NORMANI POV
Hamilton's Mountain House. Peru. - Lima. 14:28
21 de Maio de 2006
:- Você está grávida?! — Exclamou o garoto de cabelos loiros.
:- Fala baixo, Eric! — Respondi entre os dentes, enquanto avançava em cima do garoto de cabelos rasgados, para calar sua boca com uma de minhas mãos.
Eu precisaria desabafar com alguém sobre essa gravidez e única pessoa que me veio a cabeça foi Eric. Apesar de brigamos e não sermos irmãos de sangue, ele é uma das pessoas que eu mais tenho confiança para contar qualquer coisa.
:- Como isso aconteceu, Mani. — Sussurrou. Espantado com a notícia, Eric, mantia uma feiçao aterrorizado, tirando minhas mãos que impediam-o de falar.
:- Você não precisa dos detalhes!
:- Bem que a mamãe diz, use proteção. — Fitei o loiro fazer cara de nojo, enquanto olhava para um ponto fixo. — O que você vai fazer agora?! — Nós sussuravamos um para outro, no caso de alguém passar pelos corredores e ouvir o que não devia.
:- É justamente por isso que estou falando com você! Eric, você é bom com idéias! Me ajude!
:- Mani, nós vamos sair em um vôo daqui a algumas horas e você quer que eu pense em algo, assim de uma hora para a outra? — Encarei os olhos azuis do garoto, que demonstravam confusão e a tentativa de processar o que estava acontecendo.
:- Não é óbvio? — Meu irmão iria responder, mas foi impedido pela voz grossa de meu pai, que suava irritada e ecoava por todos os cômodos de nossa pequena casa.
:- Normani Hamilton! Dessa aqui agora e não me faça esperar! — Foi tudo o que ouvimos. — E você também, Eric Hamilton!
:- Agora ferrou. — Nos encaramos assustados, ao perceber a mesma frase ser dita imediatamente pelo os dois.
:- Você não sabe de nada! — Apontei para Eric que concordou com os olhos arregalados. — Vamos descer.
Saímos em direção ao corredor e em seguida para a escadas. Ao chegarmos no cômodo, meus pais encaravam o nada, mas cada um com um olhar diferente. Andrea parecia ter medo, já Derrick, demonstrava raiva e decepção.
:- O que está havendo? — O menino ao meu lado, se jogou no sofá quando terminamos de descer completamente a escada. — Por que vocês estão assim. — Ele indagou observando a feição de nossos pais.
:- Você. — Apontou em minha direção. — Senta nesse sofá agora. — Concordei e fui em direção ao movel, sentando-me ao lado de meu irmão e de frente ao outro sofá, onde minha mãe estava. Meu pai encontrava-se de pé no meio da sala. — Sabe, quando somos adolescentes ou acabamos de nos tornar adultos, achamos que podemos cumprir algumas responsabilidade, mas no fundo estamos errados.
:- Do que o senhor tá falando? — Juntei as sombrancelhas, tentando compreender.
:- Do que eu estou falando? Como vocês são ingênuos. — Rio sem um pingo de ânimo, fazendo-me ficar ainda mais confusa, assim como Eric. — As vezes vocês podiam ser mais discretos.
:- Amor, chega logo ao ponto. — A voz desesperada da mulher, se fez presente em nossos ouvidos.
:- Normani, decepção é uma coisa que cinto raramente, mas eu nunca senti angústia maior do que a que sinto agora. — Engoli em seco, já imaginando o que viria a seguir. Oh droga! Será que todas as forças do universo estão contra mim? — Eu não esperava isso de você! — Abaixei minha cabeça já sentindo a vontade de chorar vir a tona.
:- Foi um acidente! — Sequei as lágrimas que insistiam em cair, em seguida levantando a cabeça para encarar seu rosto. — Espera! Como você descobriu?
:- Não foi ele. — Fitei minha mãe se levantar e ganhar a atenção de todos na sala. — Foi eu!
:- Mas.... Como isso é possível? — Eric disse confuso.
:- Eu passei no corredor e acabei ouvindo a conversa de vocês! — Sua voz parecia envergonhada, porém, meu sangue fervendo, impedia-me de ouvir essa tal "vergonha"
:- E você, como sempre, correu contar para o papai! Será que você nunca vai conseguir depender de você mesma? Eu tô cansada de ter que viver dessa forma! — Esbravejei. Nunca passou pela minha cabeça, uma atitude dessa, principalmente vinda de minha mãe!
:- Olha como você fala! Ela é sua mãe, mais respeito. — Ouvir meu pai defende-la, apenas piorou meu estado.
:- Pô mãe, que vacilo! — Eric deu de ombros enquanto mexia no cardaço do tênis, dando de ombros. — O que foi? — Ele nos encarou ao sentir os olhares furiosos caírem sobre ele.
:- Você pretendia acobertar sua irmã por quanto tempo? — O homem furioso com um olhar ameaçador, dirigiu-se ao garoto.
:- Sei lá! Talvez até a barriga começar a crescer. — Novamente, deu de ombros. Derrick murmurou algo e eu apenas chutei a perna do loiro, disfarçadamente. — Ai!
:- Eu só quero saber, qual é o problema da minha gravidez? Que eu saiba, tenho mais de dezoito anos. — Indaguei incrédula.
:- Essa parte não é problema! O problema é o pai dessa criança. — Virou-se para a parede socando-a em seguida. — Por mim, essa criança podia ter duas mães, mas por que justo com ele, Normani, com ele?
:- Ainda não entendi o problema!
:- Chega! Vocês dois, a gente vai se atrasar, então, Derrick, pergunte logo o quê você tem que perguntar. — A senhora andou até atrás de seu marido, para massagear os ombros de meu pai.
:- Tudo bem! Vamos logo! Normani você tem duas opções: ou você vai com a gente; ou fica aqui com aquele cachorro.
:- O que?! Você não pode fazer isso! — Eric levantou-se indignado.
:- Você fica quieto ou você vai ver o que acontece com seu vídeo-game. — No mesmo instante, o adolescente levantou as mãos em redenção e jogou-se no sofá. — Vai Normani, você não é independente? Então decida.
:- É, eu sou independente e eu já me decidi. — Engoli em seco e procurei ar para continuar a frase. — Vou ficar aqui! Com Arin, pelo menos ele não me preciona em nada. — Meu pai pareceu relutar antes de concordar.
:- Então vai! — Apontou para as escadas.
:- Eu vou e saio antes de sua viagem. — Subi as escadas correndo sem ao menos esperar a resposta.
Abri meu guarda roupas com força e socando algumas roupas dentro de uma mochila. Minha cabeça rodava e meus olhos ardiam pela intensidade em que as lágrimas caiam.
Terminei aquela "mala", paguei o celular e desci correndo. Todos olhavam para mim, sem expressão nenhuma.
:- Eu vou indo. — Tentei mostrar indiferença.
:- Vou sentir sua falta, Bear. — O garoto correu em minha direção e me apertou em seus braços. Ele me chamou pelo apelido que usávamos quando éramos mais novos. — Eu te amo!
:- Eu também vou sentir sua falta. — Me desviei do abraço e puxei sua cabeça para que ele me olhasse nos olhos. — Eu vou voltar rápido, você vai ver! — Ele concordou com os olhos marejados. — Eu te amo.
Ficamos um tempo daquele jeito, para depois me direcionar aos mais velhos.
:- Espero que voltem bem. — Desmanchei aquela postura. Apesar de tudo eles são meus pais.
:- Me desculpe bebê — A senhora levantou e parou em minha frente. — Eu te amo. — Bejou-me a bochecha. Nada lhe respondi.
:- Você fez a escolha errada, mas quando voltar, estarei de braços abertos te esperando. — Meu pai beijou-me a testa e eu não lhe dei palavras. Fui em direção a porta e acenei com a cabeça antes de sair completamente.
O sol era forte, apesar do frio. Eu apenas queria ir para os braços do meu namorado e chorar tudo o que eu tenho para chorar. Andei tão depressa, que em poucos minutos, estava na porta de Arin. Bati frenéticamente na madeira até a visão do homem surgir no meu campo de visão. Ele que sorria, desmanchou a expressão que agora era confusa.
:- Mani, você tá chorando? O que houve. — Puxou-me para dentro e só depois de fechar a porta, deu-me um abraço. — Não deveríamos estar indo para o aeroporto?
:- Não vamos, na verdade eles vão, a gente não. — Abaxei a cabeça.
:- Como assim?
:- Meu pai quis dizer que só vou para Miami com você, se nós arranjarmos o dinheiro.
:- Isso é péssimo! — Sussurou para si mesmo. — A gente vai dar um jeito, Okay? Eu vou dar um jeito!
:- Eu confio em você. — Novamente, as lágrimas caiam depressa. Arin, veio em minha direção e me abraçou.
:- Vai ficar tudo bem. — Sussurrou. — Vai ficar tudo bem! Eu Prometo. — Disse baixo novamente, antes de colar seus lábios em minha testa.
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