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História Cruel Crown - Trinta e Oito


Escrita por: vixxoluxion

Notas do Autor


oiieeeeeeeeeeeeeeeeeee :)
cá estou eu com mais um capítulo <3
obrigada por tudo, pessoal! <3

Capítulo 38 - Trinta e Oito


Fanfic / Fanfiction Cruel Crown - Trinta e Oito

—Por que você tá chorando? Chase! – Sehun gritava enquanto esmurrava a porta.

Baekhyun apareceu e entrou na frente dele, fazendo com que parasse. Ele tinha a expressão mais séria do mundo presa em seu rosto, e antes que Sehun pudesse dizer qualquer coisa, duas mãos puxaram-no para trás pelos ombros. Eram Suho e Chanyeol, que também pareciam sérios demais. 

—Meus parabéns. – Luhan sorriu de maneira cínica.

—O quê? Do quê vocês estão falando? – O mais novo parecia atordoado e confuso.

—Você não olha a Internet? – Suho perguntou. – Nenhuma rede social? Nem chats? Onde está seu celular?

—Ele descarregou antes que eu saísse do hotel em Seul. Eu não uso desde ontem de tarde.

—Ah, então foi por isso que você pensou que ninguém ia descobrir? Puxa... Está de parabéns – Chanyeol bateu palmas com ironia. – Olhe só o que você fez.

Foi naquele momento que a ficha de Sehun caiu. Os cantos de sua boca voltaram-se para baixo e ele fechou os olhos, encostou a cabeça na porta e voltou a bater na mesma, agora mais levemente. 

—Chase, por favor, abra a porta – ele pediu.

—Ela não vai abrir. Você não merece que abra. – Chanyeol cuspiu as palavras.

—Chaz, é sério. Abra essa porta, por favor. Vamos conversar. – ele pediu mais uma vez. – Por favor, Chase!

—Sehun-ssi, é melhor você ir embora. Agora – Suho se esforçava para manter a calma. – Estou atrasado para o meu voo, espero que você tenha a maturidade de resolver isso de uma maneira pacífica – ele grunhiu e saiu do corredor, deixando a casa.

—Sehun. Escute o Suho – Kris rosnou.

—Chase King, abra essa porta! Agora! – ele bateu com mais força e falou mais alto, ignorando o que os amigos acabavam de dizer a ele.

—Você não está em condição de exigir nada, Oh Sehun – a voz de Chase interrompeu o que quer que Baekhyun estava prestes a dizer. – O que é que eu ganho se deixar você entrar e ouvir suas palavras inúteis?

—Eu só quero explicar! Por favor.

Cinco minutos de total silêncio de passaram. Sehun estava sendo metralhado pelo olhar dos amigos, e quando estava pensando em virar as costas e realmente ir embora, a porta se abriu. Chase olhou para Chanyeol, depois para Byun, olhou para Kris e Lu, é por último para Sehun, que tinha os olhos fixos aos dela.

—Eu não vou ficar sozinha com você. O que quer que você tenha a me dizer, você vai falar na frente de todos nós – ela apresentou os  termos e saiu do quarto, indo para a sala e sendo seguida por todos ali.

Ela se sentou no sofá, com Luhan e Chan de um lado, Byun e Kris do outro, e Sehun ficou de pé em frente aos cinco.

—Quem é aquela? – Chase fez sua primeira pergunta.

—Kim Yeon-ah. Uma garota que eu conheci na minha última viagem a Seul. Chase, eu...

—Por quais razões você... Fez o que fez? – ela perguntou apertando com força a não de Byun.

Naquele momento, tanto para ela quanto para Sehun, todos naquele lugar acabavam de sumir. Só havia os dois, numa sala branca, debatendo. Chase soltou a mão de Baekhyun e se levantou, com o peito estufado.

—Eu só fiquei com ela, Chaz. Não houve sentimento. Eu juro – ele disse.

—Mas... Por quê? Eu não sou suficiente? Eu tenho feito algo errado? – as lágrimas caíam, mas a voz dela não se alterava, nem por um momento. – É pelo fato de estarmos quase sempre distantes? Porque eu mato pessoas todos os dias? Porque eu não tenho um corpo escultural? O que eu fiz de tão errado? Eu não sou suficiente pra você, Ástin Min?

—Hã?! Nada disso! Você é tudo, é perfeita pra mim – ele disse, e parecia que havia mais a dizer. – Mas você não é só minha. Ou é? 

Os outros se entreolharam assim que viram uma lágrima se formar no olho de Sehun.

—Se não está bom para você, por qual motivo você aceita meu abraço, meus beijos, meu carinho e meu amor, Sehun? Você sabe que não será assim pra sempre, e que eu vou ter de escolher. Se você não gosta assim, porque ainda está aqui? – ela exigia saber.

—Eu amo você, Chase! Por isso eu ainda estou aqui, e por isso eu aceito e retribuo todo o amor que você me dá. Não há nada de errado com você. – Ele suspirou e olhou para o chão. – Mas você não é só minha Chase. Sei que não vai ser assim para sempre, mas você ama duas pessoas, e sempre irá amar!

—Sim! Eu amo duas pessoas, sim! Eu amo vocês dois. Huang Zitao, Oh Sehun, eu amo vocês dois. Eu sou apaixonada por vocês. Eu não saio por aí "esvaziando" com ninguém, pois para mim, vocês são suficiente – ela batia com os dedos indicadores contra o peito dele. – Eu me apaixonei por duas pessoas; você simplesmente foi e quase... Quase fez amor com uma garota na frente de todo mundo!

Agora não importava quem estava lá, tudo o que eles tinham para falar seria dito. Chanyeol era o único, ali, que só tivera certeza agora de que Chase realmente amava os dois. Exceto por Lu, Kris e Byun, os outros também estavam em meio à incerteza.

—Mas você o escolheu primeiro – sua voz tomou um tom mais grave e sério. Com aquela simples palavra, Chanyeol já entendeu do que se tratava.

—Por que eu o amo! E eu também amo você! Será que você não vê? Meu Deus!

Estavam todos boquiabertos. Chanyeol por acabar de descobrir sobre Chase e Huang, e os outros por não acreditarem que Sehun estava jogando aquilo na cara de Chase, na frente de todos eles.

—Eu peço perdão. Peço desculpas. – ele tentou pegar as mãos dela, mas ligeiramente ela tirou-as de perto dele. – Chase!

—Não. Eu é que peço perdão. – Ela sorriu de maneira odiosa. – Peço perdão por ser incapaz de decidir entre os dois homens que eu amo. E peço perdão por não deixar claro que, quando se ama, realmente se ama uma pessoa, não se sai por aí procurando por outro alguém. Sinto muito, Ástin Min.

Ela pegou seu celular sobre a almofada, passou a não pelos cabelos e calçou as pantufas. A garota começou a caminhar em direção à porta, e todos foram correndo atrás dela.

—Para onde você vai? – Kris perguntou.

—Você não pode sair assim! Está frio lá fora, e está chovendo também – Chanyeol chamou-a de volta.

Ela abriu a porta e andou para a calçada, indo de encontro à chuva.

—Chase! Volte agora! – Baekhyun gritou. Mal sabiam eles que ela estava esperando pelo táxi que chamara assim que saíra de seu quarto. – Chase!

—Cake, volte aqui! – Luhan berrou o mais alto que pode.

O táxi finalmente chegou e ela abriu a porta, mas antes de entrar, ela ficou paralisada por um instante, e então disse:

—Ástin Min, Sehun – ela disse com a voz grave e embargada, atraindo a atenção de todos –, significa meu amor. – Ela bateu a porta e respirou fundo.

—Dia difícil? – O taxista perguntou.

—Um dos caras que eu amo ficou com outra garota. Sim, dia difícil.– ela tossiu. – Me leve para o bar mais improvável para uma pessoa vestida como eu querer ir. Por favor.

—Só se a senhorita prometer que não vai ficar bêbada ao ponto de ficar vulnerável aos safados que frequentam o bar – ele pediu e começou a dirigir. – Vou te deixar com o meu número e placa do carro, para te trazer de volta.

—Eu prometo. Ok. Muito obrigada.

(...)

Ao chegar, a jovem Chase atraíra olhares curiosos para si, mas agora, quase três horas depois, ela ria das piadas horríveis que os homens contavam, e das histórias de bêbados que o barman conhecia. Ela era o único ser na face da terra que ia à um bar barra pesada usando pantufas e pijamas xadrez.

—Aí ele falou: "cara, a minha mulher me largou pelo fonoaudiólogo da minha filha, por favor, me dá esse copo de whisky" – o barman contou e todos caíram na gargalhada.

—Chase, Chase, conte uma história de bêbado, vai! – Wayne, um homenzarrão tatuado e barbudo pediu. Ele era muito mais simpático do que aparentava. Chase não estava bêbada. Estava apenas alegre e alta. Bêbada, ainda não.

—Uma vez, meu tio Cushman, no Natal, bebeu tanto vinho, mas tanto, que ele saiu pela casa berrando músicas dos Beatles, mas achava que estava cantando como um anjo – todos eles começaram a rir antes do fim da história. – Daí, ele subiu na mesa, vestindo uma bata de grávida, e começou a gritar "eu sou John Lennon! Eu não estou morto, querem ver?", e nessa de provar que era John Lennon, ele cantou cinquenta e oito sucessos dos Beatles até minha tia ficar de saco cheio e levá-lo para dormir.

Eles riam como se não houvesse amanhã. Era incrível como riam incansavelmente, sem se importar com falta de ar ou ardência na garganta.

—Ok, seus bêbados. Compartilhem o motivo de estarem aqui hoje – o barman, que se chamava Henry pediu. – Wayne, faça as honras.

—Com prazer. – ele bateu o copo na mesa e o mesmo foi cheio com uma bebida que Chase não conhecia. – Eu venho aqui há dez anos pelo mesmo motivo. Eu era bombeiro, e durante um incêndio eu deixei uma família inteira morrer porque não tive coragem para ir até o último quarto daquela droga daquela casa. Próximo.

—Eu venho aqui tem três anos, pois minha mulher ganhou o processo de divórcio e agora eu moro num trailer e ainda trabalho na mesma maldita oficina – disse um homem alto, afrodescendente, que tinha um sorriso no rosto ao bater o copo e vê-lo ser cheio com aquele líquido de origem desconhecida. Seu nome era Lucas.

—Meu nome é Richard e eu praticamente moro aqui desde que meus três filhos foram mortos no Afeganistão – mais um homem falou, e este também teve seu copo cheio.

Todos contaram suas histórias tristes e lamentáveis. Chase estava triste por todos eles, ainda mais por ver que eles buscavam paz na bebida. Até que chegou a sua vez de compartilhar.

—Meu nome é Chase. E hoje eu tô aqui por que... Bom, eu amo dois rapazes ao mesmo tempo sabe... E um deles quase fez sexo com uma mulher lá na Coréia ontem. E é esse o meu motivo idiota – ela bateu o copo na mesa e bebeu de uma vez o líquido que tinha um gosto extremamente forte e amargo.

—Sabe moça... Só porque ele pegou a garota coreana, não quer dizer que ele não te ame de verdade. E não digo isso só porque também sou homem – disse Richard.

—Concordo. Talvez ele só estivesse procurando alguém para suprir as necessidades... Já que você não é 100% dele – Wayne apontou.

—É... Eu sei que estão certos. E não é a bebida, mas já não estou mais tão triste com ele. Acho que eu o entendo.

—Viu? Não foi tão ruim. Não deixe seu problema se agravar e acabar com sua vida como nós – disse o homem negro sorridente.

—Volte para casa e perdoe o cara. Ele não fez por mal. Afinal, quem não amaria uma menina tão boazinha e bonita como você? – disse outro bêbado.

Ela sorriu com os olhos cheios e a cabeça girando. Fitou o barman, que sorriu para ela.

—Quer o conselho de um sóbrio, não é? Então, sim, volte para casa e perdoe esse cara. Não vale a pena sofrer por isso, é muito menos fazê-lo sofrer também. – O responsável por encher a cara de todos ali disse e piscou.

—Puxa... Obrigada mesmo, senhores. Não sei o que seria de mim sem vocês hoje – ela saltou do banquinho encostado no balcão. – Espero que possa vê-los de novo.

—E nós esperamos não vê-la nunca mais. 

—Pelo menos não aqui... E não triste – Wayne explicou melhor. – Vá para casa, jovem Chase.

Com isso, ela acenou e saiu do bar, e minutos depois entrou no mesmo táxi que a levara para lá, agradecida por ter escolhido ficar lá hoje. O taxista a recebeu com um sorriso largo.

—Deu certo?

—Sim. Muito. Obrigada.

Com isso, o homem apenas sorriu mais, e então levou a jovem garota sem noção para casa. Como não havia trânsito, eles chegaram depressa. Chase agradeceu e esperou o táxi sair do seu campo de visão. Quando se virou, deparou-se com Sehun, sentado num dos degraus da escadinha, ensopado, sendo atingido pela garoa.

—Onde você estava? 

—Num bar. Há quanto tempo está aqui?

—Desde que você saiu. Que horas são? 

—Uma e pouco da manhã. Vamos entrar? Onde estão os outros?

—Dormindo. Estavam preocupados, mas eu garanti que você voltaria.

—Vamos entrar então. Aí conversamos.

Eles foram juntos para dentro, ela úmida e ele ensopado. Eles caminharam em silêncio para o quarto dela, onde ela esperou que ele tomasse banho e vestisse uma camiseta e uma calça de basquete.

—De quem são essas coisas?

—Do Gustavo. Ele... Acidentalmente me deu junto com a tabela e a bola. Por isso o tamanho enorme – ela explicou.

—Ah.

Ele se sentou na ponta da cama dela. Parecia desconfortável e relutante, como se tivesse mil coisas a dizer, mas hesitasse a cada instante. Chase já estava bem mais sóbria, e tossia um pouco por ter tomado chuva mais cedo.

—Eu fiz chá. Beba. Senão vai ficar doente, certamente. E não quero você doente de novo.

Ele bebeu de uma vez. Estava gostoso, por mais que fosse medicinal. Ele e Chase trocavam olhares estranhos e cheios de dúvidas, mas não diziam nada.

—Antes de qualquer coisa, quero dizer que eu perdoo você. Não precisa ficar falando por horas e horas sendo que eu nem estou mais brava.

—Quê? – Sehun pareceu surpreso. 

—Eu te entendo. Não é sua culpa. Você só quis ter alguém só para você, mesmo que só por alguns minutos. Pelo menos era bonita... E mulher.  – Ela riu por um instante.  A mão dela tocou o ombro dele. – Eu sei que você me ama.

Ele sorriu e ela beijou o rosto dele, pegando a caneca e colocando sobre o criado mudo. Ele se deitou e ela se aninhou em seu peito. Ele cobriu aos dois com o edredom vermelho dela, e desligou a luz, deixando apenas o abajur ligado, com uma fraca luz amarelada.

—Eu ainda não estou pronta. Para escolher – ela murmurou e respirou fundo, sentido o cheiro de seu amigo. – Você sabe, não sabe?

—Eu sei. Mas... Tanto eu quanto ele... Nós podemos esperar. Podemos esperar se for para esperar por você. Desculpe-me por tudo o que eu disse ok? Eu juro que falei sem pensar, estava querendo arranjar uma desculpa para não sair como total culpado, mas... – lentamente, ambos iam relaxando e fechando os olhos.

—Eu te conheço, Oh Sehun. E está tudo bem agora. Eu juro – ela prometeu. E realmente, estava tudo bem.

Sehun apagou o abajur e dos dois fecharam os olhos de uma vez, abraçados, o calor de um esquentando o outro, com ajuda do edredom.

—Eu te amo. Eu te amo muito, Ástin Min, não importa quem você escolha – ele sussurrou no ouvido dela, que sorriu.

—Eu também te amo muito. Pra sempre. Não importa quem eu vá escolher.

(...)

—Bom dia, Edison – Chase sorriu assim que Tao abriu os olhos, deparando-se com a cabeça da menina sobre a sua, com olhos arregalados e sorriso largo.

—Bom dia. – Ele estava sorrindo, mas subitamente parou. Após alguns instantes em silêncio ele fez uma careta. – Edison? Ei! COMO VOCÊ SABE?! – “Edison Huang” era o nome ocidental dele.

—Seu pai. Ele me deu sua ficha completa ontem de noite – ela sorriu para tentar reprimir uma risadinha, mas não deu certo. – "Edison" – ela riu mais.

—Quê? Ah, é só um nome comum, está bem? Não vejo graça. – Quem conhecia Tao, por menos que fosse, sabia que ele detestava ser zombado, seja pelo que fosse.

—Está bem, Edison. Vamos trabalhar Edison? Ou vai ficar aí na moleza, Sr. Edison Huang? – ao que parecia, Chase estava se divertindo um bocado, e não iria parar de caçoar do nome ocidental de Tao tão cedo.

—Chase... – foi o protesto de Huang, que falhou, pois saiu acompanhado por uma risada leve. – “Edison” vai trabalhar com você.

—Vamos, não demore muito. E vá escovar os dentes, rápido – ela pediu, empurrando-o em direção ao banheiro.

—Perdão? Para quê você está me apressando para... Escovar os dentes? – ela perguntou e então viu um sorriso tímido se formar no rosto pálido dela. Tao começou a rir. – Chase?

—Creio que eu não precise explicar. Vamos, sim?! – ela bateu palmas, apressada.

Assim que Tao cuspiu a água com a qual havia enxaguado sua boca, Chase o puxou com força e o beijou por frações de segundo.

Ele se vestiu e os dois foram para o carro, onde andavam acima da velocidade indicada nas placas, como sempre. Era manhã, mas não era a hora em que os trabalhadores saíam de suas casas para trabalhar, então, digamos que "a lei" não desse tanta importância às infrações quando estava tudo calmo nas ruas.

Logo eles chegaram ao local de praxe, e dessa vez ele insistiu em colocar a bandana para ela, e aproveitou para dar um beijo em seu pescoço, por trás. 

—Vamos lá, Sr. Edison Huang? Sr. Edison que usa mais maquiagem do que eu? – ela carregou a arma e começou a dar passos em direção à porta.

—Vamos Dra. Chase King – ele estalou os dedos das duas mãos, depressa e de maneira uniforme. – E eu só uso maquiagem para tirar fotos e comparecer a eventos.

—Ou seja, 50% do tempo em que você está acordado. – Ela revirou os olhos. – Edison... – Chase murmurou como um riso. Ela não esqueceria aquilo nunca mais.

(...)

—Não é elegante admitir, mas eu tenho observado muito vocês dois quando estão aqui, em combate – Li sorriu para os dois, ajoelhados a sua frente, com as mãos atadas. – Talvez por vocês serem bonitos, ou talvez por eu admirar sua resistência e habilidade, contudo, eu os observo pois estou começando a questionar algumas coisas... Vocês não estão apenas saindo, não é?

—Não estamos na escola, Ming, e nem mesmo numa delegacia. Não somos obrigados a responder sua pergunta – Huang grunhiu.

Perguntas – Li corrigiu odiosa e entediada. Ela aproximou o rosto de Chase de maneira agressiva e ameaçadora – Como você amarra tão bem essa bandana? – grunhiu para a moça ajoelhada, que diminuiu a abertura dos olhos.

Chase não respondeu. De todas as vezes em que eles a pegaram, ou Li mandou que os jogassem logo ao mar, ou, quando tentavam retirar a bandana, não conseguiam, pois Chase dava nós muito fortes, e ela ficava perfeitamente colada a seu rosto, bem apertada. Exceto por ela própria, ninguém conseguia desfazer aquele nó. Nem mesmo Tao, e sim, ele já tentara antes.

—Ela não fala mais? – Li disse, cheia daquele sarcasmo superior, cheia de maldade – O namorado dela engoliu a língua dela? Ou foi você, Sr. Huang? – ela sorriu doentiamente. – Sinceramente, eu esperava mais... – ela se referiu a Chase e lançou à mesma um olhar desdenhoso. – Admito, sim, que ela é bonita, mas... Ela tem uma barriguinha, é muito pálida e baixinha...

—E quem é você para opinar? – Chase disparou, levantando o olhar para Li. – Se está acontecendo algo entre eu e Tao, quem o largou foi você. Então, quem é você para opinar sobre os relacionamentos dele? Você não é mais a namorada dele.

Li teve que bufar várias vezes e cerrar os punhos para não pular em Chase e agredir a mesma. Ela recobrou a calma e disse, de maneira cínica: 

—Isso só demonstra quão envolvidos vocês estão.

—Então não podemos ser amigos? – Tao questionou. – Não há como sermos amigos, obrigatoriamente, nós estamos saindo?

—Então, eu pergunto: só você a ama, ou o sentimento é mútuo? – Ela ignorou as provocações.

—Isso não é da conta dela, é? – Chase perguntou a Tao, como se confirmasse uma informação. O que eles estavam fazendo era apenas irritar majestade ainda mais.

—Chega. – Foi o que ela disse ao se jogar de volta no trono. – Levem-no daqui, agora, direto para a casa dele. Quero ter uma conversinha particular com a Srta. Escuridão – ela apenas acenou com a cabeça e Tao começou a ser arrastado pelos guardas que já o estavam segurando. – Podem se divertir com ele no caminho.

—Taiyang! – Chase exclamou apenas para levar um chute nas costas do mascarado que a detinha. – Taiyang! Taiyang! – ela gritava como uma criança perdida, e levava mais chutes.

—Hailang! Pare! – ele pediu, ao perceber que os olhos dela estavam cheios de dor por conta dos chutes.

Os olhos dos dois se encontraram e ela se calou, voltando seu olhar para Li apenas quando Tao saiu totalmente de seu campo de visão.

—Você o quer? Para quê? – ela riu.

—Eu quero. E não preciso justificar, ainda mais para você.

—Cara... – Li riu um pouco mais. – Ele passa maquiagem antes de vir. Ele fuma às vezes. Ele é muito sensível e grita com os outros quando está bravo. Ele é dorminhoco, guloso é muito vaidoso. Ele, realmente, não faz o seu tipo – ela sorriu.

—Mas foi por essa mistura que eu me apaixonei. Não posso mudar o que eu sinto, mesmo que não tenhamos muito a ver um com o outro – ela murmurou cansada de ter os joelhos contra o chão.

Li observou a garota de estatura baixa que estava aos seus pés. Mais uma vez, ela olhou criticamente, com olhar julgador, como se Chase King fosse apenas um objeto escuro á sua frente.

—Você é uma típica heroína do Romantismo Europeu, sabia? – Li cruzou os braços, enrugando uma parte de seu belíssimo vestido dourado. – Bonita, cativante, inocente, boazinha... A imagem da abnegação. Você não existe – os dedos de Li faziam ondulações no ar a sua volta. – Para quê você ia querer alguém como o Tao? Alguém completo por si só?

—Ele não é tão completo quanto parece. Ninguém é. Só você parece ser, e muito, e eu acho isto realmente incrível, afinal quase não conheço pessoas assim – ela sorriu e majestade pode ver a marca do sorriso no tecido da bandana. – Se você ainda o quer tanto, não deveria ter deixado que ele fosse embora. Este foi seu erro – não se deve procurar por uma pessoa completa sem você. Dizem que devemos procurar, em Deus, alguém que seja completo com o Senhor, para que assim complete você.

—Escute. Vou perguntar de novo. Para quê você quer alguém como o Tao? Não sabe que, para ele, o trabalho vem acima de tudo, em 99,9% do tempo? E que ele é um tanto egocêntrico? E que ele ainda é louco por mim? – ela tinha solidariedade falsa em seu olhar. Ela estendeu a mão e levantou o rosto de Chase delicadamente, empurrando o queixo dela para cima. – Para quê você iria querer alguém que nunca será totalmente e somente seu?

O silêncio tomou conta do local. Chase ria baixo sem fazer barulho, e Li parecia confusa com a reação, que fora como um efeito adverso à injeção de maldade que ela aplicara. Chase bateu palmas levemente e respondeu:

—Por que eu também não sou e nunca vou ser total e somente dele. E ele sabe – ela cuspiu as palavras, mas sem soar completamente grosseira. – E eu não tenho como ser uma heroína romântica.

—Como? Por que não tem como? – Li perguntou ainda atordoada com a resposta inesperada.

Chase literalmente deu uma cabeçada no “saco” do homem que a segurava. Ele caiu de joelhos e ela deu uma cotovelada em seu pescoço, e ele desmaiou. Ela se levantou e olhou para Li, que se encolhia em seu trono, como um pequeno filhote ao ver outro animal maior.

—As heroínas do romance não são tão bravas e corajosas. As heroínas do romance não arrotam na mesa. As heroínas do romance não escolhem ajudar a si mesmas nem ao menos uma vez. – Chase foi se aproximando lentamente. – Heroínas românticas são amadas por 99% dos personagens das histórias. Heroínas românticas são incapazes de não abnegar algo, e são incapazes de fazer mal às pessoas. – Neste momento, Chase se curvou sobre Li no trono, tendo como apoio o colo da garota assustada. – E o mais importante de tudo, Zhou Ming Li: heroínas românticas não matam pessoas.

—Quem é você?! – A garota no trono berrou o mais alto que pode, e então cinco mascarados apareceram. – Acabem com ela, agora!

A pancadaria começou, e em meio aos movimentos, Chase admitiu que dessa vez ela teria que ir ao hospital, pois já havia apanhado antes de ser rendida e amarrada. E digamos que, lutar com cinco homens corpulentos, com as mãos atadas, enquanto eles têm objetos pontiagudos, não é lá muito vantajoso.

Depois de sentir uma dor horrível na costela depois de levar um chute no local, ela teve certeza de que iria parar no hospital. Dois homens já estavam jogados ao chão, faltavam os outros três.

—Essa garota parece uma lebre, ela não para de pular! – um deles gritou.

—Isso não é desculpa! Ela é uma, vocês são três! Ah, pelo amor de Deus! – majestade reclamou, tremendo de raiva, e então começou a xingar e praguejar em mandarim, sem saber que Chase entendia tudo, quase que perfeitamente.

Quando o penúltimo caiu, Chase estava lutando para não ter uma crise de riso e desmaiar ali mesmo. A ideia de ser uma heroína romântica a irritou profundamente (ela estava disposta a mudar isso, nem que fosse aos poucos ou quase nada). Ela não queria se quebrar mais do que já estava quebrada, mas ao mesmo tempo não queria desistir. Então, quando ela apagou o último rapaz, respirou fundo e fez uma reverência a Li, não em devoção, mas em sinal de respeito e de despedida. 

—Se você puder... – ela estendeu os braços e Li não fez nada, nenhum tipo de relutância foi visto em seu olhar no momento em que ela livrou Chase das amarras.

Sentindo os pulsos livres, ela sorriu e se curvou novamente.

Começou a andar em direção à saída, pensativa, planejando como seria seu próximo encontro com Li, mesmo estando um pouco entorpecida pela dor. Elas ainda tinham assuntos a tratar. Quando a garota britânica de vinte anos chegou à porta, ela parou, desamarrou a bandana e disse:

—O nome é King – ela sorriu, e Li pode ver metade de seu rosto pálido, que estava coberto por hematomas.

Ela saiu da igreja e ligou para o mesmo taxista que a levara e trouxera de volta do bar naquele outro dia.

—Olá, George. É uma emergência.

Ela lhe deu o endereço e em poucos minutos ele apareceu, ela entrou no carro e pediu que fosse para o hospital mais próximo.

—Você parece péssima. Quer que eu ligue para alguém, antes que você desmaie? – O taxista quis saber, preocupado.

Chase enviou os contatos se Baekhyun, Bruce, Thomas, Tao, Sehun e Chanyeol.

—Meu Deus, quanto nome maluco!

—Só... Escolhe um. Eu vou... Eu vou deitar aqui e... Vou deitar – ela repetiu algumas vezes, até pegar no sono.

(...)


Notas Finais


:)


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