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História Crossed Histories - Who We Are: I'm Back Traitors


Escrita por: Gigi-do-Malik

Notas do Autor


◢◤ Olá queridas, amores da minha vida ♡ ♡
Como vocês estão?

Hoje eu não tenho nada de mais para comunicar aqui, na verdade, eu nunca tenho kk
Só quero desejar vocês um Feliz Natal e como não sei se volto aqui antes do Ano Novo, ótimas festas de Fim de Ano também. Saibam que amo cada uma de vocês szsz ~ deixem meu momento gay aqui ~

Enfim, meu desejo era postar amanhã no Natal, mas decidi postar hoje e homenagear Louis também! Não acredito que a bicha bunduda fez 24... SENHOR SÃO 24 ANOS DE PURA GOSTOSISSE!! ISSO PODE PRODUÇÃO? NÃO PODE! Vou me suicidar e já volto!

~ Cri cri cri ~

To super mal :( Mas ao mesmo tempo feliz. Vai me entender né...

Bom, finalizando, espero que vocês gostem desse capítulo super imprevisível. Eu adorei escrever ele, mas foi difícil pra porra, deu um bloqueio do cão (lê-se capeta, aquele troço não era de Deus) até decidir fazer assim e não ficou como eu imaginei, mas o resultado final acabou me agradando. Espero que agrade vocês também, CRH não é uma história convencional.

Capítulo dedicado à minhas leitoras fieis e totalmente adoráveis:

★ ~Thory
★ ~AghataMargoss
★ ~Slammed
★ ~Panda_da_Ari
★ ~Plaisir
★ ~IloveNutellas2
★ ~Bixasvato
★ ~Carlarro

Amo todas vocês, CRH não seria nada sem a presença de cada uma <3

Boa Leitura Panetones de Chocolate (tô com fome) ↓↓↓ ◠‿◠

Capítulo 16 - Who We Are: I'm Back Traitors


Fanfic / Fanfiction Crossed Histories - Who We Are: I'm Back Traitors

                                   Lânia (Europa)

— Aperte mais — peço à Maite, entre suspiros. O espartilho já está apertado o bastante, mas é exatamente isso o que eu preciso sentir: dor. E espero que ela me ataque da forma mais certeira possível.

— Tem certeza, milady? Acho que já é o suficiente, irá machucá-la.

— Não — suspiro — Por favor, pode apertar mais? — imploro e, por sorte, sei que não é muito difícil convencê-la, mas não ouso me sentir mal por isso. 

— Tudo bem, milady — Maite suspira e volta sua atenção do espelho a minha frente para os vários fios da roupa, cada vez mais apertados. Prendo a respiração, sentindo-os me esmagarem dentro do espartilho, mas não quero ceder ao mal-estar. Além disso, quanto mais apertado, mais bonita ficarei, como mamãe e Barbra fizeram questão de fixar em minha mente antes de virmos para cá. E eu não pretendo ir ao Salão das Mulheres, tendo que encarar a cara sínica de Lillian, desleixada. Talvez toda essa atmosfera esteja mesmo conseguindo virar minha cabeça do lado avesso.

— Assim está bom? — pergunta com calma.

— Mais um pouco.

Baixo o olhar, tentando controlar pensamentos indesejados somente ao mencionar o nome de Lillian em mente. Não a vi depois do incidente no quarto de Ed, quando tudo ainda parecia levemente perfeito. De fato, foram alguns dias. Perguntas a respeito daquele momento estranho invadiram minha mente desde então, como por exemplo, será que ela gosta dele? Ele já gostou dela, em minha ausência? Eles chegaram a se envolver?

Não, claro que não. Uma moça de família nobre, especialmente como a de Lillian, não permitiria tal ato. Ela precisa se manter pura até o dia do casamento, quando a lua de mel chegar. Uma onda de alivio me invade, eliminando as piores possibilidades de envolvimento entre os dois, mas isso não significa que eles não possam ter dado bons amassos, assim como eu e Ed fizemos diversas vezes. 

— Pronto, senhorita — diz, largando o que estava fazendo e levando as mãos até as costas. Por mais que eu insista, ela não aceita de modo algum me chamar pelo nome. É frustrante, porém totalmente compreensível vindo de uma moça meiga e formal como Maite, que quer se manter nas rédeas. E eu não me vejo alguém importante para privá-la disso, então apenas tento me acostumar.

Rupert, suspiro fundo quando as palavras de Duarte ecoam em minha mente, exatamente como fizeram nos últimos dois dias, desde a conversa. Fecho os olhos, repreendendo-me e tentando lembrar que o espartilho está apertado demais para movimentos bruscos. Nunca fui uma apreciadora de coisas apertadas ou então que incomodam excessivamente.

— Pode ir, eu termino por aqui.

— A senhorita...

— Tenho, Maite — corto-a, sabendo o que ela falaria seguidamente — Pode ficar tranquila, só falta a maquiagem e não pretendo exagerar.

Ela faz uma reverência, soltando um risinho tímido e se dirige até a porta, abrindo-a e fechando sem fazer o menor dos ruídos. Solto o ar que prendi aos poucos calmamente, tentando não brigar com a vestimenta apertada ao extremo e pego o frasco prateado, cheio de enfeites detalhados que contém uma colônia cheirosa de perfume. Seguro a essência na palma de uma mão, posiciono no pescoço, afastando todo e qualquer cabelo para atrás de meus ombros nus e aperto a bombinha, borrifando a fragrância maravilhosa que escorre como água para todos os lados. 

Seguidamente, pego o pequeno pote e o destampo, vendo o batom pastoso. Levo levemente meu dedo indicador até lá, esfregando-o e em poucos segundos ele está escorrendo e desenhando a boca como em uma pintura que ganha vida.

{...}

Sigo em passos largos pelo corredor, praticamente marchando, com medo de ter me atrasado para o chá particular da rainha no Salão das Mulheres, evento para o qual estava me arrumando. Ainda não vi a rainha Adelaide durante minha estadia e de certa forma isso está me preocupando. Ela estaria bem, afinal?

Eu perguntaria à Edward, mas não estamos conversando. Poderia então, perguntar a Rupert, mas a situação não está muito diferente com ele. Droga, mil vezes droga. Porque as coisas insistem em ser tão difíceis para mim!? A vida está, claramente, conspirando contra minha pessoa. Minha adorável pessoa!

Reviro os olhos, tentando ignorar a ironia explicita nos pensamentos idiotas e foco em qualquer pessoa que passa pelo corredor.

O dia está calmo e quente, por isso, escolhi outro chemise branco que deixa meus ombros nus, porém é colado ao corpo. Caterina prendeu meu cabelo em um coque com fios soltos, onde uma presilha brilhante chama atenção no alto da cabeça e isso de fato me agradou. As joias do palácio sempre foram as melhores, e essa foi um presente especial da rainha quando fui embora, anos atrás. Lembro desse dia com todos os detalhes, Ed estava muito triste, Rupert também e Adelaide chorou. Era, claramente, e ainda é, um presente mais que especial. E eu só a uso para ocasiões especiais. Uma presilha delicada, com uma pedra verde esmeralda gigante e várias outras minúsculas. Parece tão sensível ao toque que na primeira vez senti que se a tocasse com força demais, suas pedras se quebrariam em frangalhos na palma de minha mão. 

Virando o corredor, o alivio é imenso ao ver a porta ainda aberta. Ao menos, isso me poupa de uma vergonha maior. Várias damas entram conversando, acompanhadas por amigas, com grandes e estonteantes sorrisos nos rostos. Provavelmente, fofocando sobre algo por aí. Algo que, obviamente, não me interessa nem um pouco. Apresso o passo e esboço um sorriso largo, rapidamente retribuído por várias moças assim que cruzo a porta larga do Salão das Mulheres. 

Um círculo aberto foi formado por dezenas de cadeiras vermelhas pomposas, onde várias jovens já estão sentadas conversando. A parte aberta da roda está virada para a porta, na entrada do Salão, que fica cada vez mais cheio. Uma pequena mesa está posicionada no centro, com jogos de xícaras e alguns bules, prontamente servidos e sendo entregues para as damas presentes.

Avisto um lugar vazio ao lado de Jade, que não deixa de acenar ao me ver, sempre com aquele sorriso contagiante. A presença da senhorita Thirlwall chega a ser reconfortante depois dos dias turbulentos que tenho passado. Eles vêm me gerando uma dor de cabeça imensa, mas os enjoos em meu estômago melhoraram consideravelmente. 

Antes mesmo de sair do quarto, decidi que não me preocuparia com Ed, Rupert e nenhuma outra baboseira que possa me tirar do sério. Hoje é um dia especial. Eu não estou contando mais os dias de estadia no palácio, ora se passam voando, ora se arrastam, mas ainda estou ciente de que mais de uma semana se passou. Talvez, uma semana e meia desde que cheguei. E tantas coisas aconteceram que não é possível mais lembrar-me mentalmente de todas sem deixar passar algo. Não que elas sejam muito fáceis de serem deixadas de lados. Eu sempre soube muito bem que a atmosfera agitada do palácio nunca para, nem mesmo para as piores ocasiões.

Caminho animadamente na direção de Jade, sentindo minhas mãos suarem somente por imaginar a diversão que ela me trará. Sorrisos sinceros, gargalhadas gostosas e conversas que não envolvem nada relevante ou que nos prenda a atenção por mais de cinco minutos. E aí, mudaríamos de assunto rapidamente, exatamente como eu costumava fazer com Barbra.

— Olá, senhorita comprometida — ela diz assim que sento ao seu lado, sem deixar o habitual nível de fofura de lado.

— Oi? — pergunto, rindo nervosa, mas sabendo do que se trata. Pelo visto, minha definição de tarde está bem longe da realidade...

— Ah, você sabe — Jade pisca os olhos, remexendo-se na cadeira para virar o corpo em minha direção. Seu cotovelo é apoiado no braço estofado da cadeira e sua cabeça na palma de sua mão, de modo que ela não deixará escapar nenhuma reação minha. E eu fico completamente ciente disso.

— Não, eu não sei — sorrio largamente, vendo-a estreitar os olhos, desconfiada.

— Não, você sabe sim. Só não quer admitir. O que a senhorita não sabe — Jade começa a batucar os dedos ao lado do cotovelo, fazendo um barulho chato na cadeira — É que com isso você também não nega, fazendo-se de desentendida.

— Você com certeza sabe muito, espertinha — arisco uma piscadela e jogo-me confortavelmente sobre a camada fofa e macia abaixo de mim. Claro, no máximo que os modos de postura me deixam ficar confortável, sem falar no espartilho. Merda, essa coisa nunca vai me deixar em paz! Por que diabos eu não escutei Maite?

— Eu sei, você não — rebate, revirando os olhos.

— É mesmo? Duvido muito — franzo as sobrancelhas, certa de que já vencera a batalha. Permito inflar meu peito de ar, como se o ato me desse um ar de superioridade.

— Então... — ela começa novamente, também com ar superior — Você também deve estar sabendo que as gêmeas Brocheré flagraram você e Ed juntos várias vezes nos últimos dias. Inclusive aos beijos pelos cantos do palácio... Isso me deixa um ponto atrás?

Em um ato impulsivo e totalmente assustado, praticamente pulo da cadeira, sentindo meu coração disparar e quase subir pela boca. Sem contar no fato de que, mais um pouco de esforço e meus olhos saltarão das órbitas.   

— Quê? — falo, tentando recuperar o fôlego, sem ter a mínima ideia de como o perdi — Pode explicar isso?

Olho-a desconfiada, ela pode estar jogando verde para colher maduro. E se está pensando que isso dará certo, ela está muito...

— Não! —sou tirada da enxurrada de desconfiança por um gritinho rápido e estridente de Jade como resposta, que logo se encolhe ao receber vários olhares curiosos das damas sobre nós. Não posso deixar de rir — Você não sabe muito? Ou então de nada? Claramente, esse assunto não lhe interessa. 

Jade continua sua fala baixinho, evitando chamar mais atenção para nós e nossa conversa. Ao terminar, ergue o queixo, como se fosse superior de alguma forma por conseguir jogar minhas próprias palavras contra mim. Não que eu tenha dito isso com todas as letras.

Reviro os olhos, morta de curiosidade. Não é possível que tenhamos sido tão descuidados a esse ponto!

— Por favor — junto as mãos e imploro. Eu preciso ir mais a fundo nessa história. Não sei se é normal para Edward ser visto com mulheres pelos cantos mas, claramente, não é para mim. E minha vida íntima não está à disposição das línguas alheias. Só de pensar que a fofoca de algumas das damas tenha sido meu nome, sinto meu estômago revirar.

— Então você admite que têm saído com ele? — Jade ergue as sobrancelhas e dá um sorriso travesso.

— Admito —digo com tédio. E ela está muito... certa. Droga, ela está certa. Não há como fugir.

— Tudo bem — Jade bufa, convencida — As irmãs Brocheré flagraram você e Ed juntos várias vezes nos últimos dias — repete, convencional.

— E... — a encorajo a continuar.

— E, o quê?

Seguro-me para não mandá-la deixar de ser tão boba.

— Quem são as gêmeas Brocheré?

— Ah sim, agora estou entendo — Amélia cruza os braços na altura do busto e se ajeita corretamente na cadeira — Lembra daquele dia que Ed supostamente chamou Lillian para conversar? — pergunta, e minha memória leva diretamente para aquele dia horrível. Assinto, esperando-a continuar — Haviam duas gêmeas com ela e elas te provocaram. Idiotas — revira os olhos para si mesma — Enfim, acho que se lembra disso também. São elas.

Franzo a testa. Só pode ser.... Justamente do clubinho da senhorita Comiotto. Será que eu lhe fiz algo!? Isso está ficando pessoal; até demais, para o meu gosto.

Bufo.

— Uau! Por essa eu não esperava — confesso.

— Pois é! E pode ter certeza, não vai acabar por aí.

— Podemos esquecer isso? Por favor, não gosto de pensar que as damas andaram falando mal de mim recentemente. Ainda mais pelas minhas costas.

— Claro — Jade põe sua mão por cima da minha, seguida de um leve aperto — Estarei aqui sempre que precisar de distração.

Sorrio largamente.

— É a única coisa de que preciso agora.

— Seu desejo é uma ordem — ambas rimos à vontade, mas logo somos interrompidas por uma sequência de palmas altas que exige atenção. É Jenna-Louise, também conhecida como a Organizadora de Eventos da rainha Adelaide. 

 — Sejam bem-vindas ao Chá da Rainha garotas, um evento importante que ocorre a cada dois meses. Como todas nós sabemos, é feito para que tenhamos cada vez mais intimidade com Vossa Alteza — diz calmamente, oscilando os movimentos da xícara em sua mão enquanto fala graciosamente. Eu me lembro vagamente dela, mas ainda está viva na memória — A rainha Adelaide já está a caminho e não demorará. Peço que se sentem e aproveitem o tempo para conversar sobre as boas novas. Isso é tudo.

Uma salva de palmas segue, mesmo sendo um discurso simples e irrelevante. Por respeito, imagino. Jenna é uma figura importante na vida deste lugar. 

— Está pronta para rever a Rainha, Phoebe? Tenho certeza que ela ficará muito contente em te ver tão linda — Jade soa ao meu lado, transferindo minha atenção para ela.

— Ansiosa — faço careta — Não sei muito bem como ela reagirá. Eu devo abraçá-la ou cumprimentá-la normalmente?

Jade dá de ombros.

— Não faço ideia — ri baixinho — Na hora, você saberá. 

— Amélia, você não está ajudando nada — reviro os olhos — Bela amiga.

— Ei! – finge-se de ofendida, levando a mão ao peito — Sou sua amiga, não uma bruxa com bolas de cristais!

Tento segurar, mas é impossível não rir ao ouvir sua comparação.

— Um dia, chegamos lá — asseguro.

O tempo passa rápido. Uma orquestra chega ao local, montando violinos e começando a tocar melodias lindas e harmoniosas. Tudo está quase perfeito. Exceto por Adelaide demorar cada vez mais e eu não sei se devo me preocupar ou não, afinal, não é muito normal que rainhas se atrasarem para compromissos. Elas são incrivelmente pontuais. Várias damas nos cumprimentar e jogar conversa fora, mas felizmente Lillian se manteve quieta em seu canto. Tão querida e cheia de garotas para conversar quanto eu. 

Minha cabeça parece ferver para tentar entender nossa rivalidade, além do motivo de sua presença me incomodar tanto. Todas as respostas me levam a Ed, mas eu não quero ser tão egoísta e ignorante a esse ponto. Ela parecia tão legal nos primeiros dias, foi gentil e eu nem a conheço! Qual será o motivo de tanta raiva!?

Ás vezes, sinto seu olhar queimar sobre mim enquanto se ela esforça para ter um diálogo descente, mas tento ignorá-la ao máximo. Nem ela conseguirá estragar minha tarde, hoje é um dia especial!

Ou então isso seja somente um mero pressentimento. 

Poucos minutos depois, a porta foi aberta num baque estrondoso. A música parou no exato instante, houveram gritinhos assustados e em menos de um segundo todas olhávamos na mesma direção. É Edward, todo suado, com o cabelo ruivo pregando no rosto e sua habitual camisa branca, quase transparente, completamente ensopada. Ele lança um olhar desesperado na direção de Jenna-Louise, ou pelo o menos foi isso que pensei.

— Preciso de você, agora — diz quase sem voz e parece que Ed desmoronará a qualquer momento, basta um toque e....! Todos os olhares curiosos, inclusive o meu, se voltam para a pessoa com quem ele fala e, droga, não é Jenna. 

Lillian larga o livro que estava acomodado em suas mãos e o joga na mão da garota mais próxima. Levanta sem graciosidade nenhuma, segurando a barra do vestido vermelho com força. Parece chocada.

Antes que meus olhos possam acompanhar, ela já está junto de Ed.

Christopher cochicha palavras no ouvido dela, um ato rápido e eficaz e, imagino eu, que está explicando algo. Seguidamente, Lillian sai correndo pelos labirintos do castelo. Só Deus sabe aonde ela está indo. 

Ed respira fundo, como se houvesse tirado um grande peso de suas costas, mas ainda não parece relaxado. Ele passa uma das mãos pelo rosto suado, mexendo nos cabelos e os levando para trás. Está afastando maus espíritos, pensamentos ruins. Edward se vira para ir embora, mas algo o faz parar bruscamente. Na verdade, alguém.

Olhando por cima do ombro, sinto seu olhar em mim, que estou estática, provavelmente, esperando uma explicação. Mas eu sei, ela não virá. Não agora, neste lugar lotado de gente nos observando. Quero fechar os olhos e abaixar a cabeça, mas não o faço, somente encolho os ombros na cadeira o máximo que posso.

Suspiro, com suas atitudes pesando como um saco de pedras em meus ombros. Eu não sei se posso carregá-las por muito tempo. 

Ed nega com a cabeça, puxando ar e lançando-me um olhar compreensivo e, se ele pudesse dizer algo nesse momento, tinha plena certeza que seriam palavras como “Desculpe, não fique preocupada, mas isso é importante, prometo que explico tudo mais tarde” 

Assinto, mas não por vontade própria. Ele sorri, um sorriso fraco e sem humor, como se estivesse sendo obrigado a isso para tranquilizar a todos os presentes.

— Miladys — é sua última palavra antes da porta bater forte e nos deixar sós. Há suspiros, garotas maravilhadas por estarem na presença do príncipe, mesmo em uma circunstância tão estranha e suspeita. Percebo então as crescentes lágrimas que insistem em brotar nos meus olhos, contra minha vontade.

Preciso fechar os olhos e controlar a respiração, pois somente o que posso fazer é me convencer de que o que houve aqui não abalará ainda mais a nossa relação.  

.........

De manhã
             Até à noite
               Captando as negociações
                       Quando os pássaros voltam para mim
                 Oh, para mim

      Em cima da montanha
                     Embaixo, no covil do rei
                        Empurrando essas caixas no calor da tarde
                 Oh, tarde

         Nós nunca fomos bem-vindos aqui afinal, não

      É o que somos
                    Não importa se fomos longe demais
                Não importa se está tudo bem
                  Não importa se não é o nosso dia

      Você não irá salvar-nos?
               O que somos
              Não pareça consciente
               É tudo para cima a partir daqui

       É o que somos
              Nós nunca fomos bem-vindos aqui

        Eles dizem que somos loucos
                      Eles dizem que somos loucos
              É o que somos
                        W ho We Are – Imagine Dragons

.........

                                      Lânia (Europa)

Engulo o crescente nó que se forma em minha garganta e viro o quinto corredor. Ou sexto, eu realmente não estou contando. Para minha total infelicidade, ainda estou muito mais do que familiarizada com essas paredes e isso de certa forma parece me assombra mais intensamente. Os retratos dentro das molduras, pintados à mão e o rosto das pessoas estampado neles... Familiares demais. Tudo está vazio, nada de pessoas, somente eu e o excesso de luxo do palácio. E é exatamente assim que me sento. Sozinha. Abandonada.

Não tardo a sentir gotículas de suor descerem dos cabelos até a extensão do pescoço, onde poucos minutos antes era tomada pelos beijos ardentes de Edward. Eu ainda consigo senti-lo, seus lábios ferventes tocando minha pele e suas mãos grandes e fortes agarrando minha cintura. Maldito momento para fraquejar!

Por um segundo, o medo crescente e gigante de não conseguir esquecê-lo, depois de tamanho momento de intimidade, paira sobre minha mente. Também não consigo espantá-lo, com a memória focada em sua expressão de prazer e em como continua enlouquecedoramente lindo. Ainda capaz de me tirar do sério; tirar toda minha sanidade restante. 

Respiro fundo e fecho as mãos em punhos, cravando as unhas em minha própria pele com a maior força que consigo fazer. Uma luz se ascende em minha cabeça e decido que procurar Jade ficará em segundo plano. Uma raiva grita ensurdecedora, tomando conta de mim e, definitivamente, tenho certeza de que estou pirada.

Meus pés dão meia volta com um rumo certo e deixo que o resto de minha sanidade voe para longe, como um pássaro livre. Eu estou pronta para cair no meu precipício. Ir mais a fundo no meu inferno pessoal.

Hora. É a hora. Sinos escoam na minha cabeça. Hora da vingança. A revanche. Depois de tanto tempo, finalmente é a hora de reagir. De fazer algo contra os moldes da sociedade. Sinto o orgulho jorrar de meu peito. É, nunca estive mais orgulhosa de mim mesma.

Paro somente quando vejo que cheguei ao meu destino.

Em momento algum o pensamento de desistir vem até mim, na verdade, provavelmente, nunca me senti mais decidida. Quero alertar a todos sobre minha presença, sobre o quanto mudei, mas principalmente, o quanto fiquei perigosa nesses dois anos. Eu fiquei louca. E continuo cada vez mais. Cada dia que se passa, eu fico um pouco mais, mesmo não percebendo. E creio que isso não vá parar.

Tudo. Foram todos os acontecimentos, o sofrimento, a quantidade exagerada de sentimentos ruins e desgastantes para qualquer ser humano... Tudo isso acabou me deixando louca e admito que não foi de maneira boa. Ainda assim, louca.

Paro em frente à enorme porta de madeira, esculpida da mais pura delas. Respiro fundo, sentindo minhas mãos tremendo de ansiedade. Toda a raiva reprimida finalmente sairá para fora. Consigo ouvir as vozes na minha cabeça sussurrando: Vá Phoebe, faça isso. Liberte-se.

E pela primeira vez no que parece um milênio, decido ouvi-las de novo. 

Não sei exatamente quanto tempo fico parada encarando a grande porta da Sala do Trono, mas são longos minutos. Infelizmente, pouco tempo para a oportunidade perfeita de mostrar minha ira.

Ouço passos no corredor e instantaneamente meus músculos tensos ficam imóveis. Aperto mais forte o punho que minhas mãos formaram e só então percebo o sangue que escorre delas. Porém, não é um algo que me incomoda.

Finalmente um guarda aparece para fazer sua ronda e o objetivo, felizmente, não é fugir como uma covarde.

— Senhorita? — ele pergunta, segurando a lança com força na mão direita. Ótimo, ele precisará dela. E eu também. Ouvindo o silêncio, o guarda não se intimida — Senhorita, peço que se retire. Esse corredor é proibido. Somente membros da família real podem transitar livremente nele.

Sorrio largamente, mesmo que o pobre coitado não possa ver o ato. Mal ele sabe a ironia contida nas suas palavras. Mas afinal, eu realmente sou um membro da família real? Claro que sou! E continuarei sendo até meu último suspiro. Tirem o trono de mim... Se puderem.

Sou mãe do herdeiro real e, se não é o bastante para me adicionarem na família, não há nada mais que possa justificar isso, pois mulher de Edward Christopher Sheeran já não sou há muito, muito tempo.

— Senhorita? — chama, novamente.

Viro o pescoço num movimento lento, sem a mínima pressa para deixá-lo descobrir minha identidade. O cabelo curto, que pega aproximadamente na altura do ombro, não deixa o cavaleiro descobrir imediatamente quem eu sou. Eles estão sujos e grudentos sobre minha face. O corredor pouco iluminado não o ajuda muito, motivo de meu divertimento.

Decido ceder essa batalha, levando um pé para trás e virando o tronco em sua direção. Encaro-o com os olhos pegando fogo, afundado em suas brasas quentes. Olhando-o melhor, não posso reconhecer seu rosto e deduzo que ele é uma guarda novo. Ou então, novo ao menos para mim. 

O rapaz é jovem e bonito, os dois tordos do brasão de Cantberg lhe caem muito bem no traje verde da guarda. Mas isso está errado. Em breve, o mais breve possível, dependendo de mim e eu sei que depende, haverá somente um tordo. Mudanças graves acontecerão.

Ele não está muito longe. Confuso, o guarda franze a testa e aos poucos vejo sua boca sendo aberta, tomada pela surpresa de minha inimaginável presença. Mas é claro, todos têm a mesma reação. Ele segura a lança afiada mais forte, como eu esperava que fizesse e dá um passo para trás, indeciso sobre o que fazer. Afinal, a Rainha Fugitiva e Traidora está no palácio real, ele precisa avisar o rei Edward. Mal ele sabe, mal ele sabe...

Dou um sorriso amargo para ele, que toma a decisão errada e caminha diretamente para mim. Para minha morte. Ou, talvez, para a dele. Infelizmente, não será a primeira vez que eu matarei uma pessoa, inocente ou não. Sua lança, prateada e afiada, pronta para tirar a vida de alguém, é apontada para mim. O homem entra em posição de ataque, achando que só porque eu sou uma mulher, serei aniquilada com facilidade. Fraco, de mente fraca e leviana. Você nunca deve subestimar um inimigo. Seguro-me para não rir, ele acabou de assinar sua sentença de morte, levando em consideração meu humor. Outra coisa que ele não sabe: poucas pessoas me ameaçaram e estão vivas para contar história. 

— Não, não, resposta errada — estalo a língua enquanto nego com a cabeça e com o dedo indicador — Você teve uma escolha e claramente escolheu errado. Sinto muito, querido.

— O que você... — para, embolando-se nas falas, ao ver que eu avanço em sua direção. Sem cautela, medo ou implorando misericórdia. Eu diria que há certa ironia em meus passos até ele e se esse cara fosse esperto, teria medo, pois estou me sentindo totalmente assassina agora. Além de que, claro, procurando algo para descontar a raiva.

Mas não é isso que eu farei com ele. Claro que não. 

Meu objetivo não é bater um papo, então parto logo para o ataque. Agarro sua lança num pulo e antes mesmo que um de nós dois possa ver o movimento, a parte traseira do bastão longo atinge sua cabeça com força, estalando.

Seus olhos arregalados continuam olhando para mim, instantes antes que seu corpo possa cair pesado no chão, inconsciente. Ótimo. Reviro os olhos. Que bela burrada você foi fazer, hein, Phoebe?

Esse cara me dará trabalho à beça! Decido não atrasar muito, atiro a lança no chão e agacho para agarrar seus braços. Tento não pensar muito no que estou fazendo, como sempre faço, e apenas seguir o instinto sanguinário. Arrasto-o lentamente até de frente a porta, jogando-o de qualquer jeito. Relaxo as costas, sentindo-as pesadas e com leves sinais de fatiga novamente.

Toco levemente a maçaneta delicada e fecho os olhos enquanto a viro. Eu sei que a sala está vazia, ela sempre fica. Péssimo hábito. Meu medo é que estivesse trancada. Todas as noites, Edward e Charles tinham o costume de vir aqui para pensar e juntos uniam suas mentes para melhorar o reino, trabalhar um pouco mais. Eles se sentavam nos tronos e colocavam suas habituais coroas, já que quando Ed virou rei, preferiu encomendar uma nova. Charles continuou com a velha que ainda usa. Velho egocêntrico.

Um ruído vem da porta e posso empurrá-la. Respiro fundo, aliviada.  Empurro-a até o final e puxo o corpo do guarda para dentro, dando suspiros pesados. A Sala dos Tronos está bem iluminada pela luz da lua, uma linda visão na sala espelhada, ampla e silenciosa na calada da noite. O momento perfeito para perder a cabeça e ser irracional.

Tomo o cuidado de fechar a porta, não quero correr o risco de ser vista. Não há nenhum tipo de suporte ou madeira para ajudar na segurança da porta gigantesca, o corredor costuma ser altamente seguro. Também é aqui que as coroas ficam quando não são usadas. As quatro estão belamente alinhadas no final da sala, bem atrás dos tronos, em uma fila e dentro de caixas envidraçadas. Mas não é minha intenção reforçar a segurança.

Bufo, puxando mais uma vez o corpo do guarda da patrulha até a parede lateral esquerda. Penso bem no que fazer para chamar atenção e somente um corpo inconsciente não fará esse trabalho. A intenção também não é roubar as coroas, nem sair gritando igual uma louca pelos corredores. Precisa ser evidente, algo autêntico que eles saibam que sou eu. Por fim, tenho uma ideia ainda mais louca e insana.

Essa lança será útil...

Saio no corredor e a apanho, voltando correndo para dentro. A parede é revestida com papel de parede damask azul claro com detalhes branco, uma excelente escolha. Meço minha altura na parede, querendo saber até onde posso alcançar. Não muito, porém o suficiente.

Pego a lança novamente e tento rabiscar as palavras do melhor modo que posso, mas a ação não gera muitos resultados. A parede é extremamente clara. Afasto-me até a parede lateral direita, analisando se é possível ler. Não.

Bufo estressada, revirando os olhos com força. O que será que Emma faria em meu lugar?, tento buscar a resposta, que logo vem, pior que a anterior. Isso é malévolo, tudo isso.

Olho para o corpo do pobre guarda. Será ele. Ele terá que bastar.

— Sinto muito — sussurro, agachando-me ao seu lado. Não tardo a fincar a lança no meio da barriga. Não há reação, ele nem se mexe, mas o sangue respinga em mim. Fecho os olhos e viro o rosto. Essa cena nunca será agradável, porém continuo. Com a lança ainda dentro dele, a conduzo para cima, na região do peito, rasgando tudo pelo caminho. O sangue não para de jorrar de todos os lugares. Meus olhos vagam até seu rosto, que tem a expressão serena, mas os olhos ainda estão abertos. Incomodada, fecho-os, desejando paz ao "nobre" cavalheiro de Cantberg — Descanse em paz.  

Paro, não julgando mais necessário, vendo sangue de sobra. Sentindo nojo, enfio as mãos na enorme cratera que acabo de fazer, soltando caras e bocas enquanto sinto  ficarem encharcadas. Levanto, começando os rabiscos novamente, em letras grandes e grossas, com líquido escorrendo pela parede enquanto eu deslizo de um lado para outro.

Repito o ato algumas vezes, desde encharcar minha mão com o sangue vivido e asqueroso até colorir pequenas falhas nas letras e, por fim, deixo a marca da palma de minha mão. É uma mensagem para Edward; ele saberá que quem fez fui eu. Ele saberá pelo tamanho da mão, inconfundível, que sempre se encaixou na dele. Se ele ainda lembrar desses pequenos detalhes... Levanto a lança, encaixando-a no final da frase, de pé.

Afasto-me novamente, lendo o que escrevi. Está chamativo, qualquer um notará, é impossível de ser ignorado. O corpo do rapaz é apenas um complemento. Um efeito colateral. 

“ESTOU DE VOLTA, TRAIDORES”

Satisfeita, viro para ir embora, porém algo me faz para bruscamente. Olho para trás dos tronos e avisto as coroas. Não serve de nada, mas constato que será icônico. Totalmente humorístico. Dirigo-me até o final da sala, onde quatro belas peças de ouro descansam. Embaixo de cada caixa de vidro há um nome escrito em pedaços de pergaminhos.

Adelaide. Charles. Edward. Sem nome. 

A minha coroa, última da fila, está com pergaminho em branco. Bufo. Vamos ver quem dará falta dela primeiro! Saco a pequena faca escondida em minha bota, fiel companheira, mas ás vezes totalmente esquecida. Escrevo com força, assim como fiz da primeira vez com a lança. O pergaminho fica rasgado por meu nome, assim como toda essa história me rasgou inteira. Eu jamais serei a mesma novamente. A droga do papel também não. 

— Espero que tenha arranhado o vidro — digo a mim mesma.

Por fim, abro a caixa, retirando minha coroa por direitos legítimos. Coloco-a embaixo do braço, protegida. Mais uma mensagem.

Caminho para fora, finalmente, respirando um ar mais puro. Viro o corredor, decidida a não limpar nenhuma gota de sangue.

Sentindo-me a arma mais destruidora do reino inteiro. A arma que eles criaram. 


Notas Finais


Playlist: https://www.youtube.com/watch?v=C-W40iW2MRs&list=PLA-tSOmDx5ECxYzB0fMLCCwIQCA88KEmI&index=16
Também cortei essa música em partes, porque se não ficaria maior ainda (lol)
E bom, as músicas do Imagine Dragons (ID) estão me inspirando muito, elas falam sobre lutas e superação e eu sempre gostei da banda, mas elas estão caindo super bem agora, assim como toda a Soundtrack de Jogos Vorazes, em que a Lorde sempre dá arrepios de tão diva. Escutei muito Everybody Wants To Rule the World pra escrever esse capítulo, me senti assassina kk Além das músicas do 25, espero que vocês vejam muito esse pessoal por aqui ^

E aí galerinha do mal... Gostaram? Odiaram? Amaram? Querem me matar? Se expressem nos comentários haha Esse capítulo foi bem irônico e... pesado?

Esse capítulo em especial foi bem forte pra mim, e muito importante também. Se vocês estiverem acompanhando minha cabeça na fanfic, e torço para que estejam, perceberam que a Phoebe não é uma coitadinha, ela tem os erros dela. Em momento algum foi meu objetivo fazer dela uma santa coitada, ela pode até parecer, mas não é. E queria que vocês se ligassem nisso, é importante pra mim!! Tô adorando a reação de vocês a fanfic, não fazem nem ideia <333

O que será que aconteceu com Ed? Será que foi com a rainha Adelaide? E o que a Phoebe vai fazer? Ela realmente ficou louca? Só Sexta, no Globo Repórter jafgvsavsa

Muito obrigada por todos os comentários e favoritos, vocês sabem que eu amo vocês <3
Hm.. não sei o que falar agora, tô sem cabeça, então talvez mais tarde eu atualize as notas ashva

HAPPY B-DAY LOUUUUUUUU! ♡ ♡

Indicações do capítulo:
Tears, da @Panda_da_Ari e da @TheJujubs . Gente, essa fanfic sobre Zumbis é maravilhosa, acreditem em mim, eu tava louca atrás de uma fic boa e tium, Tears caiu no meu colo que nem paraquedas kk Ela tem várias categorias, incluindo Ariana Grande, Magcon, 5SOS e 1D, tem mais umas aí kk Leiam, sério, muito boa:
https://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-ariana-grande-tears-4806517

E The Fall To Perdition, que é uma fanfic com Zayn, da @morghulis . Ótima também, sobre o Zayn 'Bad Boy' Malik e uma garota simples e inteligente. Se parece clichê? Não vou comentar, adoro ler clichês... Enfim, tem só um prólogo até agora, mas eu super adorei e recomendo pra vocês. Dica da tia Gi:
https://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-one-direction-the-fall-to-perdition-4861921

Enfim, agora vou me desculpar por ter demorado postar, de novo, porque como eu já disse, bloqueio + eu + lerdisse ambulante de irritação constante = semanas sem atualizar CRH
Tô tentando ao máximo fazer isso parar

Bom, até nos comentários
Um Feliz Natal pra todas vocês, anjos!!
Kissus XxGigi ☪☮ɘ ✡أ☯†


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