História Crush - Vida que segue

A faculdade estava sendo um porre, o professor explicava algo sobre práticas administrativas e eu sequer estava prestando atenção. Meus pensamentos me levavam ao ocorrido mais cedo, não acredito que teria que passar por isso mesmo. Conviver com JunHoe por sabe lá quanto tempo naquele prédio, já estava cogitando a ideia de procurar outro apartamento, porque eu já sou obrigado a respirar o mesmo oxigênio que aquele traste mas não serei obrigado a ter que respirar o mesmo oxigênio e no mesmo local ainda por cima.

- Não é mesmo JinHwan, você que está prestando muita atenção na aula, me responda o que é política de qualidade – fui tirado dos meus pensamentos com a pergunta do professor que estava parado no centro da sala com a mão na cintura e me encarava com uma cara de poucos amigos, mas vamos lá, eu estava com a aquela cara de “queria estar morto”, se eu sabia responde? Lógico que não, eu sou um bosta mesmo que não presta atenção nas aulas para pensar no pior ser humano do mundo vulgo JunfudidoHoe, mas vida que segue.

Isso mesmo, “Vida que segue” era a frase que eu mais utilizava nos meus dias, devo dizer que era meu mantra, talvez, ou é só outra maneira de tocar o fodasse de uma forma mais educada.

- Professor, a única coisa que posso falar a respeito de política de qualidade é que é algo que o Brasil não possuí – Vamos dizer que essa não foi umas das minhas piores piadas já que alguns lesos da minha turma soltaram uma risadinha e ainda por cima eu vi o lábios do professor se torcerem em sinal de um pequeno sorriso que surgia em sua boca. – Talvez eu devesse ter ficar de boca fechada – Complementei enquanto arrumava minha postura na cadeira.

- E eu espero que não falte qualidade no seu trabalho, isso mesmo turma, trabalho em dupla para a próxima semana e eu espero que todos vocês tenha prestado atenção, diferente do senhor Jinhwan aqui; eu irei ser bem rígido em relação a esse trabalho, então escolham suas duplas e comecem o quanto antes – ele deu uma pausa para olhar o horário e continuou – Por hoje é só, vocês estão liberados.

Ótimo! mais um trabalho para ferrar com a minha vida e interromper a minha maratona de Super Natural. Suspirei e joguei minha cabeça para trás com as mãos tapando o meu rosto. Senti algo me tocando, tirei uma mão do rosto para o olhar o que era e me deparo os olhinhos sorridentes do meu amigo Bobby, sua mão estava sobre meu ombro causando um leve aperto.

- Bobby, pensei que você não tinha vindo, não te vi nas aulas anteriores – Arrumei meu material na bolsa e me levantei da cadeira, foi possível escutar um leve estalar dos meus ossos. Minha velhice está mais perto do que eu imagino.

- Eu cheguei atrasado como você pode ver e como não tinha cadeira perto de você, eu sentei lá atrás – Ele falava enquanto nós rumávamos para sair da sala. – E então, vamos fazer juntos o trabalho da aula cujo você se quer prestou atenção? E aliás, a sua piada foi muito boa sobre política de qualidade – Seus olhos tornaram-se meias luas enquanto o sorriso crescia em seus lábios.

- Eu juro que da próxima vez irei prestar mais atenção na aula para não pagar micão – Chegamos na cantina da instituição e sentamos em uma das mesas distribuídas pelo local – E em relação ao trabalho, é lógico que vamos fazer juntos, você sabe que eu não falo com outra pessoa além de você nessa bosta – Me levantei para comprar alguma coisa para comer. Optei por uma coxinha e uma Coca-Cola. Voltei para mesa e Bobby estava vidrado no celular, com certeza olhando algo muito interessante.

- Pelo visto vejo que recebeu um nude para estar assim tão centrado nesse celular – Fiz aquela carinha enquanto comia um pedaço de minha glamorosa coxinha.

- O que é nude? Esqueceu que eu sou uma pessoa inocente? – Ele falava com o tom de zoação vivíssimo na sua voz – Na verdade eu estou vendo aqui as notícias e advinha quem voltou para Coreia? Na verdade não vou nem pedir para você adivinhar, porque você é lento para o caramba – Nem um pouco abusado esse meu amigo – O seu crush do ensino médio, o JunHoe – me engasguei na mesma hora em que ouvi aquele nome -  Aqui diz: “O mais novo e renomado empresário está de volta”, aliás eu queria saber se vocês realmente ficaram naquele tempo, já que no final do ano vocês estavam tão próximos, me lembro que eu que apresentei vocês, já que eu era amigo do Koo.

Teríamos que entrar no assunto Koo JunHoe pela segunda vez no dia, era isso mesmo produção?

Só não levantei daquela cadeira e saí dali por consideração e pelo meus anos de amizade com Bobby.

Bobby e eu somos amigos desde o ensino médio, nós nos conhecemos em um trabalho em grupo e ficamos mais próximos no decorrer do ano, íamos para casa um do outro para jogar ou para estudar, tínhamos um grupo de amigos que se separou com o fim do ensino médio. Bobby foi o único que manteve comunicação comigo, tanto é que entramos no mesmo curso; ele era aquele amigo que super se importa com você e te ajuda em momentos difíceis, mas vamos dizer Bobby tinha seus defeitos também, e um deles era conhecer o JunHoe e ter a sua grande ideia de bancar o cúpido para juntar a gente naquele tempo, se não fosse por isso talvez eu nunca tivesse quebrado minha cara.

Mas vida que segue.

Engoli minha coxinha que já estava a um bom tempo travada na minha garganta, um gole da Coca ajudou e talvez os tapas de Bobby na minha costa também tenha ajudado.

- Não sabia que isso ainda era uma assunto delicado para você – Eu juro que vou bater na cara do Bobby até aquele sorriso sacana sair do rosto dele.

- Eu só acho que por hoje a cota de JunHoe no meu dia já foi esgotada – Amacei o guardanapo e joguei em Bobby que apenas deu língua em resposta – Esse escroto fez uma cagada comigo que eu prefiro não comentar, mas só para adiantar, a gente nunca esteve “tão próximos” – Fiz aspas com os dedos e enfatizei o “Tão próximos” – A gente só conversava mesmo.

- Mas por que você diz que sua cota de JunHoe já foi esgotada? – Ele apoiou o queixo na mão fazendo a sua melhor expressão de interessado.

- Seria uma coisa cômica, se não fosse trágica – Dei o último gole na minha coca – O escroto tá morando no mesmo prédio que eu, ele chegou ontem lá e digamos que não foi muito agradável o nosso encontro, o senhor Yang quase que me expulsa de lá por ter quase mandado o JunHoe ir tomar naquele lugar. – E hoje de manhã eu já tive a infelicidade de pegar o elevador com esse rei dos babacas. – Bobby digeriu cada palavra minha para falar a coisa mais idiota do dia.

- Você ainda gosta dele – Ele falou isso como se tivesse descoberto um novo elemento químico, o “Você ainda gosta dele” foi praticamente o seu “Eureca” – Eu analisei dentro da sua alma e cheguei a essa conclusão – Pegou o celular e voltou a mexer nele – Aliás, eu ainda quero saber o que aconteceu, senhor JinHwan.

- Tá bom senhor “falo besteira para o karalho”, mas vamos logo para sala, não quero perder mais explicações ou pelo menos fingir que presto atenção – Falei enquanto me levantava para voltar para minha querida turma.

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Já estava no meu apartamento me arrumando para ir ao trabalho, confesso que fico muito bonito nessa roupa social do trabalho, não me gabando mas que homão da porra, heiin veado? – Sorri com meus pensamentos e saí da frende do espelho – Tinha que ir logo para empresa porque o que não me faltava lá era documentos para organizar, pois a empresa estava passando por uma transição de donos e parece que hoje o novo dono chegaria, então preciso causar uma boa impressão, mostrando que sou bastante competente – eu mesmo a competência em pessoa, Kim JinHwan – Dei mais uma olhada no espelho e fui em direção ao meu celular que tinha esquecido em casa de manhã.

“Você têm cinco mensagens de Dongiee”

DongHyuk era um dos meus poucos amigos do Trabalho, foi o que mais me ajudou no início do estágio e então nos tornamos amigos.

Dongiee: O novo dono é bastante bonito aaah.

Dongiee: Ninguém me segura, eu vou voar nesse homem lindo.

Dongiee: Eu preciso registrar esse homem como a 8ª maravilha do mundo.

Dongiee: Só estou te avisando antes para não ter um treco quando você se deparar com um deus grego aqui.

Dongiee: Vem logo, estou te esperando.

Ri só de imaginar o DongHyuk dando esses chilique de adolescente, respondi o mesmo com um “ok”, afinal já iria ver ele daqui alguns minutos. Bloqueie o celular, peguei minha mochila que quebrou todo o meu conceito “moço de negócios” e fui embora na torcida para não dar de cara com o maior infeliz do mundo.

E parece que eu estava realmente com sorte agora já que cheguei no trabalho sem nenhum incidente. Será que Deus resolveu me ajudar pela primeira vez?