1. Spirit Fanfics >
  2. Cry Baby >
  3. Mrs. Potato Head

História Cry Baby - Mrs. Potato Head


Escrita por: BrookeYoongi

Notas do Autor


Primeiramente: perdoem-me por não ter seguido meu prazo para a atualização desta fanfic, e surpreender alguns dos leitores assim. Não foi intenção, mas aconteceram coisas (as quais, exclarecerei nas notas finais, por isso, peço que as leiam), e eu senti a necessidade de escrever esse capítulo hoje, e postá-lo no mesmo dia.
Então, fiquei a tarde inteira focando nessa fanfic, e espero que gostem.

(Por fim, eu queria avisar que tenho outra fanfic aqui, focada em vocaloids e em uma música em especial. E, bem, eu vou deixar o link nas notas finais!)

Boa leitura!

Capítulo 12 - Mrs. Potato Head


Fanfic / Fanfiction Cry Baby - Mrs. Potato Head


“One day she turned on the TV
Mrs. Potato on the screen
Showing off her surgeries
She thought that her pain meant beauty”


Já haviam se passado semanas desde que Blue boy - ou melhor, Hector -, havia trocado Cry Baby por uma garota, por um simples motivo: porque tal garota tinha seios um pouco crescidos, e Cry Baby, não.

Sempre que Lena perguntava à Cry Baby sobre tal assunto, a resposta que recebia era sempre a mesma: “Eu estou bem, não precisa se preocupar tanto comigo”. Na realidade, a garota não estava nem um pouco bem com tudo aquilo, mas sabia esconder muito bem sua mágoa - e raiva - pelo assunto: evitando, assim, muitas perguntas.

Entretanto, tal assunto acabou trazendo diversos “efeitos colaterais” em Cry Baby, e não eram efeitos que pudessem ser considerados bons - ou até mesmo normais em garotas de sua idade.

A garota já não se achava mais bonita, e não acreditava em elogio algum que lhe era dito, que envolvesse sua beleza. Para ela, tudo aquilo não se passava de enganação, mentiras contadas a uma criança para que ela seja comportada, e nada mais. Cry Baby já não se aceitava do mesmo jeito, querendo ser cada vez mais e mais próxima da ilusão da “garota perfeita” que a sociedade havia colocado, assim que criou o conhecido ‘padrão de beleza’.

— Eu vou sair, garota! Espero que saiba se virar sozinha, porque eu vou demorar. – gritou uma certa loira, quase platinada, com um tom de voz que dizia que se encontrava bêbada, o que não era nenhuma surpresa.

— Como se você já não fizesse isso praticamente todos os dias. – sussurrou Lena, em um tom de desaprovação. Ela havia dito isso enquanto olhava para Mary, revirando os olhos em seguida.

Lena riu do que havia dito, enquanto Mary ria também, somente em um tom mais desanimado do que costumava fazer. A enrolada torcia para que a amiga não notasse isso, e começasse com mais um bombardeio de perguntas sobre sua desanimação.

Enquanto riam, era possível escutar o barulho dos saltos que a mãe de Cry Baby sempre usara, pisando no chão de um jeito desajeitado e sem padrão algum, provavelmente pelo fato de que a mulher se encontrava bêbada – que, nessas situações, poderia se passar pelo seu estado normal, já que todo dia ela ficava do mesmo jeito.

Também ouviam os barulhos causados pelo irmão da enrolada, que ficava batendo em diversos móveis, ou até mesmo na parede. Era como se ele quisesse quebrar o quarto inteiro desde o momento que estava são, até o momento em que estava completamente drogado, embora ambas soubessem que não se passava do efeito que as drogas causavam no garoto.

Após algum tempo, o silêncio entre as duas garotas surgiu, fazendo com que ambas ficassem um pouco constrangidas, por não saberem lidar muito bem com tais situações. Alguns minutos se passaram na mesma situação, até que Cry Baby finalmente decidiu se manifestar.

— Le... Eu queria ficar sozinha hoje... Teria algum problema se você saísse de casa, somente por algumas horas? – perguntou a enrolada, olhando para Lena, com algum receio. Afinal, não sabia como Lena reagiria a tal pedido.

No início, Lena somente havia arqueado as sobrancelhas, e arregalado um pouco seus olhos. Mas, alguns segundos depois, sua expressão havia ficado mais calma e suave, e ela lançou um sorriso pequeno e que demonstrava conforto a enrolada.

— Claro que sim, Mary. Vai querer que eu fique fora o dia inteiro, ou que eu volte depois de algumas horas? – fala Lena, em um tom incrivelmente calmo, que não era tão esperado por Mary.

— Bem... O que acha de voltar para cá, depois das 15h30? É um bom horário, já que são exatamente 12h30 da tarde, não é? – falou a garota, um pouco rápido demais. E quando a mesma notou isso, sussurrou um “desculpe”, ficando levemente corada.

— Okay! – fala Lena, rindo levemente de como Cry Baby havia ficado corada. – ver como você ficou, depois que notou que falou rápido foi fofo, você sabe, não é?

— Pior que sim... – disse a garota, balançando a cabeça afirmativamente.

Ambas ficaram em silêncio por algum tempo, sem saber o que dizer, embora aquele silêncio não fosse constrangedor para nenhuma das duas.

Lena levantou-se, e arrumou a saia que usava naquele momento, antes de finalmente encarar o rosto de Cry Baby, que estava com uma expressão de confusão, que logo se tornou uma que demonstrava que ela havia se lembrado do combinado que fizeram.

— Bom... Já vou indo. – fala Lena, balançando-se para a frente e para trás, sem saber ao certo o que dizer ou fazer a seguir.

— Ah... Certo. Até mais tarde, então.

— Até mais tarde.

Lena virou-se em direção a porta branca do quarto, caminhando até a mesma em passos curtos e lentos, pensando se deveria dizer mais alguma coisa à Cry Baby, ou se deixava para pensar nisso mais tarde, e se mandar logo dali, como achava que a enrolada queria naquele momento.

Por fim, mordendo o lábio inferior, Lena havia tomado sua decisão: deixaria para pensar nisso outra hora, e que era cedo demais para Cry Baby saber de toda a realidade que ela escondia. Não queria correr o risco de perder a amiga tão cedo, afinal.

Lena abriu a porta do quarto, e virou-se para ver Mary pela última vez nas próximas quatro horas que passaria afastada daquela casa, e o mais importante de tudo: de sua única amiga de verdade.

A garota de cabelo colorido somente de um lado saiu do quarto, fechando a porta assim que saiu do limite que dividia o corredor do quarto, descendo as escadas em seguida.

— Espero que fique bem sem mim, e que não faça nada que se arrependa depois, Mary... – sussurrou Lena, enquanto descia as escadas, pensando em diversas coisas que a enrolada poderia fazer naquele dia, e se arrepender.

Talvez ela estivesse preocupada demais com a garota, ou paranóica demais desde que ela havia sido sequestrada pelo híbrido de humano e lobo, que se passava por um simples e doce sorveteiro.

Lena balançou a cabeça, finalmente saindo daquela casa, deixando Cry Baby sozinha para fazer o que quisesse.

                     × ∞ ×

Cry Baby descera as escadas para a sala, após garantir que Lena não continuava na casa.

Não é que ela tivesse expulsado a amiga de sua casa sem motivo, é que ela realmente precisava ficar sozinha por algum tempo, e nada melhor do que somente algumas horas sozinha, livre para pensar sobre o que quisesse.

A garota ligou a TV, indo rapidamente para a cozinha, procurar alguma coisa para que pudesse comer. A mesma acabou optando por alguns cookies, e os colocou em um prato qualquer, levando o mesmo até a sala. Sentou-se no chão, e colocou o prato com os cookies a seu lado, começando a assistir o que se passava na TV, não desgrudando de uma boneca que havia levado consigo para o local.

Cry Baby penteava a boneca loira e de olhos azuis por alguns segundos, antes de largá-la para pegar um cookie e mordê-lo, enquanto prestava atenção no comercial que estava passando na televisão, que tratava sobre emagrecimento por meio de remédios, que garantiam ser totalmente eficiente e rápido.

Uma mulher de aparência padrão – que a garota julgava ter cabelos loiros e olhos azuis ou próximos a tal cor, usando um batom vermelho e com uma pele evidentemente branca -, estava no centro da tela em preto e branco, enquanto uma voz de homem contava informações sobre o produto que fariam diversas mulheres comprarem – por pura vontade, ou por seus maridos acreditarem em tais coisas -, do tipo “você quer emagrecer em um período curto de tempo, sem fazer dieta? Agora você pode!”, ou até mesmo “E além disso, temos algo barato, e que caiba no seu bolso!”.

A mulher segurava o que parecia ser uma pílula que faria a mesma coisa, mas de alguma empresa rival, enquanto olhava para a câmera que a filmava naquele dia, dando a entender que ela estava prestes a ingeri-la. Entretanto, algo que o homem que anunciava o produto disse, fez com que ela parasse no meio do caminho.

Cry Baby arqueou uma sobrancelha, sem entender totalmente a decisão da mulher. Por qual motivo parar no meio do caminho?... Ah, era melhor pensar nisso depois que terminasse de assistir esse comercial.

Então, apareceram as pílulas que o homem ficava anunciando na tela, e Cry Baby pensava que as mesmas tivessem uma parte vermelha e outra branca, baseada na coloração que aparecia na tela, mas ela não poderia ter certeza de tal coisa, até ver uma na vida real.

Alguns segundos depois, a mulher havia voltado a aparecer, segurando uma dessas pílulas. Ela a engoliu, com uma expressão falsa de satisfação, e após isso, a câmera passou a mostrar não somente seu rosto, mas sim, uma parte de seu corpo também.

Essa mulher tinha o corpo que muitas outras sonhavam em ter, embora soubessem que tê-lo era algo totalmente impossível, ou então, improvável demais. A mulher colocou os braços na cintura, sorrindo para a câmera, enquanto potes apareciam com as pílulas, um copo de água – que seria usado para tomar a pílula com maior facilidade -, e algumas caixinhas redondas, que provavelmente teriam as mesmas pílulas dentro, para que fossem conservadas, e que não corressem tanto risco de caírem no chão e desaparecerem.

A mulher do comercial voltara a olhar para seu corpo, que dava a impressão de ter se tornado mais magro, e voltou a olhar para a câmera, sorrindo.

Ao lado esquerdo de seu rosto se encontravam potes com as pílulas dentro, e do lado direito, um pequeno pedaço que parecia ser semelhante a um cartaz, com o nome e preço de tal produto.

“Pílulas da dieta dos dollies

$10.99”

Cry Baby olhou para o próprio corpo, enquanto o anúncio mudava. A garota começou a ter pensamentos horríveis sobre si mesma, fazendo com que ela ficasse com uma auto-estima ainda pior.

“Estou gorda demais!”

“Eu deveria ser mais magra...”

“Preciso ser mais magra.”

“Quero ser bonita igual aquela mulher do comercial!”

Estes eram os pensamentos que não paravam de surgir na mente da pequena garota de cabelos enrolados, que soltou um suspiro triste e infeliz para tudo aquilo. Então, pôde ouvir novamente a voz do homem do comercial anterior, e voltou a prestar atenção ao que se passava na televisão.

Outra mulher havia aparecido, entretanto, essa era diferente da mulher do comercial anterior. Esta, era uma mulher negra, e de cabelos afro-americanos e curtos.

Em sua frente, se encontravam diversas perucas que pareciam ser loiras pela cor que ficavam, que era próxima ao branco. A mulher, então, retirou o chapéu que estava usando, e pegou uma das perucas loiras, e a colocou com cuidado em seu cabelo, para que ficasse impecável ali, sem nenhuma falha: afinal, estava filmando um comercial, tudo teria que sair perfeito!

Enquanto a negra provavelmente arrumava a peruca, e o homem falava mais sobre as perucas e seus preços, aparecera a peruca que a mulher estaria usando, segundo a teoria de Cry Baby, e seu preço e nome.

“Perucas Betties

$19.99”

Então, a câmera havia voltado a focar na mulher negra, que estava usando a peruca e um chapéu que fazia uma combinação interessante com a peruca. Ela sorria, enquanto balançava a peruca, sem parar nem ao menos um segundo para desviar o olhar da câmera, dando uma falsa felicidade, que enganava diversas pessoas, ao comercial.

A mulher piscou para a câmera, enquanto o homem encerrava o comercial, dando suas últimas informações sobre as perucas loiras.

Cry Baby se levantou, e saiu da sala, sem ao menos desligar a televisão. Os cookies continuavam no pote, praticamente intocados.

A garota havia deixado os cookies e sua boneca para trás, para fazer algo que julgava ser necessário para sentir-se mais agradável consigo mesma.

                    ɞˑˑˑ

A garota estava no banheiro de sua mãe, e já havia pego algumas das pílulas que vira no primeiro comercial que havia passado na televisão. Também havia colocado a peruca loira em um dos cantos no banheiro, já que ela usaria a mesma.

O banheiro estava um pouco bagunçado, mas Cry Baby trataria de arrumá-lo depois que terminasse de fazer tudo que julgava ser necessário.

A criança olhou-se no espelho, e não conseguia mais visualizar beleza alguma ali, nem mesmo felicidade. Seu sorriso falso de felicidade, que havia usado para convencer Lena de que estava bem, havia desaparecido de seu rosto, sobrando somente uma expressão de tristeza e profunda mágoa ali, fora a insatisfação consigo mesma. Ela se sentia um lixo.

Ela ficou ali, chorando por alguns minutos, enquanto escutava vozes ecoando em sua mente, de diversas pessoas, que faziam somente uma coisa em comum: falavam o quanto ela era feia, o quanto ela era um lixo, e não deveria sentir-se bonita nunca. Ela era estranha, e ninguém iria sentir-se bem ao lado dela, porque ela não tinha um rosto bonito, muito menos um corpo.

Depois de chorar demais, a menina saiu da frente do espelho, e pegou o máximo de papel que conseguiu. Amassou o papel para dentro de seu vestido, ficando na frente de seus seios, fazendo com que eles parecessem crescidos – muito mais que os de Chloe, por sinal.

A menina ficou admirando a visão de seu corpo, dando alguns sorrisos que pareciam felizes, embora as marcas de qual caminho suas lágrimas trilharam, dissessem que ela estava muito longe de ser realmente feliz.

A garota passou um batom vermelho em seus lábios, borrando somente um pouco, mas ela tiraria aquilo que borrou mais tarde, então, isso não importava muito naquela situação em especial.

Cry Baby pegou a peruca loira que se encontrava no banheiro de sua mãe, e a colocou com cuidado em seus cabelos, tratando de que ficasse com a aparência melhor do que a da mulher do comercial. Após ajeitar a peruca loira em seu cabelo, a garota pegou o pequeno recipiente circular onde ficavam as pílulas de dieta que usaria para ficar mais magra.

A menina engoliu os mesmos, enquanto se olhava no espelho, pensando somente uma coisa: “Eu vou ficar bonita. Eu vou ficar bonita.”

A enrolada demorou certo tempo no banheiro, somente para retirar os borrados do batom, e finalmente retornou para a sala, sentando-se no mesmo lugar que ficara anteriormente, olhando os comerciais. Se lembrava de ter feito tudo que os comerciais pediam, então, agora poderia ficar tranquila em relação a sua aparência, pois a mesma ficaria maravilhosa.

Soltou alguns suspiros de suposta felicidade, e então, pegou o controle da televisão, e trocou o canal, para um outro qualquer.

O que Cry Baby pensou ser um filme, começava em um jardim típico de alguém que tinha uma quantia razoável ou grande de dinheiro, sendo bem enfeitado e cuidado. Aos poucos, a imagem começava a focar na porta que parecia ser branca, e em uma mão – de aspecto feminino, talvez pelas luvas que somente mulheres usavam -, bateu na porta com certa delicadeza.

Uma mulher havia aparecido, e seus cabelos eram claramente negros, e sua pele, um pouco morena. Usava uma roupa e chapéu aparentemente rosa, que ficou totalmente contente quando a porta foi aberta, batendo palmas levemente, como se demonstrasse sua felicidade desse jeito.

E, então, um buquê de flores havia aparecido em sua frente, e um homem – da mesma cor de pele que a mulher, barba cortada e cabelo arrumado, aparentemente sendo o galã da novela -, apareceu na frente da porta, dando um sorriso para a garota, que havia retribuído o sorriso.

O homem se aproximou dela, entregando-lhe o buquê de flores, que a mesma cheirou, feliz, e depois olhou para ele, sorrindo como se isso significasse um “muito obrigada!”.

Ele apontou para a bochecha, como se quisesse que ela depositasse um beijo ali, e foi o que ela fez, fazendo com que ele soltasse um sorriso, aparentemente bobo. Era aquele tipo de sorriso que você sempre via pessoas apaixonadas darem quando ficavam felizes com alguma ação de seu amado, ou simplesmente quando falavam de tal pessoa amada.

O homem então entrou na casa, acompanhado da mulher, que em momento algum deixava de demonstrar sua felicidade, enquanto seguia o homem para dentro da casa, andando com certa graciosidade.

A imagem havia sido cortada para um momento que o casal fora para um quarto, que aparentemente, era o da garota, por ser inteiramente rosa e ter detalhes que somente uma garota faria em seu próprio quarto.

Ambos estavam sentados na cama de solteiro que tinha um toque de delicadeza em como estava feita, e o homem aproveitou o momento para dar um pequeno embrulho quadrado com um laço amarelo para a mulher, que fez uma expressão de total surpresa e felicidade com tal coisa. Ainda contente por ter recebido aquele presente, o homem sinalizou para que ela abrisse rapidamente o presente, ansioso para ver a reação da mesma ao ver o real presente que recebera.

Abrindo o embrulho, a mulher se deparou com uma pequena caixinha onde eram guardadas jóias de uma joalheria conhecida, e sorriu mais abertamente ainda. Então, abriu a caixinha, se deparando com um colar de pérolas, que ela achou incrivelmente lindo, e virou-se para o homem.

— Amor, você poderia colocar este colar em mim, por favor? – falou a mulher, em um tom incrivelmente doce e amoroso.

— Claro. Segure seu cabelo para que eu possa ver totalmente seu pescoço para colocá-lo, sim? – falou o mesmo, dando um sorriso, pegando o colar das mãos de sua amada.

Ela acenou afirmativamente com a cabeça, segurando seu cabelo para cima, ficando de costas para o homem, que colocava o colar com cuidado no pescoço da mulher, finalmente fechando o colar, e parando somente alguns segundos para garantir que o fecho não iria soltar o colar.

Após terminar de arrumá-la, ele avisou para a mulher, que virou-se para ele, enquanto arrumava o colar.

— Está maravilhosa, meu amor! – falou o homem, sorrindo para ela em seguida. Entretanto, esse sorriso demonstrava alguma coisa oculta em toda aquela alegria, e parecia muito... falso. Ou talvez isso não passasse de pensamentos de uma garota de dez anos. – E eu tenho mais uma surpresa para você! Veja!

“Se você não nasceu com isso
Você pode comprar um par de enfeites
Só não se esqueçam de ler o aviso, crianças
Porque em breve vocês ficarão entediados deles
(Haha)”

Então, o suposto galã e bom homem do filme que passava, retirou um papel de seu bolso, e somente quando a imagem ficou focada no bilhete, fora possível ler as palavras que estavam escritas ali.

“Lembrete de Consulta Médica

Você tem uma consulta médica em:

31 de Outubro

(Data)

9 horas da Manhã

(Horário)”

A mulher sorriu olhando para o homem, que esperava pela sua reação, com alguma hesitação, por algum motivo. Mas, vendo o sorriso que a mulher estava dando, ele voltou a demonstrar sua animação com aquilo, levantando o punho cerrado, como em uma comemoração, levemente falsa.

Yeah! E então, você vai querer fazer? – falou o homem, em um tom animado e levemente manipulador. Ele causava algum sentimento ruim em Cry Baby, mas ela não sabia dizer o motivo de tudo aquilo.

A câmera focava novamente no papel, mas ele estava nas mãos da mulher dessa vez, e muito mais perto da câmera em si, podendo-se ler o que estava escrito com facilidade, embora a garota já tenha lido aquilo.

O tempo havia sido cortado novamente, mas Cry Baby suspeitava de que o casal havia feito diversos planos tediosos em relação a consulta médica – ou melhor, cirurgia -, que a mulher faria no dia 31 de Outubro, e prováveis planos para o futuro que os dois teriam juntos, após a cirurgia ser um sucesso, como ambos achavam que ela seria.

Agora, somente a mulher aparecia no mesmo quarto, mas o ambiente já estava mais escuro. Então, provavelmente, já havia anoitecido no filme, e o homem ou estava fora de casa, ou já estaria dormindo em outro quarto dali. As duas hipóteses não eram muito fantasiosas, então, ambas poderiam ser baseadas em fatos reais. Como nenhuma seria confirmada, Cry Baby parou de criar hipóteses sobre o que se passava na televisão.

A mulher tomou uma pílula, idêntica as que a menina havia tomado mais cedo, e desligado o abajur, indo dormir.

No dia seguinte, a mulher se levantara de sua cama, e retirou seu vestido, ficando na frente do espelho com suas roupas de baixo. Olhou atentamente para si mesma, sabendo que não voltaria do mesmo jeito - mas, sim, em uma versão ainda melhor dela mesma.

“Sexy
Ei garota, se você quer se sentir sexy
Você sempre pode chamar um profissional
Eles enfiam alfinetes em você como um vegetal
(Haha)”

A mulher já havia se arrumado, e parecia estar ansiosa para a consulta. O homem contava o dinheiro - provavelmente o que ela usaria para fazer tudo aquilo.

O homem, então, virou-se para a mulher e apertou levemente seus lábios, mostrando que eles deveriam ser maiores para o homem que estaria fazendo as coisas para a preparação para a cirurgia.

— Queremos que aumentem o volume dos lábios, da senhora cabeça de batata, certo? - falou o homem, revelando o nome de sua suposta amada.

O homem desenhava no rosto da mulher linhas pontilhadas, que a enrolada não sabia para o que ajudariam.

Então, a cena havia mudado para uma sala de cirurgia, onde eram mostrados todas as coisas que usariam, ou que já foram usadas.

O cirurgião aparecia, aproximando uma agulha do rosto da senhora.

“ Crianças para sempre, crianças para sempre
Pele macia de bebê se transforma em couro
Não seja dramática, é só plástico
Ninguém irá te amar se você não for atraente”

O homem que fazia a cirurgia começava a cortar pequenas quantidades da pele da mulher que parecia dormir, mas somente nos locais que foram pontilhados, como suas bochechas e testa.

A imagem havia mudado para a parte de cima dos seios parcialmente pequenos, que pareciam cortados nas partes de cima.

O cirurgião puxou um pouco para cima, enquanto colocava o que parecia ser algodão dentro de um dos seios, provavelmente para "enchê-los", e torná-los maiores.

— Oh, Senhora Cabeça de Batata, me diga
É verdade que a dor é bonita?
Um novo rosto vem com garantia?
Um rosto bonito vai tornar isso melhor?

Falou Cry Baby, enquanto assistia o procedimento da cirurgia da senhora cabeça de batata.

O cirurgião apareceu no corredor, levando consigo a senhora, que estava com o rosto totalmente enfaixado, com excessão dos olhos e boca.

Ela parecia insegura com tudo aquilo, e com certo medo do que aconteceria a seguir. Era como se ela passasse por isso diversas vezes, e já soubesse o final.

Então, a mulher estava deitada em sua cama, no mesmo quarto rosado de antes. O homem que namorava com a Senhora Cabeça de Batata - que ela nomeou de "Senhor Cabeça de Batata" -, havia aparecido no quarto. Ele olhava para ela, enquanto carregava uma tesoura, pronto para retirar a faixa do rosto dela - pelo menos, era o que a menina achava que ele faria.

Entretanto, ele usou a tesoura para cortar uma parte do cabelo dela, e depois foi embora.

— Oh, Senhor Cabeça de Batata, me diga
Como você pagou a cirurgia dela?
Você promete que vai ficar para sempre?
Mesmo que seu rosto não fique junto

A imagem havia mudado para quando a senhora acordava, e ficava na frente do espelho. Vendo que seu cabelo estava totalmente feio e sem os pequenos enrolados, ela ficou desesperada, perguntando-se o que havia acontecido.

O Senhor Cabeça de Batata aproximou-se, acalmando-a. Ele parou em frente a mesma, sussurrando coisas do tipo "tudo está bem, meu amor".

Ela sorriu para ele, e o mesmo começou a desenfaixar o rosto dela, e a expressão de felicidade dele havia desaparecido. A mulher o encarava, confusa com sua reação. Ela não havia ficado boa o suficiente?

— O quê? O que aconteceu comigo? Como eu estou? ME RESPONDA! - Gritava a mulher, desesperada com a cena, sacudindo o homem.

— Shh. SILÊNCIO! CALE A BOCA! - Gritou o homem em resposta, afastando-se dela.

O homem agora aparecia sentado na cama da mulher, passando a mão pelo próprio rosto. Ele estava tentando acalmar-se.

— Tome. Veja, a peruca tem os mesmos cachos que você tinha! Não é bonita? - falou o Senhor Cabeça de Batata, mostrando a peruca loira.

Senhora Cabeça de Batata colocou a peruca, com uma expressão triste, olhando para fora do quarto. Ela não era mais ela mesma. Ela já não se visualizava quando olhava o espelho, somente via o vazio.

A mesma se arrumou, lembrando-se de como era antes de tudo. Ficava feliz, pois o homem que amava continuava com ela, e isso importava mais do que tudo.

Saiu no corredor, levemente animada. Mas, quando olhou para o lado de fora da janela, seu sorriso e felicidade esvairam-se.

“Se você quer um pouco mais de confiança
Batatas viram batatas fritas, sim, isso é senso comum
Tudo o que você precisa é mais um par de condimentos
E cem mil dólares para alguns elogios
(Haha)”

O homem que amava estava com outra mulher, muito mais bela do que ela. Ele dava para a mulher um buquê de flores, como havia feito com ela mesma.

E assim, Senhora Cabeça de Batata percebeu que havia sido somente uma peça no jogo do Senhor Cabeça de Batata, em busca da perfeição. Ela havia mudado suas características físicas por ele, e foi somente usada pelo mesmo.

Cry Baby, após assistir tudo aquilo, retirou sua peruca loira, e a atirou no canto. Em seguida, tirou o papel que colocou em seus seios para fazê-los parecerem maiores.

— É uma perda de tempo
Quando garotinhas crescem com a cara de suas mães
Mas garotinhas estão aprendendo a copiar e colar
E fazer biquinho até elas se sufocarem.

Ela não precisava ser nada para a sociedade. Era bonita do jeito que era, e, agora, sabia disso.

“Fique para sempre

Mesmo que seu rosto não fique junto.”


Notas Finais


O link da minha outra fanfic (The Four Alice's):
https://spiritfanfics.com/historia/the-four-alices-7541941

E, agora, os motivos para eu ter mudado a minha ideia fixa de não postar ou escrever esse capítulo, até terminar o dessa outra fanfic:
Como algumas armys sabem, uma garota coreana, do nosso fandom, que socializava com alguns FC's do BTS no Twitter tentando falar português e nos alegrando, chegou a se suicidar, por causa dos benditos padrões de beleza da sociedade, que é o tema principal de Mrs. Potato Head: tanto na letra, quanto na história do clipe.

E, eu dedico este capítulo especialmente à ela, Lee Yei, que se tornou uma estrela. Ela não aguentava mais sentir vergonha de si mesma, e não se sentir dentro da sociedade. Então, decidiu fazer tal coisa.

E, por meio deste capítulo, peço que vocês, minhas leitores e meus leitores, que não se sintam inferiores por padrões de beleza. Eles são uma invenção da sociedade, que se sente na vontade de rotular as pessoas, na ilusão de que isso defina alguma coisa nela mesma.
Vocês não precisam ser rotulados. Todos possuem sua própria beleza, e todos são lindos, da sua maneira. Sabia que suas diferenças podem ser o que os fazem serem bonitos??

Nunca se sintam inferiores pela sociedade. Ela é uma merda, não liga para ninguém além de si mesma.
E, agradeço a todos esses favoritos nessa fanfic, que já chegaram a 50. Obrigada a todos vocês, por fazerem minha auto-estima em relação a minha escrita aumentar, de verdade.

Eu dedico esse capítulo a todos vocês, que já se sentiram pra baixo por algo que disseram da sua aparência, pois palavras machucam. E, dedico também, a todas as vezes que Lee Yei veio a me fazer sorrir e rir, e por ser a minha esperança, junto com Hope.
Por isso, deixo com vocês essa flor, que significava esperança para ela.
Obrigada. 🌼


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...