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História Crossed Histories - Runaways


Escrita por: Gigi-do-Malik

Notas do Autor


Olá pessoas lindas, sejam bem-vindas à mais um capítulo de CRH!
★ Primeiramente eu gostaria de agradecer imensamente a todos os favoritos que eu tive em apenas UMA semana! É isso mesmo!? Sério, vocês são demais, os melhores leitores que eu poderia ter ♡ MUITO OBRIGADA PELOS COMENTÁRIOS DIVOS QUE VOCÊS PUBLICARAM! Li cada um e adorei todos, significam muito para mim.
Enfim, tem alguns pontos que eu me esqueci de colocar no prólogo, então lá vai:

✘ A fanfiction tem uma playlist no YouTube e a cada capítulo uma música é adicionada (link nas notas finais). Me inspirei primeiramente em um vídeo da música de Era, Ameno. Aliás, essa é a música do prólogo. Para algumas músicas, sugiro que leiam escutando. Outras, a melodia pode não ter muito a ver; mas quando ocorrer, a letra vai ter nexo...
✘ A história não tem nada haver com deuses. Acho que deixei o prólogo meio confuso, então quero esclarecê-lo: ele é a fusão entre passado e presente. Neste capítulo, na parte do passado, vou contar o começo de tudo e na parte do presente, será a continuação do prólogo. Desculpem se causei a impressão errada. Qualquer duvida, podem me chamar.
✘ A fanfic também não é movida a comentários, embora eles sejam importantes. Então por favor, não deixem de comentar. É muito mais motivador do que imaginam.
✘ Leiam sempre as notas iniciais e as finais. De vez em quando vou dizer coisas importantes nelas, além de que gosto de interagir de forma geral.
✘ Será atualizado às sextas-feiras.
✘ Lânia é o Estado onde o capítulo acontece, apesar da capital ter o mesmo nome. Então, basicamente, é Lânia dentro de Lânia. Além de Lânia, existem outros três Estados dentro de Cantberg (meu lindo país fictício), que são Lavern, Vozu e Mintri.

Então, acho que é tudo isso. Esse é um daqueles capítulos necessários e espero que gostem. Só... não desistam da história agora, ainda temos muito pé pela frente!
Ps: desculpem as notas enormeeess.
Boa leitura ↓↓↓ ✿ XxGigi

☂ ATENÇÃO: Este capítulo foi reescrito e alterado.

Capítulo 2 - Runaways


Fanfic / Fanfiction Crossed Histories - Runaways

LEIAM AS NOTAS INICIAIS 

                                     Lânia (Europa)

Phoebe Bailke point of view

A carta recebida pelo correio viajante, tendo como remetente o selo real, deixou a casa agitada e um alvoroço intenso começou. Fiquei intrigada com o motivo, afinal, não temos notícias diretas do castelo há quase três anos; mas papai não nos deu muitas informações. Disse apenas que o rei Charles Sheeran II solicitou sua presença no palácio o mais rápido possível para uma retomada de “negócios indispensáveis” que pode mudar a vida de todos. Para mim tudo bem, papai merece expandir sua vida financeira, mas o que me deixou extremamente nervosa foi a minha presença também ser solicitada. De imediato, não compreendi o motivo para tal convocação, meu pai não precisaria de companhia para ir até lá quando se trata somente de política e dinheiro. Mas as suposições seguintes, sim, me deixaram preocupada e desconfortável na própria pele. Papai se empolgou demais, na minha humilde opinião, e mandou as serventes prepararem as malas logo. Partiríamos em dois dias. Sem mais informações, eu apenas devo ir junto. 

A simples ideia de que o Rei Charles tem curiosidade de uma possível avaliação quanto ao meu estado atual já me deixa sufocada. Para qualquer garota, é um sonho se casar com o príncipe, mas não sei o que significa para mim. Sem sombras de dúvidas, minha amizade com Edward Sheeran não é mais a mesma. Três anos podem não parecer muita coisa, mas são. Além de tudo, Charles está ficando velho, logo chegará aos quarenta anos e, tenho plena certeza, ele gostará de ter conhecimento de um herdeiro concebido antes de sua morte.

Depois de quase aproximadamente duas tortuosas horas presa dentro de casa tentando ser contagiada pela alegria e entusiasmo de todos, consigo escapar de mansinho pela porta dos fundos e pegar o cavalo. Parece extremamente impulsivo e infantil fugir dessa maneira, mas preciso espairecer desde que aquela carta chegou. Não consigo imaginar como será voltar para dentro daquelas muralhas, ainda mais sem escolha. 

Não corro o risco de ser muito imprudente e deixar meus pais preocupados. Sempre que saio com meu cavalo, Althea, deixo um pergaminho em cima da mesa de jantar avisando para onde vou, a que horas volto e com quem. Claro, depois de anos, minhas saídas repentinas já viraram costume, mas não me lembro de uma única vez em que deixei de avisar meus pais.

O caminho até a casa de Barbra é rápido. Mas para aonde quer que eu vá com Althea, tenho a impressão de sempre ser rápido. A sensação de liberdade, o verde do campo passando por meus olhos como rajadas de vento e a brisa suave soprando os cabelos.... Nada se compara à sensação de cavalgar com ele, é meu passatempo predileto.  

Diminuo a velocidade e encosto rente ao estábulo de madeira vermelha, amaro Althea com a velha e gasta corda posta especialmente para meu cavalo e caminho até a segunda casa mais familiar do mundo para mim. Chalés como o dos senhores Palvin são um dos melhores modelos, na minha opinião. Um pouco longe de toda a correria do vilarejo, por mais que mesmo dentro da floresta ainda seja possível ouvir ruídos distantes e os gritos altos dos comerciantes.

A porta entreaberta facilita a entrada discreta. A primeira visão é Corn, irmão mais velho de Barbra, sentado à mesa, rodeado de pergaminhos e tinta. Uma verdadeira papelada a ser preenchida e analisada com cautela. Ele segura um copo de bebida na mão, imagino que para não sucumbir ao tédio, tampouco ficar estressado. Porém é impossível evitar que meu estômago revire diante de tamanha responsabilidade, mesmo que não seja administrada por mim. 

— Desculpe interromper, Corn. Será que posso entrar? — pergunto, tirando sua atenção da papelada e sorrindo timidamente.

— Ora ora, fique à vontade, Phoebe — ele se levanta sorridente e vem em minha direção. Corn, como o bom cavalheiro que é, beija minha mão antes de me deixar entrar.

— Com licença.

— A casa é sua. A que devemos sua adorável visita?

— Ah — digo, sem jeito — O de sempre, preciso falar com Barbra. Ela está ocupada?

— De maneira alguma. Você sabe bem que ela não faz nada o dia inteiro — ri — Vocês vão à clareira do bosque como sempre ou mudarão a rota?

Corn para de frente aos degraus da escada, se apoia no corrimão de madeira e espera minha resposta. 

— De fato, vamos. Você deveria se juntar a nós novamente. Seu humor exótico faz falta — arqueio as sobrancelhas de forma divertida. As brincadeiras e provocações com o filho mais velho dos Palvin são constantes, talvez até demais.

— Tenho certeza de que meu humor faz um belo contraste com o de Barbra — assinto, sorrindo — Volto em um minuto, irei buscar o passarinho. Fique à vontade.

Não permaneço onde estava por mais de cinco segundos, logo já estou sentada no aconchegante sofá da sala de visitas. A quietude da casa a essa hora da tarde me deixa tensa, o Sol ainda nem chegou ao ápice e tudo já parece deserto por aqui. Sra. Palvin deve ter ido até a vila para acertar os detalhes com os artesãos sobre o novo conjunto de roupas para ela e Barbra que mencionou ontem à tarde durante o agradável chá que tomamos ao ar livre. Sir. Palvin deve estar na vila também, tratando de negócios com comerciantes ou agricultores, tentando subir incansavelmente na escala comercial.

Mais rápido do que imagino, o tilintar dos sapatos de Barbra atingem o primeiro andar. Levanto-me quando a vejo, usando seu tradicional vestido longo cor-de-rosa com um sobretudo por cima. A tiara com um pingente de mesma cor no alto de sua testa também não poderia faltar. Barba sorri alegre ao me ver e em poucos segundos  estamos abraçadas.

— Pelos deuses, você não fica com calor usando um casaco de pele nesse Sol escaldante? — pergunto chocada ao nos soltarmos.

— Não seja tola, o dia está razoável hoje — olha-me com cara de poucos amigos — Além do mais, eu acabei de voltar da vila. O cocheiro me trouxe na carruagem e mamãe continuou a escolher os vestidos novos.

— Ótimo, quem sabe assim ela não encomenda roupas apropriadas para o calor enquanto você não está lá para bicá-la.

— Não sou um corvo!

— E quem te disse que são só corvos que bicam, passarinho? — nego com a cabeça e Corn ri, atrás da irmã.

— Vocês estão de gracinhas demais para meu gosto — alterna os olhares sobre nós dois e me sinto desconfortável. Provavelmente, estou passando a imagem errada ao herdeiro da família.

— Não seja idiota, general Barbra — para minha felicidade, Corn protesta— Estamos apenas brincando, tal como bons amigos brincam.

— Certo — ela semicerra os olhos e aponta o dedo para mim, de cima a baixo — Aliás, se eu preciso de vestidos para o calor, você precisa parar de usar as roupas dos nossos ancestrais! Pelos céus, isso é decadente.    

Tenho vontade de rir pela mudança de assunto, mas apenas consigo me sentir ofendida pela crítica aos trajes.

— Ei! — grito enquanto ela dá as costas, se dirigindo porta à fora — Isso é uma roupa mais antiga e elas são muito difíceis de conseguir, o.k.?  Eu trabalhei duro por um preço bom. E são lindas!

— Claro, claro — sacode as mãos — Talvez fossem apropriadas vinte anos atrás, mas hoje você parece desleixada. Espero que sua mãe compre vestidos novos, sei bem a briga que é sempre vocês vão à vila.

 Levo a mão ao peito e olho boquiaberta para o homem ao meu lado. 

— Não vou discutir sobre moda com você. É infantil, idiota e eu não me importo com isso. Hoje seu humor está mais ácido do que em todos os outros dias juntos, passarinho.

— Não bote a culpa em mim, Phoebe — ela se vira, rindo — A moda deste tipo de roupa acabou há quase dezoito anos, perto da dinastia de Collin XV acabar e a de Charles II começar. Desde então a moda vem mudando todos os meses. Imagine o escândalo sobre o qual estou falando! Ainda bem que você se veste apropriadamente para os eventos importantes, poupa a vergonha de ser sua melhor amiga!

Começo a rir incessantemente quando ela cruza a porta, sendo acompanhada por Corn. Barbra também é realmente um desastre com números, então é uma surpresa que ela não tenha errado sua falta por completo.

— Não se preocupe, já estou acostumada. Você sabe.

— Papai disse que ela fica temperamental assim em um clico especial das mulheres. Tem dias insuportáveis. Quero voar no pescoço dela sempre que acontece.

— Mas aí se lembra de que ela é um amor de pessoa — tento mudar de assunto, sentindo minhas bochechas enrubescerem. 

— De fato.

— É melhor eu ir, sabe, a fera lá fora está me esperando.

— Claro. Boa sorte com ela. A mordida pode ser contagiosa.

Sorrio mais uma vez e dou-lhe as costas.

— Adeus, Corn. 

{...}

— O que você tem de tão importante para contar que me tirou do conforto do quarto? — Barbra se senta na grama verdinha da clareira ensolarada, que fica excepcionalmente linda nesse horário da tarde. Sem formalidades, enfim.

— É melhor você melhorar seu humor se quiser ter uma conversa válida comigo, corvo. O que vou te contar é assunto sério — sento-me ao seu lado.

— Quer dizer que acabei de evoluir de passarinho a corvo? Faz jus aos apelidos horríveis que vocês me dão — dá de ombros.

 — Barbra — censuro.

— O.k., o.k. Desculpe — ela coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha — Sobre o que você quer falar mesmo?

— Chegou uma carta no correio hoje de manhã.

— E...? — sou incentivada a continuar.

— Era do palácio. O rei quer ver meu pai nesta mesma semana.

Barbra arqueia as sobrancelhas, surpresa.

— Mas... isso é ótimo, Phoebe! — exclama, feliz.

— Não exatamente — tensa, começo a arrancar as folhinhas da grama presas ao chão.

— Por quê?

— Tem uma parte que não te contei ainda.

— Então o que está esperando para contar? Pelos céus, sem suspense. Você sabe como eu odeio isso.

— Ele... quer me ver também — sussurro e, antes que ela possa protestar, levanto as mãos em forma de rendição — Não sei o porquê, não precisa perguntar.

Ela se cala por um segundo, dois, três...

— Você acha que ele... — não consegue terminar. Apesar das circunstâncias, fico feliz por ter entendido as segundas intenções implícitas sem que eu precise explicar.

— Acho — ela assente e por fim leva as mãos à boca.

— Não vou dizer que sinto muito pois pode ser uma oportunidade esplendida, mas você está com medo?

— Não ficou óbvio ou eu esqueci de falar alguma parte!? — ela revira os olhos tediosamente — Palvin, eu estou falando sério, é o meu futuro que está em jogo. Eu não quero me casar ainda!

— Acalme-se, você não pode pensar desta forma. Não se desespere assim tão rápido, se não, logo estará arrancando todos os fios de cabelos e os olhos do rosto. 

— Claro que eu posso, ora bolas — exasperada, respiro fundo e repito as palavras de Barbra ditas a mim poucos minutos antes — Mas vamos relembrar que não há chances. Eu não tenho postura para princesa mesmo... Como você disse, minhas roupas são fora de moda, não sou pontual e meu forte não são chás e biscoitos, não faço dieta para caber em vestidos de tirar o fôlego, literalmente; odeio o controle excessivo do governo e isto é basicamente toda a descrição de uma princesa. Problema resolvido!

— Phoebe, você realmente perdeu a cabeça — começa a rir e olho-a sem entender nada — Sou sua melhor amiga, sou suspeita em dizer tudo o que digo. Principalmente nessa época, sabe...  

— Quer dizer que você não acha que eu sou um fracasso completo?

— Argh, sem drama. Quando você for um fracasso, um mínimo fracasso, a boa moda irá se extinguir do mundo.

— Uau. Que elogio. Sinto-me lisonjeada. Você ajudou muito Barbra, quer que eu dê uma salva de palmas também? — ironizo — A moda já é um grande circo, imagine quando eu “fracassar”. Pelos deuses, não seja superficial, sabe como eu odeio isso.

— Você odeia muitas coisas, não é?

— Quem falou que odiava drama e suspense três minutos atrás? Ei, não bufe para mim!

— Deixe de ser insuportável e não mude de assunto assim tão facilmente. Não vai me pegar nessa.

Abaixo os ombros, pega em flagrante.

— Não quero casar apenas por beleza ou status, é só isso. Edward é excelente, mas não nos falamos há três anos. Nenhuma correspondência. Lembrar de nossa amizade agora é estranho, principalmente imaginando um futuro casamento. Não há nexo nisso tudo.

— Mas é apenas uma hipótese. Quem disse que vocês não podem ter um bom caso de amor?

— Eu. Eu estou dizendo.

— Como sempre, está errada. Ás vezes me pergunto como sou capaz de te aguentar, principalmente quando dá essas crises malucas de insegurança.

Dou de ombros.

— Já deveria estar conformada, corvo. Além disso, é uma hipótese que nem mesmo minha mãe descarta.

— Gale? Ela disse algo sobre isso?

— Ainda não, mas prevejo que vamos ter uma conversa séria num futuro próximo.

Ela concorda enquanto levo as mãos à cabeça. Mesmo sentada, as coisas começam a girar. Dizer isso em voz alta só torna as coisas mais assustadoras.

— Você acha que minhas chances aumentam porque meu pai já foi seu conselheiro? — pergunto de repente após poucos minutos de silêncio, recordando da época em que meu pai trabalhava diretamente para o rei como seu ajudante e braço direito. Um dos mais próximos, de mais confiança... — Sabe, pela história de sangue nobre.

Barbra não hesita.

 — Na verdade, acho que sim. Sei que Charles realmente confiava no seu pai e você é sangue dele então... Podemos dizer que também é confiável.

— Mas já faz tanto tempo. O rei não pode escolher assim, ele não me conhece direito.

— Ninguém disse que ele está te escolhendo, Phoebe, não leve para esta extremidade. E ele te conhece, assim como o príncipe também.

— Mas éramos crianças quando eu e Ed nos víamos. Ele não deve se lembrar de mim.

— Pare de arranjar desculpas para suas ideias! — diz irritada, mas seu tom logo muda — É claro que ele se lembra de você! Que ideia mais estúpida, Pho. Ele era seu melhor amigo, foi com ele que você deu o primeiro beijo. Não é o tipo de coisa que se esquece. 

— Ainda não acho que seja uma opção viável.

— Deveria conversar sobre isso com seu pai, Phoebe — sugere, embora saiba que não é uma boa ideia.

— Como acha que ele negaria isso ao rei?

— Ele não negaria — Barbra faz careta, jogada contra parede e esmagada por sua própria teoria.

— É disso que eu tenho medo. Ele nunca negaria — admito.

— Nunca diga nunca. É o meu lema — ela sorri. 

.........

Sempre cresceis
            E diminuís
               A vida detestável
             Ora escurece
              Ora clareia
                   A mente por brincadeira
                                                                      The Mass - ERA

.........

                                        Lavern (Europa)

Phoebe Bailke point of view

Avistamos o riacho ao longe e corremos até ele. O barulho da água corrente nos atingiu a alguns metros de distância. É impossível conter a empolgação diante de alguns dias com água em abundância. 

Descemos o pequeno moro cheio de pedras e folhas caídas. A água que corre pelos pedregulhos se mostra cristalina e límpida, as árvores ao nosso redor variam entre o amarelo e um vermelho alaranjado e poucos tons de verde; cores extremamente vivas. O verão se recusa a ir embora, como em todas as vezes. Faz questão de se fazer presentes enquanto pode. Mas para mim, significa apenas mais uma estação inteira fugindo...

Max revira a bolsa de suprimentos inteira até encontrar o cantil para encher de água. Não é todo dia que temos o luxo de encontrar um rio e poder ficar um tempinho ao seu lado.

Barbra se apressa em tirar a armadura pesada e suja; não tomamos banho há dias e isso, de fato, incomoda. Mesmo acostumados com o estilo de vida, a sujeira sempre vai ser um peso a ser carregado. No entanto, um peso morto em oportunidades como essa. É uma pena que não dure, mas nunca dura.

Ela entra na água com cautela, como se pudesse ser queimada, e seguidamente faz uma careta ridícula. Obviamente está gelado. Mas isso não a impede de dar um mergulho e molhar toda a roupa restante, assim como o cabelo.

Max oferece o cantil e eu o pego, ele chuta a bolsa velha de suprimentos para o meu lado e entra na água também. Brincalhão como é, chega salpicando Barbra, que revida e eles começam a brincar feito crianças. Sempre concordei que formam um belo casal e, presenciando cenas como essa, a certeza só cresce em meu peito.

Sento-me em uma pedra larga e achatada que há nas margens e observo-os. O clima se fez agradável nos últimos dias, facilitando as coisas. Mas ainda assim, com todo o peso das armaduras e a pressão das coisas, continuamos passando dificuldades.

Aos poucos, os questionamentos surgem. Evitar pensar nisso sempre foi a melhor saída, mas nem sempre é fácil. Debruço sobre a pedra, apoiando o peso do corpo nos cotovelos e sentindo os poucos raios de Sol baterem frente ao meu rosto. Sinto falta do bronzeado de antigamente, dos vestidos luxuosos e das bochechas rosadas. Tudo o que me sobra agora, depois de tanto tempo embaixo do Sol escaldante durante todas as épocas do ano, são queimaduras solares. Pode-se considerar como bronzeado, mas nem de longe é gracioso.

Tudo o que fiz para chegar até aqui valeu realmente o risco, pondo a vida das pessoas mais importantes para mim em perigo? Eu não me importo de morrer no meio desta bagunça, desde o começo nunca temi minha morte. Mas temia, e ainda temo, a morte de pessoas adoráveis como Max e Barbra. Quantos já morreram em meu favor, afinal!?

As gargalhadas altas e sinceras soam exatamente como música da melhor qualidade para meus ouvidos. Não me recordo claramente da última vez que um momento lindo assim aconteceu. Não estamos completos, os túmulos pesam cada vez mais. Eles nos rasgam por dentro e nos deixam expostos, bem na carne.  

Tabatha, Capitão Jackson, Caitlin, Jessica, Katie, Shelley, Ariel, Helena, Norman.... 

Todos os nomes cravados no peito, como adagas afiadas e repletas de veneno. Mortos por “um bem maior”. E morreram orgulhosos disso.  Orgulhosos de terem sido uma pequena parte da Nova Era. De ajudarem a construir o que sonharam para um futuro próximo. 

E nem pudemos ajudá-los a viver isso! É revoltante.   

Sei que é uma luta de todos, porém nada disso parece justo. Não parece justo tentarem  fazer do mundo um lugar melhor, mais justo e tolerante e acabarem morrendo por injustiças.

Talvez haja uma saída para tudo isso. Talvez eu esteja dormindo e dentro de algumas horas vá acordar de um terrível pesadelo, que na verdade dura mais anos do que horas. Ainda assim, talvez haja outro jeito. Com sorte o suficiente, conseguirei tirá-los dessa confusão.

Talvez. Talvez. Talvez. Estou cansada de somente ‘talvez’ presentes nas nossas vidas. 

A viagem está cansativa, noites sem dormir e pouca comida. Uma miséria. Mas tenho plena certeza que a vida não nos dará trégua por um longo tempo....

Levo a mão até a bainha pendida em minhas costas, somente para me certificar de que a espada está ali mesmo. Vem-me à cabeça estar ficando paranoica. Isso também vale a pena? Não que eu tenha muita escolha, sou a escolhida e tenho um dever a cumprir. Uma tarefa que me foi dada pelo “destino”. É odioso e irônico pensar dessa forma.

Abaixo a mão e suspiro pesadamente. Não posso perder a espada em hipótese alguma. Sacrificarei minha própria vida para deixá-la em segurança. Obviamente, eu também espero que meus amigos me tragam de volta, contatando uma bruxa poderosa ou algo assim. Talvez como um seguro de vida; um que eu, nem ninguém, pode garantir. As chances são mínimas, mas não há ninguém que possa me substituir. Mesmo se houvesse, não sei se estaria disposta a deixar que alguém tome meu lugar e minhas dores. Seria altamente cruel. 

Por um minuto o silêncio reina, nem os pássaros se atrevem a quebrá-lo. O céu está amarelado, anunciando a despedida do Sol. Barbra e Max estão embaixo d’água, mergulhando. Olho a cena, maravilhada, mas dura pouco.

Ouço um barulho e levanto num pulo; algo como galhos se quebrando. Olho para o riacho, mas Max e Barbra ainda estão lá em baixo, fazendo sabe-se lá o que. Arrisco olhar para o bosque atrás de mim, mas não sem antes engolir seco. Saco a pequena adaga que escondo na minha bota, por precaução. Aproximo-me de alguns arbustos e olho novamente para o rio, estou receosa de deixá-los sozinhos, mas já subiram à superfície novamente e não perceberam nada. Não quero lhes dar motivos para alarde sem razão. Eles sabem se virar sozinhos, se algo acontecer. Sempre deixei muito claro: caso me peguem, a ordem imediata é correr e salvarem suas vidas.

É melhor não arriscar um escândalo. Pode ser apenas o jantar ou, então, um problema. Já está ficando escuro, mas não eu pregarei o olho se não tiver certeza. Se comentar algo, eles também não.

Caminho com passos leves e cautelosos até dentro do bosque, com a cabeça erguida para conseguir avistar qualquer ameaça e com os ouvidos atentos a qualquer ruído. Se o exército, de alguma forma, nos localizou, então aí teremos um grave problema. Mas eles não arriscariam fazer barulho em um momento como esse.

Com medo, chego a faca até a lateral do rosto como modo de ataque e avanço até entrar totalmente na mata. Aos poucos, vai se tornando possível ouvir mais passos e folhas se movendo.

De longe uma silhueta surge. Dou dois passos assustados para trás e me desequilibro. Posso ser valente com meus amigos, mas admito que sozinha não sou muita coisa. Consigo ver que é um homem e carrega uma arma consigo. Sua sombra é ríspida e forte, há um gingado familiar no seu andar.

Escondo-me atrás de uma árvore e percebo que meu peito sobe e desce com a respiração descompassada; preciso me acalmar urgentemente. Pego a espada discretamente e a seguro com a maior força que tenho, ela me passa segurança. Meu maior desejo é poder usá-la em momentos de perigo, porém as consequências serão maiores que os benefícios. Haverão tragédias, catástrofes inimagináveis.... É proibido muito antes mesmo da geração da tataravó da minha tataravó existir e está claro nas regras.

Suspiro e olho de soslaio atrás de mim. Quando posso finalmente ver quem é, me sinto idiota por não  perceber antes. Solto mais um longo suspiro e guardo novamente a espada, com o olhar fixo a minha frente. Olho para trás e o avisto de novo, indo na direção do riacho e seguindo a trilha por onde viemos. Ele é realmente bom nisso, mas depois de dois anos já não é novidade.

Pelos céus, pensei que ele tivesse morrido! Meu coração se enche de alegria ao vê-lo vivo. Tenho uma vontade enlouquecedora de ajoelhar-me no chão e chorar, gritar, até mesmo rezar. Pelas barbas de Merlin! 

— Você quase me matou de susto, Norman — saio de trás da árvore e falo de repente, assustando o pobre homem perdido com a besta.

Ele sorri ao me ver, mas posso ver que o medo não abandonou seu olhar. Meu coração salta e dá pulos felizes. Depois de quase dois meses, as esperanças de que ele havia sobrevivido ao desastre no pequeno vilarejo foram ficando extintas e depois reduzidas a pó. Mas aqui está Norman, como a boa fênix que é!

— Desculpe — sussurra aturdido, se recuperando do susto enquanto guardo a faca na bota novamente — Olhe, trouxe o jantar.

Ele levanta os três guaxinins que estão em sua mão, arrancando-me um grande sorriso.

— Sentimos tanto sua falta! — vou ao seu encontro e lhe dou o abraço mais apertado que consigo depois de tudo.

 Uma leveza atinge meu coração, nosso líder está de volta!


Notas Finais


Bom gente, espero que tenham gostado.... (preciso arranjar um nome urgentemente para vocês haha)
Aqui está o link da paylist >>> https://www.youtube.com/watch?v=RkZkekS8NQU&list=PLA-tSOmDx5ECxYzB0fMLCCwIQCA88KEmI

Vou deixar o link da foto de todos os atores, modelos ou cantores que interpretam os personagens, conformes eles forem aparecendo e no caso de vocês não conhecerem todos... É uma forma mais fácil até mesmo de gravar.

Phoebe - http://i.imgur.com/8xrGjEr.jpg
Barbra - http://www.fashiongonerogue.com/wp-content/uploads/2014/05/barbara-palvin-hungary-shoot4.jpg (a diferença é apenas um 'a' a menos)
Max - http://www.hungergamesdwtc.net/wp-content/uploads/2015/11/Flaunt-02.jpg

Um beijo, um queijo e até a próxima pessoal XxGigi


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