Duraram anos essa brincadeira sem graça. Eu fugia de todos os lugares, sempre. Se ficasse tempo demais na mesma cidade, eu me sentia mal. Algo vinha me assombrar, uma tristeza gigantesca, ansiedade, eu já nem sei mais.
E eu nem sabia do que eu estava fugindo. Agora, por exemplo, eu sinto a areia massageando meus pés descalços, sinto cada partícula mínima da areia afundando debaixo de mim, e eu sei que não vou ficar aqui por muito tempo.
Mas será a última vez. Será a última vez que eu fujo, que eu deixo tudo para trás, porque agora eu sei do que estou fugindo. Não é da depressão, da ansiedade, de fantasmas. Eu estive fugindo de mim todos esses anos. E agora percebi que não se pode fugir da própria história.
A água vem e cobre meus passos na areia. Inspiro este ar profundamente e cubro todos os antigos problemas.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.