a parte mais difícil havia sido decidir como que eles iriam saber onde Sasori e Hanabi estavam, e como conseguiriam tirá-los de suas prisões. Àquilo Sakura acabou trazendo sua contribuição, que pareceu surpreender a todos, principalmente a Sasuke. E ela sentiu-se extremamente satisfeita por trazer a ele aquela boa surpresa.

“Podemos confiar em Itachi”, dissera. Hinata ficara um tanto quanto transtornada, mas acabou aceitando que Sakura tinha conhecimento de que o príncipe estava ao seu lado. Sasuke dissera: “O propósito sempre foi de vocês. Espero que não esteja colocando todo nosso trabalho fora”, e aquilo havia sido sua máxima manifestação. Mas Sakura sentia a oscilação constante na energia dele, ora de desconfiança, ora de algum tipo de alívio.

Durante a tarde, os quatro conversaram com Itachi. Sakura sentiu-se extremamente satisfeita por perceber que estava fazendo muito bem por ele também, diminuindo a tensão e o peso constante que o príncipe parecia carregar sobre suas costas. “Eu imaginei desde o princípio, mas não quis ser invasivo… acontece que existe um guarda que trabalha na sede dos escravos e que está do meu lado. Posso conseguir ajuda dele”, manifestara Itachi, com toda a sinceridade que Sakura sempre esperara.

“O que você quer dizer com ele ‘estar ao seu lado’?”, Sasuke havia questionado, Sakura jamais deixaria de notar. A resposta de Itachi, entretanto, havia sido de que aquilo era assunto para outra hora, e assim ficara. Até agora não sabiam o significado do que havia sido dito, mas Sakura imaginava que o príncipe estivesse fazendo algo em prol de consertar seu grande erro do passado.

Após aquilo, Hinata e Naruto partiram em uma breve visita ao local onde os escravos estavam sendo mantidos e onde eles estavam trabalhando. Ainda não tinham retornado daquela visita, mesmo com o sol se pondo.

–  Hinata e Naruto estão demorando demais. Será que deu algum problema? Hanabi pode ter reconhecido ela, e então falado algo.

–  Duvido muito que Hanabi falaria algo, sabendo da chance de a irmã resgatá-la. Mas vamos ver… não sabemos em que estado Hanabi Hyuuga se encontra, se ela ao menos está viva, e o mesmo vale para Sasori.

Sakura não tinha dúvidas quanto à vida de Sasori.

–  Eu sei que ele está vivo.

Àquilo Sasuke respondeu com silêncio. E apenas alguns minutos após a longa quietude, Hinata e Naruto entraram no quarto.

–  Como foi?!  –  Sakura perguntou, rapidamente.

–  Eu vi os dois! Vi Sasori, e também Hanabi… eles estão maltrapilhos e machucados, mas estão vivos!

Sakura não se conteve, e abraçou Hinata. Sabia desde o princípio que Sasori estava vivo, mas gostava de ter aquela confirmação e, mais ainda, ficava extremamente feliz por Hinata ter conseguido encontrar a irmã.

–  As coisas são horríveis lá, Sakura.  –  Ela disse, mais baixo, em seu ouvido.  –  Tudo o que eu mais desejava era poder resgatar a todos. Estão destruídos, sendo tratados como lixo…

Sentia-se extremamente mal ao pensar naquilo. Que tipo de missão é essa que me foi dada, se não tenho forças nem mesmo para salvar pessoas que sofrem?

–  Nós daremos um jeito. Se não dessa vez, na próxima, mas eles não ficarão aqui. Só não podemos fazer isso ainda, sem ajuda.

Hinata aquiesceu, e Naruto tomou a vez:

–  Conhecemos o cara do Itachi, o nome dele é Fergus. Ele já sabe quem são Sasori e Hanabi, e no momento em que nós formos buscá-los, ele retirará a ambos sem que haja desconfianças, já que durante a madrugada Obito Uchiha está dormindo.

–  Ótimo. Então, já sabemos que devemos partir apenas após a meia noite. Estejam prontos, todos.  –  Sasuke reforçou. Sakura, entretanto, sabia que nunca poderia estar mais pronta.

A noite finalmente caiu sobre a cidade, e Naruto e Hinata foram até o quarto que dividiam, deixar tudo o que fosse necessário para a partida pronto. Sasuke deixou combinado com Naruto que logo mais, quando todos estivessem indo dormir após a ceia, eles dois roubariam comida, ouro e prata do castelo, evitando que qualquer pessoa notasse.

E a partir daquele momento, o tempo começou a arrastar-se, como se a hora em que ela finalmente pudesse reencontrar Sasori e abraçá-lo nunca fosse chegar. Eu ainda devo me desculpar por ter deixado Chiyo, e compensar isso salvando-o… há tanta coisa que precisamos conversar sobre. Ele nunca acreditará que eu entrei na Floresta Negra…

Realizaram a ceia sem a ilustre companhia do rei com sua energia negra e pesada, e também seu filho, que era exatamente como ele. Sakura jamais se esqueceria da primeira vez em que vira Madara Uchiha, pois nunca antes tinha estado perto de uma energia tão intensa e, ao mesmo tempo, fria e escura. Assim, sentia-se aliviada pela ausência dele na última ceia que faria naquele castelo imenso.

Ao menos tinha tido a chance de conhecer um castelo em sua vida, e aquilo era outra coisa que jamais esqueceria. O Latíbulo da Fênix era um lugar grande, o maior que ela já havia conhecido, e mesmo estando ali todos aqueles dias Sakura não tinha conhecido muito além da Fortaleza Primária, permanecera ali maior parte do tempo.

Finalmente, após a ceia, as pessoas começaram a deixar o salão aos poucos. Sakura e seu grupo saíram por último, em direção aos quartos, mas lá, Hinata partiu para o quarto que dividia com Naruto, enquanto o próprio Naruto e Sasuke foram, juntos, procurar por tudo o que pudessem levar de útil na viagem.

–  Exatamente do jeito que fizemos antes de partir daqui pela primeira vez.  –  Naruto disse, rindo.

–  Me sinto voltando no tempo.  –  Sasuke respondeu.  

Os dois partiram, restando apenas Sakura e Kirin ali. A cadelinha acompanhava ela para dentro do quarto balançando o rabo alegremente. Sakura abaixou-se e acariciou sua cabeça.

–  Você também sente que o momento está chegando, não é? Tenho certeza de que adorará conhecer Sasori, e Hanabi também.

Abriu a porta do quarto para que ambas entrassem, mas repentinamente, sentiu uma energia completamente diferente tomar conta do ar que respirava e do ambiente em que se encontrava. Essa energia… Era alguma manifestação repentina que ela não conhecia, mas que era extremamente intensa e, ao mesmo tempo, agradável. Parecia chamá-la em sua direção, quase como se gritasse seu nome e clamasse por seu corpo.

Sakura, ela quase podia ouvir a força sussurrar, venha até mim, preciso que venha. E de alguma forma, ela precisava terrivelmente ir.

Não precisou que ninguém lhe dissesse o caminho, conseguia seguir a energia como se ela tivesse cor e guiasse seus passos, tornando-se cada vez mais intensa conforme ela se aproximava. Podia quase senti-la contra sua pele, em suas entranhas, no ar que inspirava e também no que expirava. O que é isso? O que poderia ser?

Por mais que estivesse um tanto quanto desnorteada pela força daquela energia, ainda podia perceber que Kirin caminhava ao seu lado, como se a protegesse, mas seu rabo não balançava mais.

Desceu as escadas da torre que levavam até os quartos, e passou por um dos principais corredores do castelo, sentindo aquela energia intensa e adorável. Ela tinha cheiro, sabor, textura e existência da mais pura vida.

Por fim, Sakura chegou à sala do trono, que estava vazia e gélida. Sasuke e Naruto tinham levado ela até ali um dia, para mostrá-la aquele imenso e surreal trono de fênix, mas aquilo havia sido tudo. E naquele momento em particular, ela estava incapaz de parar para observar a magnitude do trono do rei de Austerin. Continuou a seguir a energia única, até chegar em uma porta, nos fundos do salão, pequena e escondida detrás de grandes tapeçarias de antigos reis Uchihas. A porta era grossa e pesada, e atrás dela, serpenteava uma escadaria chão abaixo, guiada por archotes pendurados nas paredes.

Kirin latiu, e Sakura teve certeza de que seu latido significava advertência quando o cachorro deu dois para trás. Entretanto, Sakura respirou novamente aquela energia, que chamava seu nome e solicitava sua presença, e desceu a escadaria, sem sentir medo algum, mesmo sem ter sua companhia protetora ao lado. Foi para baixo e mais abaixo ainda por um longo tempo, sentindo o ambiente ficar cada vez mais frio, muitos metros sob da sala do trono.

Embora estivesse ficando bastante frio ali, a energia que chamava por seu nome parecia manter certo calor que penetrava suavemente sua pele, era de fato uma energia vital, capaz de guiá-la e de fazer com que não temesse qualquer coisa.

Andou tanto que chegou, afinal, diante de uma parede com uma abertura minúscula, pela qual ela não conseguia passar sem se abaixar. Detrás daquela entrada havia uma descida pequena em rampa, guiando até um corredor de uma sala com paredes alaranjadas como as muralhas do castelo. O corredor fazia uma curva, como se a sala do outro lado da parede fosse circular, e após Sakura fazer metade da curva, ela encontrou, por fim, a fonte daquela adorável energia, em uma câmara arredondada com a porta completamente aberta, como se esperasse por ela.

Seus olhos encheram de lágrimas, e ela acreditou que poderia de fato chorar diante de tanta força, beleza e vida que surgiam diante dos seus olhos, de uma maneira tão simples, como ela jamais imaginara que seria. Indagou-se diversas vezes se não estaria dentro de um sonho, mas de fato, aquilo ali que estava vivendo era a realidade.

Sakura deu dois passos para mais perto da pedra lápis-lazúli, a pedra de sua vida e da vida de toda a sua espécie, que poderia salvá-los a todos, fazer com que voltassem a ter força vital e saúde, trazer a Ilha Beltz de volta ao mapa dos viajantes. A pedra que poderia ter salvado a vida de minha mãe…

Foi andando para mais perto daquela incrível beleza azulada. De alguma forma, a pedra parecia pulsar, gritar por ela, pedir para que a levasse para longe dali. Tinha um tom de azul magnífico, com rajadas em cinza e parecendo conter o brilho das estrelas em seu interior. Ali estava todo o significado de sua vida, Sakura teve certeza: ali estava a sua missão, diante de seus olhos. Sempre havia sido salvar o seu povo, reencontrando aquela pedra.

Estendeu a mão para encostar na origem de sua espécie.

–  Eu ficaria longe se fosse você.

A voz dele despertou-a de seu contato profundo com a vida de seu povo, e fez com que voltasse a atenção para a energia negra e sombria que apenas ele possuía. Ao mesmo tempo, entretanto, sentiu uma energia suave e amável, que ela sabia muito bem a quem possuía. Virou-se com ligeireza, e então enxergou-o.

–  Sasori!  –  Sua voz escapou, desesperada, repleta de tanta saudade que mal podia conter no peito. Mas de alguma forma, ainda estava meio zonza. Quando tentou ir na direção dele, percebeu que o rei Madara Uchiha tinha uma adaga apertada contra o pescoço de Sasori, e pressionou-a ainda mais quando Sakura tentou ir em sua direção.

–  Fique aí, garota, ou ele morre antes de qualquer coisa.

–  Sakura… vá embora. Deixe que ele me mate e fuja…  –  Sasori disse, mas Sakura jamais daria ouvidos a tanta bobagem.

Ainda não se sentia capaz de compreender o que estava acontecendo.

–  O que é isso? Por que… o que Sasori fez? Você não precisa matá-lo.

–  Não se faça de estúpida, ehyrim. Você pode ter enganado o idiota de meu sobrinho, mas jamais enganaria a mim. Eu esperei por você durante um longo tempo.

–  Por mim?  –  Sakura questionou, ainda com dificuldade em compreender o que estava acontecendo.

–  Sim, você, a não humana nem elfa prometida na profecia das bruxas. Acha que eu não sei que você sabe quem realmente é?

Eu não sei quem eu sou. Ainda sequer sei do que se trata essa profecia.

Mas Madara Uchiha tinha Sasori, e uma faca em seu pescoço. Poderia matá-lo a qualquer momento, e Sakura sabia que não tinha chegado até ali para ver Sasori morrer. Nós ainda temos muitas coisas para viver juntos.

–  E-eu… eu sou uma ehyrim, não tenho por que negar isso. Mas Sasori não tem relação nenhuma com isso, você pode deixá-lo ir.

O rei soltou um riso que mais parecia um urro maléfico, fazendo com que Sakura se arrepiasse. Ela sabia que precisava encontrar uma maneira de tirar Sasori daquela situação, mas não tinha ideia do que poderia fazer estando ali, sozinha. Você poderia vir agora, Sasuke… se você fosse capaz de surpreendê-los, conseguiríamos fugir até mesmo antes do que planejávamos.

–  Eu sei que ele é um de vocês. Inicialmente, até pensei que ele poderia ser aquele da profecia, porém, foi-me dito que não era ele… mas que ele seria muito útil.

–  Foi por isso que me manteve vivo com Hanabi?  –  Sasori falou, e o rei apertou a lâmina contra seu pescoço ainda mais forte, fazendo um filete escarlate escorrer pescoço abaixo como uma lágrima. Sakura sentiu lágrimas em seus olhos.

–  Sasori, calma, eu ajudarei você…

–  Apenas por vê-la, saber que está viva e que veio até aqui por mim, eu já estou satisfeito. Ajude Hanabi, ela precisa de alguém que a guie…  –  O rei interrompeu Sasori.

–  Cale essa boca, ehyrim! Você morrerá, e a garota Hyuuga não viverá muito tempo mais, também.

–  Não! Por favor, não mate a ele! Você tem a mim, a garota da profecia, e pode acabar com minha vida… mas permita que Sasori vá…

–  Sakura, você sabe que essa barganha é inaceitável para mim!  –  Sasori gritou, fazendo com que o rei se irritasse e puxasse seu cabelo com força.

O cabelo de aurora que Sasori possuía estava sujo, duro e sem aquela cor única, tomado por uma opacidade irreconhecível. Apenas naquele momento, Sakura também notou a ausência de uma de suas orelhas, restando apenas o buraco e uma cicatriz horrenda, além de várias outras cicatrizes e da sujeira que tomava conta de sua pele. Ele estava tão maltratado e aparentemente sem esperanças, que o coração de Sakura doía profundamente. Uma pessoa como Sasori nunca mereceria um tratamento como aquele.

Acabou não conseguindo evitar um soluço e algumas lágrimas que fugiram de seus olhos.

–  Eu devia ter chegado antes… o que eles fizeram com você, Sasori?

–  Fizemos com ele o que ele e todas aquelas pessoas merecem, e você mereceria também, caso eu tivesse tempo. Mas ando com pressa, tenho muitas coisas a resolver. Então, direi de uma vez, ehyrim, e você escute muito bem. Nunca devia ter saído de sua terrinha maldita, muito menos para pôs os pés no meu castelo. Sua ousadia custará tão caro que você nunca esquecerá.

Sakura pôde sentir a energia do rei tornar-se mais negra e densa, quase sufocante. Não era capaz de respirar normalmente diante de uma energia como aquela, que era tão diferente de qualquer coisa que já havia sentido.

–  Eu peço perdão, vossa graça. Nunca foi minha intenção afrontá-lo, apenas desejava salvar a Sasori… eu juro, se nos deixar sair daqui, nunca mais nos verá em seu continente. Voltaremos para a Ilha Beltz e por lá ficaremos.

Não era de todo ruim aquele pensamento, ainda que a imagem de Sasuke estivesse relampejado em sua mente, e também de Naruto e de Hinata. Sonhara tantas vezes com o dia em que se casaria com Sasori e que eles dariam continuidade a sua espécie. É essa minha missão, sempre foi. Aceito-a de bom grado se isso permitir que ele viva.

Madara Uchiha riu diante de seus olhos como se ela tivesse contado uma piada divertida.

–  Você realmente me toma como estúpido, garota. Um rei que chegou onde chegou… você realmente acredita que eu tenho cara de quem tem piedade? Ninguém está um passo à frente de mim, entende? A partir do momento em que eu soube que a ehyrim da profecia estava próxima, meu único objetivo tornou-se acabar com ela e com tudo o que ameaça a raça humana e a minha soberania. Mas sinceramente, tenho minhas dúvidas de que alguém como você seja de fato a prometida… uma ehyrim inútil, sem qualquer dom especial oferecido pela magia. Que ironia, aliás, você aparecer aqui com o sobrinho que ainda representa algum risco para mim… você não tem ideia do pote de ouro que jogou nos meus braços. Mesmo que você seja uma inútil, eu devo me livrar de você por precaução, e de todos que possam representar algum tipo de risco.

Sasuke…

–  Você não fará nada com Sasuke…

–  Não, de fato, eu não farei nada com Sasuke.

Sakura não tinha ideia do que Madara poderia querer dizer com aquilo, mas sentiu raiva, como poucas vezes em sua vida. Aquele homem diante de seus olhos ameaçava todas as pessoas vivas pelas quais ela ainda tinha algum amor. Sentiu a raiva fluir em uma energia intensa por seu corpo, a cada inspirar e expirar.

–  Você fará. Porque você não suportará a dor de perder o único de sua espécie que tem por perto.

Quando Madara disse aquilo, Sakura gritou, e correu na direção dele. Mas seu grito não teve qualquer efeito, e sua corrida não teve a força necessária. “Proteja-se”, Sasori disse a ela, antes que a lâmina de Madara deslizasse facilmente por sua garganta, abrindo uma cachoeira escarlate que parecia levar sua vida embora em uma breve torrente.

O corpo de Sasori, banhado em sangue, caiu no chão diante de seus pés, e Sakura caiu sobre os próprios joelhos, gritando, sem ouvir a própria voz. Sentiu o gosto de sangue vindo de sua garganta arranhada, misturado com o sabor salgado das lágrimas.

–  Sasori. Sasori. Sasori.  –  Ela chamava, em breves sussurros, tentando estancar com as mãos o sangue que escapava em jorradas intensas do corte profundo na garganta dele.

Não pode ser. Não pode. Não pode.

Fechou os olhos, respirou profundamente, como sempre fazia em seus piores pesadelos. O choro de desespero dificultava sua respiração, mas fez o seu melhor para conseguir voltar à realidade.

Quando abriu os olhos, entretanto, ainda estava ali. Os olhos de Sasori estavam abertos, mas não havia luz, não havia qualquer vida, tal como seus cabelos de aurora já tinham virado noite.

–  Não Sasori…  –  Disse, sussurrando.  –  Não pode. Você não pode me deixar também. Eu fiz tanto para chegar até você…

Soluçou, e chorou, debruçada sobre o corpo dele que havia tomado em seus braços, naquele que podia ser seu último abraço.

Então, abruptamente, Madara Uchiha, cuja presença ela havia esquecido, segurou seu pescoço com força entre uma mão. Sakura viu-se incapaz de respirar.

O rosto dele estava terrivelmente próximo, e seus olhos observavam-na profundamente, quase na alma. Eram olhos pretos, completamente escuros, sem luz, quase como se estivessem mortos também. Mas então, eles tomaram um tom de escarlate, tão profundo quanto o do sangue que banhava seu querido Sasori. Ela viu aqueles olhos tornarem-se vermelhos e ficarem daquele jeito, como nunca tinha visto acontecer com nenhuma criatura viva.

–  Agora, ehyrim, com toda a sua dor, escute bem o que fará: irá até o quarto de meu sobrinho Itachi e o esfaqueará até a morte. Depois, irá até meu sobrinho Sasuke, e repetirá o mesmo procedimento, usando a mesma adaga que eu utilizei para matar esse ehyrim. Depois, você se jogará da torre mais alta, e morrerá. Essa é a ordem.

Sakura não conseguia respirar, mas podia ouvir tudo perfeitamente.

Contudo, havia algo além disso.

O toque de Madara em sua pele desencadeou algo como um choque elétrico, então tudo aconteceu novamente, como há muito tempo não acontecia. Sakura viu-se diante de uma mulher ruiva de belos olhos lilases, que sorria, e depois em uma câmara escura, onde a pedra lápis-lazúli estava sobre as mãos de Madara Uchiha, muitos anos mais jovem. Viu o nascimento de uma criança com cabelos escuros, e a morte de uma mulher loira, que olhava para o jovem Madara com olhos verdes repletos de mágoa. E então, viu aquilo que a assustou mais do que qualquer coisa: um ambiente escuro, Madara Uchiha com seus olhos vermelhos, e um homem que dormia, muito parecido com Madara. O rei matou o homem que dormia sem qualquer misericórdia. A mulher então acordou-se, e pareceu ficar paralisada diante dos olhos vermelhos de Madara, completamente apavorada. Ele matou a ela também, a sangue frio, tal como havia feito com Sasori.

Isso é… a mesma visão que tive quando toquei Itachi pela primeira vez durante aquela batalha!

Sakura voltou a si, repentinamente.

Os olhos do rei voltaram a ficar pretos, e ele largou seu pescoço. Sakura sugou o ar com toda a força de seus pulmões, entre tossidas. Madara Uchiha chutou a adaga para perto dela, e então partiu, deixando-a sozinha naquela câmara fria, com Sasori em seus braços, e com a lápis-lazúli ali, viva… Sakura era completamente incapaz de saber o que fazer.

Olhou então para a pedra, e para Sasori. Aquela era a pedra da vida, e Sasori estava morto.

Talvez haja alguma coisa… talvez você possa trazê-lo de volta para mim.

Diziam que quando um ehyrim morria, sua alma era carregada pelo dragão Beltzaxes, um de seus criadores, até o paraíso. Mas que até lá, no paraíso, a pedra tinha seu papel em mantê-los ativos e alegres. A energia que ela repassava servia como força de vida e força de morte.

Sakura caminhou até a pedra, pegou-a, mas percebeu tarde demais que ela estava acorrentada. Voltou a colocá-la sobre o pedestal, sentindo sua energia de vida correr por toda a sua pele como cócegas suaves. Pôs a mão sobre ela, e fechou os olhos.

Deuses, se podem me ouvir por meio desta pedra que traz a vida… tragam-no de volta para mim. Devolvam-me Sasori. Não posso perder a ele também.

Soluçou e chorou, com os olhos fechados, enquanto rezava. Nada parecia surtir efeito, mesmo após ela lançar as palavras em seu idioma original, implorando a vida de Sasori, o seu melhor amigo, seu irmão, seu noivo.

Quanto mais rezava, mais a palidez tomava conta do rosto dele, e mais gelado seu corpo se tornava conforme sua vida esvaía-se no escarlate que tomava conta do chão, alastrando-se feito uma praga. E o coração de Sakura doía tanto que parecia estar, finalmente, tão quebrado que não tinha mais conserto.

Havia visto a mãe morrer diante de seus olhos. Chorara a morte de Chiyo quando ela perecera para a guerra. E agora, via Sasori ser brutalmente assassinado, antes da hora de sua morte, quando tinha feito tudo em seu alcance para ser capaz de mantê-lo em vida. Mas nada foi o suficiente. Garota da missão… quem acredita em uma conversa dessas? Nunca foi verdade! Fui inútil em todos os momentos que as pessoas que eu mais amava precisavam de mim!

Vá para a Cadeia das Seis Irmãs”, sussurrou uma voz em sua cabeça, voz feminina, suave e com algo de imperativa. Sakura ficou surpresa com aquela voz, e pensou se talvez não fosse a voz de alguns dos deuses, que olhavam por ela naquele momento pelo qual, mais uma vez em sua vida, tinha que passar, “Lá você encontrará sua missão. Seu papel final está lá, e não aqui. Você deve aceitar as adversidades, e seguir. Liberte-se das correntes”.

As correntes…

Aquela definitivamente não era a voz da ninfa Daelyèn, mas era de alguém que sabia sobre o que ambas tinham conversado. Ninguém que não fosse tão importante quanto uma ninfa poderia saber sobre aquilo. Chiyo sempre falou tanto sobre essa missão. Era o grande objetivo dela, ver-me realizando este destino.

Olhou para Sasori mais uma vez, sentindo a tristeza cortar profundamente sua alma por encontrar os olhos dele sem qualquer sinal de vida. Acariciou seu belo rosto, mais um rosto que, agora, ela tinha certeza que seria a última vez que veria. Mais um rosto amado do qual precisaria se despedir.

Chorou, entre soluços.

–  Dik’Beltzaxes kach ie nim lluds masteuxs buck atel ie lettrein tes ateons wen Lazuli.  –  Disse, enquanto fechava cuidadosamente os olhos de seu noivo.  –  Dik’ie foun ta lucs, liebev wen main eliaf.*

Não poderia oferecer para ele um enterro, tal como não tinha oferecido a Chiyo. Mas oferecia a ele todo o amor de seu coração, e a lembrança de que havia feito tudo que estava em seu alcance para salvá-lo. Ao menos, pude olhar em seus olhos uma última vez, liebev wen main eliaf.

Agora, entretanto, Sakura tinha muitas outras coisas que precisava pensar e fazer em um curto período de tempo. Seria necessário hierarquizar suas prioridades, mas ela não tinha tantas dúvidas sobre por onde devia começar.

Itachi Uchiha devia ser o primeiro.

 

 


Notas Finais


*Que Beltzaxes leve você em suas majestosas costas até você encontrar os portões de Lazuli. Que você alcance a luz, amor da minha vida.

Gente, não sei se já falei isso antes, mas devido ao fato de a narrativa ser em POVs, fica difícil explicar as coisas com clareza, uma vez que os personagens que estão sendo explorados muitas vezes não têm clareza sobre o que está acontecendo. Mas vocês têm liberdade para interpretar e, claro, liberdade para tirar qualquer dúvida nos comentários. Se não for spoiler, responderei tudo com a clareza que muitas vezes o personagem do capítulo não é capaz de responder.
Os acontecimentos do capítulo passado, desse e dos próximos esclarecerão muitas coisas, mas outras ainda ficarão no ar, já que temos uns quantos acontecimentos pela frente ainda hahaha

O próximo capítulo será do Itachi. Acham que será o último dele? Façam seus palpites HSAIUASHUIS Até logo <3


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