“...” –ele acordava aos poucos. Mas ainda não tinha aberto os olhos-
Não sabia como tinha certeza daquilo, mas, era provável que ainda fossem por volta das seis da manhã. Não sabia como tinha certeza daquilo. Talvez seu organismo estivesse acostumado a esses horários já que acordava cedo para ir à escola todos os dias. Estava chovendo, mas mesmo assim, Natsu não estava sentindo frio algum e tudo isso se devia a Lisanna que dormia agarrada a ele. Não, não estava dormindo. Natsu abriu os olhos e percebeu que ela não estava dormindo. Ela estava deitada e agarrada ao seu corpo, mas, seus cabelos alvos e suas orelhas pontudas contrastavam perfeitamente com o azul dos seus olhos bem abertos. Ela sorria para ele enquanto o observava. Suas orelhas se mexiam de leve como se acompanhassem o som da chuva que se chocava contra o teto.
“Bom dia, mestre” –ela falou e logo em seguida deu uma leve lambida na bochecha de Natsu, que se arrepiou com tal ação. Logo depois, ela se sentou na maca ao lado dele. Estavam na enfermaria-
“...” –Natsu bocejou enquanto se levantava- “Ei...” –ele a observou por uns segundos. Ela estava vestida apenas com uma camisa dele. Como sempre. Sua cauda balançava de forma lenta e suave- “Já disse que não precisa me chamar de mestre. Sabe disso. Não é?”
“Sim, mas...” –ela ia falar, mas um alto trovão ecoou pelo céu. Instintivamente, ela correu e se sentou entre as pernas de Natsu, aproveitando para se cobrir com o lençol que estava ao lado dele- “Me acostumei a isso” –ela deu uma fungada no pescoço dele- “Não gosta?”
“Claro que sim” –ele sorriu enquanto acariciava os cabelos dela- “Mas pode me chamar pelo meu nome sempre que quiser”
“Tudo bem” –ela sorriu enquanto se achegava mais no abraço dele-
“Ei, não durma” –a sacudiu de forma leve- “Temos que nos arrumar para a aula”
“Não vou dormir” –ela sorriu e se levantou com uma expressão meio triste- “Não queria ter aula hoje”
“Nem eu, mas ainda temos que ir” –ele se levantou e pegou sua mochila ao lado da maca- “Você trouxe suas roupas, certo?”
“Sim” –ela desceu da maca e pegou algo, era uma pequena mala- “A Nee-san me disse para deixar tudo aqui na enfermaria por que talvez eu não voltasse para casa”
“Ela prevê o futuro?” –ele sorriu enquanto começava a trocar suas roupas. Lisanna, que estava sentada em cima da maca, acabou adquirindo um tom levemente escarlate em suas bochechas- “O que foi?” –ele perguntou-
“Meu mestre tem um corpo bonito” –ela desviou o olhar dos dele mas, começou a engatinhar na maca até ficar de frente com ele- “Parece mais definido. Mais forte” –se sentou na maca. Parecia que ia deixar as pernas penduradas no ar mas, as enlaçou na cintura dele e o puxou para que ele ficasse na sua frente. Bem juntinho-
“Como assim?” –Natsu tentou ignorar o fato de estar sentindo seu membro ficar levemente enrijecido. Não sabia se era a intenção dela, mas ela parecia estar provocando ele-
“Parece que andou fazendo exercícios” –ela deitou a cabeça no corpo dele e o abraçou. Em seguida, começou a passar os seus finos dedos da mão direita pelo peitoral dele. Enquanto a esquerda acariciava suas costas- “Parece mais resistente. Mais atraente” –ela foi se erguendo até ficar no nível dele- “Ficou tão bem em tão pouco tempo”
“Isso é por que você me faz bem” –ele sorriu e a abraçou- “Lis...” –ao falar isso, ele a beijou-
Começou como um selinho fraco que, aos poucos foi evoluindo para algo mais intenso. Natsu não abriu os olhos mas, ainda assim pôde notar que a cauda dela estava se movimentando com certa empolgação. Natsu viu que estava ficando com o corpo mais definido e um pouco mais forte, mas achou que era pelo fato de estar sempre em movimento no trabalho. Querendo ou não, ficar andando o dia inteiro enquanto anotava os pedidos da lanchonete era um tipo de exercício. Ele começou a passar a mão esquerda pelas costas dela enquanto usava a direita para acariciar seu rosto e seus cabelos. Viu que a coisa estava ficando mais intensa do que ele podia esperar, ainda mais por que Lisanna enlaçou mais as pernas na cintura dele e estava fazendo questão de o puxar para que suas intimidades roçassem. Mesmo que fosse por cima da roupa. Natsu sabia onde aquilo ia dar mas, infelizmente, sentiu algo parecido com uma tontura. Então, com muito esforço, ele interrompeu o beijo.
“Calma, Lis...” –ambos estavam um pouco ofegantes- “Agora não dá” –ele sorriu ao ver Lisanna inflar as bochechas-
“Eu sei...” –ela o abraçou. Dessa vez sem nenhuma, malícia- “Mas eu fiquei tanto tempo longe do mestre, que às vezes eu perco o controle. Mestre?” –ela pareceu um pouco preocupada- “Tudo bem?”
“Não se preocupe, Lis” –ele realmente estava tonto- “Eu acho que é só cansaço” –se sentou na maca mais próxima-
“Você parece pálido”
“Não, estou bem” –ele pegou suas roupas e continuou a vesti-las. Sentiu sua tontura parar- “Apenas se troque. Os alunos começam a chegar em meia hora”
“...” –Lisanna o encarava. Parecia desconfiada- “Tudo bem”
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Natsu andava pela escola. Estava melhor da tontura de minutos atrás mas tinha certeza de que aquilo não era normal. Ele ficava assim quando começava a trabalhar e por isso sabia que era por causa do cansaço infligido ao seu corpo. Entretanto, essas tonturas tinham parado a muito tempo já que tinha se acostumado com sua rotina de trabalho e estudo. Então... O que estava fazendo ele ter essa tontura? Seria Lisanna que o estava deixando cansado? Não mesmo. Ela era o oposto disso, apenas o deixava mais disposto as coisas. Seria a jornada de trabalho no novo ambiente? Não. Era bem legal. Os colegas eram muito agradáveis. Não podia ser isso. O clube de literatura? Talvez. Talvez nada. Escrever era no que ele era bom e de forma alguma isso o deixaria cansado. Estava pensando no que o faria ficar tonto até que viu alguém que realmente não queria ver. Na verdade. Não é que não queria. Apenas não tinha intimidade para falar com tal pessoa. Tanto que passou por ela no corredor sem sequer a olhar. Mas, essa tal pessoa o segurou pelo pulso o fazendo parar. A tontura e a dor voltaram de uma forma avassaladora. Ele achava estar a ponto de desmaiar.
“Por que não tem falado comigo?” –sua voz tinha se tornado bem desagradável com o decorrer do tempo- “É por causa daquela aluna nova? Sou sua amiga de infância, sabia?”
“Olha, Lucy...” –ele respirou fundo. Não tinha nada contra ela, mas não sentia mais tanta afinidade assim. Balançou o braço de leve e a fez soltar sua mão- “Não foi por causa dela. É você que se afastou de mim por vontade própria. A culpa não foi minha por você ter ido se arrastar para o Gray”
“Eu pensei que estivesse magoado comigo e não quisesse mais me ver” –ela falou com um certo pesar na voz. Natsu reparou que ela provavelmente não estava com más intenções. Ou era o que parecia-
“Eu não odiava você” –ele falou calmo- “Não posso obrigar ninguém a me amar” –ele continuou andando- “É melhor você ir ou seu namorado vai ficar com raiva. Ou não sei... Ele pode estar com outra agora. Vai saber. Só não deixa ele chegar perto da Lis...”
“Ele não está com outra” –ela pareceu um pouco ofendida com isso-
“Eu espero” –ele falou de longe- “Não quero que se magoe por causa de um imbecil”
Ele a deixou sozinha no corredor enquanto seguia em direção à sua sala. Ele não tinha muita intimidade com Lucy. Não mais. Mas ainda assim não queria que ela fosse magoada por aquele idiota. E ao que parecia, ela não acreditaria em nenhuma palavra contrária que os outros pudessem dizer sobre Gray. Resolveu parar de pensar nisso e ir em direção à sala, provavelmente Lisanna já estava lá. Eles combinaram de ir para a sala um após o outro para não gerar mais polêmica do que já tinha gerado no dia anterior. Achou algo estranho quando chegou a sua sala. Uma porção de alunos estavam de pé enquanto olhavam para Natsu. Ele não entendeu o por que até olhar para o fundo da sala. Respirou fundo enquanto tentava suprimir uma raiva estranha que sentia em seu corpo. Lá estava Lisanna, sentada em seu lugar normal enquanto olhava uns assuntos em seu caderno. Isso era bem normal. O que tinha provocado essa reação em Natsu, tinha sido quem estava ao lado dela. Gray. Ele estava lá enquanto conversava algo com Lisanna. Ou melhor, tentava conversar por que ela estava claramente tentando ignorar a conversa. Natsu respirou fundo. Estava sentindo muita raiva. Sua ex melhor amiga estava sendo tão dedicada a esse imbecil e ele não estava nem ai. Muito pelo contrário, estava dando em cima de outra como se não fosse nada demais. E pior ainda, ele estava dando em cima de Lisanna. Ele deu uns passos lentos a frente. O bulliying constante ele poderia suportar numa boa, mas isso não.
“Gray” –ele disse seco enquanto via o moreno tamborilar os dedos em seu caderno em cima da carteira-
“Não vê que estamos ocupados?” –respondeu. Natsu não prestou atenção direito mas teve quase certeza de que alguns alunos prenderam a respiração-
“Melhor você sair” –sua voz saiu fria o suficiente para assustar Lisanna e todos que estavam em volta. Alguns alunos que estavam sentados próximos à carteira dele, saíram na mesma hora. Natsu estava sentindo sua dor de cabeça e tontura ficarem cada vez mais fortes. Sentia que poderia desmaiar a qualquer momento-
“Ou o que?” –ele se levantou e ficou no nível de Natsu- “Vai fazer o que, rosinha?” –nesse momento alguns alunos já tinham saído da sala. Levy tinha ido chamar o diretor e Erza estava preparada para fazer algo caso as coisas esquentassem demais. Natsu não era nem um pouco bom em brigas- “Vai me bater, rosinha?”
“...” –sua cabeça estava explodindo-
Seu corpo não o obedecia. Na verdade, parecia não sentir o seu corpo inteiro. Da mesma forma que não sentiu seu corpo na hora em que acertou um soco no rosto de Gray. “OOOOOOHHH” A classe gritou em peso. Não foi exagero. O soco de Natsu foi absurdamente forte, tanto que arremessou Gray bem longe. Do outro lado da sala. Ele tinha batido de costas na parede.
“Ora seu...” –ele ia falar mas acabou tendo que esquivar de mais um chute de Natsu-
O chute dele atingiu a parede em que ele tinha se chocado. A sala inteira estrondou. Como ele tinha feito aquilo. Ele se moveu cinco metros em menos de um segundo. Gray se assustou. Se não tivesse saído da frente, sua cabeça com certeza teria sido esmagada. Ele saiu da frente de Natsu e se levantou, mas ainda assim Natsu continuou o atacando, deu mais um passo na direção de Gray e o atacou com uma cotovelada na barriga. Seguido por um gancho de direita no queixo e mais um chute na barriga. Apenas isso. Gray foi mais uma vez arremessado para longe. Acabou se chocando contra um armário enorme que tinha no canto da sala, que acabou sendo entortado por causa da força do impacto. Ele caiu desmaiado. Natsu continuou andando em direção a ele. A sala inteira já estava uma gritaria, mas ninguém conseguia sequer se aproximar dele. Natsu era sempre tão calmo e agora, parecia que cada um que se aproximasse dele, seria quebrado em dois. Ele continuou andando em direção a Gray. Ainda ia bater mais nele? Ele estava com uma expressão estranha. Assustadora. Não parecia ele. Chegou em frente ao armário. Enquanto se preparava para bater mais uma vez. Dessa vez com um soco.
“MESTRE PARE...” –Lisanna o agarrou por trás, mas não foi o suficiente. Ele se preparou para atacar mas alguém. Quer dizer, outras duas pessoas seguraram seu corpo. Uma segurou seu pulso e outra a sua perna-
“E-Erza?” –ele olhou para a ruiva que segurava o seu pulso- “Levy?” –ela segurava sua perna- “Lis...” –ele disse isso e acabou sentindo sua consciência se esvair. Finalmente tinha apagado-
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