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História Cruel Despertar - Capítulo 1


Escrita por: AnaLestrange

Notas do Autor


Espero que gostem. Não deixem de comentar. ❤

Capítulo 1 - Capítulo 1


Eram 13 de outubro de 1974, quando eu morri.

Mas vamos por parte, preciso contar para vocês tudo que aconteceu naquele dia.

FLASHBACK

- Annie! - Alguém me chamava, estava de manhã, o sol iluminava as pequenas montanhas.

- Olá, Beth. - Bethany era minha melhor amiga, morava a algumas casas da minha e sempre íamos juntas à escola. Ela era linda, seus cabelos eram escuros e desciam em cachos, sua pele era clara, e seus lábios ficavam o tempo todo rosados, o que a deixavam ainda mais linda. Ela era um amor.

- Te chamei e você não ouviu, precisa parar de ficar sonhando alto, Annie.

- Desculpa, Beth, eu realmente não ouvi. Mas, o que seria da vida sem alguns sonhos, não é? - Eu ri, e ela também.

Ela suspirou. Continuamos a caminhar em silêncio até a escola, onde só estudavam meninas. Eu e Bethany estávamos terminando o ensino secundário, tínhamos planos de fazer o colegial em Londres, ou em alguma outra cidade mais grande que Clovelly, a pitoresca vila de pescadores localizadas no sudoeste da Inglaterra. A cidade que até então eu morava.

Não demorou e logo chegamos. Aquele dia estava diferente, estava feliz, veria o Peter logo que as aulas acabassem, e nada poderia estragar minha felicidade.

O Peter havia sido meu porto seguro nos últimos meses. Quando estava com ele, esquecia dos problemas com minha família, com a escola e com o resto do mundo. Éramos só nós dois, e era isso que importava.

Ao chegarmos na escola fomos para a nossas salas, a Bethany era um ano mais velha que eu, de modo que ficamos em salas separadas. O que eu odiava. Não gostava da maioria das meninas da minha sala. Apesar da idade, eram todas maiores que eu, na verdade eu era 2 vezes menor que elas. Elas sempre queriam confusão comigo, o que na maioria das vezes eu evitava.

- Olha quem chegou, se não é a suburbana, a que o pai bate na mãe. Vamos rir! - essa era a gangue da Charlotte, aquela vadia gorda me tirava sarro desde o primário, e todo dia ao chegar na escola tenho esperanças que ela tenha morrido.

Ela tinha duas capangas, a Ellen e a Sarah. Ambas se pareciam, cabelos curtos, lisos e negros. Faziam tudo que a Charlotte mandava, a Bethany e eu costumávamos dizer que elas não tinham cérebro. Mas tudo mudou quando me envolvi em uma confusão com a Charlotte algum tempo atrás. Ela queria minha comida e me recusei a entregá-la, ela me bateu tanto que fiquei com marcas roxas por algumas semanas. A Ellen olhava pra mim enquanto ela batia e virava a cara, já a Sarah pedia pra ela parar, que ela iria ser expulsa se continuasse com aquilo. Então quando finalmente ela parou de me bater, me deu uma cuspida na cara e me deixou ensanguentada no banheiro, achava que ia morrer e minha cabeça doía. A Sarah voltou e me deixou um lenço, junto com um remédio para a cabeça. Quando consegui me levantar joguei o remédio na boca e tudo que consegui foi vomitar todo o meu almoço. Aquele dia não foi um dos melhores.

Eu já estava acostumada com aquilo, mas hoje não deixaria elas me irritarem. Passei a aula inteira lendo um livro, e ignorando tudo.

Quando finalmente o sinal tocou corri para fora, fui o mais depressa em direção à saída, Peter já estava me esperando com um sorriso no rosto, retribui e o abracei enquanto montava na sua velha motoca.

Peter era bem mais velho que eu, seus cabelos já apresentavam fios esbranquiçados, seu corpo era grande e seus lábios finos.

- E aí, minha princesa, como você está? - perguntou enquanto chegávamos a um pequeno estábulo, onde não tinham cavalos, mas era um bom lugar para se encontrar com ele. Sossegado e quase ninguém passava, a vista dava a uma pequena montanha.

- Agora estou melhor. - Demos um beijo e nos sentamos, ele por trás e eu entre as pernas deles. - Estava com saudades, sabia?

- Eu também estava.

- Está tudo tão difícil, Peter. Não sei até onde vou aguentar. O que está me salvando são nossos encontros e as minhas aulas de arte e pintura. Ontem o Jimmy bateu na minha mãe de novo, e dessa vez a Grace estava no colo dela. Corri para pegar ela, mas ainda levei isso. - mostrei um pequeno corte na minha mão esquerda.

- O Jimmy é um merda! - ele falou quase cuspindo as palavras.

- Sim, ele é. - resmunguei. 

Jimmy era meu padrasto, o odiava mais que tudo na vida. Ele sempre batia na minha mãe, e minha irmãzinha que tinha apenas 1 ano sempre chorava. Por vezes eu tentei impedir, mas apanhei também, e Grace ficou chorando, o Jimmy falou que se ela não parasse ele bateria nela também. Eu a amava tanto.

- E como tá na escola? - ele me perguntou enquanto passava a mão nos meus cabelos.

- Está uma droga. Eu não aguento mais a Charlotte!

Ele me fitou e disse inexpressivo;

- Ela não pode ser tão ruim assim.

- Ah mas ela é! Eu a odeio.

Ele não falou nada, apenas ficou observando um ponto qualquer, ignorei.

- Sabe, eu tava pensando, por que não fugimos daqui? - sugeri.

- Porque iriam atrás da gente.

- A vida é tão cruel. - bufei.

Ficamos ali por mais uns minutos, ele me abraçava e eu me sentia segura. Um tempo depois o Peter me deixou próximo a escola. Peguei meus materiais do armário e fui para a aula de artes e esculturas.

Era um pouco longe, mas eu nunca reclamava, ia o caminho inteiro cantando, pensando em uma outra realidade paralela. Onde tudo fosse perfeito.

Danielle já me esperava, ela era a instrutora.

- Olá, Annie. - ela me cumprimentou com um sorriso no rosto.

- Olá, Dani.

- O que vamos fazer hoje? - me perguntou.

- Eu tava pensando em pintar, se não se importa.

- Ah não! Claro. Fique a vontade, se precisar de algo, estarei ali.

Ela me deixou sozinha e saiu. Peguei uma tela e alguns pincéis. Misturei uns tons de azul, branco, e anil e  comecei a pincelar. Nem sabia o que estava fazendo até terminar o desenho. Fiquei deslumbrada com o resultado final. Desenhei um anjo.

Um anjo lindo.

- Annie você viu o... Meu Deus! - Danielle olhava o quadro - Que lindo. Como você fez isso?

- Eu não sei. Estava pensando em outra realidade, deve ter sido isso.

- Está magnífico, Annie. Maravilhoso. Mas não está tarde pra você ir pra casa?

- Obrigada. Oh meu Deus! Preciso ir!

Me assustei quando olhei a hora, eram 22:10 não sei como deixei isso acontecer! O Jimmy iria brigar comigo e sobraria pra minha mãe. Corri e peguei minhas coisas, me despedi de Danielle e deixei o quadro onde estava. Queria ter voltado ali, mas aquilo nunca mais aconteceria.

Havia muitas ruas até o caminho para casa. Geralmente nunca estava escuro quando eu ia, mas naquele dia tudo estava esquisito.

O céu estava nublado, e um frio percorreu por toda minha espinha.  Apertei a jaqueta contra o peito e apressei o passo.

Cheguei a uma rua pequena e escura, havia alguns caras más  encarados, pararam o que estavam fazendo e olharam pra mim. Tentei dar meia volta, quando esbarrei em um homem. Era grande, e cheio de tatuagens, sua cabeça estava careca. Tentei passar por ele, mas ele me esbarrou.

- Pra onde a garotinha acha que vai? - ele deu um sorriso. Então corri em direção oposta dele, mas os caras estavam me cercando.

- O que pensa que está fazendo Big? - Um homem de aparência jovem, com cabelo espetado e cheio de piercings e tatuagens falou. Me senti aliviada, mas ele logo disse - assustando a comida?

Meu coração ficou acelerado, queria correr mas não tinha saída. Em uma viela escura tentei gritar por socorro, mas logo um dos caras me segurou pelas minhas costas e colocou sua mão na minha boca, de modo que eu não conseguia falar.

- Tem certeza que é essa daí, Jhon? - um cara de cabelos grisalhos perguntou ao homem de cabelo espetado.

- Acha que eu sou maluco, Mike? - Jhon empurrou o cara chamado Mike.

Quando consegui falar eu estava berrando.

- Você só podem estar enganados, não sou eu, não sou eu!

- Claro que é, docinho - o cara chamado Big estava me segurando.

Eu gritei. Mas foi em vão. Levei uma pancada na cabeça tão grande, que achava que iria morrer ali mesmo. Mas estava precipitada.

Não queria lembrar tudo aquilo que aconteceu, mas preciso.

Quando voltei a ficar sã, tudo que lembro era de cinco caras em cima de mim. Eu tentava me libertar deles, mas minha força tinha se esvarido. Minha garganta estava seca e não  saia nada da minha boca a não ser grunhidos e gemidos de dor.

A cada vez que tentava empurrar um de cima de mim, me batiam. Sentia gosto de sangue na minha boca. E quando um dos caras que não consegui identificar me penetrou, dei um grito alto e o empurrei. Ele me deu um soco tão forte que achei que tinha perdido algum dente.

Não sei quanto tempo passou naquilo, os caras brigavam e revezavam pra ver quem ficava mais tempo dentro de mim. Levei nomes inimagináveis, e dizia que eles estavam fazendo aquilo com a pessoa errada, não era eu que eles estavam procurando.

Ninguém me ouvia.

Depois do que achei ter passado horas naquele inferno, eu implorava a Deus para que morresse.

A morte seria mais fácil, menos dolorosa.

Ouvi um som de uma trombeta, e achei que era do céu. Eu iria finalmente morrer, e estava feliz com aquilo.

Imagens da pequena Grace no meu colo, do Peter me abraçando, das várias risadas que eu dava com a Bethany e até mesmo momentos felizes que eu tive com minha mãe passaram na minha mente naquele instante.

E então eu senti um clarão. Os caras me soltaram, e vi alguém vindo na minha direção, achei que era o Peter, mas não era seu cheiro.

Deveria ser um anjo, eu pensei.

Então ele me pegou no colo, e me levantou. As últimas palavras que eu ouvi o anjo dizer antes de eu morrer foram me acalmando;

- Fica calma, vai ficar tudo bem.

Então eu apaguei.


Notas Finais


O que acharam?

Twitter: @eumateisiriuus
XOXO ❤


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