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História Crônicas três irmãos da Areia: Aparências - Desigual


Escrita por: Kah_

Notas do Autor


Boa dia, pessoal!

Trago mais uma crônica dos irmãos de Suna pra vcs.
Particularmente, eu amei esse texto que escrevi, ele com certeza é o mais leve e delicado dentre todos que já construí pros irmãos da Areia e eu gostei disso... Espero que vcs gostem tbm!

Nesse primeiro cap., veremos como era uma típica manhã na vida do menino mais diferente de todas as crianças de Sunagakure. E pra quem aprendeu a amar o Yashamaru como eu amo, ele vai estar nessa fanfic em todos os cap. ^^

Como já disse, o enredo é bem suave e inocente... Então, permitam-me uma fic delicada, com uma pitada de drama, bem nas entrelinhas (só para variar!) e uma mensagem sútil sobre o que é "ser diferente".

Beijos a todos e boa leitura <3

Capítulo 1 - Desigual


Fanfic / Fanfiction Crônicas três irmãos da Areia: Aparências - Desigual

 

Vamos brincar de imaginar um mundo diferente?
As pessoas deixam de ser coisas...

e passam a ser gente!

(Roberto Freire)

 

 

Os primeiros raios de sol anunciavam o fim do período de solidão. A aldeia estava acordando novamente e para seu alívio, mais um dia estava para começar.

A rotina pela manhã era a de sempre: levantar da cama quase intacta pelo fato de ele não poder dormir; esticar um pouquinho os lençóis, arrumando-os perfeitamente; trocar o pijama pelas roupas casuais de todos os dias e se dirigir para o banheiro.

Lavar o rosto, escovar os dentes, pentear o cabelo – essa ultima tarefa, a criança não gostava muito de fazer. E depois disso, encarar a si mesmo por pelo menos dez segundos no espelho, antes de ouvir o tio chamando-o pontualmente às sete e quinze da manhã, dizendo a ele para descer logo antes que se atrasasse e o atrasasse também.

Aquilo lhe parecia um eterno déjà vu. 

Gaara desceu as escadas e como de costume, encontrou Yashamaru terminando de pôr o café da manhã na mesa. Respirou fundo, sentindo o aroma de chá de hibisco pairando no ar, tão agradável. Depois disso, recebeu o sorriso de todas as manhãs vindo dos lábios do tio. Era bom levantar da cama depois de horas sem interagir com ninguém e receber aquele sorriso e aquele ohayo caloroso por parte de seu oji-san.

— Itoshii, se você não se apressar, vai acabar chegando tarde na escola – Yashamaru puxou uma cadeira e sentou-se à mesa; Gaara fez o mesmo. — E eu vou me atrasar para o trabalho também, se isso acontecer. Então vamos nos apressar, certo?

— Hai... Mas isso significa que você vai me levar à escola hoje, Yashamaru? – O menino serviu-se de um pouco de sopa em uma tigela.

— Hoje, sim – o jovem médico respondeu, pegando um pouco de comida também. Começou a comê-la com certa pressa. Voltou a falar: — Faz um tempo que não te acompanho até lá, então pensei em fazer isso hoje. Comece a comer logo, Gaara, não posso chegar muito tarde ao hospital essa manhã.

O sobrinho obedeceu.

***

 

O pátio da escola também estava como em todas as manhãs antes das aulas começarem: abarrotado de crianças que corriam de um lado para o outro, se pendurando nos brinquedos, rindo e se divertindo.

Yashamaru abaixou-se na altura de Gaara, para começar a se despedir.

— Vou ter um dia cheio no hospital hoje...

— O que vai ser dessa vez, um novo antídoto que pediram para você criar ou uma cirurgia?

O tio sorriu um sorriso cansado.

— Cirurgia. E das complicadas.

Gaara fez que sim displicentemente, voltando à atenção para um grupo de crianças que estava sentado em roda no chão, brincando e cantando uma musiquinha rimada. Continuou observando, enquanto Yashamaru continuava a lhe falar.

— ...Por conta disso, pode ser que eu chegue tarde em casa essa noite. Mas quando eu chegar, vou precisar ir até a casa do seu pai, entregar uns documentos a ele. Você quer ir comigo? Gaara, está mesmo me ouvindo, itoshii?

— Hm? Ah, gomen, Yashamaru – e voltou-se para o tio. — Quer que eu vá com você? Mas para quê?

— Bom, imaginei que você quisesse ver a Temari e o Kankuro – o jovem ninja pôs-se em pé outra vez. — E então, o que me diz?

Gaara sorriu.

— Sim, eu quero muito!

— Ótimo! Então faremos isso mais tarde – Yashamaru arqueou um pouco o corpo e deu um beijo na testa de Gaara. — Não se esqueça do nosso combinado: depois daqui, direto pra casa. Entendeu?

— Hai. Direto pra casa!

O tio afagou os cabelos ruivos do sobrinho e despediu-se.

Gaara o assistiu caminhar até dobrar uma esquina. Suspirou e começou a dirigir-se às portas da escola.

O dia de aula naquela manhã não se diferenciou muito do que frequentemente costumava ser. As horas em que Gaara passava estudando eram quase sempre tranquilas: ele se ocupava com as explicações e exercícios que os professores passavam, prestava bastante atenção a tudo o que ensinavam, nem mesmo ousava olhar para a direção errada. Toda essa preocupação em tentar ser o mais exemplar possível vinha do fato de Yashamaru sempre pedir isso a ele. O tio queria que Gaara fosse um ótimo aluno. E dentro de suas limitações, o menino se esforçava para isso.

No fim da manhã, uma professora de artes estava de pé no centro da sala, suas mãos gorduchas seguravam um punhado de folhas de papel em branco. As crianças estavam sentadas em mesas circulares espalhadas pela sala, formando grupos para a última tarefa do dia. Gaara estava em um desses grupos, tímido e com o olhar retraído como sempre ficava em se tratando de situações coletivas.

A tarefa que sua professora sugeria era simples: os alunos tinham que fazer um desenho de si mesmos numa folha branca, prestando atenção nos detalhes e usando bastante cor na hora de pintar. Era como um autorretrato, apenas um exercício descomplicado para o fim do período de aulas.

Isso não pareceu um problema, pois assim como toda criança de cinco anos, Gaara adorava desenhar e colorir, até se julgava bom nisso.

— Depois de terminarem o desenho, passem para o amigo ao lado e conversem sobre o que vocês acharam do retrato um do outro. Fácil, não?

Para Gaara, não.

Terminando de dizer isso, a professora fofinha de óculos de grau distribuiu folhas e um punhado de lápis de cor para todas as crianças.

Com o corpinho arqueado para dentro, Gaara ocupou-se desenhando sua própria imagem na folha em branco: em rabiscos infantis, ele fez um menino de cabelos espetados e os pintou de vermelho; desenhou roupas acinzentadas para ele e usou azul claro para colorir seus olhos (decidindo usar essa cor ao invés do verde, já que não soube distinguir qual era a exata tonalidade de seus olhos). Depois, apertou bem forte o lápis preto ao redor dos círculos azuis no rosto do menino desenhado; colocou um tracinho curvado mais em baixo para ser um sorriso.

Deu uma última olhada no desenho e concluiu, satisfeito: aquele ali parecia ser um Gaara!

Na hora de trocar o papel com a menina que estava sentada ao seu lado, o pequeno jinchuuriki sentiu-se mais tímido que o normal. Porém, como isso fazia parte do exercício, e terminar o exercício fazia parte de ser um aluno exemplar, como Yashamaru gostaria que ele fosse, o ruivinho criou coragem.

Virou-se para a tal menina, esticou a visão mais um tantinho, e notando que ela já tinha terminado seu desenho também, pediu para ver como havia ficado. Em resposta, ela entregou sua folha e pediu a dele. Gaara estendeu o papel e sorriu pequeno.

— O seu ficou bem bonito – disse o menino, de cabeça levemente abaixada.

E esperou alguma palavra por parte da outra criança. Como a menina não dizia nada, só ficava ali parada, olhando o desenho dele com aquela cara estranha, Gaara ousou um pouco mais:

— O-o que você achou... Do meu desenho?

— Ficou bom, também – ela finalmente respondeu e Gaara sentiu-se aliviado e feliz. — Mas... Por que você não colocou sobrancelhas nele?

— O que?

A menina tirou os olhos do Gaara desenhado e os colocou no Gaara verdadeiro. Seu questionamento sincero fez todas as crianças que estavam sentadas naquele grupo olharem também e esperarem a resposta, curiosas.

Gaara engoliu em seco, sem saber o que dizer. Não estava obvia a resposta? Estampada bem ali, literalmente?

E então, outra criança perguntou; um menino, dessa vez:

— Por que você não tem sobrancelhas?

E mais outra:

— E por que seus olhos são tão escuros em volta?

— Por que você é tão pálido desse jeito?

— Por acaso você tá doente?

Gaara angustiava-se, enquanto ouvia essas e mais algumas perguntas, todas começando com um “por quê” e terminando por deixar o menino mais constrangido ainda. Quando todas elas finalmente terminaram, ele sentiu-se obrigado a responder.

Sua voz saiu tímida, para combinar com seu rosto rubro.

— Eu acho que é porque...– Breve pausa. — Porque eu sou... Diferente?

As outras crianças não responderam nada de imediato, até que a menininha que ainda segurava o desenho de Gaara nas mãos quebrou o silêncio:

— Todos nós temos sobrancelhas e ninguém tem olhos estranhos como os seus. Tá vendo?

Apressadamente, Gaara observou os rostos de cada uma daquelas crianças e constatou que elas eram de fato “normais”.

— Eu não sei por que nasci assim, mas...

— Você é estranho – um menino lançou a fala, que caiu como um bloco de concreto encima da mesa.

As demais crianças concordaram e riram disso.

Gaara já estava prestes a chorar quando o sinal bateu, anunciando o término da aula. Alívio.

Todos os alunos da sala levantaram-se e fizeram uma fila para sair; todos, menos ele. O pequeno jinchuuriki permaneceu ali sentado, com seu desenho nas mãos, olhando para ele e comparando com os das outras crianças. Nem notou a professora se aproximando.

— Gaara-sama – e o menino levantou os olhos tristes e marejados. — O que foi, não está se sentindo bem? – Ele fez que não. — Bom, então... Acho melhor você ir logo para casa.

Ainda em silêncio, Gaara assentiu. Deixou a folha sobre a mesa e se foi. Chorou baixinho durante o percurso até chegar em casa.

Agora, tudo o que ele precisava fazer era aguardar Yashamaru voltar do hospital para ter alguma companhia outra vez. A ideia de poder ver seus irmãos foi a única coisa que manteve seus olhos secos durante toda aquela tarde, enquanto esperava a noite chegar e trazer seu tio de volta para perto dele.

Queria estar com Yashamaru. Queria muiro. Pois a dor costumava ficar menos intensa ao lado do oji-san.

 


Notas Finais


E então, o que acharam?

Deixe o seu comentário, ok? Prometo que posto o próximo em breve.

Beijos ^^


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