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História Crossed Histories - Silhouette


Escrita por: Gigi-do-Malik

Notas do Autor


OOOLÁÁ, PESSOALZINHO DO MEU CORAÇÃO!!

Hoje é mais um dia especial de postagem, porque, vejamos... É ANIVERSÁRIO DE DOIS ANOS DE CRH!! 💙💙💙

Lamento muito só voltar nessas datas comprometedoras, mas o tempo realmente está puxado para essa mente com problemas criativos e mentais. Contudo, entretanto, todavia, eu estou aqui fielmente postando mais um capítulo atrasado para os restos mortais que jazem aqui.

O capítulo em si não é nada parecido com o Spin-Off (amorzinho) que eu fiz no aniversário de um ano de Crossed Histories; muito pelo contrário, é só mais uma parte da história. Uma parte muito importante, devo ressaltar. Eu queria muito adiantar um acontecimento foda para esse cap, mas não deu, porque essa ponte já era para estar postada há um mês, mais ou menos. Sinto muito não fazer algo tão legal quanto no ano passado, mas os próximos episódios dessa saga prometem bastante (eu espero, né!?)

Enfim, tem algo que talvez vocês gostem aí. Eu disse muito tempo atrás que tinha um grande spoiler no capítulo 15 e, apesar dele estar beeem implícito, aí está ele! Edward voltou para concretizar sua promessa, coleguinhas 💙
A música do capítulo é, na minha humilde opinião, muito comprometedora também, assim como a capa do capítulo (que é para dar aquele gostinho do que aconteceu no cap anterior), mesmo que não seja igual à original, porque minhas capas sempre dão pau, não sei se vocês já perceberam kkkkk Peço encarecidamente para que vocês prestem muita atenção na música da Birdy, porque simplesmente define muito sobre o que vai acontecer/está acontecendo asjvshvga Além do mais, as partes em itálico são spoilers, SIM!

Mais uma vez quero agradecer a todo mundo que ainda me acompanha e que curte a história, pois as coisas não mudaram nada para mim. CRH ainda é a prioridade na minha vida, por assim dizer. E eu amo essa história e os meus leitores com toda a força da minha alma, então realmente, muito obrigada se você está lendo isso <3333

SÓ MAIS UMA COISA: QUERO AVISAR ÁS SHEERIOS DE PLANTÃO QUE ED SHEERAN É PERFEITO PESSOALMENTE E QUE O SHOW DELE É CAPAZ DE MATAR HORRORES!!

Com essa informação valiosa sobre Eduardo Cristiano e encerrada a crise de choro, quero deixar vocês com mais um belo (e atrasado) capítulo cheio de porrada. Boa leitura!!!

PS: sem banner pois a autora tem um puta azar com gifs e não consigo fazer a capa rodar bonitinha aqui sz

Capítulo 29 - Silhouette


Fanfic / Fanfiction Crossed Histories - Silhouette

                                    Lânia (Europa)

A brisa continua gelada e a chuva tépida quando, um pouco mais tarde, saímos da taverna. Escondemo-nos o máximo possível embaixo das capas pesadas e gastas que Edward conseguiu mais cedo, evitando sermos reconhecidos. Porém, como Duarte mesmo disse antes, quanto menos atenção quisermos chamar, mais chamaremos; então dei-me por vencida neste aspecto. Duvido também que os Sheeran tenham algum senso de desconfiança quando estão acostumados exatamente ao contrário. Ou quando tem os cabelos sinalizando na penumbra como o fogo de uma tocha. 

— Então, para onde vamos?

— Vagar por aí — Rupert responde antes de Edward, evitando mais confusões entre o amante e o irmão — Procurar algo que seja útil e não nos faça ficar encrencados à toa. Porque eu tenho certeza absoluta que, ao amanhecer, Cantberg não terá linha de sucessão alguma.

Rimos baixinho e contidamente do comentário feito por Rup, quase sem voz, evitando os ouvidos que poderiam estar espalhados e escondidos pela rua. Apesar disso, sabemos muito bem o quão sério ele está falando e da gravidade da situação. 

— Iremos poupar vocês dois, eu garanto. Diremos que, como príncipes e vocês, vassalos, obrigamo-los a fazer nossa vontade.

— Isso não é justo — resmungo mas, antes que possa dizer algo mais, sou interrompida.

— E vocês estão falando como se a noite fosse dar completamente errada, pessimistas! — Duarte, com toda sua sabedoria elevada, concorda comigo. Isso me faz sorrir um pouco, mesmo estando molhada de chuva e com o orgulho extremamente ferido — Tenham fé e foquem em fazer o que viemos aqui para fazer: descobrir o que o Estado vem escondendo do nosso próximo rei. 

Assentimos e continuamos andando, silenciosos, engolindo chuva e respirando com dificuldade a atmosfera gélida.

— O local de reunião do Conselho Secreto fica apenas há algumas ruas daqui. Pode ser um bom lugar para começar a procurar — Edward informa e um ponto de interrogação surge em minha cabeça.

— Conselho Secreto? — digo baixinho e olho para Madeira, mas ele apenas abana a mão e murmura algo que sugere que eu não devo ter preocupação com isso.

{...}

Acendo uma vela, contando com toda a rapidez da situação e com a água que pinga do meu corpo, e me dirijo para o ambiente quente. Aqui dentro é aconchegante, quase gera um sentimento de porto-seguro diante de toda a situação. Uma pena que seja completamente o contrário.

— Phoebe, venha comigo — Ed diz, meio impaciente — Vamos vasculhar as papeladas no andar de cima. Se conheço bem meu pai, ele vai esconder os esqueletos no armário da melhor forma possível. 

Um arrepio sobe pela espinha. Tento não pensar no que estamos fazendo e no quanto isso desafia a autoridade do rei Charles. Não importa se vem de Edward, o futuro rei, ou de um simples camponês, enquanto Charles Sheeran continuar no trono, qualquer um que duvidar de sua palavra estará bastante encrencado.

Christopher passa pela porta feito um furacão, entrando no que parece ser um escritório. 

— Se isso é a sede de um conselho, que, por sinal, é secreto, eles não deveriam ter um lugar especifico para esconder a papelada real? Como uma passagem secreta...

— Na verdade, não. Uma coisa que meu pai aprendeu desde muito cedo, e errou em nos ensinar muito cedo também, é que a melhor maneira de se esconder algo é à vista de todos.

— Parece tolo — comento. 

— E é, mais do que podemos imaginar — ele para e fixa o olhar na janela, perdido em pensamentos. De repente, começa a tatear os bolsos e a procurar algo — Mas funciona. Reis precisam ser tolos se quiserem continuar no poder. Esse deve ser o grande segredo, sabe. Enquanto todos tentam não ser tolos, você tenta o contrário.

— Os ensinamentos de sua família seguem uma base curiosamente reversa. 

Ele se vira para mim e sorri.

— Somos os Sheeran. Se não formos reversos em todos os aspectos, então seremos uma farsa mundial. Isso inclui o cabelo, por sinal.

Chris tira algo do bolso do casaco, um pergaminho amassado e ensopado, e me chama para iluminar mais de perto. Vou, com as pernas trêmulas, gostaria saber se de frio ou de medo. Paro ao seu lado e viro o rosto, observando o ambiente e segurando o impulso de olhar o conteúdo da carta. 

Edward passa os olhos ali repetidas vezes, como se tentasse entender algo muito difícil ou perceber um detalhe que deixou para trás. Por fim, suspira e amassa o pergaminho no bolso novamente.

Ele tira o casaco ensopado e coloca sob uma cadeira no canto da sala e se vira para mim.

— Ah, e Phoebe — a voz dele chama minha atenção novamente — Tente ser discreta e não bagunçar as coisas — minha expressão deve ter ficado confusa, pois ele trata de sorrir e mandar-me uma piscadela — Pensamentos reversos.

Assinto, respirando fundo e começando minha jornada. Procuro por entre os livros alguma coisa suspeita, um papel solto, uma página rasgada... Um lugar que esteja mais limpo e sem poeira do que os outros. Mas, se havia algo, passou despercebido. 

— Droga — murmuro, frustrada — Eu não achei nada, e você?

— Igualmente — ele bagunça os cabelos molhados e me lança um olhar repleto de decepção — Parece não haver nada aqui.

— Será que.... — somos interrompidos por vozes animadas que nos gritam logo em seguida.

— Edward, Phoebe, venham ver o que achamos!! — Rupert brada do andar de baixo. 

Descemos rapidamente; Ed como um raio e eu como sua sombra. No térreo, Rupert possui um pergaminho nas mãos. Ele sacode o papel na frente do rosto do irmão, como se quisesse deixar algo bem marcado na memória dele.

— A prova do crime! — ele exclama — E é toda sua, em primeira mão, primeiro herdeiro na linha de sucessão de Cantberg.

A mão de Edward treme e ele hesita antes de finalmente agarrar o papel e ler seu conteúdo. O tempo parece parar durante um longo tempo, todos nós tensionados e imóveis. 

— Droga — ele murmura, e uma série de xingamentos baixinhos vem a seguir — Não acredito que ele foi capaz de encobrir isso!

Sua voz toma uma ira que eu nunca ouvi antes, e seu rosto vai ficando gradativamente vermelho. Ele está furioso, sem sombras de dúvida.

— O que há? — Duarte faz a pergunta que estava entalada em minha garganta.

Christopher parece se lembrar subitamente que estamos aqui, à deriva dos acontecimentos. Por fim, ele suspira. 

— Algumas famílias nobres estão abusando na cobrança de impostos e pegando uma parcela do dinheiro para si... Estão desviando o dinheiro que deveria estar chegando ás nossas mãos! Estão deixando a população com fome, inflacionando cada vez mais os alimentos e as taxas! Como é que nosso pai permite que isso aconteça? 

Rupert fica mudo enquanto digere a informação.

— Não pode ser. Nosso pai não faria isso.

— Não — Edward discorda, prontamente e com os olhos em flamas — Ele faria qualquer coisa, desde que tenha um objetivo maior. Precisamos falar com ele.

Arregalo os olhos mas, antes que possa protestar, o braço de Ed é agarrado por um Rupert assustado.

— Ficou louco, irmão? O que descobrimos aqui nunca vai poder sair desta casa!  

— Então para que é viemos até aqui, hein? Por que saímos de tão longe, nos arriscamos e, principalmente, arriscamos nossos companheiros? Para cruzar os braços diante da informação e não fazer nada? Rupert, o que está acontecendo aqui é muito grave!

O Sheeran mais novo revira os olhos, irritado.

— E quem foi que disse que não vamos fazer nada, Christopher? Só estou dizendo para ter calma e inteligência. Seja paciente, irmão. Podemos reverter essa situação sem nos expor, sem estragar tudo.

Ed abre a boca para rebater, mas somos interrompidos pelo barulho de passos e a chama de tochas que atravessam a rua e se aproximam cada vez mais da pequena casa que o Conselho Secreto – sejam eles quem forem – usa como disfarce. 

Duarte nos lança um olhar alarmado.

— Lamento interromper a discussão de família de vocês, mas acho que viemos em um dia de reunião.

— É só o que me faltava! — ouço resmungos parecidos dos dois Sheeran’s.

— Por favor, vamos embora — imploro, puxando Rupert e Duarte de uma só vez para os fundos da casa — Deve haver outra saída. Venham, agora! 

Pegamos as capas molhadas no chão, ao lado da porta de entrada, e saímos tão depressa que as vestimos de qualquer jeito.

E tudo depois disso é um borrão de desespero e correria.

Quando dou por mim, estamos em uma escadaria inclinada em uma viela apertada, suja e tão úmida que dá calafrios. Continuamos andando sem olhar para trás o mais rápido que podemos, içando uma distância cada vez maior daquela maldita casa cheia de segredos corruptos.

— Está muito frio — resmungo.

— Eu te dou meu... — Edward se interrompe subitamente, e vira para mim entre os degraus com uma expressão de puro terror. Sinto algo gelado subindo pela costela; uma sensação muito, muito ruim. 

— Edward — murmuro, apreensiva, vendo Rupert e Duarte se afastarem, alheios a nós — O que houve?

— Não...

— Ed? — tento mais uma vez, colocando a mão sobre seu rosto e o puxando para perto de mim — Diga o que aconteceu.

— Phoebe... — ele fecha os olhos e respira fundo — Fomos descobertos.

— O quê? — minha voz ganha um tom desesperado — Por quê?

— Meu casaco... ficou no escritório do andar de cima. Com a única pista que tínhamos sobre o que está acontecendo. A mesma que nos trouxe até aqui.

Prendo a respiração.

— Isso significa que... — gaguejo tanto que não consigo terminar.

— Sim, estamos muito ferrados.

Ele bagunça dos cabelos, angustiado, e por um segundo posso ver em seus olhos a vontade de voltar até lá.

— Ei, o que houve? — a voz de Duarte nos desperta. Vem lá de cima, onde os dois já estão. Não consigo dar a notícia, sequer consigo respirar direito. Percebendo algo errado, eles descem correndo. 

— Está tudo bem? — Rupert Alexander pergunta.

— Está tudo uma grande merda — respondo, mas deixo para Christopher a responsabilidade de contar nosso descuido.

— Irmão... Me desculpe, eu não queria fazer isso. Eu não queria ferrar a gente. Por favor, me perdoe — a voz de Ed está tão embargada e desolada que não resisto ao ímpeto de segurar sua mão. Ele a aperta, aceitando e retribuindo o contato; mostrando que precisa de suporte.

— O que você fez, Edward?

— E-eu... Estraguei tudo. Deixei meu casaco com a carta dela lá. No andar de cima.

Dela? Dela quem, Sheeran?, tenho vontade de perguntar.

— Você o quê? — Madeira sibila, irritado, segurando-se para não gritar.

Alexander bagunça dos cabelos, frustrado.

— E o que fazemos agora? Está assinada, Ed? Cita seu nome? Por favor, que não esteja.

— Não — o irmão mais velho nega — Não somos loucos. É anônimo, mas seria muito fácil comparar com as outras letras e ligar os pontos.

— Bom, acho que temos uma vantagem aqui, apesar de termos sido tão descuidados. Ao menos não sabem quem escreveu, tampouco para quem. 

— Nosso pai saberá para quem foi.

— Mas com certeza não saberá quem escreveu. Ele nem imagina que essa pessoa saiba, de fato, escrever.

Ed suspira.

— Posso voltar lá. Eles já devem ter visto, mas posso voltar lá e pegar de volta, assim não terão provas.

— Você só pode ter ficado louco. De maneira alguma — Duarte brada.

— Só estou tentando arrumar a merda que fiz! — Chris tenta se defender.

— Bom, para começar, nem deveria ter feito. O quão descuidado você foi, Edward, pelos céus!

Sinto muito, o.k.?

Ficamos em silêncio durante alguns segundos, segundos muito frios e pesarosos. Por fim, canso de ser uma espectadora.

— Acho que deveríamos subir, é perigoso. Ainda mais agora. Devem sair para procurar quem está com a carta e o quanto essa pessoa sabe. E acho que nós sabemos muito mais do que deveríamos.  

— Certo — Rupert concorda comigo. 

Continuamos a subir a escada, e minha mão continua entrelaçada a de Edward. O calor dele é reconfortante, ainda mais nessa situação tão infeliz. Ao chegarmos ao topo, pergunto:

— E o que fazemos agora?

Duarte olha para um ponto fixo do outro lado da rua e, quando sigo seu olhar, posso adivinhar o que ele vai dizer. Velas brilham através da janela de uma pequena Igreja.

— Rezar. Rezar muito. E não estou brincando. 

.........

Há sombras nos meus sonhos
                 Tempestades que me levam para longe
               ​E você só espera pela minha derrota

 Então, eu criei um exército por baixo
                 E agora ele me guarda enquanto eu durmo
                 ​E essa moldura desgastada vai me carregar

Não fique prendendo sua respiração
            Você sabe que eu ainda não terminei
           Ainda há espaço em mim para mais uma luta
       Não fique gritando por aí
          Que você está clamando a coroa
          Eu caí, mas não estou fora ainda

E o sabor agridoce
             De cada nova derrota
             Significa que estou mais forte que antes
               Talvez caída de joelhos
              Mas eu ainda acredito
                   Que essas asas quebradas ainda se elevarão

Desamarre minha silhueta, é tudo o que restou
             De um coração partido
                   Deixe que todos os meus arrependimentos
              Afundem como os restos de um navio
               Através da escuridão do oceano

Na poeira eu escrevi meu nome
               E esperanças se ergueram das ruínas
                  Porque tudo que foi perdido pode ser substituído
          Com o tempo

       Desamarre minha silhueta, é tudo o que restou
                       Silhouette - Birdy

.........

                                       ​Lânia (Europa)

Água. Sorrisos. Calor. Beijos... Memórias felizes. Borrões.

Sinto uma leveza estranha. A falta de um peso nas costas que há muito eu não sentia. É quase como flutuar em uma nuvem macia e confortável. Talvez eu esteja mesmo com a impressão de pedaço de céu vigorando dentro de mim. 

Viro-me calmamente para o lado oposto e observo a face serena de Marcus enquanto ele dorme. Dou um sorriso de lado e escorro os dedos por seu cabelo preto enquanto continuo revivendo os momentos marcantes de ontem à noite.

No momento em que todos dormiam, nós estávamos na penumbra, silenciosos, nos amando.

Foi incrível me sentir viva e amada novamente. 

Aconchego-me junto ao seu peito, acompanhando sua respiração e fazendo círculos aleatórios em sua pele morena e suada. Ele está mais forte do que dois anos antes; parece mais maduro também. Marcus parece ser muito mais do que os horizontes limitados dos meus olhos já foram capazes de ver. Um mundo completamente novo a ser explorado.

Eu sei que isso só está acontecendo porque sou uma pessoa diferente agora também.

— Está acordada? — a voz rouca e matutina dele me desperta dos devaneios.

— Estou — respondo no mesmo tom de sonolência.

A mão dele passa carinhosamente por meu rosto, deixando-me arrepiada com o mais simples dos toques. 

— Dormiu bem? — consigo identificar claramente o tom de ironia. Nós não dormimos.

— Como não dormia há muito tempo.

Ele sorri tão abertamente que seus olhos se encolhem.

— Quer descer lá para baixo? O Sol já deve estar nascendo.

— Quer ver a alvorada, senhor DeLacour? 

— Quero ver todas as coisas realmente impressionantes ao seu lado — ele se levanta e me puxa junto. Acabo rindo enquanto o observo procurar algo para vestirmos — Acho que foi uma péssima ideia esquecermos nossas roupas lá embaixo. Malena ficaria traumatizada se me visse andando nu pela casa?

— Eu com certeza ficaria.

— Você adoraria, Phoebe. Seja honesta. É um ser bastante ousado.

— É isso que pensa de mim? —dou uma gargalhada— Então você está completamente certo. Adoraria te ver andando sem roupas por aí. 

— Viu? Não é difícil saber que é apenas a carinha que há de inocente em você.

Enrolo-me no cobertor e espio o lado de fora do corredor.

— Minhas roupas estão no quarto que divido com Chandler, preciso que se vista para ir lá pegar.

— Estou pensando seriamente em te deixar trancada neste quarto exatamente do modo como veio ao mundo.

— Eu também adoraria, se não tivesse um golpe de Estado para terminar de planejar. Preciso que seja bonzinho e pegue a roupa e talvez eu pense em repetir essa noite mais algumas vezes.

Ele termina de abotoar a camisa e nega com a cabeça. Anda lentamente até onde estou e seus braços me envolvem. Nossos lábios se encontram e iniciam um beijo calmo e com resquícios de paixão. 

— Não preciso que diga que vamos repetir essa noite mais vezes, querida. É algo que ficou bem claro enquanto eu tocava você.

E sai pela porta com o sorriso mais cafajeste que já o vi dar, abandonando-me estupefata e afogada num mar de sentimentos novos a serem navegados.

{...}

O vapor do chá aquece meu rosto enquanto o espero esfriar. É uma questão de honra não cair exausta em cima de todos esses papéis diplomáticos. Sinto uma sensação de déjà-vu e lembro das inúmeras vezes em que, com bastante pesar, já passei pela mesma situação. ​

Barbra está com o típico sorrisinho irritante que diz que algo que ela sabe há muito tempo apenas se concretizou esta noite. Não está ajudando muito com a minha paciência, embora eu sinta uma certa cumplicidade com ela nesse assunto.

Provavelmente, estava claro para todos. Até para Chandler, que não achou estranho nosso relacionamento instável em momento algum. Apenas eu estava nadando contra a tempestade e isso resultou em Marcus da mesma forma. Teria sido indolor se eu não resistisse tanto. 

— Bom — ela pigarreia, mas a corto antes que ouse dizer algo.

— Nem pense em começar essa conversa, Whitney Palvin.

— Acho que você quer começar essa conversa, Georgie Bailke, porque eu só ia perguntar se você está totalmente segura com o plano.

— Pela milionésima vez? — olho-a desconfiada.

— Nunca será demais tratando-se de você. Tratando de qualquer assunto. Só quero ter certeza de que você está firme nisso.

— Eu estou — minha voz soa segura, mas seus olhos continuam pesados de preocupação. Bufo. — Estou cansada da mesma conversa. Já aconteceu tantas vezes... e parece que nunca saímos do mesmo lugar. Essa é a hora de pararmos de ser cautelosas e preocupadas. Sermos mais ousadas e decididas, corajosas. Eu simplesmente não aguento mais, Barbra. Chega.

— Eu também — ela admite, após um suspiro.

— Ótimo. Talvez devamos focar mais nisso aqui também.

Ela sorri e revira os olhos.

— A pior parte, sem sombra de dúvidas. 

Penso em fazer um comentário sobre as infinitas piores partes que já vivemos, mas o comentário trava  na ponta da língua. Chega de lamentações. Precisamos seguir em frente, e relembrar tudo não é a melhor forma de fazer isso.

Duas batidas pesadas e altas na porta nos despertam. Max está com rosto suado e com o semblante mais preocupado que vejo em dias, provavelmente meses.

— Há algo que vocês duas precisam ver. Agora.

Nos levantamos imediatamente, totalmente apavoradas com uma possível catástrofe. Não seria surpresa para nenhum de nós se algo de realmente ruim acontecesse a essa altura.

Parece uma milha até chegarmos do lado de fora da casa, onde todos têm os rostos empalidecidos e chocados.

O olhar de Malena encontra o meu e ela parece confusa demais para sequer conseguir falar, como se tentasse entender um quebra-cabeça muito complicado. Percebo que ela tem um pergaminho aberto nas mãos, que está sendo firmemente segurado. Reconheço o selo, é de um de seus informantes no castelo. 

Ela olha para o papel novamente e lê em voz alta:

— Eles darão uma festa, atestando que está tudo sob controle — Malena olha para mim novamente — Uma festa a fantasia

— Quê? — Barbra diz, engasgada nas próprias palavras. Estou da mesma forma — Isso só pode ser uma armadilha, Malena. Queime essa carta agora.

Ela nega.

— Pode acreditar em mim, não é. É uma informação oficial. Todos os senhores de terra das redondezas virão para celebrar.

— Ainda pode ser uma armadilha — Barbra insiste.

— Celebrar o quê?

— O aniversário de coração do rei — digo. Droga, Edward!

Eles me olham com expectativa, como se eu fosse dizer algo mais. Como se houvesse mais uma trama por baixo de todas as outras. Mas não há. E a frase diz mais do que o suficiente.

Emma ri.

— Então estão nos dando uma entrada de bandeja? Por causa do aniversario ridículo de coração de um rei que reina num reino turbulento no meio de uma revolução e que não consegue resolver isso de maneira alguma? — a pergunta paira no ar como uma nuvem negra, e aos poucos sorrisos vão surgindo — Céus, isso é incrivelmente clichê, mas é maravilhoso! O orgulho e a honra falsa deles chega ao incrível ponto de nos beneficiar! Acho que estou prestes a beijar o maldito rei agora!

Uma luz passa no rosto de Barbra. 

— Deve ser Jade nos ajudando. É, eu aposto que é. Só pode ser isso.

Malena e os outros parecem finalmente animados com a ideia.

— Ótimo, precisaremos agradecer a ela, então. Se formos mudar de plano, precisaremos fazer uma mudança drástica e urgente. Alguém é contra?

Não consigo dizer algo, a voz simplesmente não sai. Malena continua:

— Fico contente. Phoebe, precisarei de você para me ajudar em breve. Você pode?

Assinto automaticamente e engulo seco. Como eles podem não ver isso? Como podem ser tão cegos? Só eu consigo ver? Só eu sei a verdade?

A nua e crua verdade. A mesma que queima seus ossos e os dilacera até que sobrem apenas cinzas ao vento.

Não, não é coincidência. Tampouco Jade. É apenas Edward, em uma de suas várias facetas, me dando uma chance. Nos dando uma chance. Meu coração tolo grita que ele está implorando perdão.

Engulo seco, custando levar junto com a saliva a vontade de fazer todos verem o que vejo: ele percebeu o plano. 

“— Você sabe que não é um adeus, Phoebe! – Ed grita quando minha mão encosta na maçaneta da porta — Ainda vamos nos ver de novo, em breve. Você sabe disso.”

Céus, Edward percebeu. Ele sabe. Talvez até se importe o bastante para interceder dessa forma.

Minha cabeça martela milhares de possibilidades enlouquecedoras que podem explicar algo ao meu confuso coração aos frangalhos.

— Phoebe, você está bem? 

Saio de um profundo devaneio com Marcus a minha frente, olhando-me da forma mais protetora e cuidadosa que me lembro de já ter visto no rosto dele.

— E-estou.

— Você não parece bem — ele nega — O que foi?

— Nada — dou as costas a ele, ainda atordoada — Não foi nada.

— Phoebe, sabe que pode se abrir comigo...

— Preciso ir, Marcus. Sinto muito.

Corro para dentro o mais rápido que minhas pernas me permitem. Estou tremendo da cabeça aos pés, sentindo tanta fraqueza que mal posso me manter de pé.

A culpa é como uma faca de dois gumes. Neste momento, é avassaladora. Mas eu não deveria sequer senti-la, não é mesmo?

Não, não é mesmo. Estou fadada a ela até os últimos suspiros de vida, mereça ou não senti-la.

Isso só pode ser uma imensa brincadeira de mal gosto. Não compreendo o real objetivo de Edward; eu gostaria, mas os sentimentos que foram laçados em nosso nó estão incompreensíveis.

Sheeran está tentando me derrubar, não é? Depois de dois anos de perseguição, essa só pode ser mais outra tentativa. Uma ótima jogada, devo ressaltar. 

Mas, em contrapartida, depois da noite no castelo, ele estaria tentando me ajudar? Estaria arrependido de tudo o que fez, estaria monitorando nossos passos e empenhado em tornar as coisas mais fáceis? Não. Não pode ser. Mas, e se....

— Não importa. Não pode deixar ele te derrubar, mesmo que esse não seja o objetivo dele.

Olho para trás, ainda mais assustada, e vejo Norman com um olhar indecifrável. O mesmo olhar que ele lança a cada um de nós quando sabe algo que ninguém mais sabe, quase como se tivesse a resposta ou a chave certa para todos nossos os problemas. 

— Esse exército, — ele aponta para mim — Que você tem, guardando você todo o tempo, ele não pode derrubar. Ninguém pode, somente você, Phoebe. É sua própria fortaleza. E isso faz de você sua pior inimiga, pois só você pode romper essas barreiras. E também sei que há sentimentos que você tem que não entende agora, mas entenderá mais tarde. Apenas siga seu instinto e as coisas serão como tem de ser. 

— Exército? — nego, confusa — Isso é algum tipo de entrelinha? Uma metáfora?

Ele ri nasalmente.

— Sim e não, depende do quão literal nós estamos sendo.

Arqueio as sobrancelhas, entendendo. 

Meu exército — repito, sentindo o peso daquelas palavras

— Você ainda consegue lutar, lembre-se disso.

Respiro fundo, tentando controlar os sentimentos.

— É como se ele estivesse clamando a coroa bem na minha cara. Como se essa data ainda fosse uma celebração, mesmo depois do que aconteceu. Sabe, só o Edward é importante nessa história. Esqueçam a Phoebe, ela não é ninguém, só uma louca destruidora de monarquias. A mensagem fica bem clara para os nobres assim Norman, você não faz ideia.

— Você se esquece de que é quase indubitável de que esse seja o objetivo. Por trás de todo grande plano há uma farsa substituindo o verdadeiro objetivo. Nós acabamos de fazer isso, e viemos fazendo nos últimos dois anos. Não estou defendendo ninguém mas, aparentemente, somente nós dois pensamos nessa possiblidade. Pode ser um sinal. Apenas... pense sobre isso. Você pode jogar conforme as regras de qualquer um, Phoebe Bailke, herdeira da lenda de Estienne, profetizada por Erliah, O Sábio.  

— Eu posso renascer das ruinas mais uma vez antes de cair definitivamente, não é?

Ele engole seco e um sorriso de aparência mórbida surge em seu rosto. Reedus sabe exatamente ao que estou me referindo.

— Sim, escreva seu nome na poeira daquele castelo e o deixe bem marcado na pele de todas as pessoas. Sua silhueta será lembrada quando tudo isso acabar.

Ficamos em silêncio um minuto ou dois, reflexivos. Por fim, Reedus pigarreia e sorri.

— Vou falar com a passarinho, ela parece meio eufórica.

Concordo, sorrindo. Os gritos animados de Barbra no térreo podem ser ouvidos daqui, no segundo andar. E então ele se vai, deixando-me só novamente com as vozes indecisas em minha cabeça.

Parece impossível tomar qualquer decisão ou seguir um caminho quando há tantas eu’s falando ao mesmo tempo. E qualquer teoria parece improvável, assim como as verdades e as mentiras em que quero acreditar. 

Por fim, desisto de tentar entender. Somente... vou jogar o jogo. Daqui para frente, é vencer ou perder. Sofrer ou ser feliz. Conseguir ou fracassar. Viver ou... Morrer

Penso então que Malena não nos contou em qual data seria. Estaria perto? Ah, com certeza, respondo a mim mesma. Edward sempre foi uma pessoa ansiosa e impaciente, e isso diz o bastante sobre uma de suas características mais fortes. Um lema que ele aprendeu desde pequeno.

— Pontualidade é a primazia dos príncipes — digo a mim mesma, um vislumbre de recordação passa por meus olhos. Sorrio, finalmente afetada com a ideia de que invadir o castelo será mais fácil ainda, apesar de todos os outros contratempos horríveis que isso nos trará.

E as ideias fluem tão naturalmente que, somente por um momento, liderar uma rebelião nunca pareceu tão fácil e natural. 

{...}

Olho de relance para todos os rabiscos espalhados pela sala. Estão desordenados, mas não é difícil me achar no meio deles. As coisas estão claras e eu tenho um sentimento bom vigorando, aquele típico dever de missão cumprida que, inevitavelmente, acaba melhorando o seu dia – por mais idiota que seja ás vezes.

Há desenhos, vislumbres de memórias por toda parte. Partes do castelo que eu memorizei, muitas que eu já havia esquecido e me forcei a lembrar; desenhos de máscaras e roupas; locais estratégicos; textos explicativos; notas... 

Suspiro, imaginando se Malena ficará chateada por eu ter arrumado todos os detalhes sem buscar seu consentimento. Levanto-me e pego mais um rolo de pergaminho, mas dessa vez escrevo uma mensagem endereçada à Jade. Conto todos os detalhes do meu novo plano, ressaltando as alterações necessárias. E, claro, algo  mais. Lacro com cera quente e coloco o selo de Malena. Sei que ela precisará ver a carta para entregá-la a Jade, mas não quero que leia seu conteúdo. Ela pode não gostar, mas sei que vai fazê-lo.

E, pior ainda, sei que tentará me impedir se souber. Contudo, estou determinada. 

Todos esses nobres que se diziam meus amigos, mas que ficaram cegos para minha dor, vão ouvir. E vão lastimar. Vão se arrepender até o último fio de cabelo, vão se sentir envergonhados , sujos. Mas então será tarde, e tudo já estará feito.

Vou até a janela, onde o Sol nasce no horizonte, leve como uma pena. A brisa está gelada e o céu está numa fase de transição entre o claro e o escuro, levando embora consigo o brilho das estrelas. Fico admirando a paisagem por algum tempo, estarrecida com a beleza. Ouço o som dos pássaros e fecho os olhos, imaginando que posso voar como eles. Consigo ouvir uma música baixa e calma dentro de minha cabeça, parecida com aquelas que eu e Edward dançávamos tão formalmente nos bailes.

Aquele tipo de canção tão melodiosa que toca fundo no seu coração. E todos os meus sentidos ficam em harmonia assim, sendo remexidos pelo sereno agitado da vida. Quase consigo desenhar a linha que meu futuro traçará dentro de algumas horas. Se eu tiver sorte, alguns dias. Mas não me importo com a sorte ou a ausência dela pela primeira vez em muito tempo; até estou ansiosa para que tudo isso finde. Apenas me sinto... preparada. Independentemente do que o futuro reserva para mim, estou preparada.  

E, com pesar, admito a mim mesma: nunca estive mais determinada a encontrar Edward Christopher Sheeran e mostrar a ele que ainda estou por cima.

Fênix’s são feitas para cair e renascer. É um ciclo doloroso e repetitivo, mas é o destino delas, tal como também é o meu. E só preciso me erguer das ruínas mais uma vez antes de dar um fim a tudo.


Notas Finais


Playlist: https://www.youtube.com/watch?v=6IgDsSJ537k&list=PLA-tSOmDx5ECxYzB0fMLCCwIQCA88KEmI&index=31
PS: não se enganem com o tamanho do capítulo, grande parte disso é a música ashgvasvas

E aí, o que cês acharam?? Ficou ruim? Bom? Deixou um suspensezinho? Gostinho de Quero Mais? Bem, por favor, deixem suas críticas construtivas e opiniões sobre o que irá acontecer em seguir, na próxima sexta em que eu ressuscitar.

Eu tô com um esqueminha chave montado para essa rebelião sjavhsa Só me aguardem, babys!!

Eu, incrivelmente, encurtei todo um discurso longo em alguns parágrafos não tão grandes quanto os habituais, por isso agora estou sem o que conversar com vocês. Só... espero que realmente tenham gostado e não me abandonem 💙

Enfim, hoje não vai ter divulgação (infelizmente), então acho que estou encerrando por aqui.
Até a próxima, suas gostosas.
EdKisses
XxGigi ☪☮ɘ ✡أ☯†


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