História Crystalia - Juntas ou Mortas

Fazia um tempão que eu já estava aqui, eu sei por que contei, já que não tem janelas, mas eu tenho meus truques para saber que estou a mais de uma semana aqui... Eu contei.

45... 46... 47... 48...

É, eu estou enlouquecendo... Nesse momento estou deitada com as pernas para cima na parede, contando os segundos, minutos, horas, claro que os números podem não estar exatos, mas creio estar na minha terceira semana aqui...

51... 52... 53... 54...

Estou sou o pó, todos os dias, á todo momento, estou sendo torturada aqui por aquele monstro chamado Howlite. Como pode ela ter sido braço direito dela...? Não... Isso até que faz sentido...

Meio dia... 1... 2... 3...

-Você parece mesmo mal... – Uma voz comentou.

Olhei para a outra sela, isso fez eu interromper a minha conta... Copper resolveu falar comigo?

-Imagina... Estou ótima... – Sussurrei.

-Não fale com ela Copper, sabe que Howlite não gosta que conversemos... – Emerald sussurrou.

-E dai? Vamos todas morrer... Mas estou impressionada de Nuummite ainda estar viva...

-É o que eu diga, desde que você chegou ela nem tem tocado na gente... Parece que você virou bichinho de pesquisa preferido dela – Emerald concordou.

-Honrada... – Ironizei – Ela também fazia experiências em vocês?

-Sim... Ela tentava me obrigar a manter a forma física mesmo muito ferida, queria me impedir de ser capaz de retornar a pedra – Copper explicou.

-Ela queria me transformar em outra Gem... Mais especificamente uma Aquamarine.

Impedir uma Gem de pufar e transformar um tipo de Gem em outra? Aquamarine e Emerald são Beryls, então são do mesmo tipo, acho que isso é o marco que torna o pensamento de Howlite possível.

-O que ela tem tentado fazer em você? – Perguntou Copper.

-Ela tem me colocado para lutar com aquelas aberrações...

-Sério? Como você ainda está viva? – Emerald ficou surpresa.

-Pelo que parece sou a única capaz de destruir aqueles bichos.

-Sério? Sabe, muitas Nuummites vieram pra cá, elas eram as preferidas da Howlite, ela as trazia, prendia e colocava para lutar com aqueles bichos, mas nenhuma delas sobrevivia, morriam ou viravam monstros – Emerald explicou.

-... Aquela desgraçada... – Rosnei – Eu a odeio tanto – Como será que ela conseguiu pegar todas essas Gems?!

-Ela é forte... – Emerald comentou baixo – Tem seus portais...

-E ajuda – Copper disse.

-Ajuda?! – Sentei nessa hora.

Como assim alguém mais em Crystalia apoia essas atitudes?!

De repente ouvimos passos, mas eles não estavam sozinhos, tinha mais alguém. Copper e Emerald se encolheram, provavelmente sabiam quem estava vindo, mas eu só sentia raiva, tá, admito, uma pontadinha de medo, mas muito mais ódio.

Os passos seguiram até pararem na nossa frente, era Howlite, mas eu mal prestei atenção nela – já tava até acostumada com aquela cara feia –, mas sim naquela Gem. Era grande, talvez uma Zircon ou um Quartz, não pude descobrir que tipo de Gem era, por que ela usava roupas pretas que escondiam seu corpo inteiro, e principalmente, rosto, a única coisa que eu podia ver era seu cabelo longo, preso num rabo de cavalo, que era roxo.

As marcas de visor em sua máscara eram brancas, e em seu peito havia uma estrela, mas ela era partida, todas as pontas estavam desconectadas e no centro havia um losango.

-Quem é essa Howlite?! – Perguntei, eu sentia uma vontade assustadora de matar vinda dela.

-É minha parceira, você pode chama-la de Mura, Mura, essa é minha aberraçãozinha, Nuummite.

Aquela Gem ficou me encarando por um longo tempo, e isso me irritou, eu não desviei o olhar em nenhum momento, parecia que ela estava me medindo, pensando se faria ou não qualquer coisa que passasse pela cabeça dela.

Howlite pareceu ficar impaciente, e sorriu.

-Eu ouvi a conversinha de vocês – Howlite sorriu maleficamente e se aproximou de Mura – Murinha... Sabia que Nuummite me considera um monstro? Ela não admite a culpa que tem pela morte de toooodas essas Gems.

-NÃO É CULPA MINHA! – Levantei – Foi você que matou todas essas Gems!

Mura bateu o punho no botão, abrindo a minha cela, e veio quase rosnando na minha direção. Ela me acha culpada? O que foi que Howlite disse para ela?!

Eu nem tive chance de perguntar, Mura me encurralou e deu um soco dos fortes em mim, jogando-me contra a parede, e depois bateu meu corpo contra ela, e começou a me esmurrar.

Eu estava tão esgotada de todas as lutas que não tive chance nem força para revidar, ela me apertava como se quisesse acabar comigo. Eu já nem resisti mais.

Quando finalmente os murros pararam Mura me soltou, deixando-me jogada de bruços no chão, e pisou com força na minha cabeça.

-Cuidado Mura, ela ainda tem muito que sofrer ainda – Howlite sorriu – E você vai poder assistir tudo de perto.

Mura parece se satisfazer com isso, mas não parou de apertar minha cabeça contra o chão.

Mas eu ainda tinha algo a dizer.

-O... O que... – Tentei, mas saiu um sussurro quase inaudível.

-Ora, o que você está tentando dizer? – Perguntou Howlite.

Percebi que chamei a atenção de Mura quando ela me arrancou do chão pelos cabelos e colocou meu rosto bem próximo do dela.

-O-O-O que... E-Ela... D-Disse...? C-Como... F-Foi... Q-Que e-ela... E-Engan-nou você...?

Howlite deu risada, enquanto Mura me encarava atentamente, talvez isso a tivesse feito pensar, não sei, mas não tive chances, pois logo aquela megera de cabelos brancos se colocou próxima, para me difamar novamente.

-Não se deixe levar Mura... Você se lembra do que eu te contei não é? Foi ela que matou aquelas Gems, foi culpa dela, ela não deveria existir, ela é como eles... – Disse mais alto – Ela é uma aberração como aquelas coisas.

Arregalei os olhos roxos, como assim eu sou uma aberração? Eu não sou uma aberração como aquelas coisas! Eles são algum tipo de Gem corrompida? Alguma experiência? Eu não sou uma experiência! Eu sou uma Gem normal...

Mas então... Por que só eu consigo matar aquelas coisas?

Howlite abriu o portão abaixo dos meus pés e Mura me soltou ali para que eu caísse, parando novamente naquela sala de luta.

Mas diferente das outras vezes...

-A-Azurite...? – Perguntei.

-NUUMMITE! – Ela correu até mim.

-O-O que está fazendo aqui? – Perguntei confusa.

-Eu vim atrás de você! Eu sabia que você estava em problemas, nunca confiei na Howlite, quando a vi te levar soube que tinham coisas ruins, então a segui, mas acabei sendo pega e trazida para-.

-VOCÊ TEM QUE IR! – Gritei, apertando-a pelos ombros – AGORA!

-E-Eu não posso! Não sem você!

-Você precisa! – Disse. Meu corpo gritava de dor, mas o desespero era maior, as coisas atrás daquela porta iriam trucida-la.

-Alô, alô, estão me ouvindo? – Ouvimos a voz de Howlite – Que bonitinho, não acha Mura? Reunião de amiguinhas... As duas são iguais... Assim como todas que se preocupam com essa coisa, ou talvez elas sejam inocentes, apenas não sabem que estão do lado de monstros.

-ELA NÃO TEM NADA HAVER COM ISSO! DEIXEM-NA EM PAZ! – Gritei.

-Desculpinha, isso não será possível – Deu risada – Ela deve morrer, a menos que você seja capaz de protege-la, matando seus iguais.

As portas se abriram num estrondo, e cinco criaturas apareceram. Eu rapidamente peguei Azurite, eu não ia deixar que a machucassem, nunca!

-N-Nuummite?

-Não adianta, só eu sou capaz de mata-la! Você fica atrás, protegida!

-M-Mas eu quero te ajudar! Você está muito ferida!

-EU NÃO VOU DEIXAR VOCÊ MORRER!

Não, não vou deixar, mais ninguém! Por favor, eu tenho que ser forte.

-... Seremos só nós seis – Rosnei e eles devolveram.

-Espera! – Azurite pegou no meu ombro – Use isso.

Olhei para ela, e vi que tinha conseguido tirar sua arma da pedra. Como ela fez isso? Era uma besta azul com asas de cristal e pedras.

-Use – Ela me pediu.

-... Como você... – Olhei para sua pedra e vi que não tinha nenhum chipi.

Será um erro? Não, ela tem sua motivação, tenho certeza.

Eu peguei, não sabia direito como usá-la, mas foi como meu arco, concentrar magia e criar flechas, infelizmente o chipi atrapalhava e eu estava fraca, então não conseguia atirar várias de uma vez.

-Ok, obrigada...

-Tome cuidado...

-Tomarei.

Atacamos, eles investiram, mas eu não os deixei passar, como meus movimentos não estavam tão rápidos não pude desviar de muitos ataques, meu foque era em impedi-los de se aproximar, fui obrigada a apenas defender, e torcer para conseguir acertar no lugar certo.

Com muita luta eu consegui acertar uma flecha no peito de uma delas, onde ficava a pedra, e o ser morreu, era uma das menores então foi mais fácil, mas os outros quatro.

Pior, eu estava esgotada.

-Nuummite!

-... A-Azurite... Droga, eu não tenho força o suficiente para manter isso por muito mais tempo.

-Por favor, me deixa ajudar! – Ela pediu quando me viu impedir outra investida na direção dela.

-E O QUE VOCÊ PODE FAZER?! – Gritei ao defender com meus antebraços um ataque que me jogou para trás.

Eu teria caído se ela não me segurasse pelas costas. Quando foi que ela se aproximou.

-Me deixa te mostrar que posso ser forte como você... – Ela pediu.

-... – Olhei para os monstros... Por favor, que eu não me arrependa disso –... Ok...

Os monstros avançaram. Foi questão de segundos, Azurite pegou minha cintura e me girou no lugar, depois voltamos à posição inicial e nos inclinamos para frente, fundindo-nos.

|***|

Um raio de luz dourada afastou as feras por um instante, e com uma palma toda aquela luz desapareceu, tornando-se bolhas, e dando visão a uma Gem alta, mas menor que um guerreiro Quartz por poucos centímetros, e também menos musculosa.

Ela tinha os cabelos dourados com mechas negras, à parte da frente era um Chanel com um longo rabo de cavalo. Eram quatros braços e quatro olhos roxos – devido à instabilidade das duas Gems –, sua pele era amarelada com manchas roxas, e suas roupas eram um top marrom, uma calça legging amarela e botas pretas, além de um robe roxo, longo atrás e curto na frente.

-Opaaa, parece que temos uma reviravolta – Howlite comentou, ela parecia animada.

Os monstros urraram, a fusão devolveu no mesmo tom, e evocou suas armas. A besta de Azurite uniu-se num raio de luz ao arco de Nuummite, gerando uma bela arpa de cristais e estrelas amarelas, com cordas de ouro e pontas roxas afiadas de um lado.

-Então, como deveríamos te chamar hein, nova aberração?

A fusão olhou de canto para a câmera que as filmava, e sorriu de canto.

-Acho que você não se olhou no espelho queridinha, por que aberração aqui é só você, eu sou Cacoxenite – Tocou a arpa, criando um som estridente que não fez mal algum aos seus ouvidos, mas fez as bestas gritarem de dor – É um grande desprazer conhecer um lixo como você.

Os monstros urraram e partiram na direção dela, que apenas suspirou, não parecia estar preocupada.

-Vamos acabar logo com isso meus queridinhos.

Os monstros atacaram e Caco pulou, dando um mortal e parando no teto, de cabeça para baixo, onde começou a tocar a arpa, distraindo as criaturas com o som estridente e doloroso. Distraída uma delas mal viu quando a outra a atacou, pulando em sua direção e destruindo sua pedra e seu corpo com as afiadas pontas da arma.

Menos uma.

Caco caiu delicadamente no chão e se voltou para seus três restantes inimigos, que voaram em sua direção. Ela desviou de todos os ataques, parecia dançar em cima das garras daquelas feras, era como uma pena, até mesmo conseguiu jogar uma delas para cima da outra ou dar-lhe um forte chute na nuca.

-Por que vocês não relaxam?

Os inimigos avançaram, e Caco não teve outra escolha, defendeu-se usando o arco e ao evocar outro destruiu mais uma das criaturas, esquivando-se a tempo com um salto da outra fera, e quando a gravidade puxou-lhe de volta ao chão mais uma morreu com um ataque certeiro na cabeça, destruindo todo seu corpo e consequentemente sua pedra também.

Caco parou e olhou para a última criatura, ela era a última. A pedra num dos olhos, baixa e horrenda igual a todas.

Um semblante triste apareceu no rosto da fusão.

-Eu sinto muito... – Choramingou – Sinto muito irmã...

Caco segurou a arpa, e tocou sua última melodia, fazendo surgir fios dourados que prenderam a criatura e a apertaram com força até destruir sua forma física e sua pedra.

Cacoxenite suspirou, secando as lágrimas que desciam por suas bochechas.

-Você está bem...?... Estou... Está tudo bem...

-Que fofinhas, eu disse que elas eram farinha do mesmo saco Mura – Ouviu-se a voz de Howlite, que deu uma risada gutural – Agora, vocês vão se separar e nós vamos nos divertir... Primeiro com a azulzinha.

-Até parece – Preparou-se – Por cima do meu cadáver você vai tocar nela.

Howlite ia dizer alguma coisa quando uma explosão fez tudo tremer, e então ninguém menos que Epidote apareceu, e ela parecia puta e ao mesmo tempo feliz, mas tudo isso se tornou confusão ao ver Cacoxenite.

-QUE? Vocês se fundiram?!

-S-Sinto muito! Eu acho... – Ela disse.

-AH! Isso não importa agora! Vamos!

As duas não esperaram, e partiram pela saída improvisada de Epidote, sem nem mesmo um pio de Howlite.

A própria, aliás, observava tudo com um sorriso assustador. Mura tentou ir atrás delas, mas foi parada pela voz da parceira.

-Deixe-as... Eu acabei de ter um plano muito melhor – Sorriu – Espere só Nuummite...

[...]

Já longe dali Cacoxenite e Epidote haviam acabado de sair do túnel que levava até aquele lugar monstruoso, que estava cercado por Gems conhecidas. Sillimanite, Dolomite, Obsidian, Cherry Quartz, Yellow e Black Pearl, mas principalmente Jasper.

-Cheguei, e trouxe a encomenda – Disse Epidote como se não ligasse.

-Ah! A luz do sol... Que maravilha – Disse Caco chorando – Eu acertei na minha contagem? São duas e meia né?

-Nuummite? – Cherry e Jasper quiseram saber.

Caco afirmou com a cabeça, colocando a mão no peito, onde a pedra estava, e então elas se separaram.

|***|

Cacoxenite se separou. Azurite caiu sentada, mas logo se levantou, sem precisar de muita ajuda, já Nuummite não abriu os olhos, ela estava muito mal, seus ferimentos eram feios.

-Nuummite! – Jasper gritou, correndo até ela – Nuummite? Nuummite! Nuummite!

-Não adianta gritar Jasper! – Dolomite chamou a atenção.

-O que aconteceu? – Cherry tentava esconder o desespero.

-Eu não sei... Só tenho certeza de que ela foi torturada e... Colocada para lutar contra aqueles monstros.

-Aqueles monstros? – Amethyst perguntou confusa, tinha acabado de chegar com Beryl, ambas parecendo bastante preocupadas, mas não mais que Jasper.

-Sim... Nos fundimos por que Howlite jogou cinco para lutarem contra a gente, mas ela estava fraca demais para dar conta sozinha...

-Por que Howlite faria uma coisa dessas? – Sillimanite estava abismada.

-Não sei... – Encostou-se a uma árvore.

-Ela vai pagar... – Jasper rosnou – ELA VAI PAGAR MUITO CARO!