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História Crônicas três irmãos da Areia: Aparências - Diferente


Escrita por: Kah_

Notas do Autor


Boa noite, galera!

To postando mais um cap. hj pq quero correr com essa fic, por motivos particulares... É que eu acho que eu vou dar um tempinho do site, não sei ainda. Mas, enfim...

Trago a continuação dessa história que já avisei que vai ser bem leve, abordando o fato de Gaara ser diferente das outras pessoas de sua vila. Essa ideia meio que surgiu de uma fala do Naruto, no clássico. Ele chama o Gaara de "garoto sem sobrancelhas", lembram? É naquela época que os dois não se davam mto bem ainda...

Ah, e só mais uma coisa: um leitor me perguntou o que significa a palavra "Itoshii", daí pensei em responder pra todos aqui, pode ser que essa seja uma dúvida de outras pessoas, tb. Pra quem não sabe, itoshii é o mesmo que "querido, pessoa amada". O Yashamaru smp chamou o Gaara de "querido" lá em "Ao seu lado para sempre", então resolvi continuar com isso daqui em diante, só que usando o termo em japonês, pq achei a palavra mto fofinha!
Se alguém tiver outra dúvida a respeito das palavras estrangeiras, é só falar.

Sem mais, fiquem com esse cap. escrito com o msmo carinho de smp.
Beijos e boa leitura ^^

Capítulo 2 - Diferente


Fanfic / Fanfiction Crônicas três irmãos da Areia: Aparências - Diferente

"Adormeço com a ideia tola de querer ser diferente do que sou, ou de que não sou como queria ser.  E de que faço tudo ao contrário... Exatamente por não ser igual."

(Anne Frank)

 

 

O relógio de parede marcava nove horas da noite, mas só para conferir, Gaara também olhava o da mesa da sala de estar e o da cozinha, que mostravam o mesmo horário. Como o tio havia lhe dito, o dia no hospital seria mais longo do que o de costume, então Gaara deveria ser paciente... Só para variar.

Na época em que Yashamaru conseguiu o cargo de líder da ala de antídotos e venenos do hospital de Sunagakure (coisa que ele se esforçou muito para alcançar), o ninja-médico permanecia no trabalho quase que o dia inteirinho, saía bem cedo e só voltava para casa quando a noite caía.

Isso não durou muito, já que ele percebera que deixar uma criança tão pequena sozinha em casa era uma atitude no mínimo negligente, ainda mais em se tratando daquela criança. Sendo assim, Yashamaru deu um jeito de mudar seu horário, entrando no hospital às oito da manhã e voltando lá pelas quatro da tarde. Ainda era um bom tempo longe de Gaara, mas foi o melhor que o tio conseguiu fazer.

Agora, os dias em que ele passava bastante tempo no hospital eram apenas exceções, como o caso desse dia em especial.

Sozinho, Gaara até pensou em caminhar um pouco pelas ruas, procurar um local mais alto e ficar ali durante um tempo. No fim, acabou ficando em casa mesmo, lendo um pouco, colorindo um caderno de figuras de animais e relembrando a cena daquelas crianças rindo dele, na escola.

As perguntas que elas fizeram deixaram Gaara triste. Na aparência, o menino sabia que era mesmo diferente dos demais de sua idade (nas outras coisas também), mas pensava que talvez, com o passar do tempo, seu rosto iria acabar parecendo com os das outras pessoas; se dormisse um pouco mais, talvez até aquelas sombras negras poderiam desaparecer de seus olhos; e quem sabe um dia suas sobrancelhas aparecessem no rosto, mesmo que atrasadas.

Gaara tentava pensar em outras coisas, concentrar-se em algo mais tranquilo. Então decidiu continuar pintando os desenhos de seu caderno.

O menino espalhou um monte de canetinhas pelo tapete da sala, mas não achou aquela que queria; lembrou-se de que havia mais um estojo de canetas coloridas em seu quarto e saiu correndo até lá, subindo as escadas.

Dentro de seu armário perfeitamente arrumado, encontrou o tal estojo e começou a levá-lo consigo. Antes de descer para o andar de baixo, porém, ele parou frente à porta aberta do banheiro, mais precisamente,  em frente a um espelho grande e oval que ficava em uma das paredes.

O menino adentrou o local.

Gaara encarava a criança refletida ali. Sentiu necessidade de olhar mais de perto os detalhes que o fazia tão diferente dos outros de sua idade. Encarava a si mesmo, como se o outro no espelho pudesse lhe explicar todos aqueles “porquês”, vindos das crianças de sua turma.

Ele fechava os olhos e tocava em suas pálpebras negras, fazia o mesmo com a parte de cima dos olhos, onde deveriam estar as  sobrancelhas que ele não tinha.

— Eu gostaria de ser igual as outras crianças... Por que será que eu sou tão diferente dos outros? – Perguntou a si mesmo.

Até aquele momento, Gaara nem havia notado que o estojo de canetinhas coloridas ainda estava em suas mãos, mas assim que o fez, encontrou um jeito de resolver o problema. Um modo que só faria sentido para uma criança da idade dele: o menino abriu o zíper da bolsinha, e sem muita demora, escolheu a caneta vermelha escura. Essa seria perfeita.

Deu dois passos mais a frente do espelho e com a mão direita, começou a desenhar um risco curvado na pele, justo na elevação acima de seus olhos. Fez isso dos dois lados e depois acendeu mais os traços.

Quando terminou, voltou os mesmos dois passos para trás e sorriu ao constatar que ali estava o par de sobrancelhas ruivas que faltava em seu rosto, desenhadas uma maior do que a outra e a outra mais torta do que a uma.

Já ia igualar os traços quando ouviu o barulho da porta de entrada no andar de baixo e a voz suave e cantarolada de seu oji-san, chamando seu nome e dizendo que havia chegado em casa.

No mesmo instante, Gaara correu até a pia do banheiro, atrás de água.  Abriu a torneira e começou a esfregar a testa de forma precária e um tanto exagerada, ao ponto de fazer surgir ali uma pequena parede de areia, o impedindo de continuar a fricção.

— Ah, não, areia. Por favor... – O menino ouviu seu tio chamando-o pela segunda vez; respirou fundo, esperando a proteção de areia sumir por completo. — Já estou indo, Yashamaru, só um minuto!

Gaara buscou mais um pouco de água com as mãos em formato de concha, olhou rapidamente para o espelho na parede, viu que um dos traços havia sumido, mas o outro ainda estava ali.

— Onegai, suna! – Suplicou baixinho para a nova parede de areia que se formou contra o gesto intenso de esfregar a pele com força.

Tentou molhar o rosto um pouco mais, no entanto, parou quando notou a figura de Yashamaru à porta do banheiro.

— O que você está aprontando aí, itoshii?

Gaara manteve o rosto abaixado, com uma pontinha de vergonha e com as bochechas coradas.

 Yashamaru viu o estojo de canetinhas jogado no chão.

— Por acaso está desenhando nas paredes do banheiro como daquela vez na cozinha? – E Gaara fez que não. — Ora, então o que foi? – O tio cruzou os braços.

Com receio, o sobrinho ergueu a cabeça, mostrando o que de fato estava fazendo. Se sentiu um idiota por estar protagonizando aquela cena.

— Desculpa...

Yashamaru percebeu o risco do lado esquerdo da testa de Gaara e a mancha borrada de vermelho no lado direito. O jovem sorriu, balançando a cabeça. Aproximou-se do menino.

— As folhas do seu caderno de desenho acabaram? – Perguntou, gentilmente. — Podemos comprar outro, se for o caso!

Em seguida, pegou a toalha de rosto que ficava pendurada num gancho ali perto, molhou a ponta com um pouco de água da torneira e se abaixou na altura da criança de cinco anos.

— E-eu estava...

— Estava fazendo bagunça, desenhando no próprio rosto! Dá próxima vez, que tal usar azul? Você ia ficar muito bem de sobrancelhas azuis, não acha?

Gaara não respondeu, recebendo o toque delicado de Yashamaru, que se ocupava em limpar com cuidado as manchas vermelhas na testa do menino.

— Você não pode riscar o próprio rosto. Para isso existem as folhas de papel, itoshii – o tio ergueu o corpo outra vez. — Pronto, já saiu! Quer ver?

Gaara fez que sim e voltou-se para o espelho.

— Você está chateado comigo? – O menino perguntou, timidamente.

— Ie – Yashamaru respondeu, ainda sorrindo. — Só curioso para saber o que estava se passando nessa sua cabecinha!

O tio dirigiu o sobrinho até a sala de estar. Enquanto devolvia os livros que havia usado no trabalho naquele dia para seus devidos lugares na prateleira ali perto; Yashamaru fazia um cálculo mental do quanto já estava atrasado para entregar os documentos sobre Gaara ao kazekage; também ouvia a explicação simplista do sobrinho sobre o que ele estava fazendo.

— As crianças na escola disseram que eu sou estranho... Porque não tenho sobrancelhas.

— Só por isso? – O tio retrucou, enquanto deixava o último livro de Medicina na estante minuciosamente organizada.

— E também porque meus olhos são escuros em volta – Gaara prosseguiu, agarrando-se um pouco mais ao ursinho de pelúcia que estava preso em seus braços. — E porque eu sou pálido como um pedaço de papel!

O jovem médico colocou-se ao lado da criança triste, deixando o corpo apoiar-se completamente no sofá macio. Olhou para o relógio de parede que marcava nove e quarenta da noite; olhou para a foto da irmã mais velha em um porta-retratos, encima de uma mesa; olhou para Gaara.

— E você não revidou esses insultos bobos? – Perguntou.

Um breve momento de silêncio. Depois, a voz baixa do jinchuuriki:

— Se eu revidei? – O menino abaixou a cabeça. — Não... Eu não soube o que dizer.

Yashamaru suspirou.

— Entendo...  – Ele tocou de leve uma das mãos de Gaara. — Mas quer saber? Todo mundo é diferente, itoshii. Ninguém é igual a ninguém, se você parar pra pensar.

— Você é igual a mamãe – o menino replicou, apontando o porta-retratos com a foto de Karura, fazendo Yashamaru sorrir um sorriso cansado.

— Não sou, não. Sua mãe era bem mais bonita!

Gaara endireitou o corpo, virando-se para o lado, para a direção do tio.

— Eu queria ser igual a você, Yashamaru. Com sobrancelhas e tudo!

— Você não pode ser como eu, sabe por quê? – O jovem olhou nos olhos do menino. Tocou a pontinha de seu nariz com o dedo indicador, fazendo Gaara se encolher com o gesto. — Porque você é o Gaara. Só por isso. Você não é diferente, itoshii. Você é único!

Como primeira resposta, Gaara sorriu para Yashamaru. Ele não tinha outra escolha, só podia adorar aquele homem que sabia usar sempre as palavras certas.

— Arigato, oji-san – o menino abraçou o tio.

Yashamaru apertou mais aquele abraço. Em seguida, desvencilhou-se dos braços de Gaara. Já estava mais que atrasado para fazer o papel de tutor do jinchuuriki da Areia.

— Preciso entregar aqueles documentos que te falei mais cedo lá na casa do seu otou-sama. Vamos?

Gaara fez que sim, perguntando se podia levar seu ursinho junto com eles. O tio concordou e ambos rumaram para o centro de Sunagakure, para a mansão do líder da aldeia. O fato de poder rever os irmãos depois de passar um bom tempo sem estar com eles fez Gaara sorrir durante todo o caminho.

Isso também ajudava a dor diminuir.

 


Notas Finais


O que acharam? Deixem seus comentários, ok?
Posto o último texto em breve.
Beijos :)


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